Parte 3...— Paguei caro por elas.— Mas não foi pelo dinheiro. Ela vendeu as ações porque queria se vingar de mim. Você só facilitou.— É como dizem... Aqui se faz e aqui se paga. Graças a essas ações fiquei no controle da empresa.— Nem sei se me importo mais com a empresa - fechou os olhos — Só quero que meu filho fique bem.— Ele vai ficar, tenha fé, dê tempo ao tempo.Anelise não sabia se dizia isso para ela mesma ou para Luiza.— Novaes a procurou no restaurante.— Por que?— Ele disse que ligou, mas perdeu a coragem. Queria contar a verdade a você e pedir perdão.— Eu lembro de uma ligação estranha.— Depois ele foi ao restaurante, mas você já tinha se afastado.— Ele não tem que contar nada agora e nem quero desculpas depois de tanto tempo.— Tem muito ódio de nós, não é?Anelise a encarou um instante. De certa forma começava a compreender alguns fatos que não tinha conhecimento.— Eu já tive - confessou — Hoje em dia, não mais. Porém, eu não tenho que perdoar nonguém. Assumo
Parte 4...— Vá dormir. Eu a chamo logo cedo amanhã.— Estou precisando mesmo. Amanhã quero o jato. Vou voltar para Aracaju e Diana vai comigo.— Não é melhor que eu vá?— Não. Quero que fique com as crianças. Eu volto à noite.— E vai falar com Hugo?— Vou falar com as pessoas certas - ergueu uma sobrancelha — Hugo pensa que vai me pegar assim?— Pra mim foi uma decepção - ele balançou a cabeça chateado — Uma vergonha. Haroldo não aceitaria isso.— E nem eu vou aceitar.Eles conversaram um pouco mais sobre o estado de Mathias.— Porque você não assume que ainda sente algo por ele?— Porque eu não sinto.— Está mentindo para você mesma - sorriu de leve.— Isso não faz sentido, Felipe - ela fechou a cara.— E porque não? Por causa de Haroldo? - a encarou com empatia — Querida, ele foi feliz com você, mas ele morreu... Você não. Tem o direito de reconstruir sua vida.— Minha vida está boa - ela virou o rosto.— Você me entendeu - sorriu — Agora vamos deitar. Já chega de pressão por hoj
Parte 5...Diana estava insegura, mas fez tudo como Anelise lhe ensinou. Ficou horas diante do computador enviando e-mails, memorandos e cópias de documentos como ela queria. Chegou até a sentir falta de servir as mesas no restaurante, era bem mais fácil do que mexer com documentos.Anelise quase não parava. Ligou para vários dos sócios, secretárias e até para os diretores da Mazzaro´s que estavam de acordo com ela na incorporação da empresa. Mostrando que sentiam sua habilidade nos negócios só aumentaria sua credibilidade contra as fofocas criadas pelo cunhado.Não deixaria que ele estragasse o que seu marido criara. Há anos elas não temia uma boa briga.— Nossa, que cansativo - Diana disse — Dois dias aqui e quase não parei. Nunca pensei que fosse usar tanto um computador.— Verdade - Anelise sorriu rodando devagar a colher no café — Apesar de ser muito trabalhoso, não é sempre assim e minha secretária na empresa vai fazer outras coisas para adiantar. É puxado realmente, mas é que e
Parte 6...Ele não dizia que a amava, mas agia como se assim o fosse. Por várias vezes eles escapavam das obrigações para ficarem juntos. Ela não percebeu que ele gostava realmente dela, porém não tinha intenção de se casar.Após uma briga em que ela lhe jogou na cara que só a estava usando para sexo, ele a pediu em casamento. Mais uma vez ela não percebeu que só queria estar com ela, sem compromisso e só inventou o casamento para que não o deixasse.Foi o começo do fim deles. O pressionou para marcar uma data e ele ficou enrolando. A mãe dele apenas a aturava e a irmã a odiava, mesmo que fosse sempre educada e gentil e tentasse fazer com que gostasse dela. Não entendia na época que o problema ali era ela não ser de família rica como ele.Quando na última vez tudo aconteceu, ela quase perdeu o juízo, se sentindo traída. Nunca pesou que algo tão terrível pudesse lhe acontecer.Ao chegar estavam todos reunidos no escritório da casa dele. A mãe dele a encarava com olhos de desprezo. Ao s
Parte 1...Anelise estava deitada na cama entre os filhos. Voltara para casa de madrugada e tinha ido direto para a cama onde seus pequenos dormiam. Agora pela manhã, eles a enchiam de assuntos que achavam interessante e que tinham acontecido enquanto ela estava fora.— Mãe, eu saí com o Felipe pra fazer compras - Alan disse deitado ao lado dela — Eu pedi pra ele comprar chocolate e ele comprou. — Pra mim também, “mami”, mas já acabou - Bianca sorriu se espreguiçando — Mas já acabou.— Já? - ela fez uma cara de espanto brincando.— Eu comi todo - Bianca riu.— Eu ia comer o meu também, mas aí aquela moça apareceu e eu dei um pedaço para ela - Alan comentou.— Que moça?— Uma comprida - Bianca fez um gesto com a mão para cima mostrando que era alta.— E qual o nome dessa moça comprida? - beijou a mão gorducha da filha — Onde vocês estavam?— Ela veio atrás de você, mãe - Alan sentou — Ela disse que o nome dela era Márcia. A gente tava vendo televisão, aí o Felipe falou com ela.— E el
Parte 2...— Entender o que? - sua voz estava fraca e rouca.— Tudo o que eu fiz... Pensei que fosse o melhor - ela engoliu em seco.— Quem tem que... Decidir isso... Sou eu - ele falava com dificuldade — Eu não era um... Moleque - seu rosto mostrava sua decepção — Veja onde estou... O que eu perdi...— Eu sei que...— Não... Você não sabe de nada.Ele a olhou feio e depois virou devagar a cabeça para Anelise.— E você, Anelise? Não poderia... Ter tentado mais, ter me escrito, telefonado...— Ela fez tudo isso... Mas eu escondi - Luiza puxou o ar, sentindo o corpo estremecer — Foi outro erro.— Eu sei que poderia ter tentado mais - Anelise se aproximou — Mas eu era muito boba e medrosa - disse de modo suave e calmo — Fiquei com medo... Pavor... De algo acontecer com minha avó, dela perder a casa e ficar na rua largada... Medo de ser presa como sua irmã disse várias vezes.Ele apertou as mãos e fechou os olhos. Sentia o corpo dolorido, mais a cabeça que parecia pesada ainda e estava um
Parte 3...— Eu sei - beijou seus olhos fechados — Mas não pode culpar só a ela, Mathias - beijou sua boca de leve — Se você assumir sua parte, vai ser mais fácil de se recuperar - lhe deu outro beijo suave na boca — Perdoe-se!Ele até queria falar mais, porém os medicamentos o deixavam sonolento. Fechou os olhos, grato por ela estar ali e ajeitou a cabeça no travesseiro, sentindo uma tontura leve. Apertou a mão dela e deixou o sono o vencer.***************Três dias mais se passaram até que Mathias pudesse sentar por um curto período de tempo. O inchaço na coluna havia diminuído. Os aparelhos ligados a ele foram todos retirados. Ele só continuava com o soro preso ao braço.Ele agora podia se alimentar melhor, mas isso só o deixou mais rabugento e grosseiro com os que estavam em volta. O braço engessado e a perna o incomodavam e ele descontava sua frustração nos outros. Depois que ele falou com os médicos que o operaram ficou ainda mais frustrado. Quando Anelise entrou no quarto el
Parte 4...Ele levantou o olhar para ela. Anelise parecia tímida de novo.— Desculpe... Eu nunca me liguei... Achei que você cuidasse disso. Fui egoísta, só pensei em mim mesmo - murmurou.— Nisso eu concordo com você - ela puxou o ar erguendo a cabeça — Eu era muito inexperiente, você deveria ter tido mais atenção sobre isso.Ela não pode evitar de relembrar quando estava com Haroldo. Ele tinha muito cuidado com a saúde dela, ia aos exames, contratou uma nutricionista e uma personal trainer para cuidar de seu período de gestação. Várias vezes ele fazia massagens em seus pés que estavam inchados, dormia abraçado a ela e quando entrou em trabalho de parto, correu com ela para a maternidade onde tudo já estava organizado a esperando.E a emoção genuína dele quando Alan nasceu e ele a beijou com carinho. O modo como agarrou seu bebê nos braços e disse que era dele. Com toda certeza. Haroldo tinha sido um pai incrível para Alan. E um perfeito substituto para Mathias. Ele lhe devolveu o