vana passou boa parte do dia envolvida demais em reuniões com os fornecedores, cuidando dos detalhes da montagem da exposição. Era fácil entender por que Tristan confiava nela. Ela sabia exatamente como se mover — com firmeza, com graça, com charme. Não me incluiu nos compromissos, e eu não reclamei. Melhor assim. Passei horas caminhando pela propriedade, explorando a casa, os jardins, o píer de madeira que levava até o mar calmo. Me alojei no quarto de hóspedes mais afastado, com varanda voltada para o lado oposto da praia.Lá de cima, podia ver a movimentação de pessoas chegando com obras cobertas por tecidos de linho cru, grandes molduras sendo desembarcadas, empilhadas com cuidado. A ilha estava sendo preparada para algo íntimo, sofisticado — uma exposição privada que, em qualquer outra circunstância, me deixaria impressionada. Mas eu conhecia Tristan. Sabia que cada tela ali carregava partes do que ele não dizia. E sabia, também, que a maioria das pessoas naquela ilha não fazia
O sol batia forte logo cedo, escorrendo como ouro líquido entre as folhas dos coqueiros que cercavam a pequena praia da ilha. Eu podia ouvir o som preguiçoso das ondas quebrando com suavidade na areia clara, misturado às risadas abafadas de Ivana, que já reclamava do calor desde que descemos pela trilha de pedras que levava até o mar.— Como vocês conseguem viver com esse sol? — ela resmungou, ajeitando o enorme chapéu de aba larga na cabeça e os óculos escuros tortos no rosto. — Eu vou evaporar até meio-dia, juro.Eu ri, jogando o corpo na espreguiçadeira de madeira com a toalha por cima.— Isso porque ainda nem é verão de verdade. Se eu te levar pra Ipanema em janeiro, você desmaia só de respirar.Ela bufou, revirando os olhos com drama.Estava linda, como sempre. Usava um maiô branco de gola alta, elegante demais para aquele cenário, como se tivesse sido desenhado pra um editorial e não pra um mergulho. Mesmo assim, parecia desconfortável — não com o corpo, mas com o sol. Ru
Os olhos dele encontraram os meus. Tão perto agora.E havia algo neles. Dor. Desejo. Raiva.Uma fome que ele parecia tentar sufocar a cada segundo.— Você quer me odiar — sussurrei.— Eu odeio você — ele respondeu, sem piscar. — E é por isso que ainda quero tanto.O mundo parou. O som do mar desapareceu.Só havia nós dois. E o que restou de nós.Ele não me tocou além da pele que precisava de proteção. Mas tudo em seu toque era perigoso. E eu sabia que não era só ele lutando ali. Era eu também. Era o passado. Era o amor, o medo, e todos os pecados que cometemos.Quando ele terminou, se afastou sem dizer mais nada. Voltou a colocar os óculos, como se fosse uma armadura. E antes de se afastar, disse apenas:— Cuidado com o sol, Catarina. Ele queima sem avisar. E então se foi.Me deixando com o cheiro dele, o gosto do quase, e o corpo em chamas.*A casa ainda cheirava a vinho e verniz fresco.A noite tinha sido um sucesso. A exposição foi íntima, mas intensa — artistas, cura
Ele se afastou um pouco. Os olhos ardiam. A respiração estava pesada.— Eu soube… — ele disse, quase num sussurro. — Eu soube que tinha matado tudo que a gente era.— E mesmo assim voltou. Pra quê?— Pra ver se ainda havia cinzas.— E o que achou?Ele me olhou como se quisesse me devorar.— Cinzas não. Fogo.Não houve beijo. Não houve toque além do necessário. Mas quando ele se afastou, deixando só o silêncio e o cheiro dele comigo…Eu sabia.Nós ainda éramos um incêndio. Só estávamos fingindo que não ardiam.*Acordei com o barulho do vento. Um assovio leve, constante, que batia nas janelas do quarto como se quisesse me lembrar de que as horas estavam passando — e que eu ainda não tinha ideia do que fazer com tudo o que estava sentindo.O céu estava cinza. Uma névoa úmida cobria a varanda da casa, e as folhas das palmeiras dançavam sob a brisa fria. Abracei os próprios braços por reflexo, sentindo o contraste do clima com o calor da noite passada. Eu não tinha dormido direi
A pergunta ficou suspensa no ar, carregada de uma dor que não era só dele. Era minha também. Eu devia dizer que sim. Devia gritar, cuspir tudo que ele me fez sentir. Mas minhas palavras saíram diferentes.— Eu achei que você tinha morrido. Sabe o que é isso? Acordar todos os dias esperando que seja mentira. Passar anos olhando pro nada, tentando entender como seguir com um buraco no peito? E aí você volta. Vivo. E me olha como se eu fosse a traidora.O rosto dele mudou. A rigidez cedeu espaço a uma sombra de arrependimento.— Eu voltei, Catarina. Vi você com ele. E achei que… que o amor tinha sido só meu.— Stevan… é complicado, Tristan. Eu estava vulnerável,. E eu… eu estava quebrada. Você não imagina o que foi viver achando que você estava morto.Ele fechou os olhos por um segundo. Respirou fundo. Depois voltou a me encarar.— E ainda assim, você está aqui.— Estou.— Por quê?Engoli a resposta. Havia tantas. Mas nenhuma cabia em palavras simples.— Talvez porque eu tam
Ele sentiu o tremor e não hesitou. Com uma mão, segurou minha cintura e, com a outra, passou pela curva da minha bunda, apertando-a ainda mais, com um toque que queimava e me fazia me perder em cada sensação. Eu estava perdida. Sem chão, sem razão. Apenas ele, e o desejo imenso que tomava conta de mim.A respiração dele estava pesada agora, ofegante, e eu podia sentir o calor do seu corpo, o desejo crescente nele. Seus lábios deixaram os meus por um segundo, e ele passou os olhos pelo meu corpo como se estivesse vendo algo que não podia acreditar. Os dedos dele desceram lentamente pela minha barriga, até alcançar a linha do biquíni, e com um movimento suave, ele puxou para o lado, a parte de baixo do meu biquíni, deixando a minha boceta raspada, exposta. Meu clitóris já estava inchado, escapando por entre os lábios cremosos da minha boceta. Eu estava completamente entregue, completamente vulnerável sob o toque dele, e algo dentro de mim se rompeu. Ele me puxou mais perto, mais para o
Insaciavelmente. Gozei ali. Embaixo ele. Nos dedos dele. Dessa vez sem grito, de um jeito silencioso, mas avassalador.Ele me segurou com força, o queixo encostado no meu ombro, o peito subindo e descendo de desejo contido. Ainda estava vestido, mas a tensão em seu corpo era como uma corda prestes a arrebentar. Ficamos ali, presos um no outro, por alguns segundos eternos.E então ouvimos.— Que coisa mais linda de se ver. — o sotaque era arrastadoA voz não veio como um susto. Era leve, quase musical. Me virei devagar, ainda sentada sobre o Tristan, os dedos dele finalmente se afastando de mim, mas seu olhar permanecendo fixo no meu rosto, como se ainda não quisesse me soltar.Ivana estava de pé, na areia, com os braços cruzados e um sorriso curioso nos lábios. Não parecia constrangida. Nem desconfortável. Pelo contrário, parecia… genuinamente encantada. A primeira coisa que senti não foi vergonha. Foi surpresa.Eu não esperava ser vista. Muito menos por ela. Mas também não
Houve um momento breve em que seus olhos pareceram sinceros. Um lampejo de algo verdadeiro, quase humano, brilhou ali — e por um segundo me peguei acreditando. Mas Stevan nunca deixava a máscara cair por muito tempo.— Tão bem quanto uma criança pode estar quando a mãe é obrigada a espionagem por causa de um desgraçado que ameaça o próprio filho — retruquei, a voz dura e baixa.Ele fingiu ofensa, levantando as sobrancelhas.— Nossa… que agressiva. Achei que você ficaria feliz em me ver. Faz tempo que a gente não se encontra assim… pessoalmente.— Eu prefiro morrer do que te ver “assim”. — Minha voz falhou de leve, mas me mantive firme.Ele cruzou os braços e se recostou de forma teatral no banco, como se estivesse apenas aproveitando o sol da manhã.— Só queria ver o andamento das coisas. Tô esperando há um tempo, você sabe. E, sinceramente, tá demorando mais do que eu gostaria.— Eu vou conseguir — respondi. — Mas não no seu tempo. Vai ser no meu.Ele me encarou com aquele so