Parte 4...Ele sofreu muito com sua partida. Realmente era apaixonado por Anelise, mas ela o traíra da pior forma possível e ainda tentara roubar sua família.Foi isso o que ele pensou no momento da revelação e enlouqueceu de raiva e frustração.Só que um tempo depois, Jonas contou a verdade para sua mãe. Anelise nunca participara do roubo. Ela nem mesmo sabia. E o mais estraho foi que a mãe não quis mandar prendê-lo, com a desculpa de proteger seu nome das fofocas.Ela afirmou que isso não seria bom para os negócios e sujaria o nome da família com um escândalo. Dizia que muitos que tinham inveja do poder deles iria aproveitar a chance.Ele errou em não insistir, em deixar que ela resolvesse, apenas por ser cabeça dura. Ficou com muita raiva. Só quando soube que ela nem sabia do roubo que ele começou a prestar atenção.Ele errou muito. Deveria ter ido ao fundo dessa sujeira, mesmo com toda decepção, mas estava muito magoado e com o ego ferido para pensar direito.Se sentia fraco por t
Parte 5...Três dias haviam se passado. Anelise aproveitou para se entrosar com os funcionários. Mentalmente ela gravou o jeito de cada um para saber como prosseguir.Alguns eram mais falantes e esses eram os que interessavam realmente. Eram mais expansivos. Ela gostou de uma garçonete chamada Diana.Era uma negra, alta, magra, muito bonita, com vinte anos de idade e um sorriso enorme. Diana morava em um cortiço com os pais e fazia supletivo para terminar o curso. Era animada e parecia ser uma pessoa positiva.Ela a fez recordar seu próprio passado. De certa forma elas eram parecidas. Diana também tinha uma certa ingenuidade, apesar da idade e isso a fez simpatizar de cara com ela.Aproveitou o horário do almoço para ficar por dentro de alguma notícia sobre a família. O restaurante era de Mathias, mas já sabia que a mãe dele aparecia muito no local.Foi bom saber para poder se preparar. Também percebeu que Lorena não era muito simpatizante da mãe e nem da irmã dele. Estava de olhos e
Parte 6... — Aqui - Diana entregou a bandeja com os pedidos para Anelise levar — Cuidado. Aquela lá morde - disse baixinho. — Não se preocupe - respondeu e pegou a bandeja sorrindo — Eu sou vacinada. Ela levou a bandeka até a mesa deles e arrumou os pratos com cuidado e elegância, deixando as taças e talheres na ordem correta. Fez de propósito. Agradeceu mentalmente as aulas de etiquetas e postura que Harldo a mandara fazer. Luiza sabia que antes ela não tinha noção desse tipo de coisa e ficou observando-a arrumar tudo. — Está muito feia essa apresentação - Luiza reclamou empurrando o prato com a comida. — De novo, você pode reclamar com o dono - inclinou a cabeça — Eu apenas sirvo as mesas. O cozinheiro é o responsável pela apresentação do prato - a encarou — Algo mais... Senhora? - perguntou de modo ousado. Mathias segurou a vontade de riri diante da expressão da mãe. Fazia tempo que ele não a via assim. — Ela não tinha essa ousadia antes - Luiza disse quando Anelise se afas
Parte 7...— Eu vou descer no próximo ponto - Anelise disse e levantou — A gente se vê amanhã - sorriu — Se cuide.— Você também.Ela desceu do ônibus e acenou da calçada. Precisava andar um pouco ainda até chegar em casa. Foi olhando as casas, os jardins, a rua toda. O bairro ali era simples, mas era muito melhor do que onde Diana morava. Ela tinha crescido por ali e somente nos últimos dez anos ela havia perdido o contato com o lugar, mas fazia parte dali, tinha uma história.Ela puxou o ar e ajeitou a bolsa no ombro. As luzes das casas e na frente das portas já estavam acesas. O barulho de carros em breve iria diminuir, cada família em seu canto.Suas pernas doíam por ficar em pé de um lado para outro o dia todo. Fazia tempo que não passava tanto tempo de pé. Ela estava mais acostumada a trabalhar sentada em uma confortável e moderna cadeira.Porém ela não iria reclamar. Estava fazendo bom proveito até disso. Estava se reconectando com coisas que haviam ficado para trás. E tinha si
Parte 8...Ter companhia animal desde pequeno muda muitas coisas na vida de uma criança. Eles são ótimos para o desenvolvimento emocional e do caráter.Ter um bicho de estimação cria memórias incríveis e proporciona uma vida mais longa e saudável. Animais em casa, quando bem cuidados, fortalecem o sistema imunológico, estimulam o cérebro, são terapêuticos, controlam o estresse infantil e ainda ajudam no desenvolvimento físico por conta das horas de correria e risadas.Quando Haroldo lhe disse que os filhos eram livres para se desenvolver, ela ficou feliz com isso e logo deu apoio quando Alan surgiu com seu primeiro pet. E não se arrependia. O filho tinha uma empatia enorme por vários assuntos e para ela era um orgulho ter um filho que crescia bem no emocional. E sua avó Lourdes sempre lhe dizia para desconfiar de pessoas que não gostavam de animais.— São pessoas más - Lourdes dizia — A pessoa pode não ter tempo, não ter espaço, não ter condição financeira ou até física de criar, mas
Parte 9...— Anelise, se não se chatear que eu diga, espero que fique atenta ao seu cunhado. Desculpe me meter - ele disse de forma preocupada — Não consigo confiar nele, está tendo uma atitude esquisita ultimamente.Ela riu. Felipe era muito observador e a pessoa mais desconfiada que ela conhecia, mas devido o seu trabalho, isso era normal.— Lembra do que sua avó dizia, sobre gente e animais?— Bem, mas nesse caso você tem que considerar que uma cobra píton, uma caranguejeira e dois camaleões, são meio complicados de aceitar - quis rir.— E um gato, não se esqueça.— Ah, é mesmo - ela riu — E agora temos um gato. Ele só está com medo, é isso.— Pode ser, mas ainda assim vou ficar de olho nele.— Ok - ela deu uma risadinha — Pode ficar, eu agradeço.Eles conversaram mais um pouco sobre os assuntos da casa e dos filhos. Felipe fazia quase que um relatório. Depois ela acertou a vinda dele até a casa da avó para trazer algumas coisas que iria precisar e também documentos.— As crianças
Parte 1...Ela dormiu, mas não foi um sono tranquilo. Foi cheio de lembranças em forma de sonhos.Acordou com a luz do sol que entrava no quarto. Tinha deixado a cortina aberta. Ela suspirou e se espreguiçou. Ainda tinha tempo antes de precisar levantar para pegar o ônibus.Afofou o travesseiro com a fronha cor de rosa feita pela avó e ficou pensando no passado e no que a trazia até ali. Mais do que a compra da empresa, era sim uma vingança de um coração ferido.E quem poderia mesmo dizer que ela não tinha razão em aproveitar a chance e devolver na mesma moeda?Quando chegava na fronteira da cidade ela olhou pela janela do ônibus e viu o portal que marcava a entrada e saída da cidade e isso lhe causou uma sensação diferente. Ela se fechou para a dor que Mathias lhe causou e ficou firme. Olhou para a frente e respirou fundo, fazendo uma oração mental para que Deus a ajudasse, pois estava sozinha no mundo agora.Estava com muito medo do futuro, mas não podia voltar e causar uma decepçã
Parte 2...Ligou para a avó certa vez para saber como estavam as coisas e ela lhe disse que não voltasse. Luiza tinha aparecido em sua casa com ameaças e Márcia encontrou com ela na rua e aproveitou para dizer que o irmão estava entrando com um processo contra ela por roubo. E às vezes durante a noite o telefone tocava e ninguém dizia nada do outro lado.Ela não poderia mesmo voltar. As ameaças continuavam.O tempo foi passando. Ela foi até o endereço que Camélia havia lhe dado e já tinham contratado outra pessoa no dia anterior. Mesmo desanimada ela seguiu no dia seguinte para o segundo endereço, mas antes de chegar até lá, a mão divina interviu e sua vida começou a mudar.***************Fazia calor. Era final de tarde, mas o ar estava carregado, parecendo que em breve choveria. Ela comprou um copinho de água mineral em um trailer e sentou em um banco da praça para descansar os pés.Não se sentia bem. Sua pulsação estava rápida e sentia uma leve tontura. Bebeu um gole e fechou os ol