Parte 2...— Entender o que? - sua voz estava fraca e rouca.— Tudo o que eu fiz... Pensei que fosse o melhor - ela engoliu em seco.— Quem tem que... Decidir isso... Sou eu - ele falava com dificuldade — Eu não era um... Moleque - seu rosto mostrava sua decepção — Veja onde estou... O que eu perdi...— Eu sei que...— Não... Você não sabe de nada.Ele a olhou feio e depois virou devagar a cabeça para Anelise.— E você, Anelise? Não poderia... Ter tentado mais, ter me escrito, telefonado...— Ela fez tudo isso... Mas eu escondi - Luiza puxou o ar, sentindo o corpo estremecer — Foi outro erro.— Eu sei que poderia ter tentado mais - Anelise se aproximou — Mas eu era muito boba e medrosa - disse de modo suave e calmo — Fiquei com medo... Pavor... De algo acontecer com minha avó, dela perder a casa e ficar na rua largada... Medo de ser presa como sua irmã disse várias vezes.Ele apertou as mãos e fechou os olhos. Sentia o corpo dolorido, mais a cabeça que parecia pesada ainda e estava um
Parte 3...— Eu sei - beijou seus olhos fechados — Mas não pode culpar só a ela, Mathias - beijou sua boca de leve — Se você assumir sua parte, vai ser mais fácil de se recuperar - lhe deu outro beijo suave na boca — Perdoe-se!Ele até queria falar mais, porém os medicamentos o deixavam sonolento. Fechou os olhos, grato por ela estar ali e ajeitou a cabeça no travesseiro, sentindo uma tontura leve. Apertou a mão dela e deixou o sono o vencer.***************Três dias mais se passaram até que Mathias pudesse sentar por um curto período de tempo. O inchaço na coluna havia diminuído. Os aparelhos ligados a ele foram todos retirados. Ele só continuava com o soro preso ao braço.Ele agora podia se alimentar melhor, mas isso só o deixou mais rabugento e grosseiro com os que estavam em volta. O braço engessado e a perna o incomodavam e ele descontava sua frustração nos outros. Depois que ele falou com os médicos que o operaram ficou ainda mais frustrado. Quando Anelise entrou no quarto el
Parte 4...Ele levantou o olhar para ela. Anelise parecia tímida de novo.— Desculpe... Eu nunca me liguei... Achei que você cuidasse disso. Fui egoísta, só pensei em mim mesmo - murmurou.— Nisso eu concordo com você - ela puxou o ar erguendo a cabeça — Eu era muito inexperiente, você deveria ter tido mais atenção sobre isso.Ela não pode evitar de relembrar quando estava com Haroldo. Ele tinha muito cuidado com a saúde dela, ia aos exames, contratou uma nutricionista e uma personal trainer para cuidar de seu período de gestação. Várias vezes ele fazia massagens em seus pés que estavam inchados, dormia abraçado a ela e quando entrou em trabalho de parto, correu com ela para a maternidade onde tudo já estava organizado a esperando.E a emoção genuína dele quando Alan nasceu e ele a beijou com carinho. O modo como agarrou seu bebê nos braços e disse que era dele. Com toda certeza. Haroldo tinha sido um pai incrível para Alan. E um perfeito substituto para Mathias. Ele lhe devolveu o
Parte 5...— Vai falar mal de nós - Márcia perguntou.— Mal? - ela riu irônica — Vou falar a verdade. Se isso os coloca como maus ou bons, vai depender do que fizeram. O que acham que será?Márcia se calou e se encolheu na cadeira.— Que ótimo! - Mathias disse revoltado — Talvez eu não me recupere por completo e meu único filho vai ter ódio de mim.— Como sabe disso? - ela colocou a mão na grade da cama — Você ainda não começou a fisioterapia e seu filho não o conhece.Apesar da situação, ele se sentiu um pouco mais aliviado ao ouvi-la dizer isso e por ela ter dito “seu filho”. Já queria muito conhecê-lo.— Vou direto para minha casa - ele encarou a mãe.— Quero que fique comigo - Luiza pediu.— Não! - ele respondeu firme.— Vou acertar que o hospital envie um enfermeiro para ficar à disposição - Anelise informou.— Eu posso fazer isso - Luiza disse.— Então faça - deu de ombro — Posso deixar Felipe à sua disposição para quando precisar.— Não quero - ele respondeu logo.— Não seja bo
Parte 6...— Vamos. E espero não me arrepender. Mas antes eu vou falar com Alan - disse receosa em dúvida.— Ele vai entender, vai ver - Ludimila a encorajou — É muito inteligente e esperto. Vai te encher de perguntas, mas vai entender.— Eu quero que vocês fiquem ligados quando estivermos lá, não confio naquela gente.— Nem nele? - Felipe questionou.— Igualmente nele - ergueu uma sobrancelha — Não vão me pegar de guarda baixa. E tão logo ele fique melhor, nós voltaremos.— E se demorar?— Voltaremos do mesmo jeito. As crianças não vão ficar de férias por muito tempo e nem eu quero criar raiz aqui.***************A conversa com Mathias não decorria da mesma forma como ela imaginara. Ele estava decidido a ter Alan como filho.— Se não aceitar o que digo, não o terá de modo algum - ela estava parada ao lado da cama, de braços cruzados — É pegar ou largar. Você quem sabe.— Não pode fazer isso, Anelise - Luiza disse, sentada com cara de surpresa e de teimosia.— Tanto posso, como já es
Parte 1...— Daqui a três dias é a reunião de votação e apresentação dos resultados - Diana a lembrou.— Já pediu que o avião esteja aqui na noite anterior?— Já sim.— E a mudança, tudo certo? - Felipe perguntou, tomando uma xícara de chá.— Faremos amanhã à tarde.— E assinaram o documento?— Se não tivessem assinado eu não mudaria.— E ele já sabe que é temporário e que iremos embora depois de um tempo?— Comentei sobre isso, não entrei em detalhes - ela apertou os dedos — E de qualquer modo, seria ingenuidade da parte dele achar que ficaríamos aqui.— Ih... Sei não hein... - Diana bateu os dedos na mesa devagar — E será que vão aceitar?— Provavelmente não, mas quem sabe? - ela encolheu os ombros — Ele nunca quis compromisso, talvez fique de saco cheio de ter um filho por perto o tempo todo.— Vou ficar de olho nas crianças - Felipe disse.— Eu conto com isso - ela apertou seu braço e sorriu — Não confio nas armações daquelas duas. Mesmo que elas não morem lá, vão querer participa
Parte 2...— Ele tá dodói? - ela arregalou os olhos.— Está sim. Ele teve um acidente... Um carro bateu no carro dele e ele ficou muito machucado.— E eu posso abraçar ele?— Pode sim, minha bonequinha - a beijou — Mas com cuidado. E tenho certeza que vai ajudar ele a ficar bom.— Então tá - Alan disse — Eu quero conhecer ele.— Se você se sentir mal, não precisa fazer isso - o apertou de novo — Eu sempre vou respeitar o que você quer.Ele assentiu. Anelise ainda continuou explicando mais coisas e respondendo as perguntas dos dois. Felipe entrou no quarto, participando da conversa e ajudando a responder as curiosidades que ambos tinham. Isso foi bom porque deu força para ela e evitou que ficassem muito emocionados, mas ainda assim, ela estava com os olhos cheios de lágrimas.Felipe seguiu no mesmo caminho que ela, dando respostas simples para os dois e até brincando com eles, deixando mais leve e fácil deles entenderem a situação para não causar confusão na cabecinha deles que parecia
Parte 3...— Eu... Me sinto péssima - torcia as mãos — Com tudo que aconteceu antes e agora... E ainda assim está disposta a ajudar meu irmão.— Ele é o pai do meu filho.— O menino se parece muito com Mathias - ela sorriu amarga — Eu peço desculpas... Por tudo. Não foi certo o que eu fiz - abaixou a cabeça — Eu fiquei com ciúmes do que você tinha com o meu irmão, porque eu queria isso com o Novaes e isso me deixou com raiva. Minha mãe não me permitia ficar com ele.— Isso não lhe dá o direito de jogar sua frustração em cima de outra pessoa, uma garota inocente de dezesseis anos, que não sabia de nada sobre a vida - ela respondeu calma, porém seca e direta — O que me fez teve consequências péssimas.— Espero que possa me perdoar, assim como perdoou meu irmão.— Eu só perdoei seu irmão porque entendi meus erros em nossa relação. Éramos outras pessoas - a olhou devagar de baixo para cima — Você continua a mesma pelo que sei.Anelise virou as costas e foi procurar a cozinha onde estavam