Parte 3...— Perdão... - Luiza começou a chorar — Eu estava fora de mim, perdi o juízo... Não sei - chorou — Me perdoe!Mathias perdeu a cor e a compostura. Arremessou o copo com força, que bateu contra a parede e se estilhaçou ao chão, arrancando um grito de susto da irmã que recuou um passo.— Perdão? - ele gritou revoltado — Será que é tão egoísta que não tem um pingo de bondade dentro de você, mãe? E você, Márcia? - olhou feio para ela — O que tem na cabeça? Todo esse tempo... - ele agarrou a cabeça com as mãos em puro nervosismo e estresse — Eu tenho um filho... Anelise estava sozinha por aí, no mundo, longe de tudo o que era seguro para ela... - seus olhos ficaram cheios de lágrimas.— Você não queria filhos, lembra-se? - Márcia disse com medo, apertando os lábios.— Ainda assim, eu nunca iria deixar que ficasse sozinha. Eu assumiria meu filho, cuidaria dela.De súbito, os rostinhos dos filhos dela vieram à sua mente. Obviamente a menina não seria sua, mas o garoto sorridente e
Parte 4...Mathias pisou pesado no acelerador pensando em como gritou com ela, a acusou de ser ladra, chamou de vagabunda e de interesseira, que só o queria pelo nome e dinheiro de sua família.E todo o tempo ela queria lhe contar a verdade e ele não deixou, defendendo as culpadas, cheio de ódio e mágoa por algo que ela realmente não fizera. Se sentia envergonhado de ter sido tão cego para acreditar nas mentiras da mãe e da irmã. Não lhe deu nem oportunidade de explicar sozinha, longe delas.Ele sentiu anos e anos de saudade. Se sentiu um covarde. Ele nunca disse que a amava de verdade, mas sentia isso quando estavam juntos. Tinham tanto em comum. Ela era divertida, doce, gentil, apaixonada. E ele tinha sido o maior dos egoístas.Não a merecia naquela época, mas queria merecê-la agora. Precisava dela. Desesperadamente. Lhe devia uma vida.Anelise sempre estava ao seu lado, mesmo quando ele não precisava, mesmo sem entender como era a família dele e o que ele passava no trabalho, tendo
Parte 5...— Meu Deus... - ela saiu rápido para pegar o telefone.— O que foi, Márcia? - Luiza se assustou e levantou — O que foi, menina?— Ai, dona Luiza... - ela fez uma careta — É uma chamada do hospital - apertou os lábios triste em dar essa notícia.— Oh, meu Senhor - ela andou rápido até Márcia.Ao entrar viu o rosto pálido da fiha ao telefone. Ela só respondia em monossílabos. Luiza ficou nervosa e sentiu as mãos formigarem. Com certeza era algo com Mathias. Algo muito ruim. Ela sabia que sim. A expressão da filha não negava.— O que houve, Márcia? - sua voz estava fraca e ela quase chorava — Meu filho morreu? - respirou fundo sentindo que iria desmaiar.A empregada a segurou pelo braço.— Certo... Entendo... Obrigada - ela desligou e se virou para a mãe — Calma... - ergueu a mão — Ele está vivo, mas seu estado é muito grave.— Ai... Meu coração... - ela ficou zonza.— Calma, mãe... Calma! - gritou — Dois morrendo não é possível. Pelo amor de Deus... - estava nervosa também.A
Parte 6...— Mathias está em estado grave... Não sei muita coisa agora. Vou ao hospital - disse preocupada — Cuida deles?— Não se preocupe - tocou seu ombro — Vá com calma também. As coisas estão muito complicadas. Espero que ele fique bem, de verdade.— Obrigada, Felipe. Eu sei - ela sorriu sem graça e o abraçou — Eu ligo quando der.— Você vai sair, “mami”?— Vou sim, minha linda - a abraçou forte — Obedeçam ao Felipe. Mamãe vai fazer uma visita.Ela saiu com o coração apertado. Quanta loucura vinha acontecendo em sua vida desde que pisara ali de novo. Segurou a vontade de chorar. Apesar de tudo, ela nunca pensou nessa possibilidade. Ele não iria morrer. Não agora.***************Anelise chegou e viu Márcia na sala de espera, pálida e chorosa. Parou ao seu lado.— Onde está sua mãe?— Na capela - tossiu — Obrigada por ter vindo.— Pode me contar o que houve? - sentou ao lado dela.Márcia contou da conversa na casa e de como ele saiu.— O acidente foi a algumas quadras de sua casa
Parte 1...Já era tarde quando um dos médicos veio falar com elas. Para alívio delas, ele informou que a cirurgia havia decorrido bem. Porém, para tristeza delas também, Mathias estava em coma.A pancada na lateral da cabeça tinha sido muito forte e causara o rompimento de algumas veias e isso tinha pressionado muito seu cérebro que acabou inchando com a hemorragia.A equipe médica aliviou a pressão e decidiram deixá-lo em coma induzido por pelo menos três dias e assim deixar que seu corpo se recuperasse e seu cérebro voltar ao normal. O ombro esquerdo foi deslocado, teve cortes e arranhões e o braço direito foi quebrado com a força da pancada.Devido o choque repentino e o movimento brusco de seu corpo, alguns ligamentos haviam se rompido e sua coluna foi afetada também. Foi mais grave do que elas esperavam ouvir.— Então... Ele vai ficar aleijado? - Luiza questionou.— Não podemos ter certeza até que ele saia do coma - o médico disse tentando amenizar o susto dela, sendo mãe — Se tu
Parte 2...Enquanto tomava banho ela aproveitou para liberar seu estresse e seu medo do que poderia acontecer com Mathias. Chorou embaixo do chuveiro enquanto a água descia morna por seu corpo.Sentiu falta de sua tranquilidade antes de inventar essa vingança. Agora ela tinha a obrigação de contar ao filho sobre seu verdadeiro pai e esperava fazer isso ao lado de Haroldo, não sozinha. Tinha conseguido sua vingança. Luiza finalmente revelara toda a verdade, seu nome estava limpo.Encostou a testa na parede azulejada, pensando de olhos fechados. Já não precisava forçar nenhuma das duas, ele já sabia bem quem elas eram e o que tinham feito. O quanto tinham sido más.Porém, ela precisava assumir sua parte na culpa também. Ela mentiu sobre sua idade, não teve coragem de brigar e nem forças para lutar para lutar pelo seu amor. Ela até tinha sido fraca de abandonar sua avó.Era muito imatura, não sabia como era de verdade o mundo dos adultos e menos ainda o lado que Mathias fazia parte. E e
Parte 3...— Paguei caro por elas.— Mas não foi pelo dinheiro. Ela vendeu as ações porque queria se vingar de mim. Você só facilitou.— É como dizem... Aqui se faz e aqui se paga. Graças a essas ações fiquei no controle da empresa.— Nem sei se me importo mais com a empresa - fechou os olhos — Só quero que meu filho fique bem.— Ele vai ficar, tenha fé, dê tempo ao tempo.Anelise não sabia se dizia isso para ela mesma ou para Luiza.— Novaes a procurou no restaurante.— Por que?— Ele disse que ligou, mas perdeu a coragem. Queria contar a verdade a você e pedir perdão.— Eu lembro de uma ligação estranha.— Depois ele foi ao restaurante, mas você já tinha se afastado.— Ele não tem que contar nada agora e nem quero desculpas depois de tanto tempo.— Tem muito ódio de nós, não é?Anelise a encarou um instante. De certa forma começava a compreender alguns fatos que não tinha conhecimento.— Eu já tive - confessou — Hoje em dia, não mais. Porém, eu não tenho que perdoar nonguém. Assumo
Parte 4...— Vá dormir. Eu a chamo logo cedo amanhã.— Estou precisando mesmo. Amanhã quero o jato. Vou voltar para Aracaju e Diana vai comigo.— Não é melhor que eu vá?— Não. Quero que fique com as crianças. Eu volto à noite.— E vai falar com Hugo?— Vou falar com as pessoas certas - ergueu uma sobrancelha — Hugo pensa que vai me pegar assim?— Pra mim foi uma decepção - ele balançou a cabeça chateado — Uma vergonha. Haroldo não aceitaria isso.— E nem eu vou aceitar.Eles conversaram um pouco mais sobre o estado de Mathias.— Porque você não assume que ainda sente algo por ele?— Porque eu não sinto.— Está mentindo para você mesma - sorriu de leve.— Isso não faz sentido, Felipe - ela fechou a cara.— E porque não? Por causa de Haroldo? - a encarou com empatia — Querida, ele foi feliz com você, mas ele morreu... Você não. Tem o direito de reconstruir sua vida.— Minha vida está boa - ela virou o rosto.— Você me entendeu - sorriu — Agora vamos deitar. Já chega de pressão por hoj