Parte 8...— Foi ela - Márcia fechou a cara — Eu já sei que ela deu um golpe na nossa empresa.— Não... - Luiza balançou a cabeça.— Não se esforce, mãe - Mathias sorriu preocupado — Só relaxe e logo vou te levar para casa.— Você viu... Anelise - murmurou.— Eu sei - ele fechou o cenho aborrecido — Vou resolver isso, não se preocupe.— O menino... - apertou a mão dele — Não prestou atenção na criança? - sua voz ainda estava fraca.— Eu sei - ele torceu a boca — Ela tem dois filhos. O menino é mais velho e deve ter tido logo que ela fugiu e se casou.— Oh, meu Deus - ela fechou os olhos — O que eu fiz?— Ela que fez, ela mentiu, mãe - Márcia insistiu.— Não... - ela puxou o ar — Sabe que não... Fui eu.Mathias viu que as duas tinham um código, algo só delas e que ele tinha que saber o que era.Luiza estava arrasada, mas não tanto pela empresa em si, isso ela poderia resolver depois. O problema era que ela tinha um neto e que era de seu filho preferido.Pensou em como Anelise deve ter
Parte 1...Ludimila levou as crianças para comprar pão na padaria da esquina. Mesmo sendo bem cedo Felipe os acompanhou como sempre, por costume e por segurança.Anelise aproveitou para colocar o café na cafeteira e ligou a torradeira para deixar pronto o café deles. As crianças gostavam de comer wafles na manhã e ela preparou e serviu os pratos de cada um, já arrumando a mesa para quando chegassem.Uma batida forte na porta e o toque repetido da campainha já denunciava quem seria. Jogou a cabeça para trás e resmungou antes de ir abrir a porta.— O que faz aqui tão cedo? - ela reclamou — Poderia pegar o carro de sua mãe mais tarde - ele entrou — Fique à vontade - disse irônica fechando a porta.— Tem algo no fogo? - ele sentiu o cheirinho bom de café novinho.— Só o meu café.Ela voltou para a cozinha e ele a seguiu, puxando uma cadeira e sentando mesmo sem ela mandar.— Posso beber um pouco? - passou a mão pelo cabelo.Ela não o queria ali. Logo as crianças estariam de volta. Sua pal
Parte 2...Casamento era algo do passado, hoje em dia era uma instituição falida, as pessoas apenas entravam e saíam de um casamento sem prestar atenção nos detalhes que traziam sérios problemas depois. Os próprios pais dele viviam mal.— Você foi feliz com ele? - murmurou a pergunta.— Fui sim - sorriu pensativa — Haroldo foi um marido perfeito em tudo. Nas qualidades e defeitos. Se tivesse que reclamar de algo seria seu excesso de zelo comigo.— Ele a escondeu. Por isso nunca a achei.— É verdade. Mas eu também me escondi - ela assumiu.— E você o amava? - lhe doeu perguntar isso.— No começo não - foi honesta — Ele me ajudou muito e cuidou de mim quando mais precisei. Mas tão logo eu entendi as mudanças de minha vida e o que tinha... Eu me abri para ele e aprendi a amá-lo também - suspirou — Haroldo merecia uma mulher que o amasse e eu soube retribuir. Sinto muito a falta dele - ela abaixou a cabeça um instante — Seria difícil não amar uma pessoa que me deu tanto. Ele vivia para a
Parte 3...Ele não podia deixar que ela se fosse assim, mesmo com o que havia feito na empresa. Não aceitava isso e não se importava mais com is filhos dela, com sua vida com outro, com sua família.Ela estava ali e seria dele outra vez. Sentiu em seu beijo o que suas palavras negavam. Ela ainda tinha sentimento.Dez anos de dor e saudade. Ele não iria passar por isso de novo ou ficaria louco de vez. Se fosse preciso faria qualquer coisa ao seu alcance para impedí-la de sumir. Se fosse necessário a trancaria em casa, a deixaria presa a ele, qualquer coisa, menos ficar sem ela.Sentiu o corpo estremecer. De certa forma já começava a enlouquecer lentamente. Saiu sem olhar para trás.***************— Por que não vai logo e acaba de vez com isso? - Felipe perguntou quando ela lhe contou sobre a ida ao hospital — Se não for ele vai voltar aqui e continuar a te encher de novo. Já sabe como ele é - a olhou querendo rir — Fez a cama, querida... Agora deite-se nela - sorriu discreto.— Nossa,
Parte 4...— Eu consegui viver um tempo sem me importar e pensar em você - Luiza disse com voz baixa suspirando — No começo fiquei preocupada com o que estaria acontecendo com a criança - engoliu com dificuldade — Vi meu filho se afastar, virar um bêbado... Sofrer por você... E eu esperava que isso passasse - apertou as mãos — E não passou... Só ficou escondido. Quando o detetive não a encontrou em lugar nenhum... Cheguei a pensar que tivesse morrido - abaixou o olhar — E teria sido bom... Foi o que pensei na época - a olhou de modo cansado — Mas eu me arrependi. Eu sofri junto com Mathias. Ele começou a fumar, se enfiou na farra, saía com várias e não dava crédito às minhas opiniões. Nunca consegui convencê-lo a se casar, ele se fechou para isso.— Tudo isso é culpa sua - Anelise respondeu calma — Você estragou seu filho.— Eu sei - ela fechou os olhos suspirando lento — Mas eu o fiz porque era certo.Anelise deu um risinho crítico.— Repetir isso não vai melhorar sua vida.— Mathias
Parte 5...— Ele é machista - Márcia disse — Ficou com o ego ferido quando pensou que você o traiu.— Tanto faz - ela gesticulou — Não precisam contar. Tenho muitas obrigações e dois filhos para criar. Não vou perder o meu tempo sendo amante de seu filho só para que ele fique feliz.— Pensei que o amasse - Luiza franziu o cenho.— E o que tem isso a ver? - Anelise riu — O que acha que sou, uma boneca para seu filho? Que vou ficar à disposição dele apenas porque ele é homem e assim quer? - balançou a cabeça rindo — Você está vivendo em que dimensão? - ergueu a sobrancelha — Eu ao amei sim... No passado - deu uma risadinha irônica e fria — Acha que só por isso eu vou mudar toda a minha vida agora? Eu tive um homem que me amou de verdade. Eu sei bem a diferença. Não me tome como a mesma de antes.— E se ele a pedisse em casamento? Se assumisse você como esposa?— Não, obrigada - riu alto — Não tenho a menor vontade de entrar para a família. E com uma cunhada dessa... - olhou para Márcia
Parte 1...Márcia estava nervosa esperando que Mathias chegasse. Depois que Anelise foi embora, ela ainda tentou fazer a mãe mudar de ideia, mas ela continuava com a fixação de contar tudo a ele.Também estava com medo de que Anelise fosse embora e fugisse com o neto e que se escondesse como da outra vez e ela nunca mais teria outra chance. Estava velha.— Mãe, o que houve? - Mathias fechou a porta — O que o médico disse? - estava preocupado com a saúde dela.— Eu estou bem - ela cruzou as mãos sobre o colo — Não foi por minha causa que eu o chamei.— E o que foi? - ele sentou na cama — O médico não a liberou ainda?— Mãe... - Márcia torceu as mãos nervosa — Não é melhor que isso seja discutido em casa?— Quero acabar logo com isso - ela limpou a garganta.— Vocês estão muito estranhas. Qual o problema agora?— Na verdade é um problema antigo - Márcia disse.— O que foi? - ele franziu a testa — Foi algo com Anelise? Ela veio até aqui para vê-la?— Veio sim... Mas foi tudo... Bem... -
Parte 2...— E você fez exatamente isso - Márcia disse — Você é orgulhoso demais, irmão. É muito cheio de si.Ele não esquecia das fotos onde mostrava Anelise ao lado de Jonas e Novaes, sorrindo. Seu sangue esquentou.— Depois da primeira briga, ela continuou ligando atrás de você e veio aqui de novo... Então eu aproveitei - Luiza fechou os olhos um instante — Foi quando eu aproveitei que você a deixou sem controle emocional após a briga e peguei pesado, a ameaçando.Ele abaixou a cabeça recordando as palavras duras que tinha jogado em cima dela, sem nem mesmo deixar que falasse nada, apenas tomado pelo ciúme e pelo coração machucado.A chamou de burra, vulgar, interesseira. Disse que ela não valia o esforço, que era uma pobretona que usava para se divertir. Acusou-a de ser ladra e tudo pela raiva e mágoa que sentia.— Eu a peguei depois de nossa discussão e ameacei prendê-la e jogar a avó dela na rua. Eu sabia que a casa ainda pertencia ao banco - pausou um instante — Disse que usari