MelEu nunca imaginei que passaria parte desse dia sentada em um sofá apertado com os meus pais entre o meu namorado e eu, assistindo um filme de ação. Não com o fogo que eu estava a poucos minutos atrás. Que ideia foi essa de virem sem me avisar, eles nunca fizeram isso antes! Teve um momento que eu pensei, isso vai acabar logo. Após o lanche e o filme, e tudo mais, eles vão entrar naquele carro e voltarão para casa, e tudo voltará ao normal. Mas percebi que estava enganada quando papai simplesmente abriu a sua boca e disse:— Sabe pescar, Aiden? — No mesmo instante o letreiro do filme começou a subir e eu suspirei baixinho, e desanimada. O meu pai estava em uma missão agora: conhecer o namorado da sua única filha.— Não, eu nunca pesquei antes.— Quer aprender?— É sério? — E pela primeira vez o vi expressar uma empolgação quase infantil. Então me lembrei de que Aiden nunca teve um momento de pai e filho na vida. Que droga, Melissa, você não pode ser tão egoísta a esse ponto! Não ti
AidenUm bom biólogo, gosta de pescaria, é um amante de sua esposa e um pai atencioso, e amoroso. Não foi preciso ficar horas ao lado desse homem, ou ouvir os seus relatos para ter essa impressão de Samuel Jones. Dá para perceber tudo isso apenas com as suas atitudes, no seu olhar admirado quando fala da sua filha, na maneira como ele trata a sua mulher. A minha tia sempre dizia; a primeira impressão é a que fica. E ela tinha toda razão. O carro para em frente à enorme loja de materiais do JJ. É uma loja muito extensa e aqui vende de tudo que se possa imaginar. E ao passar pelas portas largas é como se Samuel entrasse em outro universo. Um bem fascinante, cheio de informações fantásticas e acredite, estou atento a cada uma delas. Varas de pescas de vários tamanhos, cores e formatos, e cada uma com a sua finalidade. Linhas, anzóis, iscas, molinete e carretilhas, além, de chapéus, luvas, botas e macacões. Enquanto maneja alguns desses acessórios ele fala e fala, e eu me sinto cada vez m
Aiden— A minha mãe tinha razão. Ela sempre esteve certa e eu descobri da pior maneira que ela só queria me proteger. Eu nunca devia tê-lo procurado. E daquele dia em diante me tornei mais próximo da única pessoa que se doou a vida inteira por mim. — Samuel me olhar um tanto firme agora. — Eu escolhi ser diferente dele, Aiden. Escolhi me apaixonei, formei uma linda família e prometi para mim mesmo que nunca faria a mesma coisa com a minha filha. — Meneio a cabeça concordando com ele.— Eu o invejo, Senhor Jones, porque eu não sei se tenho essa mesma coragem.— Você não é igual a eles, Aiden. — Penso em rebater essa afirmação, quando percebo uma fisgada na vara e sem saber o que fazer a seguro firme. — Você pegou um! — O homem parece vibrar com isso e empolgado começo a puxar a linha. — Não! Não! Não! Solte a linha, Aiden!— O que? Mas ele vai fugir!— Não, ele vai lutar, vai se cansar e aí poderá puxá-lo para a margem. — E é isso, eu comecei a rir como um garotinho orgulhoso, que real
Aiden— Direito Processual é a área que se dedica ao estudo da forma dos processos judiciais. É aí que se define, por exemplo, a ordem dos atos de um processo, qual juiz deve julgar quais causas, qual recurso é cabível contra cada tipo de decisão e seus prazos, dentre outras regras sobre o desenvolvimento dos processos. No exercício de hoje, quero que encontrem cada lei adequada para cada situação e me apontem os erros mais comuns que claro, devem ser evitados diante de um tribunal. — Enquanto o professor Edward Soft fala, os meus olhos estão o tempo todo fixos no relógio acima do enorme quadro branco. Sim, estou contando os segundos que restam para finalizar a última aula e sair correndo para a Hawk's Cliff, porque eu só tenho algumas horas para desbravar cada curva e subida sua, e assim evitar o pior no final para o pouco que consegui conquistar até agora. — É isso aí, garotada, até a próxima aula e não se esqueçam... — Saio apressadamente, sem esperar o fim do seu conselho e assim
AidenJá é final de tarde quando resolvemos encerrar os testes e ao invés de irmos para casa, o pessoal opta por ficar um pouco na praia. Enquanto uma parte do pessoal foca em acender uma fogueira no meio da areia para nos aquecer. Robin afina o seu violão tocando uma melodia preguiçosa. A Abby organiza algumas cervejas dentro de uma caixa térmica com a ajuda do seu namorado e eu aproveito para me afastar um pouco da galera para esclarecer algumas coisas, já que Ethan está sozinho a beira mar, deslizando os seus pés pelas ondas minúsculas que insistem em vir para a margem. E eu sei exatamente o porquê dessa solidão. Enquanto fazíamos a nossa última volta, ele até quis conversar, mas prometi que faríamos isso em outro momento, e já não dá mais para adiar. Ao me aproximar, levo as mãos aos bolsos da minha calça e fito o horizonte quase escuro, lançando cores alaranjadas, misturadas às nuvens cinzas pelo céu. Ethan permanece calado na sua, mas os seus pés não brincam mais com as ondas e
MelEu não entendo. Esses últimos dias que antecederam a corrida tudo está exatamente como deveria estar. Ethan já conhece de cor cada detalhe daquela pista e cada curva sua. Durante os testes Aiden quebrou o seu redor por três vezes consecutivas e para melhorar ainda mais essa situação, uma chuva repentina molhou o asfalto e assim eles tiveram uma ideia da fricção dos pneus em uma situação inusitada. Tudo está bem cronometrado, cada detalhe bem estudado e o meu namorado tem tudo para vencer mais esse obstáculo. Então, por que esse mal pressentimento não sai de dentro de mim? Respiro fundo e me afasto da janela para ir à cozinha beber um pouco de água. A minha garganta fica seca só de pensar que algo muito ruim está para acontecer e isso está tirando o meu sono e a minha concentração na sala de aula. Se algo acontecer com ele não sei o que vou fazer. Na verdade, eu nem sei se consigo viver sem ele nessa altura do campeonato. Com esse pensamento me incomodando até os ossos, volto para
MelSaio de dentro do carro do Stan e o pessoal faz o mesmo em seguida. Meus olhos percorrem ávidos pelo local com suas habituais barreiras de pneus e do outro lado tem dezenas de carros e motos estacionados. E eu posso dizer que tem muita gente acumulada aqui. Todos estão apostando nessa corrida e as notas de dinheiros passam de mão em mão, enquanto alguns agentes anotas os números em suas cadernetas. Tento encontrar o Aiden no meio dessa multidão agitada, mas é quase impossível. Os roncos de alguns carros celebram a animação dos apostadores e com a ajuda de Dani seguimos mais para o fundo, onde a equipe do meu namorado checa os últimos detalhe do veículo. Onde você está? Inquiro mentalmente quando não o encontro em lugar nenhum. É quase sufocante não o ver um dia inteiro. Penso girando nos meus calcanhares a sua procura. Contudo, inesperadamente os meus pés são tirados do chão, quando um par de mãos tomam posse da minha cintura e sorrio, sentindo o meu coração disparar em vida. E lo
AidenMomentos do acidente...— Essa corrida está no papo! — Ethan comemora, deixando uma gargalhada sonora se espalhar pelo ambiente apertado assim que ultrapassamos o Jack e eu juro que quis fazer o mesmo. Mas algo estava errado. Isso estava fácil demais. — Só mais alguns metros, Aiden. Pisa no acelerador. — Ele pede e imediatamente olho pelo retrovisor. Os faróis do meu adversário surgem repentinos e em alta velocidade. Rapidamente, deslizo minha mão pela marcha, porém, não tenho tempo de pisar no acelerador. — Que porra ele pensa que está fazendo?! — Ethan berra, olhando para trás. Meu coração dispara quando vejo que estamos correndo em direção do muro de proteção, que se aproximar tão rápido que chega a ser desesperador e como um louco piso várias vezes no freio, em uma tentativa alucinada de fazê-lo parar. — Esse filho da puta quer nos matar?! — Ethan, esquece o Jack!— Mas ele está nos empurrando para o abismo, porra!— Eu quero que volte a se concentrar e que faça o seu trab