Parte 4...AnaQuando voltei para a cobertura, Matteo estava lá. Já era fim de tarde. Eu decidi ficar mais tempo com Acácia e foi muito bom. Falei até com o médico que cuidava dela. Fora alguns problemas comuns de sua doença, ela não passou por nenhum novo episódio desagradável.Quando entrei na sala, vi que as portas largas de vidro estavam abertas. Achei que Patty tivesse esquecido abertas, mas me enganei. Era Matteo. Eu parei, respirei fundo e decidi falar com ele, como eu disse que faria a Acácia.Ele estava no canto da varanda. A luz estava acesa porque começava a ficar mais escuro e o céu estava nublado. Olhei seu perfil. Ele encarava o horizonte, parecendo preocupado. Estava sentado em uma cadeira de ferro forjado, segurando um copo de whisky nas mãos.O som suave de jazz fluía suavemente do celular dele, em cima da mesinha de ferro ao ladoo, criando uma atmosfera melancólica. Eu hesitei por um momento antes de me aproximar, observando-o por um instante, mais, tentando decifrar
Parte 5...Matteo— Como você quer a panqueca? - Ana me perguntou — Doce ou salgada?— As duas coisas - puxei o banco alto e sentei, mexendo no celular.Ainda era cedo, o sol não estava jogando em cima de nós o seu brilho quente. A luz entrava calma pela cortina de renda que estava aberta, na janelinha em cima da pia. Tivemos uma noite muito boa. Conversamos muito e entre os assuntos, Ana correspondia aos meus avanços e me acompanhava na mesma energia, quando começávamos as carícias. Eu sempre gostei de sexo, sempre tive muita energia e disposição e por isso mesmo, não me apegava a nenhuma das mulheres com quem me relacionava. E sei também que elas não estavam na relação apenas por mim, e sim por meu nome que abre portas e pelo meu dinheiro que paga muitos luxos.Com Ana isso ficou diferente, tomou outra proporção e eu nem percebi. Mas ontem eu aproveitei enquanto ela dormia agarrada a mim, que eu sentia muito mais prazer em estar com ela do que antes. E olha que ainda tem muita cois
Parte 6...MatteoApesar de Ana me pedir para não correr, infelizmente eu não conseguia aliviar o pé no acelerador. Estava preocupado com Lucas e achando estranho que Jules não estava com ele no hospital.— Se você continuar correndo assim, a gente nem vai chegar lá - ela segurou em meu joelho.— Não consigo segurar minha angústia - balancei a cabeça — Parece que desde que meu avô cismou com essa ideia de que eu deveria estar comprometido para receber a propriedade, um monte de coisas que eu não esperava está acontecendo de vez - bati no volante.— A vida é assim... - ela abriu as mãos — Não pense nisso... Você só seguiu o que era necessário para ter o que queria - alisou minha perna.Eu apertei o volante e olhei para ela. Realmente, Ana tem coisas que se parecem com minha avó materna. Peguei sua mão e dei um pequeno beijo.— Obrigado por me deixar mais calmo.— Quando você quiser - ela sorriu.Assim que chegamos ao hospital eu parei o carro na primeira vaga e quase arrastei Ana comig
Parte 1...Matteo— Eu espero aqui fora - Ana disse ao chegarmos ao quarto.— Não, você vai entrar também - apertei sua mão — Você é cunhada dele agora, não esqueça.Eu sei que ela ainda se sente fora dessa parte, mas pra mim ela já está inserida desde que eu me peguei pensando em futuro, enquanto ela dormia ao meu lado. Isso é novidade pra mim. Ela assentiu co um sorriso apertado. Respirei fundo e abri a porta do quarto.O ambiente cheirava a desinfetante cítrico, e a luz suave iluminava o espaço onde meu irmão repousava na cama. Eu pensei que seria uma coisa mais simples, mas confesso que me abalou um pouco ver o Lucas com um ar debiltiado como estava. Ele abriu os olhos e deu um sorriso pequeno, meio sem jeito ao me ver.— Olha... Meu irmão veio me ver - tentou brincar — Estamos nos vendo mais agora do que em todo esse tempo... - sua voz estava baixa — Como você está?Vi que ele tentava parecer animado, apesar das ataduras e do gesso que imobilizavam algumas partes de seu corpo. Pe
Parte 2...AnaEu sei que Matteo está perdido no pensamento sobre o irmão e eu até entendo. É bem difícil mesmo que a gente fique calmo quando tem algo de errado acontecendo com alguém que a gente ama.Ele está sentado no sofá, olhando para a tela, mas dá pra ver que nãoe stá prestando atenção ao que aparece mesmo. O corpo está ali, mas a mente está longe. Me aproximo e coloco a mão em seu ombro. Sinto que está tenso.— Ainda pensando no Lucas?— Sim - ele me olha e suspira — Estou com vontade de ir até a casa dele para falar com Jules.— Acho melhor não, Matteo - dei a volta e sentei ao lado dele — Você está com raiva e se eu me lembro bem, quando você ficava com raiva lá na empresa, todo mundo corria... Incluindo eu - me inclinei fazendo uma careta e ele riu — Espere até que Otávio ligar dizendo se descobriu algo mais. Ele é um bom amigo e vai cuidar disso.— Eu sei - ele arriou o corpo no sofá — Mas que fico com vontade de ir lá e jogar na cara dela algumas coisas, ah, isso eu fico
Parte 3...MatteoEu já estou ao telefone com Sandro e Otávio há quase meia hora. Otávio me ligou para falar melhor sobre o problema de Lucas, que no hospital não deu tempo e nem era o local certo. E eu também estava de cabeça quente, preocupado com meu irmão.Acho que nesse ponto tenho que admitir. Ana tem razão, assim como minha avó. As duas tinham a mesma opinião sobre mim. Eu tenho mesmo algumas explosões de humor, mas não acho que eu chegue a ser bipolar como a Ana me acusou. Acho que é só temperamento forte mesmo. Eu até estou mais calmo nos últimos tempos e com tanta coisa rolando.— E você acha que isso é um plano em conjunto? - esperei Sandro terminar de falar.— Olha, Matteo... Pelo que eu penso, de meu ponto de vista,é sim. Eu só não posso afirmar em que pé isso se deu. Se foi algo desde o começo ou se foi algo que foi rolando aos poucos e eles acabaram se envolvendo além do esperado por cada um.— Pelo que eu captei da conversa com seu irmão - Otávio continuou — Eu penso q
Parte 1...MatteoAcácia, deitada na cama, olhava pela janela, perdida em seus pensamentos. Vejo que ela está preocupada, assim como Ana também está. Eu insisti para que ela fizesse logo a cirurgia. Não gosto de ficar adiando coisas assim, tenho até um trauma dessa coisa de doença, desde minha avó.— Acácia - falei de modo calmo — Pode ficar tranquila. A cirurgia vai ser bom para Ana. E eu vou cuidar dela, prometo.— Eu sei, filho - ela suspira — Mas é que assim, tão depressa?— Eu sei que é muita coisa para lidar, mãe - Ana senta ao lado dela na cama — Mas eu queria mesmo fazer, estava só esperando que chegasse o momento certo.— E já chegou - coloquei a mão em seu ombro — Não tem mais que esperar - eu sorri para Ana — A gente não vai mais se separar.Vi Acácia arregalar os olhos, mas parecia contente.— É mesmo? - ela olhou de mim para Ana — Vocês estão dizendo isso de verdade ou é só para que eu fique tranquila?Ana deu uma risadinha, balançando a cabeça.— Não... É verdade mesmo -
Parte 2...MatteoEu tenho que sair, mas antes preciso ver como está a Ana. O quarto está banhado pela luz suave da manhã. Ainda é cedo.Logo que me aproximei da porta já ouvi a voz dela lá dentro. Empurrei a porta e vi a Ana na cama, visivelmente frustrada enquanto tenta se mover, mas a recuperação da cirurgia no quadril a impede. Ainda é cedo para se movimentar bem como antes.Parei ao lado da cama, olhando para ela e tomando meu café. A cadeira de rodas está ao lado, pronta para uso. Ela me encara.— Bom dia, minha paciente favorita. Como está se sentindo hoje?— Bom dia, Matteo... - ela resmunga — Eu estou... Bem, irritada. Eu odeio ficar aqui, imóvel, parecendo um pássaro com asas quebradas.Achei engraçado. Ana irritada é uma outra faca que ainda não tinha presenciado, mas desde que voltou para casa após a cirurgia, ela estava tendo alguns momentos desses. Eu sorri e deixei a xícara em cima da mesinha ao lado da cama.— Ah, mas até os pássaros com asas quebradas precisam de u