Parte 7...— Farei isso na hora certa.— Porque não divide mais as obrigações?— Seu irmão fazia assim.— E está morto - ele respondeu de modo seco.Ela não gostou do tom de voz dele.— Eu sei bem disso, mas eu devo muito a ele e não vou fazer nada que não seja de acordo com o que ele me ensinou - respondeu fria.— Eu sei, mas você também fez muito por meu irmão, Anelise. Ele era muito feliz ao seu lado e antes só vivia para o trabalho. Ele bateu o olho em você e se transformou em outro - falou baixo — Os tempos são outros agora, você tem que viver mais, passar mais tempo com os filhos.Anelise não gostava quando ele falava como se ela não desse atenção aos filhos e isso era mentira. Ela sempre compensava suas faltas e sabia que as crianças estavam bem cuidadas.O que ele queria era fazer com que se sentisse culpada por seguir os passos do marido. — Eu divido meu tempo muito bem - ele ficou corado — E realmente Hugo, às vezes penso que tem raiva de mim.— Eu? - ele deu um sorriso for
Parte 8...No dia seguinte estranho que ela aparecesse em sua casa oferecendo-se para levá-la ao médico. Achou em sua inocência e burrice, que estava apenas sendo uma boa cunhada.— Eu vou fazer uns exames de rotina - ela disse — Porque você não vem comigo?— Bem... Eu não sei se posso pagar agora por uma consulta. Só recebo meu salário no final do mês.— Que nada sua boba, eu pago - Márcia disse a incentivando — Faz assim... Vamos e depois a gente acerta.— Não sei...— Mathias vai se chatear comigo se souber que fui ao médico e não a levei.— Será? - mordeu o lábio — Ele nem mesmo sabe que eu me sinto mal, não lhe contei ainda.— Ah, não? - ela abriu mais os olhos — É melhor ainda - segurou seu braço — Vai me fazer ganhar pontos com meu irmão.Tonta como ela era na época, acreditou em Márcia, mas tudo o que ela queria mesmo era confirmar suas suspeitas. Quando recebeu o resultado do exame ficou sem ação, queria correr e contar para Mathias, mas ele estava fora da cidade em um compr
Parte 1...Anelise se espreguiçou e abriu a boca com um bocejo grande. Gostaria de ficar dormindo um pouco mais, no entanto tinha duas coisas importantes a fazer.Ir ao restaurante manter seu disfarce e entregar as pastas com as anotações que fizera para os diretores da Free Carnes e se tudo corresse como queria, ainda naquela semana já teria a conta deles para si.Estava na cozinha quando a campainha tocou e ela quase se arrastou, com preguiça. Olhou pelo olho mágico da porta. era Mathias. Não o esperava em sua casa. Ajeitou o cabelo e esfregou o rosto para espantar o sono.Ainda estava usando o pijama de algodão embaixo do roupão, mas não dava para trocar de roupa agora.Abriu um pouco a porta e viu que ele estava bem vestido para aquela hora da manha. De certo iria para a empresa. Ela manteve a feição limpa e tranquila, sem demonstrar emoção.— O que faz aqui, Mathias? - perguntou calma — O restaurante ainda não abriu, portanto não estou atrasada.— Sei disso. O que não sei é onde
Parte 2...— Levei coisa muito melhor - ela pensou no filho.— Levou meu amor e os presentes caros que lhe comprei.Ela tinha deixado tudo em uma caixa que a avó devolveu para a mãe ele dias depois.— Que amor? - ela fez uma cara de dúvida — E as coisas foram todas devolvidas - disse de cara fechada — Foram entregues em mãos.— Mentira. Eu não recebi nada.— Minha avó entregou em mãos à sua mãe - ela disse entre dentes — E se a chamar de mentirosa de novo, quebrarei todos os pratos dessa cozinha em sua cabeça - apertou a mão fechada.Ele não sabia que Lourdes havia devolvido seus presentes.— Porque fugiu sem levar a sua parte?— Que parte? Nunca toquei nesse maldito dinheiro - ela disse rude — Qual é o seu problema? Por que insiste em não ver a verdade? Do que tem medo, Mathias?— Eu não temo nada - ele se empertigou — Jonas devolveu o dinheiro, ele confessou que você não fazia parte do roubo, mas acho isso estranho... Ele demorou a devolver - mordeu o lábio — Só que ele não negou qu
Parte 3...— Já a dispensei - mexeu os dedos, agitado — Nenhuma conseguiu me segurar. Nunca foram você.— Não diga isso - contestou calma — Não posso e nem quero me envolver outra vez com você - viu um brilho no olhar dele — Não vou me demorar aqui. Quando tiver terminado o que vim fazer, voltarei para Aracaju - foi sincera — Tenho muito o que fazer lá. Tenho obrigações.— Também serve mesas por lá? - a encarou ansioso — Por favor, estou quase implorando que saia comigo. Só um pouco, não vamos demorar.Era muito bom ouvir sua voz trêmula e saber que ele necessitava de sua companhia, mas não confiava de fato nele como antes. Não esquecia seu passado.— Se está com medo de que eu vá atacar você, não fique. O parque está sempre lotado agora que fizeram melhorias - ele levantou — Se gritar, muitos homens vão aparecer para te salvar.Ela deu uma risada curta.— Talvez eu faça isso, só para ver você levando uma surra que merece.— Sei que você tem raiva de mim pelo passado - ele abriu os b
Parte 4...— Eu já disse, Mathias - estremeceu — Não tenho espaço para você agora... Não posso me deixar envolver outra vez - ela pensou em seu plano, em seus filhos, nas responsabilidades — O nosso tempo já passou... Não era para ser.Ela parou de falar quando ele a envolveu em seus braços e a apertou forte, apoiando o queixo em sua cabeça. Só a abraçou e fechou os olhos.— Por favor... Não se afaste - ele pediu ao senti-la se mexer — Só um pouco - sua voz estava rouca — Só fique assim, um instante quieta em meus braços... Para eu saber que é real, que é você... Senti tanto a falta disso - fechou mais o abraço.Anelise ficou apertada em seu abraço, não se mexeu, sentindo seu calor. Respirava fundo. Há tanto tempo que ela queria isso, queria voltar para ele. Só que isso foi antes, muito antes. Ela ainda tinha sentimentos por ele, mas não eram mais os mesmos daquela garota inocente.— Queria voltar o tempo - ele disse emotivo.— Não iria adiantar - ela se afastou — Seria tudo igual -
Parte 5...— Não sei dizer... Pois é, ele está com problemas, mas não sei bem sobre o que é... Isso, amanhã... - Lorena a viu agachada amarrando o cadarço — Aqui não... Pode deixar que eu digo sim... Parece que houve um problema inesperado. Ele sempre vem ao restaurante, mas esses dias não pôde vir...Anelise não poderia ficar mais tempo enrolando, mas conseguiu captar alguma coisa. Foi ao banheiro e ligou para Hugo, que a informou que tinha tido sucesso com dois acionistas da empresa Mazzaro, o que era excelente. Mandou que ele continuasse o contato e que adiantasse o máximo que desse para encerrar logo.***************À noite Diana foi dormir na casa dela. Anelise pediu comida chinesa para elas.— Nossa, nunca comi - Diana disse ajudando a arrumar a mesa — Depois me diz quanto é minha parte e eu te dou.— Eu paguei - ela sorriu — Não tem que dividir a conta.— Mas é cara - ela insistiu — Eu ajudo.— Pra mim não é - ela pegou os talheres — Você já vai entender tudo. Enquanto comemos
Parte 6...— Está pronta para começar a aprender?— Agora mesmo - ela disse excitada — Estou bem alerta, zero de sono - bateu as mãos e esfregou uma na outra.— Ótimo - ela sorriu — É assim que eu gosto. Senta aqui ao meu lado.Diana pegou um banquinho e colocou ao lado dela, prestando atenção na tela do notebook. Foram até alta madrugada, quando as duas já cansadas e bocejando, decidiram parar. Anelise arrumou o colchão inflável ao lado da cama dela, no quarto da avó e marcaram a hora no despertador para o dia seguinte.Quando Anelise entrou no carro de Mathias, ele comentou sobre a demora dela em sair.— Não comece, Mathias. Não posso sair antes da hora. Eu nem comi direito hoje.— Quer ir para casa trocar de roupa?Ela não podia ir. Diana estava em sua casa com contato direto com Felipe, fazendo os arquivos e faturas que precisaria fazer para o fim de semana. Com ela adiantando e Felipe coordenando, adiantaria bem esse lado.— Não, tudo bem. Se vamos ao parque estou bem de jeans.—