Felipe permaneceu imóvel no sofá, sentindo a cabeça girar com a mensagem de Isabela. Sabia que aquela mensagem não era inocente. Era um lembrete do que tinham vivido e uma tentativa de mexer com ele, de fazê-lo questionar suas escolhas. Mas ele não permitiria que isso o abalasse – pelo menos, era o que tentava se convencer. Com cuidado para não acordar Valéria, ele se levantou do sofá e foi até a cozinha. Precisava de um momento sozinho para clarear os pensamentos. Enquanto a luz suave da cozinha iluminava o espaço, ele pegou o celular novamente, encarando a mensagem de Isabela. "Sinto falta de como era antes." As palavras ecoavam em sua mente, como um sussurro insistente. Parte dele queria responder, colocar um ponto final naquilo de uma vez por todas. Outra parte, porém, sabia que responder poderia abrir portas que ele havia fechado há muito tempo. Valéria era sua escolha agora. Ele sabia disso. Mas Isabela... Isabela era o passado que nunca havia sido resolvido por completo.
Enquanto tomavam café da manhã juntos, Felipe tentava afastar os pensamentos sobre Isabela. O aroma do café fresco preenchia o ar, e por um momento, ele se concentrou apenas em Valéria, querendo criar uma memória leve entre eles.— Vamos almoçar juntos hoje? — Felipe sugeriu, servindo-se de mais café.Valéria sorriu, surpresa pela proposta inesperada. — Isso é ótimo.Felipe assentiu, satisfeito com a reação dela. — Então está combinado. Passo no estúdio para te pegar ao meio-dia.— Perfeito — respondeu Valéria, inclinando-se para dar-lhe um beijo rápido.Depois de terminarem o café, Felipe se levantou, pegando o celular e a pasta de trabalho. — Vamos juntos? Te deixo no estúdio.Valéria sorriu, ajeitando a bolsa no ombro. — Vamos.Felipe e Valéria desceram juntos até o carro. O clima entre eles era leve e descontraído, apesar dos pensamentos que Felipe tentava afastar. Ele abriu a porta do passageiro para Valéria, que entrou com um sorriso suave. Estar com ela trazia uma paz que ele n
Felipe dirigia em silêncio enquanto Valéria parecia perdida em pensamentos. Depois de alguns minutos, ela finalmente se virou para ele, sua voz calma, mas carregada de sinceridade.— Felipe, eu não sei se é impressão minha, mas estou sentindo que está acontecendo alguma coisa com relação à Isabela. Como se ela estivesse querendo algo.Felipe manteve os olhos na estrada, mas sua expressão ficou séria. Ele sabia que esse momento chegaria.— Eu percebi o desconforto dela no restaurante. Mas quero que você saiba que não tem nada acontecendo. O que a Isabela quer ou pensa não me importa. É você quem importa.Valéria suspirou, olhando pela janela por um momento antes de voltar a encará-lo.— Não quero me sentir insegura com isso. Sei que o passado pode ser complicado, mas... só quero saber onde estamos.Felipe olhou rapidamente para ela antes de voltar a focar na estrada.— Estamos exatamente onde devemos estar, Valéria. Eu não vou deixar que nada nem ninguém interfira no que temos. Você co
A comida chegou pouco depois, e os dois se acomodaram na sala, com os pratos de sushi dispostos em uma mesa baixa e as taças de vinho ao lado. Felipe e Valéria estavam sentados na sala, aproveitando a comida japonesa e o vinho, enquanto conversavam de maneira descontraída. O clima entre eles era leve e cheio de sorrisos.— Vou pegar mais guardanapos. Já volto — disse Felipe, levantando-se e caminhando até a cozinha.Valéria ficou sozinha na sala, mexendo nos hashis enquanto saboreava um pedaço de sushi. Foi quando o telefone de Felipe, que estava na mesa de centro, começou a vibrar. O nome de Isabela apareceu na tela.Ela franziu o cenho, surpresa, mas não se moveu. O telefone vibrou algumas vezes antes de parar. Valéria respirou fundo, tentando ignorar o incômodo, mas poucos segundos depois, a tela acendeu novamente. Dessa vez, uma notificação de mensagem apareceu:— "Você não vai fazer nada? Já te disse que estou com saudade."Valéria congelou. A mensagem era clara e direta. Por um
O sol começava a iluminar o quarto quando Felipe acordou. Ele olhou para o lado e viu que Valéria não estava na cama. Sentindo o aroma de café fresco, levantou-se e seguiu para a cozinha. Lá estava ela, já arrumada, colocando frutas e pães em uma bandeja sobre a mesa.— Bom dia, animada assim tão cedo? — Felipe brincou, enquanto se aproximava para beijá-la.— Bom dia! — respondeu Valéria com um sorriso. — Achei que seria bom tomarmos café juntos antes de eu viajar. Amanhã a gente se encontra de novo, mas não quero que você vá trabalhar sem uma boa refeição.— Muito generosa da sua parte. — Felipe riu, sentando-se enquanto ela servia café para os dois.Eles tomaram o café juntos, conversando sobre os preparativos do concerto e os planos para o domingo. Valéria estava radiante, e Felipe parecia igualmente animado.— Tudo certo para amanhã? — perguntou ele, observando-a com atenção.— Tudo certo. O ensaio é hoje à tarde, e o apartamento que me reservaram parece ótimo. — Ela sorriu. — E v
Valéria acordou cedo, mesmo sabendo que o concerto seria à noite. Sentia uma mistura de ansiedade e entusiasmo que a impedia de dormir por mais tempo. Após um banho quente, foi para a cozinha preparar um chá para tentar acalmar os nervos.Enquanto mexia na xícara, pegou o celular e enviou uma mensagem para Felipe:"Bom dia! Espero que esteja tudo certo para o voo. Me avisa quando chegar. Estou ansiosa para te ver!"Ela deixou o celular sobre a mesa e começou a organizar algumas partituras, mas o silêncio prolongado do aparelho a incomodava. Depois de alguns minutos, tentou ligar. O telefone foi direto para a caixa postal.Frustrada, Valéria colocou o celular de volta na mesa.— Ele deve estar no avião ou com o telefone desligado por algum motivo — murmurou para si mesma, tentando afastar a apreensão.Pouco depois, o celular vibrou. Ela rapidamente se levantou, com a esperança de ser Felipe. Pegou o aparelho e viu que era uma mensagem de Ricardo."Val, sei que hoje é um dia muito impor
Valéria entregou uma apresentação impecável. Cada nota ressoava com emoção, e o público estava hipnotizado por sua presença no palco. O teatro parecia respirar junto com a melodia, os sussurros das cordas e os acordes do piano criando uma harmonia perfeita. Quando a última nota ecoou pelo salão, o silêncio foi rapidamente rompido por uma onda de aplausos que parecia não ter fim. A plateia se levantou em uníssono, aplaudindo de pé. Valéria, ainda sentada ao piano, sentiu o peso das emoções do momento. Ela se levantou, fez uma reverência elegante e sorriu levemente, embora seu coração estivesse inquieto pela ausência de Felipe. De volta ao camarim, Valéria retirava os sapatos enquanto tentava absorver a grandiosidade do momento. Ainda respirava fundo, tentando acalmar a mistura de emoções, quando a porta se abriu e o maestro entrou acompanhado por Marina, a assistente que a recebeu em São Paulo. — Valéria, que apresentação magnífica! — exclamou o maestro, aproximando-se para aperta
Depois do jantar, Ricardo fez questão de levar Valéria e Lara de volta ao apartamento. Ele insistiu em acompanhá-las, dizendo que não gostaria que elas voltassem sozinhas. — É o mínimo que posso fazer depois de uma noite tão incrível. — disse ele, com um sorriso sincero, enquanto ajudava Valéria a carregar o buquê de lírios. Quando chegaram ao apartamento, Ricardo se despediu na porta, mas não sem antes reforçar sua admiração: — Valéria, sua apresentação foi extraordinária. Não deixe que nada ou ninguém tire isso de você. — Ele olhou para Lara. — Cuida bem dela, tá? Lara assentiu, enquanto Valéria agradecia. — Obrigada por tudo, Ricardo. Você foi incrível hoje. — Sempre que precisar. — disse ele, antes de partir. Dentro do apartamento, Lara e Valéria se acomodaram na sala, conversando sobre a noite. Lara preparou um chá enquanto Valéria tirava os sapatos e ajeitava o vestido na mala. Depois de uma conversa descontraída, ambas decidiram descansar. Lara ficou no quarto com Va