Ela precisaria se mostrar segura e soberana para todos aqueles que formavam sua família e dividiam os mais macabros segredos da herança. A reunião aconteceria, ela mesma tinha marcado e não poderia voltar atrás, independente dos acontecimentos. A loira precisou acreditar que tudo iria se resolver, ela precisava ter essa certeza também. Não iria falhar. Lucinda ergueu a cabeça e o corpo, pondo-se de pé ainda na sala escura, enxergando a sombra de seu reflexo. Ela deixou o corpo morto de William de frente ao espelho, com mãos e pés amarrados por uma corda negra. Era uma parte dos preparativos para o que viria a seguir... Ele precisava estar bem amarrado, sua alma não poderia atravessar os mundos e ele também não deveria se sentir corajoso quando retornasse para sua última missão.
Decidida a n
Estavam na sala quando Matheus os encontrou. O olhar pesado de Cristiano indicou certa tensão no ar. O alerta soou no âmago do mais novo. Ele encarou sua mãe, estava diferente, parecia guardar ódio e desprezo. O rapaz gostaria de pensar que tudo não passava de sua mente fértil lhe pregando preocupações desnecessárias, mas tudo o que tinha acontecido até então não permitiria que baixasse a guarda. Muito ali estava em risco.Para sua sorte os irmãos não eram de muitas representações fraternais. O máximo que acontecia entre os dois era um aperto de mão quando o clima estava mais amistoso, o que não era o caso. Desde a morte de Maurício muito havia mudado entre eles, Cristiano era totalmente a favor da mãe e o que acontecera com Letícia havia oficializado o abismo que havia entre eles. Isso sem falar nas reclamações de Giovanna com rel
O caminho até o endereço de Erick custaria por volta de quatro horas, ela não desejava perder todo esse tempo, principalmente porque pensava que teria que retornar para ajudar sua amiga. Seriam horas preciosas.Sem dúvida seria mais persuasiva estando cara a cara, porém uma ligação se mostrou muito mais prática. Cláudia ligava pela terceira vez. O garoto parecia avesso às ligações também, não atendia. E foram mais cinco, até ela voltar a pedir a ajuda de Júlia. Conseguiu o número da esposa do rapaz e ligou para ela. Na primeira ligação, Olívia atendeu. Hora de fazer uso de todas as informações passadas pela amiga, a loira já imaginava que Erick não a atenderia se ela simplesmente pedisse para falar com ele.— Boa tarde, senhora. Meu nome é Cláudia, lig
O tempo correu rápido, trazendo mais leituras e interesse à Cláudia. Aventurar-se por terrenos conspiratórios exigia paciência e uma visão que cobrava facilidade para ignorar o absurdo. O problema surgia quando algo começava a fazer sentido...Apesar das primeiras informações nada confiáveis, dúvidas foram plantadas aos poucos, principalmente quando as palavras de Erick passaram a ser consideradas uma possibilidade.A loira sentiu-se uma grande tola por cogitar que poderia sim estar acontecendo o inimaginável, porém, haviam detalhes sórdidos que ameaçavam apresentar certa credibilidade.Há mais de um século atrás, em 1910, no Brasil, eventos históricos aconteciam como quase sempre acontecem. A "Revolta da Chibata" e vitórias importantes para o público cristão foram as que mais interessaram a empresária. O último mostrou-se como o mais importante para aquele momento, ganhando uma ligação não muito esclarecida ao que ela buscava.Em
Por muito tempo ele havia fugido, agora o destino cobrava uma ação.Erick foi até o quarto da filha e viu que Olívia zelava pelo seu sono. A menina agora dormia tranquilamente. A morena de cabelos cacheados mantinha-se debruçada sobre as grades laterais do berço. O quarto estava afundado em uma penumbra parcial, enquanto luzes estreladas de um abajur decorativo giravam iluminando o teto e as paredes. Era bom pra conquistar uma tranquilidade que eles precisavam.Erick admirou a mulher e sorriu pela filha. Olívia sentiu a presença do marido, olhou em direção à porta entreaberta. Ela sorriu ao vê-lo sorrir. Gostava de imaginar o que se passava na cabeça dele quando esses momentos aconteciam, deveria ser algo bom e ela estaria envolvida.
Sentia-se tentada a tocar mais uma vez na ferida aberta. Conteve-se. A pele cortada sempre reclamava pelo toque, por isso Giovanna apenas encarou seu antebraço . O símbolo recém talhado era a maior prova de toda a loucura que estava vivendo.Ainda presa em um quarto, também sentia-se insegura, sem muitas opções para confiar. Tinha que se apegar às palavras de Matheus, era tudo o que lhe restava. E infelizmente isso significava passar a acreditar no inacreditável…— Então ela realmente enxergou. — Sebastião tomou um gole de whisky, recebendo os olhares de todos reunidos no salão. Seus olhos castanhos seguiram na direção de Matheus. O rapaz, sentindo a mãe encará-lo, assentiu sem muitas emoções.
A madrugada havia chegado. Nem Giovanna ou Matheus conseguiam fechar seus olhos. Da sacada da suíte, a morena mantinha seus dedos firmes à arma, sentindo os olhos incansáveis do noivo vigiando suas costas.Ela fitou a obscuridade maldita daquele lugar, algo que se estendia sem fim pelo território dos Albuquerque. Era assombroso. Enlouquecedor. Mas a psicóloga já não se importava, já havia desistido de questionar sua sanidade. Giovanna se sentia louca sim. De pé, recebeu o acalanto dos ventos que bagunçaram seus cabelos cacheados. Ela apertou com força a pistola na mão direita e olhou por cima de seu ombro, tentando encontrar os olhos que tanto lhe provocavam desconfianças e incômodo.— Ainda certo sobre o que fará com Felícia? — A per
No centro do salão, rodeada por aquela família macabra, Cláudia confiou plenamente em Erick. Aquela família era realmente demoníaca. A loira sentiu a energia pesada que pairava naquele lugar. E os olhares… Os olhares dos próprios humanos ali presentes eram mais assustadores que os das estátuas de pedra. Então ela pensou na arma escondida no cós de sua calça e em Erick tendo que ser cauteloso para se infiltrar no local. Por mais que o garoto desejasse aparecer já atirando e matando todos, ela teve a certeza de que não seria a melhor opção. Sentiu-se feliz por convencê-lo.Cláudia procurou Matheus, evitando tocar no assunto das estátuas.— Onde está seu filho?— L&
“Estamos trancadas no quarto. Não tem como fugir daqui.” Esta foi a mensagem que Cláudia enviou para Erick, isso depois de horas se passarem e Matheus não retornar. Ele continuava em meio à família, cuidando dos preparativos. As amigas haviam conversado muito nesse meio tempo, e pouco a pouco o desespero e as desconfianças se enraizaram mais profundamente. No andar de baixo um som diferente se manifestou. Eram vozes e mais vozes, palavras incompreensíveis. Um forte cheiro de incenso subiu inebriante e enjoativo, mesclado a um odor discreto de morte. Chegara o meio dia, o ritual para ressuscitar William havia começado. “Qual quarto?” “O principal, o que dá vista vista direta para a piscina." “E para a árvore dos enforcados…” — O rapaz pensou