Tinha acordado um pouco depois do horário que eu tinha colocado para despertar, ou seja, estava mega atrasada. Meu celular estava cheio de mensagens e seria provavelmente do pessoal me xingando. Eu sempre me atraso, não era novidade pra ninguém. Estava terminando de passar o gloss, resolvi fazer uma maquiagem básica porque estava sem tempo e paciência pra caprichar no reboco. Vesti um cropped decotado de renda fina preto e uma mini saia apertadinha branca. Eu estava um verdadeiro arraso e uma grande gostosa.
Peguei minha bolsa de sair e coloquei apenas o necessário. Coloquei um salto plataforma preto com pedrinhas e de baixinha eu fui para girafa, eu adorava colocar saltos, era a única hora que eu tinha moral para falar de altura já que eu tinha a de uma pessoa de onze anos. Passei meu perfume e sai do quarto apagando a luz.
— Onde tu acha que vai desse jeito? — tirou sua atenção do telefone e me olhou com a sobrancelha arqueada.
— Que jeito? Linda? — me fiz.
— Pelada — gargalhei e ele bufou.
Antes de chamar o uber obriguei Gabriel tirar umas fotos minha, ele tirou emburrado e reclamando do tamanho da saia e dizendo que eu deveria coloca um casaco e uma calça. Já eram onze e vinte, nem estava olhando mais as mensagens, na altura do campeonato ela já deveria ter me xingado de todos os nomes.
— Não vai sair hoje, piranha da noite? — perguntei pra Gabriel que estava deitado no sofá mexendo no celular.
— E qual foi o dia que você me viu saindo uma hora dessa, Manuela ? — seus olhos arregalaram-se.
Sonso né.
— Eu sou pra casar, garota — piscou — Tô só esperando os meninos confirmarem para eu partir — deu um sorrisinho de lado.
— Você não vale um centavo — ri.
Tinha chamado o uber e antes de sair dei um beijo no Gabriel. Chamei o elevador e rapidamente cheguei no térreo, esperei uns minutinhos ali em baixo antes do Uber chegar e quando chegou entrei dando boa noite para o motorista.
Muito cheiroso até.
Postei minha foto no Instagram antes de guardar o telefone, não estava com a bateria totalmente cheia então resolvi não gastar toda ela pra não ficar na mão se acontecesse alguma coisa.
Eu odiava sair com telefone com pouca bateria, não sei porque mas detestava.
..
Peguei um trânsito no meio do caminho e cheguei na Pub meia hora depois, paguei o motorista e sai do carro. Já dava para escutar o som do outro lado da rua, algumas pessoas estavam na calçada, umas fumando e conversando e provavelmente algumas tinham acabado de chegar assim como eu. Atravessei a rua e fui arrancando olhares de algumas pessoas. Esperei uns cinco minutinhos na fila antes de entrar e até encontrei um povo do colégio. Estava lotado e com dificuldade fui em direção onde o pessoal disse que estaria.
— Caralho, 24h depois — Pedro riu e se levantou para me abraçar.
— Agora você já pode jogar vôlei, Manu — Naty disse e dei o dedo para ela.
— Tira o salto que ela volta a fazer parte da família dos Smurfs — Lya falou me abraçando.
Sou maltratada, é visível isso.
Sentei junto com eles depois de cumprimentar todo mundo, tinha uns amigos de Gusta e aparentemente eles eram legais. Pedi uma cerveja e enquanto bebíamos, nós ríamos e conversávamos sobre várias coisas.
Um dos amigos de Gusta era muito bonito, se chamava Fernandes, era alto, seus cabelos eram enrolados, pele escura, olhos claros e um sorriso encantador. Queria perguntar pra ele se ele tinha caído do céu, porque ele era um anjo.
— Limpa a baba — Lya sussurrou no meu ouvido e eu rolei os olhos.
— Nem tô olhando muito — beberiquei minha cerveja.
— Está quase comendo o menino com os olhos, daqui a pouco ele está com medo de você — riu.
— Sai fora, filhote de cruz credo — nós rimos.
Depois de uns baldes de cerveja e uns vira vira, todo mundo da mesa estava meio alegre. Os meninos estavam no bar pegando bebida pra gente enquanto eu e as meninas estavamos nos acabando na pista, tentamos ficar onde tinha menos gente pra nós rebolarmos bastante a tabaca mas era quase impossível porque isso aqui estava intupido de gente. Começou a tocar Agora vai sentar - Mc's Jhowzinho & Kadinho e eu não me aguentei, comecei a dançar igual uma louca.
Algumas vezes eu sentia um olhar sobre mim, não conseguia ver muito bem seu rosto porque ele estava na parte de cima da Pub em um dos camarotes, as luzes e fumaças atrapalhavam e eu também estava um pouco bêbada, então dificultava mais ainda por conta da visão meio embaçada. Os meninos logo chegaram com as bebidas e deram pra gente, que pegamos e continuamos dançando.
Gusta e Naty se agarraram no meio pista e nós começamos a gritar e acabou que outras pessoas gritaram com a gente também.
— Aí caralho, meu casal — Lya disse rindo.
— Se você não tomasse atitude eu teria que tomar por você Gusta, mulher bonita dessas — Noemi, amiga do mesmo comentou e nós rimos.
— Vocês são chatos — naty estava com o rosto vermelho, cheia de vergonha.
— Não queria falar nada não mas Natália estava desesperada, contando os dias pra esse beijo rolar — beberiquei minha cerveja.
Esses dois não enganavam ninguém, se algum dia eles acharam que esse papo de que eram só amigos convenceu alguém eles estavam loucos.
— Olha, não quero nem saber, vou ser madrinha.
— E eu padrinho — pedro falou um pouco alto por causa do som.
— Eu também quero ser madrinha e se até lá eu não estiver namorando me coloca com um padrinho bem gato pra eu sair de lá noiva — lya piscou.
— Gato assim igual eu? — Pedro deu um sorriso de lado.
— Eca — retrucou.
Continuei dançando com o pessoal até me dar vontade de ir no banheiro, andei pela multidão tentando chegar no mesmo e alguém puxou meu braço meu braço forte, demorou um pouco pra minha vista ficar menos embaçada e eu ver quem era.
Não acreditava no que estava vendo.
Meu corpo todo gelou e foi como se não tivesse colocado um pingo de álcool na boca, fiquei sóbria de uma hora pra outra e engoli a seco.
— Ga-gael? — gaguejei.
Por que eu estava sentindo esse frio na barriga ? Não sentia mais nada por ele e ele não tem mais controle de mim, eu era uma pessoa livre da pessoa tóxica que Gael era.
— Quanto tempo, Manuela — ele examinou meu corpo de cima a baixo — Quanto tempo.
Por um tempo as palavras sumiram da minha boca e eu me senti a Manuela de quinze anos que fazia apenas o que ele queria que eu fizesse e falasse.
Isso não estava certo.
— O que você quer? — me soltei da sua mão e falei firme.
— Conversar — bebericou sua cerveja — Vamos sair daqui — pegou no meu pulso e saiu me puxando pra fora da Pub.
— Tá achando o que? — falei mas foi em vão — Me solta.
Eu estava sendo ignorada, tudo que eu falava ele fingia que não escutava ou não escutava por causa do som alto. Eu ouvi pessoas me xingando por estar passando por elas sem pedir licença, estava as empurrando mas eu não conseguia tirar a mão do Gael do meu pulso por mais que eu quisesse.
— Me solta — tentei tirar sua mão do meu pulso, estava me machucando.
— Você não escutou não, amigo — a voz não era estranha pra mim — Solta ela.
Gael soltou meu pulso e eu olhei pra trás, era Diego, mas o que esse garoto estava fazendo aqui?
— Quem é esse, Manuela? — gael me olhou e em seguida olhou pra Diego.
— Não te interessa quem eu sou — seu semblante estava fechado, parecia estar com raiva — Vai embora, deixa ela em paz.
Ele deu um sorriso debochado e parou na minha frente, ia dizer alguma coisa mas saiu esbarrando em mim e rindo.
Nesse momento todo mundo já estava vendo o que estava acontecendo entre nós três ali no meio de tudo e todos e a sensação horrível que eu não sentia a muito tempo tomou conta de mim.
Estava me sentindo uma inútil, parecia que tinha voltado no tempo e estava revivendo meu segundo ano no ensino médio. Andei até ao balcão do bar e me encostei no mesmo pedindo uma água para o barman.
— Tá tudo bem? — Diego me olhou sério, não expressava nada, seu semblante não estava mais fechado.
Que garoto confuso.
— Sim — disse firme e limpei rapidamente a lágrima que tinha caído.
— Não parece que está — ele pegou a água do barman — Obrigado — e me entregou — Toma.
— É mas esta, pode ir embora, não precisava da sua ajuda — peguei a garrafa e abri.
— Não parecia que não precisava — deu um sorriso e saiu.
Sua "boa" ação não mudava nada, ele continuava estúpido. Fiquei ali por tempo bebendo água e me acalmando. Lya me encontrou e me abraçou, contei o que aconteceu e ela sabia de algumas coisas porque tinha escutado algumas pessoas falando. Dei graças a deus quando ela disse que do nosso pessoal, uns já estavam ruim e outro saíram antes do acontecido pra fumar.
Eu pedi pra ela trouxesse minha bolsa que estava na mesa onde nós estávamos e fiquei no outro lado da rua esperando, enquanto umas pessoas nem lembrava da minha existência ali, outras me olhavam e cochichavam.
Mas eu já estava acostumada, né?
Estava com a cabeça tão longe que não percebi que tinha um carro na minha frente, forcei pra tentar ver quem era lá dentro mas o vidro era muito escuro. Nada como um sequestro para melhorar a noite, não é mesmo?O vidro foi abaixado e na mesma hora meu corpo se relaxou quando vi que era Diego mas fechei a cara automaticamente.— Te deixo em casa, vem — ele apertou o botão que destrancava as portas.— Não precisa, vou de chamar um táxi — disse sem o olhar pra ele.— Deixa de ser orgulhosa e entra, Manuela — olhei pra ele com a sobrancelha arqueada.— Lya foi buscar minhas coisas, ela vai dem...— Cheguei — olhou para minha cara sem entender o porque de Diego estar ali.Lya não conhecia Diego, só sabia dele por causa de fotos e nome, porque eu sempre que podia falava o quanto eu o odiava. Me despedi dela e d
Diego.Estava preparando meu café da manhã, morar sozinho tem suas vantagens e desvantagens e fazer a própria comida, arrumar a própria casa, lavar e passar a própria roupa as vezes se tornava uma grande desvantagem. Eu moro sozinho desde que fui pra São Paulo, não fui muito difícil me adaptar, minha mãe abandonou eu e meu pai quando eu tinha seis anos e meu pai era como se não existisse pois só queria saber de trabalhar, sempre foi muito ausente.Minha maior campanhia foi a Rosa, a empregada que é quase minha mãe. Sinto maior falta do cheiro da sua comida, aprendi muita coisa com ela e uma delas foi cozinhar bem.Tomei meu café tranquilamente enquanto mexia no telefone, assim que acabei lavei o que sujei e fui ao banheiro escovar meus dentes. Voltei para o Rio por simplesmente ter cansado de São Paulo e o estresse na empresa estava absurdo,
— Mata! — gritei.— Mantém a calma, gente — Alex gesticulou com as mãos segurando uma vassoura.— Como que mantém a calma com um rato a solta, seu imbecil? — Victor falou segurando uma garrafa de cerveja, o mesmo estava em cima de uma cadeira.— Você podia ser mais homem e me ajudar.— Virei mulher, se vira.A sexta que era pra ser relaxante estava sendo tensa por causa de um rato. Parece que ninguém tinha vida porque todo dia era uma farra diferente e claro, eu com nada melhor para fazer, estava acompanhando eles em todas. — Cadê o rato? — perguntei desesperada olhando para os lados.— Eu não faço a mínima — Alex andava de um lado para o outro procurando o mesmo.— Como assim voc&eci
Era Diego, estava encostado no corrimão e com um sorriso sarcástico no rosto. Rezava pelo dia que teria a oportunidade de arrancar dente por dente seu, eu queria ver ele ser debochado banguela.- O que foi, Diego? Tá fazendo o que aqui? - me ajeitei.- Encontro você lá em baixo, loirinha - caio disse antes de descer e eu assenti.O ódio que eu estava sentindo não estava escrito, por que caralhos ele tinha que estragar o momento?- Qual é a tua, garoto? - cruzei os braços - Tá me seguindo?Ele riu debochadamente e meu sangue ferveu.- Seguir você pra que, Manuela? Se enxerga- seus olhos rodaram nas órbitas - Qual é a tua com o Caio?- Ta perguntando por que? - arqueei a sobrancelha.- Sou uma pessoa curiosa - rolei os olhos.Ele só podia estar de brincadeira.- Se quiser falar para o Gabriel, vai lá - disse perto
Duas semanas depois..Essas duas semanas passaram voando e foram até que boas. Sai algumas vezes com Caio, nada sério, só estávamos nos conhecendo um pouco melhor e teve um dia que ele até me buscou na escola e me levou para almoçar.Tudo no sigilo, óbvio, se Gabriel sonhasse com isso eu estava morta.Hoje era o dia da viagem e eu não podia estar mais ansiosa. Tinha feito as malas umas três vezes na noite passada e os motivos foram meu irmão enchendo meu saco dizendo que era muita bolsa. Nós íamos sair lá da casa de Alex, iríamos em apenas dois carros então provavelmente um deles iriam passar aqui para buscar eu e a dondoca que não gostava de dirigir, Gabriel.O mesmo apareceu com duas mochilas na sala e as colocou no sofá, ele estava vestindo uma bermuda jeans branca e uma blusa da Nike cinza.Lindo igual a irm&ati
Estávamos quatro horas na estrada e parecia a eternidade, eu não aguentava mais.— Não chega nunca — reclamei me ajeitando no banco.— Falou a pessoa que só dormiu até agora — riu.— Tá reparando bem — arqueei a sobrancelha.— Seu ronco era mais alto que a música que estava tocando — rolei os olhos — Quase uma motocicleta, sabe?Imbecil.— Eu não ronco, sai dessa.— Sabia que era para ter gravado — soltei um sorriso fraco.Eram sete horas da noite e dito por Diego a gente estava na metade do caminho, Angra ficava nos quintos dos inferno. Os meninos estavam bem a frente da gente, pegamos um engarrafamento e acabou que nos perdemos um do outro.— Você tá com fome? — perguntou atento a estrada.— Quando que eu não estou?Diego parou na primeira lo
Bom dia com muito ziriguidum porque hoje é carnaval caralho.Acordei animada, pra mim essa época era a melhor do ano tirando o ano novo, que eu também gostava demais. Sempre tinha bagunça emuita bebida envolvida.Eram dez da manhã, tomei uma ducha demorada, lavei meu cabelo e sai do box com duas toalhas, uma no corpo e uma na cabeça. Escovei meus dentes e passei uma máscara de skincare, dava pra fritar um ovo de tão oleoso que meu rosto estava esses últimos dias.Sério, estava bizarro.Sequei meu cabelo com o secador e tirei a máscara que já estava seca, joguei água gelada no rosto e sai do banheiro. Vesti meu biquíni tomara que caia branco e um shortinho jeans. Passei uma base no rosto e um rímel, antes de sair e ir de encontro com os meninos passei perfume e hidrante.Cheirosa sempre, né.Mandei mensagem pra Gabriel e o mes
— A herpes e você são best friend já, sabe disso né? — fiz cara de nojo — Já é a quinta menina que você beija Alex, eca.— É carnaval, estraga prazeres — passou os dedos em volta dos lábios o limpando — Deveria fazer o mesmo, ta chata pra caralho falando toda hora — rolei os olhos.Gabriel e Victor tinham sumido, só estava eu, Diego e Alex. Eu estava começando a ficar alegre já, de bom mesmo ali só estava Diego que mal bebeu. Começou a tocar um funk e eu não podia deixar essa oportunidade de rebolar a tabaca, né?Alex dançava junto comigo e eu morria de rir, ri mais ainda quando ele sarrou no Diego e o mesmo o empurrou, quase foi de cara no chão. Além de chato, arrogante, implicante ainda tinha masculinadade frágil. Era uma pena tantos defeitos para quem tinha um rostinho b