Quando a carruagem parou, Kenneth desceu, percebendo o sorriso completamente debochado e cínico no rosto de Tristan. Nem mesmo ele podia evitar o sorriso de satisfação, só por lembrar que a afetava  de uma maneira tão deliciosa.

Se Mia soubesse as coisas sujas que imaginava em fazer com ela, nem olharia para ele com aqueles olhos verdes brilhantes, prontos para serem revirados de tanto prazer.

— Então — Tristan começou —, o que foi aquilo? Que desejo sexual explícito! — Sorriu, tirando as rédeas do cavalo e soltando o animal na mansão em seguida, acrescentou; — Por que tenho a certeza de que encontrou sua futura esposa.

— Acredito que sim — afirmou, com um sorriso extremamente malicioso.

— Já sabe o que irá fazer em relação a ela?

— Sim. — Kenneth entrou na mansão. — Quero que esse casamento aconteça o mais breve possível.

— Muito bem! Quanto a você? — Perguntou Tristan, indo logo atrás do chefe.

Kenneth foi até o escritório e pegou uma garrafa de rum, colocando a bebida no copo, tomou o líquido inteiro de uma vez e o sentiu descer ardendo por sua garganta.

— Vai precisar de correntes maiores e fortes. — Suspirou e passou a mão pelo cabelo, jogando-os para trás. — A mudança acontece daqui há dois dias e tem que ser antes desse casamento — ele lambeu os lábios —, Tristan por hoje é só, pode ir ficar com sua noiva, só não esqueça das correntes.

Quando o amigo saiu do seu escritório, Kent se jogou na poltrona, esfregou os olhos com as duas mãos, seu humor estava começando a mudar — como sempre acontecia naquela época —, ficava extremamente irritado com tudo, e seria ainda mais difícil quando estivesse casado. Ainda não conseguia se dominar por completo, e por causa disso, era totalmente perigoso.

Levantou calmamente e foi até o espelho, retirou a máscara do rosto com bastante cuidado e olhou para o seu próprio reflexo, suas mãos tremeram, e sentiu uma raiva crescer dentro dele — era como se fosse uma bomba, que se explodisse estaria tudo perdido, fechou as mãos com força se lembrando do dia que teve que usar aquela maldita máscara, novamente, encarou o próprio reflexo e deu um soco no espelho com força, quebrando o vidro que se partiu em várias partes caindo no chão.

Ele se afastou do espelho, e foi até a mesa, segurando na borda com as duas mãos com força, respirou fundo algumas vezes, tinha que se controlar ou iria acabar perdendo a cabeça naqueles dias, como se já não fossem bastante as noites.

Kent sabia que teria muita cautela, porque se caso a senhorita Smith soubesse como ele era de verdade jamais iria aceitá-lo, disso tinha certeza.

                                 ✧✦🌒✧✦

O dia seguira, nada de novo acontecia, assim que amanheceu em Florswood, Mia se levantou, não conseguiu dormir à noite inteira, e a resposta para sua insônia era simples, charmosa, usava uma máscara, e vinha com o par de olhos azuis mais lindos que ela já vira, sem falar no sorriso maravilhoso e na voz rouca.

Ficava se perguntando, como alguém podia ser tão absurdamente atraente daquele jeito?

Claro que quando ela era pequena não notou nada de mais nele — e nem deveria —, só havia ficado completamente curiosa sobre o "fantasma" mascarado. E, como agora, estava bem grande, tentava imaginar como o duque seria por baixo daquelas roupas inteiras, seu corpo esquentou e seu ventre pulsar com força, um formigamento passou pela sua barriga.

Minha nossa!

Mia, nunca tinha sentido algo desse modo por um homem antes. Apesar de ser uma dama fora dos padrões, nunca tivera pensamentos como aquele. 

Céus imaginar um homem nu, era demais! Poderia ser taxada como uma mulher vulgar. 

Pensou em outra coisa, antes que o incômodo entre suas pernas crescesse. Então seu pai queria que ela casasse com o mascarado, pensando melhor nesse momento, a ideia não parecia tão absurda quanto antes.

Se casar com o homem pelo qual sempre teve um fascínio, e o único em toda sua vida que despertara o seu desejo mais íntimo. Chegava até ser engraçado, casar com o estranho que estava em sua cabeça por dez anos.

Pegou um vestido no baú e foi ao banheiro do quarto, observou a banheira cheia de água. Tirou a roupa e entrou na banheira, sua vontade era de colocar a roupa e sair correndo para a mansão e encher o duque de perguntas, até que — possivelmente —, a expulsasse de lá.

Quando terminou seu banho, colocou um vestido de mangas e terminou de se arrumar.

— Bom dia! — Ela cumprimentou os pais que estavam na refeição do café da manhã.

— Bom dia, querida, parece que alguém acordou de bom humor hoje. — Agnes sorriu, olhando na direção de Mia.

— Sim, acordei com o pé direito — afirmou, sentou-se na mesa cortando pedaços de pão, enquanto seus pais olhavam para ela com um ar bastante desconfiado.

— Filha, diga, o que achou do duque? — Perguntou, Vladeck.

— Ele é legal, interessante e agradável. — Citou as qualidades de Kenneth, sem nem mesmo perceber, deu uma leve mordida nos lábios.

— Só? — questionou sua mãe, sem esconder um sorriso.

— Também é cheiroso, bem-arrumado. — Mia se perdeu olhando para o nada, — e... — Sua voz sumiu.

Gostoso demais! Seus pensamentos completaram a frase, sem perceber o quanto estava corando.

— E?... — Agnes insistiu sem conter a risada a despertando do breve transe.

— E, só.

— Isso quer dizer que você gostou dele. — O seu pai  deu um sorriso convencido com sua própria afirmação, completamente satisfeito.

— Não disse nada — rebateu levantando-se do banco indo em direção a porta. — Vou praticar arco e flecha. — Informou pegando sua capa.

Saiu de casa em seguida e foi até à pequena casa, onde o pai guardava as armas, pegou a aljava com as flechas e o arco, em seguida foi em rumo à colina que eles treinavam.

Enquanto seguia o caminho, reparou que a cidade ainda falava sobre o duque mascarado, quando passou por umas mulheres fofoqueiras, elas cochichavam entre si, olhando na direção dela. Ignorou totalmente e subiu a trilha da colina, sentindo seus pés afundarem na neve, dificultando um pouco a subida. 

Assim que chegou até o topo do morro, ajeitou sua aljava e olhou para o alvo marcado no tronco de umas das árvores. Mia retirou uma das flechas da bolsa, arrumou uma posição ideal, e posicionou a flecha no arco, como seu pai havia ensinado, fechou os olhos se concentrando e esquecendo de tudo em sua volta, abriu os olhos e mirou a flecha na direção do alvo, respirou fundo e soltou o ar, atirando em seguida, acertando precisamente no ponto certo. 

Ela nunca errava. 

Entusiasmada, continuou o treinamento, e como o esperado acertava o alvo todas às vezes. Quando as flechas acabaram, caminhou até o tronco da árvore e retirou todas elas com força, colocando de volta na aljava, voltou até onde estava e se aproximou da beira do pequeno morro observando a aldeia, tirou a aljava dos ombros e colocou a arma sobre outro tronco de árvore deitado.

Reprimiu a vontade de invadir a floresta novamente e ir até à mansão. Mas não iria fazer isso, por enquanto. Optou por uma decisão mais prudente, procurar os amigos, deveriam estar bem curiosos para saber o que o duque conversara com ela no dia anterior, ela sorriu se preparando para voltar à aldeia. 

Até que ouviu um uivo feroz atrás dela, assustada, ela girou o corpo rapidamente e engoliu um grito de pânico, tremeu da cabeça aos pés, havia um lobo branco e enorme bem na sua frente, as presas do animal salivava, e os olhos amarelos eram completamente ameaçadores. O coração dela disparou e suas mãos tremeram de medo. A arma dela estava bem do lado, era só erguer os braços, porém sabia que não iria ter chance, o animal pularia sobre si  e tudo estaria acabado. 

Decidiu ficar totalmente imóvel sem fazer nenhum movimento brusco, pensou em algo para fazer rapidamente, o lobo uivou novamente para ela, abrindo a boca e mostrando todas as presas pontudas. Desesperada, deu um passo em falso para trás e acabou se desequilibrando caindo no chão coberto de neve. 

Quando percebeu ser tarde e o lobo branco já estava preparado para atacar, se protegeu esperando as mordidas, então, ouviu um assobio, ela olhou para cima e seus olhos se arregalaram em puro espanto. 

O duque estava ali, parado, acariciando o pelo do animal suavemente, enquanto o lobo estava sentado balançando o rabo, a agressividade de antes sumira completamente, os dois mantinham um contato visual. Kenneth sorriu, e continuou os carinhos, até que o animal saiu correndo entrando na floresta. 

Finalmente, os seus olhares se encontraram, um sorriso sensual apareceu nos lábios dele. 

— Então, ruivinha, eu estou com uma leve impressão de que a senhorita gosta de viver perigosamente. 

Mia continuou caída no chão, sem conseguir se mover, engoliu o seco quando White começou a se aproximar e lhe ofereceu a mão, ela estremeceu assim que seus dedos entraram em contato com a pele dele, quando se levantou, as pernas dela fraquejaram, ele foi mais rápido a segurou com firmeza pela cintura, com um dos braços mantendo o corpo dela erguida e contra o dele. Em busca de mais apoio segurou nos ombros nos largos do duque. 

— Realmente, tem lobos por aqui. — Sua voz não passou de um sussurro, e ouviu o riso malicioso dele no seu ouvido a arrepiando inteira. 

— Eu suponho que na floresta existem mais do que lobos maus. — Advertiu. 

Os braços dele continuavam em volta da sua cintura, esse contato fazia com que seus corpos ficassem pressionados um no outro. Deus! Ele era muito mais quente do que imaginava. Seus olhares se encontraram novamente e ficaram assim por um tempo — agarrados — no meio da neve.  Pelo menos, ela não se importava nem um pouquinho. Desviou o olhar, descendo para a boca do duque e fixando naquele local, acompanhou o ritmo da língua, molhou os próprios lábios, engoliu um seco, e sua respiração ficou ofegante sem conseguir parar de olhar para aquele ponto provocante. Observou um sorriso, charmoso e debochado começar a se formar nos lábios de Kenneth. 

— Gostou de algo? — provocou, completamente cínico. 

— Sim... — Respondeu rapidamente e quando notou o que dissera suas bochechas coraram —, quer dizer, é gostei do assobio. — Se corrigiu, ficando perturbada. — O senhor me salvou de novo, obrigada, tenho um anjo da guarda. 

Deus, ela não estava falando coisa com coisa. 

— Acredito que posso gostar desse cargo. — Kenneth soltou uma risada e a soltou devagar. As mãos dela deixaram os ombros largos do homem, deixando-a sentindo falta do calor do corpo dele, ele pegou a aljava dela, colocando sobre os ombros. — Vou levá-la para a casa em segurança. — Levantou os braços em sua direção —, senhorita? Me daria a honra? 

Soltando uma risada, e passou os braços em volta dos do duque, e desceram a trilha com cuidado, o cheiro de menta vindo do corpo de Kenneth,  a instiga, sentia-se úmida, ainda mais porque ele não tirava aquele sorriso maravilhoso e insanamente sedutor do rosto. Reparou nos traços dele.

Como aquilo podia ser possível? Ele não havia envelhecido em nada, tudo perfeitamente igual ao que se lembrava. O que é bem curioso! 

— A genética da sua família deve ser muito boa. — Comentou, franzindo o cenho. 

— Como assim? — Questionou ele, ajudando-a a descer. 

— Desde aquela época, o senhor não envelheceu nada — explicou. 

Ele levantou uma sobrancelha. 

— A mocinha que pensa, você não me viu direito naquela época, não tem como se lembrar direito. — Deu de ombros. — Eu era bem mais novo do que agora. 

Faz sentido! 

— O senhor tem quantos anos? — Perguntou, sem conseguir se controlar. 

Será que soara como grosseira por perguntar a idade dele? 

— Se a senhorita parar de me chamar de senhor, eu conto minha idade. — A ponta da língua dele brincou com os lábios inferiores, o deixando ainda mais sensual e deu um olhar malicioso. — Que tal? Combinados?

— Sim, claro, devo chamá-lo só de duque Kenneth? Milorde? Vossa graça?

— Me chame de Kenneth, ou como preferir, só não precisa ser formal. — Piscou. — Não ligo para isso. 

— Bom, então, Kenneth não. Vou chamá-lo de Kent, pode ser? 

— Perfeito e acrescente o você. — Afirmou, chegou perto do ouvido dela e concluiu; — respondendo sua pergunta. Tenho Trinta. 

Ela se arrepiou inteira, sentindo aquele formigamento na barriga, sentiu uma umidade entre as suas pernas. 

— Então, Kent, o senhor... — Pausou, lembrando-se, do que ele disse agora um pouco. — Você é experiente, tem uma boa bagagem. 

— Ah! Não sabe o quanto eu sou experiente — a voz dele estava carregada de uma rouquidão perigosa recheadas de duplo sentido. — Bom, já vi e fiz muita coisa por aí. 

Continuaram descendo a trilha, até que chegaram no final, entraram na aldeia, e todas as pessoas que estavam por ali pararam para o encarar. Foi quando ela percebeu uma coisa, acabou de vir de um lugar totalmente deserto com um homem que mal conhecia, claro que não acontecera nada — não que ela não quisesse — mas, era cedo demais para qualquer coisa e ainda sim, deu munição suficiente para àquelas pessoas comentarem sobre aquilo. 

Virou os olhos e suspirou, tentando ignorar os sussurros que já começaram, Kent ainda manteve os braços contra os dela, o analisou e o rosto dele estava sério, completamente diferente de antes. Quando chegaram na porta de sua casa, ela subiu alguns degraus, ficando quase na altura dele. Olhou por cima dos ombros largos, observando algumas pessoas que falavam. 

— Relaxe, os comentários vão passar. — A voz dele era tranquila, e seus olhos ficaram quase na mesma direção, o coração dela disparou e as mãos suaram, a respiração ofegante.

— Acha?

Os olhos azuis dele se escureceram e um brilho de divertimento surgiu. 

Se aproximando, as mãos quentes tocaram o rosto delicado dela, fazendo um carinho. 

Ele sussurrou no seu ouvido: 

— Claro, você vai casar comigo. 

— É mesmo? — Mia ergueu uma sobrancelha o desafiando, tentando não se derreter por ele, limpou a garganta e tentou manter a voz mais firme. — Tem tanta certeza, por quê? 

O duque riu e deu uma assoprada contra o pescoço dela e inspirou o cheiro. 

— Apenas um palpite. — Rebateu, soprando novamente. — Entretanto, gostaria que pensasse nisso. Seu pai me deu a permissão para a cortejar, se assim a mocinha desejar — sorriu —, não seria uma ideia ruim ser minha esposa, seria? — Questionou, quase roçando os lábios contra a orelha dela. 

Completamente excitada e envergonhada, gemeu baixo pelas provocações e sensações que ele causava no seu corpo. 

— Eu, acho... — Ela não completou a frase. 

Ele se afastou e então a porta foi aberta, Mia se apoiou no corrimão para buscar todo o desequilíbrio em seu corpo, olhou para trás e viu seu pai aparecer na porta. 

— Kenneth, então a achou. — Vladeck sorriu, olhando na direção deles. 

— Sim! Ela estava bem no lugar que você indicou. — Respondeu, e então seu olhar se voltou para ela novamente. — Acabei de chegar e vou ter que ir para resolver uns assuntos, volto daqui a quatro dias. — Pausou, olhando fixamente para os olhos de Mia. — Seria um tempo para pensar. Não quero força-la a nada Mia.

— Tudo bem, não está me forçando e mesmo se quisesse jamais iria conseguir. — Respondeu, e o sentiu pegar em suas mãos e levar até os lábios, beijando em seguida. — Tome cuidado! 

Sorrindo, Kent deu uma piscada. 

— Até breve senhorita. — Olhou para o homem parado na porta se despedindo. — Senhor Smith! — Então virou-se e saiu. 

Mia com um sorriso bobo, continuou ali parada, observando-o se afastar, não evitou um suspiro,  uma onda de calor passou pelo corpo dela, fazendo com que tudo se esquentasse. Assim que o viu sumir de sua vista, se virou e observou Vladeck com um sorriso no rosto. 

— Gostou dele. — A voz do seu pai trazia um tom de provocação —, nem adianta me dizer o contrário, conheço bem a filha que tenho. 

— Certo, gostei sim, — assentiu —, mas não fique tão animadinho com isso, senhor Smith, sabe que essa ideia de casamento arranjado não é tão atraente quanto parece.

— Sei, mas sinceramente, sua mãe e eu, quando começamos éramos bem jovens, eu só falei com ela uma vez na vida. — Comentou olhando para o nada pensativo. — E ainda sim, sempre fui apaixonado por ela e olha que nós demos certo. 

— Tudo bem, mas vamos ver no que vai dar. — Sorriu, ficando na ponta dos pés e beijando a testa do pai. —, Sim, vou pensar em dar uma oportunidade para ele e não faça essa careta. — Ela riu da expressão de satisfação de Vladeck. 

— Tudo bem, sem expressão. Agora vamos almoçar, estou faminto. — Informou. 

Enquanto seu pai entrava, ainda permaneceu ali, e deu um sorriso ao se lembrar de Kent, uma agitação em seu ventre aconteceu novamente e encarou o céu nublado. 

Uma pergunta ficou na cabeça dela, na hora ela estava tão amedrontada que não conseguiu raciocinar direito. No entanto, agora, pensando com clareza, pegou a informação. 

Como ele havia conseguido controlar aquele lobo feroz?

                                   ✧✦🌒✧✦

Kenneth chegou no jardim da mansão em questão de segundos, seus empregados estavam de folga, assim como ele tinha planejado, seu olfato rastreou Tristan nos fundos da mansão, foi até o mesmo apressado, observou o homem que retirava as longas e grossas correntes de prata da carruagem. 

Então esse filho da mãe conseguiu! 

— Está aqui deve te segurar. — Tristan informou. — Contudo, creio que vai machucá-lo muito. 

— Tranque bem as portas da mansão e não abre por nada. — Ordenou, olhou as para as correntes de prata e passou as mãos na nuca e prosseguiu; — assim como combinamos Tristan, isso não pode falhar. — Terminou a frase, sentindo seus músculos ficarem rígidos e carregados de tensão. 

— Como foi na aldeia com a sua futura noiva?

— Hum! Cada vez mais interessante, é só uma questão de tempo para aquela deliciosa e linda mulher ser minha. — Respondeu com um sorriso convencido, porém, ainda se sentindo nervoso. 

— Bom, eu realmente espero que sim, essa menina vai te deixar menos rabugento, sexo vai resolver. — O loiro brincou, fazendo uma careta, terminando de tirar as correntes. — Pronto! 

O Duque passou as mãos pelo cabelo e ficou encarando as correntes por um tempo, totalmente desanimado e angustiado, o seu inferno pessoal iria começar, e só acaba daqui a uns dias. Se algo desse errado, não queria nem pensar no que iria acontecer para aquelas pessoas, abriu e fechou a mão em nervoso. 

— Precisa de algo? — Questionou o seu ajudante. 

— Ah sim! Eu preciso. — Disse ele, com um olhar perdido e sombrio. — As garrafas de vinho e rum, por favor, quero todas. 

Para aguentar o que vinha por aí, só mesmo se embriagando. 

                                   ✧✦🌒✧✦

A noite de lua cheia caia sobre Florswood, era incrível como o céu ficava mais limpo por ali naqueles dias, e ela tinha que admitir que era lindo e não sabia o que tanto temiam, nunca acontecera nada, desde que chegou no vilarejo. Observou a aldeia dos degraus da varanda de casa, algumas crianças corriam, brincando sem parar. Mia sorriu, lembrando-se de si própria, quando era criança.

Um tempo depois os sinos tocaram, era hora de todos se recolherem, escutou as mães das crianças chamando os nomes de cada um. Se levantou do degrau e deu uma última olhada para a lua em seguida para a floresta e balançou a cabeça achando baboseira. 

Não havia nenhum monstro por lá. Os próprios seres demoníacos eram habitados nos seres humanos, estremeceu ao se lembrar dos homens da floresta. 

Contudo, aquela regra da aldeia, tinha que obedecer, de qualquer jeito, era bom se prevenir. Entrou em casa, ajudando os pais a fecharem todas as janelas da casa. Apagou as velas e se despediu dos pais, subiu para o seu quarto e trocou a roupa, deitou na cama sem conseguir dormir, um longo tempo depois, ouviu um som que a fez se arrepiar da cabeça aos pés. 

Aquele uivo se diferenciava de todos que escutara, parecia doloroso e agoniado. 

Ignorando totalmente uma regra ela abriu uma parte de sua janela, e continuou a escutar os uivos. Deu uma última olhada para a lua e adormeceu sem perceber. 

Pela primeira vez, quem invadiu seu sono foi o homem mascarado, fazendo-a sussurrar seu nome. 

— Kenneth!