Parte 6...AnaApesar de nós termos deixado que eles saíssem na frente e esperamos mais um pouco ainda na sala, conversando com Sandro e Otávio, tão logo colocamos os pés na recepção do escritório, já ouvimos as vozes acaloradas dos dois e tabém Mark estava presente agora.A recepção estava fria pelo ar-condicionado forte, mas achei que a frieza de Jules e Mark com relação a Lucas era ainda maior. A cara dela não deixava dúvidas de que estava inconformada com a leitura final do testamento.Acho que começo a entender Matteo, em seu jeito mais frio de tratar as pessoas. Como ele poderia confiar em alguém de verdade, até mesmo seu irmão queria algo dele? Nesse ponto fico até feliz de não ser rica antes. Se eu já levei tudo o que levei, imagine se eu tivesse algo que as pessoas quisessem tomar de mim?As aparências realmente enganam. Ter muito dinheiro nem sempre é sinal de felicidade. A gente nunca sabe quem está ao nosso lado de verdade, por gostar de nós, ou apenas por interesse. Olhei
Parte 1...MatteoO quarto de hotel está banhado pela luz suave da noite, criando uma atmosfera mais íntima, enquanto espero Ana sair do banheiro, sentado na beira da cama, olhando para fora pelas portas abertas da varanda. Está tão bonito lá fora que me deu vontade de caminhar um pouco na areia da praia.Ana rompe meu silêncio com um suspiro suave. Me virei para ela.— Porque esse suspiro?— Ai, Matteo... Estava pensando no que aconteceu lá no escritório do seu amigo - ela suspirou de novo e sentou ao meu lado na cama — Eu ainda estou meio chocada com tudo isso. Ganhar a propriedade do seu avô é incrível, era o que você tanto queria... Mas a forma como sua cunhada agiu... Nossa, isso foi além.Ela tem razão, mas eu esperava por algo assim. — Eu sei, Ana. Concordo com você... - soltei o ar devagar, esfregando a testa — Não imaginava que Jules fosse capaz de tanta frieza. Eu já tinha ideia que ela era aproveitadora - torci a boca pensando — Mas é muito cínica e mais abusada do que pe
Parte2...AnaNossa, realmente o mundo é um lugar complicado e até injusto, algumas vezes. Eu já fiz outros exames antes, mas é claro que foi bem diferente do que fiz hoje. A começar que Matteo apenas ligou e confirmou minha ida ao médico e pronto, lá estava meu nome com horário marcado, sem enrolação, sem trocar o dia e fui muito bem recebida pelo médico.Claro, o nome dele abriu a porta pra mim. Eu só tive que chegar na hora e pronto.Se tivesse sido assim quando precisei internar a Acácia, nossa, que coisa boa seria. Talvez até eu nem tivesse emagrecido por ficar dias preocupada e nem teria perdido noites sem dormir, como fiquei. E tudo isso influencia em nossa saúde. Matteo me disse que chegaria a tempo para ficar comigo como companhia para o exame e realmente ele cumpriu o que disse. Passou antes na empresa porque tinha um assunto a resolver e quando eu já ia entrar no consultório, ele apareceu na sala de espera. Vi logo as caras que as mulheres fizeram quando ele entrou, educa
Parte 3AnaDepois que eu contei como foi o exame e também sobre minha pequena desavença com Matteo, Acácia voltou a deitar. Me sentei na cama ao seu lado.— Então a cirurgia vai ser demorada? - Acácia questionou, preocupada.— Creio que demorada, não - suspirei e mexi a cabeça de um lado para soltar a tensão. Meu pescoço está rígido — A questão é que vou ter que ficar de molho por um bom tempo depois.— Eu sei, é uma cirurgia séria - ela apertou os lábios, pensativa — Mas ainda bem que agora você poderá fazer isso, filha. Vai se livrar dos remédios.— É, o médico disse que com a idade, o problema só tende a piorar.— Eu que sei - ela deu uma risadinha — A gente vai se desgastando toda, filha - ela brincou.— Pois é... - torci o nariz de lado, fazendo uma careta — Só que tem um problema aí... Eu teria que ficar dois meses em uma cadeira de rodas e depois mais cinco ou seis, usando muletas. E ainda tenho que fazer fisioterapia para voltar a andar normal, sem mancar.— Realmente, é algo
Parte 4...AnaQuando voltei para a cobertura, Matteo estava lá. Já era fim de tarde. Eu decidi ficar mais tempo com Acácia e foi muito bom. Falei até com o médico que cuidava dela. Fora alguns problemas comuns de sua doença, ela não passou por nenhum novo episódio desagradável.Quando entrei na sala, vi que as portas largas de vidro estavam abertas. Achei que Patty tivesse esquecido abertas, mas me enganei. Era Matteo. Eu parei, respirei fundo e decidi falar com ele, como eu disse que faria a Acácia.Ele estava no canto da varanda. A luz estava acesa porque começava a ficar mais escuro e o céu estava nublado. Olhei seu perfil. Ele encarava o horizonte, parecendo preocupado. Estava sentado em uma cadeira de ferro forjado, segurando um copo de whisky nas mãos.O som suave de jazz fluía suavemente do celular dele, em cima da mesinha de ferro ao ladoo, criando uma atmosfera melancólica. Eu hesitei por um momento antes de me aproximar, observando-o por um instante, mais, tentando decifrar
Parte 5...Matteo— Como você quer a panqueca? - Ana me perguntou — Doce ou salgada?— As duas coisas - puxei o banco alto e sentei, mexendo no celular.Ainda era cedo, o sol não estava jogando em cima de nós o seu brilho quente. A luz entrava calma pela cortina de renda que estava aberta, na janelinha em cima da pia. Tivemos uma noite muito boa. Conversamos muito e entre os assuntos, Ana correspondia aos meus avanços e me acompanhava na mesma energia, quando começávamos as carícias. Eu sempre gostei de sexo, sempre tive muita energia e disposição e por isso mesmo, não me apegava a nenhuma das mulheres com quem me relacionava. E sei também que elas não estavam na relação apenas por mim, e sim por meu nome que abre portas e pelo meu dinheiro que paga muitos luxos.Com Ana isso ficou diferente, tomou outra proporção e eu nem percebi. Mas ontem eu aproveitei enquanto ela dormia agarrada a mim, que eu sentia muito mais prazer em estar com ela do que antes. E olha que ainda tem muita cois
Parte 6...MatteoApesar de Ana me pedir para não correr, infelizmente eu não conseguia aliviar o pé no acelerador. Estava preocupado com Lucas e achando estranho que Jules não estava com ele no hospital.— Se você continuar correndo assim, a gente nem vai chegar lá - ela segurou em meu joelho.— Não consigo segurar minha angústia - balancei a cabeça — Parece que desde que meu avô cismou com essa ideia de que eu deveria estar comprometido para receber a propriedade, um monte de coisas que eu não esperava está acontecendo de vez - bati no volante.— A vida é assim... - ela abriu as mãos — Não pense nisso... Você só seguiu o que era necessário para ter o que queria - alisou minha perna.Eu apertei o volante e olhei para ela. Realmente, Ana tem coisas que se parecem com minha avó materna. Peguei sua mão e dei um pequeno beijo.— Obrigado por me deixar mais calmo.— Quando você quiser - ela sorriu.Assim que chegamos ao hospital eu parei o carro na primeira vaga e quase arrastei Ana comig
Parte 1...Matteo— Eu espero aqui fora - Ana disse ao chegarmos ao quarto.— Não, você vai entrar também - apertei sua mão — Você é cunhada dele agora, não esqueça.Eu sei que ela ainda se sente fora dessa parte, mas pra mim ela já está inserida desde que eu me peguei pensando em futuro, enquanto ela dormia ao meu lado. Isso é novidade pra mim. Ela assentiu co um sorriso apertado. Respirei fundo e abri a porta do quarto.O ambiente cheirava a desinfetante cítrico, e a luz suave iluminava o espaço onde meu irmão repousava na cama. Eu pensei que seria uma coisa mais simples, mas confesso que me abalou um pouco ver o Lucas com um ar debiltiado como estava. Ele abriu os olhos e deu um sorriso pequeno, meio sem jeito ao me ver.— Olha... Meu irmão veio me ver - tentou brincar — Estamos nos vendo mais agora do que em todo esse tempo... - sua voz estava baixa — Como você está?Vi que ele tentava parecer animado, apesar das ataduras e do gesso que imobilizavam algumas partes de seu corpo. Pe