Diego.
Estava preparando meu café da manhã, morar sozinho tem suas vantagens e desvantagens e fazer a própria comida, arrumar a própria casa, lavar e passar a própria roupa as vezes se tornava uma grande desvantagem. Eu moro sozinho desde que fui pra São Paulo, não fui muito difícil me adaptar, minha mãe abandonou eu e meu pai quando eu tinha seis anos e meu pai era como se não existisse pois só queria saber de trabalhar, sempre foi muito ausente.
Minha maior campanhia foi a Rosa, a empregada que é quase minha mãe. Sinto maior falta do cheiro da sua comida, aprendi muita coisa com ela e uma delas foi cozinhar bem.
Tomei meu café tranquilamente enquanto mexia no telefone, assim que acabei lavei o que sujei e fui ao banheiro escovar meus dentes. Voltei para o Rio por simplesmente ter cansado de São Paulo e o estresse na empresa estava absurdo, eu precisava de um pouco de paz. Eu e meu pai nunca nos demos muito bem e os maiores conflitos eram com ele, as vezes é impossível não misturar o pessoal com o profissional.
Mesmo trabalhando pelo notebook ainda me estressava com as reuniões por vídeo conferência ou resolvendo as merdas que alguém fazia mas o estresse era bem menor. Chega dar vontade de chorar quando lembro que daqui meses voltarei para minha torturante rotina em São Paulo.
Vesti um short preto de pano mole, calcei meu tênis e peguei meus fones. Eu ia correr na orla, adorava fazer isso pela manhã quando não me batia preguiça ou dormia até mais tarde. Meu apartamento era na cobertura e de frente pra praia de Copacabana, então era só atravessar a rua. Coloquei uma música e comecei a correr, algumas mulheres me olhavam e pareciam que ia me comer com os olhos, já estava acostumado com isso, as mulheres sempre me desejavam, tinha quem eu queria e quem não queria mas nunca me envolvi sentimentalmente com ninguém, era só sexo.
Em vinte três anos só namorei um vez e por pouco tempo, eu mesmo terminei com ela porque achava que gostava e na verdade eu não sentia absolutamente nada.
Nunca gostei de ninguém de verdade e não pretendia gostar nem tão cedo. Tava muito bem assim.
Depois de correr, parei pra comprar um açaí e fui pra casa andando devagar, o dia estava lindo e nem estava tão cheia a praia. Cheguei em casa uma hora depois cansado a beça, tomei uma ducha gelada e depois me joguei no sofá. Era meio dia, coloquei na série que eu estava vendo esses dias e me ajeitei no sofá, pelo visto hoje o dia seria mais um dia chato.
Manuela.
Dias tinham se passado desde o final de semana e esse últimos dias foram bem chatos. Na escola não foi nada diferente do que as outras semanas, depois do final semana, o que aconteceu na pub comigo e Gael ainda rolava na boca do povo, de tanto ignorar piadinhas, não dá a mínima para cochichos e olhares o assunto parou.
Em casa eu não fazia nada além de dormir, comer, estudar e arrumar a própria. Gabriel não estava parando em casa esses últimos dias e o motivo era que a empresa estava passando por uns problemas e ele era responsável pra resolver eles. Daqui duas semanas seria o carnaval e eu estava ansiosa, não fazia a mínima ideia de onde Gabriel tinha reservado a hospedagem mas eu esperava que seria um lugar bom. Meu pai tinha ligado esses dias para saber como eu estava e como andavam as coisas em casa e eu falei que estava tudo sobre controle. Convivi com meus pai até meus treze anos, depois disso começou as viagens e por um tempo nós ficamos com minha tia, a irmã do meu pai. Tia Luci é tudo pra mim, apesar de não nos falarmos mais com frequência. Ela ganhou uma proposta pra trabalhar fora do país e foi assim que Gabriel fez dezoito anos.
Ela era um barato e minha maior saudade.
Era uma quinta feira e eu estava voltando para casa, não teve nada demais na escola, só mais um dia onde os professores socavam matéria no rabo da gente. Subi a rua do meu prédio mexendo no telefone e com fone no ouvido, abri o portão e quando ia fechar alguém segurou, olhei e era Diego.
Perseguição?
O que esse garoto queria uma hora dessa na casa dos outros ?O ignorei e chamei o elevador, rezei para que ele fechasse e não desse tempo pra que ele entrasse mas não rolou, ele entrou com seu sorriso debochado no rosto e eu rezava pra que essa porta fechasse na cara dele.
Tosco.
Fomos lado a lado quietos, eu de fone e ele parado olhando pra porta, se não fosse por Gabriel eu entrava em casa e fechava a porta na cara dele.
E trancava.
Adentrei em casa e não tinha um sinal do Gabriel, eu estava começando a pensar que estavam de sacanagem comigo. Isso só podia ser sacanagem.
— Gabriel não tá em casa, se quiser ir embora tudo bem — forcei um sorriso — Peço pra ele te avisar quando chegar.
Não iria avisar.
— Vou esperar — se sentou no sofá.
Ah, sério?
O deixei na sala e fui tomar um banho. Tomei uma ducha rápida, coloquei um short de malha e um top, fiz um coque e sai do quarto na esperança de que tivesse se mancado e ter ido embora.
E ele não tinha.
Coloquei minha comida e sentei no sofá ligando a televisão, botei no canal de desenho e comecei a almoçar.
Estava faminta.
— Fala sério — riu — Velha e vendo desenho.
— Não é você que me chama de pirralha ? — arqueei a sobrancelha.
— E é — se ajeitou no sofá e cruzou os braços.
— Se manca.
— Tô esperando você pedir desculpas pra Severina — disse sério. Do que ele estava falando?
— Quem é Severina? — indaguei.
— Meu carro.
Gargalhei alto, ele estava blefando, não é?
— Por que eu pediria desculpas para seu carro ? — mordi o frango.
— Você bateu a porta, Manuela — disse ainda sério. Ele era louco ?
— Aí Diego, supera — rolei os olhos.
Tosco né. Se ele achava mesmo que eu ia pedir desculpas para um carro, ele estava muito enganado. Ouvi o barulho da porta e era Gabriel, nunca fiquei tão feliz pela chegada dele na minha vida.
— Como assim vocês estão juntos no mesmo ambiente e estão vivos ? — tirou seu sapato e riu
Forcei um sorriso e fui pra cozinha lavar meu prato, assim que acabei guardei tudo e fui para meu quarto. Estudei um pouco antes de deitar, algumas matérias precisavam ser revisadas. Quando foi la para as três da tarde eu decidir dormir um pouco.
..
Acordei no susto, tive um pesadelo com Gael e acordei ofegante. Joguei uma água no rosto e controlei um pouco a respiração. Antigamente esses pesadelos eram bastante frequentes, depois que eu passei pela psicóloga diminuiu e eu só tinha as vezes e passou a ser raro.
Sai do quarto pra beber uma água e os meninos estavam na sala. Eles não tem vida?
— E aí, loirinha — disseram em uníssono.
— Oi —sorri e fui beber minha água.
Diego ainda estava aqui, ele não tinha mais o que fazer?
Eles estavam bebendo, me ofereceram e eu recusei, era quinta feira e amanhã eu teria aula. Sentei no sofá e fiquei conversando com eles, cada palavra que Alex falava era uma gargalhada minha.
Ele era muito engraçado.
— Vamos ver filme de terror — o mesmo sugeriu.
— Voltou ele com essa ideia bosta — Victor bufou.
— Tá com medo, gatinha ? — fez voz de mulher e nós rimos.
Depois de muito discussão entre eles, decidiram colocar filme de terror. Alex escolheu um baseado em fatos reais e Victor já estava surtando.
— Isso não vai dar certo — disse e nós rimos.
— Para de ser frouxo, Victor - Diego deu um tapa no seu braço — Pelo menos uma vez na vida.
— Não fode, cara — irritou-se.
Fizemos pipoca e colocamos o filme pra começar.
— Tu não tinha um melhor não ? Sem ser baseados em fatos reais — Gabriel perguntou tirando a almofada que escondia o rosto e olhou para Alex.
— Eu avisei que Alex escolhendo filme era furada — victor negou com a cabeça.
— Antes eu do que você colocando filme de comédia que só você acha graça — Alex deitou no sofá.
O filme todo foi com Gabriel e Victor com medo pedindo pra tirar. Eu, Alex e Diego ficávamos rindo de chorar com eles dois, era muito engraçado ver eles cobrindo a cara toda vez que tinha alguma aparição no filme. Quando acabou o filme eu me despedi de todos e voltei para meu quarto, estava cheia de sono.
Eu tinha sono para dar de sobra.
Mexi um pouco no celular, segui Victor e Alex de volta no Instagram e fiquei mais um pouco nas redes sociais antes de dormir igual uma pedra.
— Mata! — gritei.— Mantém a calma, gente — Alex gesticulou com as mãos segurando uma vassoura.— Como que mantém a calma com um rato a solta, seu imbecil? — Victor falou segurando uma garrafa de cerveja, o mesmo estava em cima de uma cadeira.— Você podia ser mais homem e me ajudar.— Virei mulher, se vira.A sexta que era pra ser relaxante estava sendo tensa por causa de um rato. Parece que ninguém tinha vida porque todo dia era uma farra diferente e claro, eu com nada melhor para fazer, estava acompanhando eles em todas. — Cadê o rato? — perguntei desesperada olhando para os lados.— Eu não faço a mínima — Alex andava de um lado para o outro procurando o mesmo.— Como assim voc&eci
Era Diego, estava encostado no corrimão e com um sorriso sarcástico no rosto. Rezava pelo dia que teria a oportunidade de arrancar dente por dente seu, eu queria ver ele ser debochado banguela.- O que foi, Diego? Tá fazendo o que aqui? - me ajeitei.- Encontro você lá em baixo, loirinha - caio disse antes de descer e eu assenti.O ódio que eu estava sentindo não estava escrito, por que caralhos ele tinha que estragar o momento?- Qual é a tua, garoto? - cruzei os braços - Tá me seguindo?Ele riu debochadamente e meu sangue ferveu.- Seguir você pra que, Manuela? Se enxerga- seus olhos rodaram nas órbitas - Qual é a tua com o Caio?- Ta perguntando por que? - arqueei a sobrancelha.- Sou uma pessoa curiosa - rolei os olhos.Ele só podia estar de brincadeira.- Se quiser falar para o Gabriel, vai lá - disse perto
Duas semanas depois..Essas duas semanas passaram voando e foram até que boas. Sai algumas vezes com Caio, nada sério, só estávamos nos conhecendo um pouco melhor e teve um dia que ele até me buscou na escola e me levou para almoçar.Tudo no sigilo, óbvio, se Gabriel sonhasse com isso eu estava morta.Hoje era o dia da viagem e eu não podia estar mais ansiosa. Tinha feito as malas umas três vezes na noite passada e os motivos foram meu irmão enchendo meu saco dizendo que era muita bolsa. Nós íamos sair lá da casa de Alex, iríamos em apenas dois carros então provavelmente um deles iriam passar aqui para buscar eu e a dondoca que não gostava de dirigir, Gabriel.O mesmo apareceu com duas mochilas na sala e as colocou no sofá, ele estava vestindo uma bermuda jeans branca e uma blusa da Nike cinza.Lindo igual a irm&ati
Estávamos quatro horas na estrada e parecia a eternidade, eu não aguentava mais.— Não chega nunca — reclamei me ajeitando no banco.— Falou a pessoa que só dormiu até agora — riu.— Tá reparando bem — arqueei a sobrancelha.— Seu ronco era mais alto que a música que estava tocando — rolei os olhos — Quase uma motocicleta, sabe?Imbecil.— Eu não ronco, sai dessa.— Sabia que era para ter gravado — soltei um sorriso fraco.Eram sete horas da noite e dito por Diego a gente estava na metade do caminho, Angra ficava nos quintos dos inferno. Os meninos estavam bem a frente da gente, pegamos um engarrafamento e acabou que nos perdemos um do outro.— Você tá com fome? — perguntou atento a estrada.— Quando que eu não estou?Diego parou na primeira lo
Bom dia com muito ziriguidum porque hoje é carnaval caralho.Acordei animada, pra mim essa época era a melhor do ano tirando o ano novo, que eu também gostava demais. Sempre tinha bagunça emuita bebida envolvida.Eram dez da manhã, tomei uma ducha demorada, lavei meu cabelo e sai do box com duas toalhas, uma no corpo e uma na cabeça. Escovei meus dentes e passei uma máscara de skincare, dava pra fritar um ovo de tão oleoso que meu rosto estava esses últimos dias.Sério, estava bizarro.Sequei meu cabelo com o secador e tirei a máscara que já estava seca, joguei água gelada no rosto e sai do banheiro. Vesti meu biquíni tomara que caia branco e um shortinho jeans. Passei uma base no rosto e um rímel, antes de sair e ir de encontro com os meninos passei perfume e hidrante.Cheirosa sempre, né.Mandei mensagem pra Gabriel e o mes
— A herpes e você são best friend já, sabe disso né? — fiz cara de nojo — Já é a quinta menina que você beija Alex, eca.— É carnaval, estraga prazeres — passou os dedos em volta dos lábios o limpando — Deveria fazer o mesmo, ta chata pra caralho falando toda hora — rolei os olhos.Gabriel e Victor tinham sumido, só estava eu, Diego e Alex. Eu estava começando a ficar alegre já, de bom mesmo ali só estava Diego que mal bebeu. Começou a tocar um funk e eu não podia deixar essa oportunidade de rebolar a tabaca, né?Alex dançava junto comigo e eu morria de rir, ri mais ainda quando ele sarrou no Diego e o mesmo o empurrou, quase foi de cara no chão. Além de chato, arrogante, implicante ainda tinha masculinadade frágil. Era uma pena tantos defeitos para quem tinha um rostinho b
— Vocês estão querendo me matar — Alex colocou a mão na cintura.Já disse o quanto eu achava gente bêbada chata?Estávamos a meia hora tentando colocar Alex em baixo do chuveiro e estava sendo uma eterna luta.— Alex, pelo o amor de Deus, entra aí logo — Victor disse impaciente.— É você né, seu viadinho, quer me matar — gargalhei alto.Enquanto os meninos não aguentavam mais, eu estava com a barriga doendo de tanto rir.— Alex, agora é sério, entra nesse caralho — Diego disse firme e eu tentava não rir.— E a Dora aventureira se revolta — disse embolado.Iria dar quatro horas da manhã e ninguém mais suportava Alex bêbado, a gente só queria deitar e dormir. Gabriel do jeito que chegou deitou, dava para ouvir seu ronco.E nós está
Diego.Todo mundo já estava bêbado, principalmente Manuela, que parecia que nunca tinha visto bebida na vida e misturava a porra toda. Eu era o único sóbrio, diferente deles quando eu vejo que estou ficando ruim eu paro imediatamente.Não posso nem sonhar em ficar bêbado, não mesmo.— Você tá tão xoxado, Diguete — Gabriel apertou minha bochecha e eu virei a cara.— Se manca — ri.Do grupo eu era o mais centrado, os meninos eram bem mais porra louca do que eu e nem precisava de carnaval para isso. Eu sabia que meu jeito as vezes deixava a desejar mas não era sim porque queria, era meio que uma obrigação.E querendo ou não, era melhor pra todo mundo aqui.Nesse carnaval eu estava tranquilo, não estava querendo ficar com ninguém, algumas meninas até tentavam algo mas eu falava logo q