Na manhã seguinte, Felipe e Valéria se prepararam para voltar a Belville. A viagem de negócios havia chegado ao fim, e embora tivessem aproveitado o tempo juntos, ambos sabiam que o ritmo do cotidiano estava prestes a ser retomado. No caminho para o apartamento de Valéria, o clima era mais leve. Eles conversaram sobre a viagem, sobre os detalhes que Felipe havia resolvido, e Valéria se sentia grata por estar ao lado dele. Quando finalmente chegaram ao prédio dela, Felipe parou o carro e a olhou com um sorriso. — Nos vemos mais tarde? — ele perguntou, seus olhos transmitindo um calor que a fez sorrir. — Claro. Me avise quando terminar no escritório — Valéria respondeu, inclinando-se para beijá-lo rapidamente antes de sair do carro. Felipe a observou entrar no prédio antes de seguir para o escritório. Ele tinha uma agenda cheia, mas o foco principal do dia seria uma reunião importante que estava marcada para a tarde. Uma nova parceria estava sendo firmada, e a empresa X, um forne
Após a saída de Isabela, Felipe permaneceu sentado na sala de reuniões por alguns minutos. Ele estava acostumado a lidar com situações complexas nos negócios, mas essa revelação o atingiu em um nível pessoal que ele não conseguia ignorar. Sua própria mãe... Como ela poderia ter feito isso sem que ele percebesse? Felipe sabia que explodir emocionalmente não resolveria nada. Ele precisava processar isso com calma e encontrar uma forma de confrontar a verdade sem perder o controle. Com um suspiro pesado, levantou-se, ajeitou a gravata e voltou para o escritório. Tinha outros compromissos profissionais, e o trabalho seria seu refúgio por enquanto. Durante o resto da tarde, ele mergulhou em números, contratos e reuniões, tentando manter a mente ocupada. Mas as palavras de Isabela ecoavam em sua cabeça. Toda vez que ele se afastava por um momento, as memórias do passado voltavam com força. Depois de passar horas no escritório, mergulhado no trabalho e nos pensamentos sobre a revelaçã
O relógio marcava o final do expediente quando Felipe desligou o computador e pegou suas coisas. O peso do dia estava sobre seus ombros, mas ele sabia que a conversa com sua mãe era inevitável. Enquanto dirigia em direção à casa dela, a mente girava com lembranças amargas e a determinação de pôr fim às manipulações do passado.Quando estacionou na frente da casa, respirou fundo antes de sair do carro. A fachada imponente e impecável era uma máscara perfeita para a frieza que dominava o relacionamento entre mãe e filho. Ele tocou a campainha, e logo a empregada abriu a porta, permitindo que ele entrasse sem questionamentos.Sua mãe o aguardava na sala, sentada com sua habitual postura ereta e serena, como se nada pudesse abalar sua compostura.— Felipe — ela o cumprimentou com um sorriso calculado. — Você me parece cansado. Como foi o dia?Ele não respondeu à pergunta. Seu olhar sério e direto deixou claro que aquela não seria uma conversa casual.— Nós precisamos conversar, mãe — ele
Felipe permaneceu imóvel no sofá, sentindo a cabeça girar com a mensagem de Isabela. Sabia que aquela mensagem não era inocente. Era um lembrete do que tinham vivido e uma tentativa de mexer com ele, de fazê-lo questionar suas escolhas. Mas ele não permitiria que isso o abalasse – pelo menos, era o que tentava se convencer. Com cuidado para não acordar Valéria, ele se levantou do sofá e foi até a cozinha. Precisava de um momento sozinho para clarear os pensamentos. Enquanto a luz suave da cozinha iluminava o espaço, ele pegou o celular novamente, encarando a mensagem de Isabela. "Sinto falta de como era antes." As palavras ecoavam em sua mente, como um sussurro insistente. Parte dele queria responder, colocar um ponto final naquilo de uma vez por todas. Outra parte, porém, sabia que responder poderia abrir portas que ele havia fechado há muito tempo. Valéria era sua escolha agora. Ele sabia disso. Mas Isabela... Isabela era o passado que nunca havia sido resolvido por completo.
Enquanto tomavam café da manhã juntos, Felipe tentava afastar os pensamentos sobre Isabela. O aroma do café fresco preenchia o ar, e por um momento, ele se concentrou apenas em Valéria, querendo criar uma memória leve entre eles.— Vamos almoçar juntos hoje? — Felipe sugeriu, servindo-se de mais café.Valéria sorriu, surpresa pela proposta inesperada. — Isso é ótimo.Felipe assentiu, satisfeito com a reação dela. — Então está combinado. Passo no estúdio para te pegar ao meio-dia.— Perfeito — respondeu Valéria, inclinando-se para dar-lhe um beijo rápido.Depois de terminarem o café, Felipe se levantou, pegando o celular e a pasta de trabalho. — Vamos juntos? Te deixo no estúdio.Valéria sorriu, ajeitando a bolsa no ombro. — Vamos.Felipe e Valéria desceram juntos até o carro. O clima entre eles era leve e descontraído, apesar dos pensamentos que Felipe tentava afastar. Ele abriu a porta do passageiro para Valéria, que entrou com um sorriso suave. Estar com ela trazia uma paz que ele n
Valéria havia acabado de descobrir a traição. Gustavo, o homem com quem ela planejava seu futuro, estava com outra. Ela não teve tempo para processar a dor. Não podia chorar, não agora. Lara já a esperava. Elas tinham uma apresentação no The Velvet Room, o pub elegante e sofisticado de Rafael, amigo de Lara. A música, por mais difícil que fosse naquele momento, seria sua única fuga. O silêncio no carro pesava. A imagem de Gustavo com outra mulher não saía de sua cabeça. Mas Valéria sabia que não podia desmoronar agora. Quando chegaram ao The Velvet Room, o ambiente acolhedor a envolveu. As luzes suaves refletiam nas paredes de madeira escura e nos detalhes de couro. Era um lugar elegante, feito para noites especiais. O som abafado das conversas e o tilintar de copos ecoavam pelo ar, criando uma atmosfera refinada. Rafael as esperava logo na entrada, sorrindo. — Vocês chegaram na hora! O palco está pronto — disse ele, cumprimentando-as. Valéria forçou um sorriso. Tu
Valéria ainda sentia o efeito do vinho e o peso das emoções. Felipe a observava de perto. Ele fez um sinal para que ela o seguisse. Caminharam em silêncio até o carro de Felipe, um veículo elegante e discreto, assim como ele. Felipe abriu a porta para Valéria, que entrou no carro, ainda refletindo sobre o que estava acontecendo. O ar frio da noite clareou sua mente, mas ela sabia que aquilo era uma fuga. Não havia como voltar atrás. Felipe entrou no carro e ligou o motor. O som suave do veículo combinava com a tensão entre eles. Sem falar, ele deu a partida. As ruas passavam rápido, mas o silêncio no carro estava carregado de uma energia latente. Valéria olhava pela janela, tentando focar em outra coisa, mas sua mente sempre voltava para Felipe. A cada segundo, a tensão entre eles crescia. Chegaram ao Grand Hotel. Felipe não seguiu para a entrada principal. Ele entrou no estacionamento subterrâneo. Valéria percebeu que ele já tinha tudo sob controle. Não precisariam pas
Valéria despertou cedo, antes mesmo do sol iluminar completamente o quarto. O corpo seminu ao seu lado era o de Felipe. Ele estava de bruços, com o lençol enrolado nas pernas. A luz suave do amanhecer destacava seus traços. Ela o observou por um momento, admirando a tranquilidade dele. Em seguida, levantou-se silenciosamente. Vestiu-se com cuidado e, antes de sair, lançou um último olhar para ele. A noite havia sido intensa, sem arrependimentos, mas algo dentro dela havia mudado. De volta em casa, Valéria tomou um banho rápido. A água quente ajudava a limpar o corpo e a mente. Ao tomar seu café preto, seus pensamentos voltaram a Gustavo. A lembrança dele ainda a afetava, mas o que aconteceu com Felipe não era uma preocupação. Ela olhou para o relógio. Eram 9 horas. Tinha um ensaio marcado com Gabriel, um de seus alunos, para a apresentação especial de aniversário da avó dele. Sem mais reflexões, decidiu que era hora de ir para o estúdio. No Studio Allegro, Valéria