Parte 3...Ele não podia deixar que ela se fosse assim, mesmo com o que havia feito na empresa. Não aceitava isso e não se importava mais com is filhos dela, com sua vida com outro, com sua família.Ela estava ali e seria dele outra vez. Sentiu em seu beijo o que suas palavras negavam. Ela ainda tinha sentimento.Dez anos de dor e saudade. Ele não iria passar por isso de novo ou ficaria louco de vez. Se fosse preciso faria qualquer coisa ao seu alcance para impedí-la de sumir. Se fosse necessário a trancaria em casa, a deixaria presa a ele, qualquer coisa, menos ficar sem ela.Sentiu o corpo estremecer. De certa forma já começava a enlouquecer lentamente. Saiu sem olhar para trás.***************— Por que não vai logo e acaba de vez com isso? - Felipe perguntou quando ela lhe contou sobre a ida ao hospital — Se não for ele vai voltar aqui e continuar a te encher de novo. Já sabe como ele é - a olhou querendo rir — Fez a cama, querida... Agora deite-se nela - sorriu discreto.— Nossa,
Parte 4...— Eu consegui viver um tempo sem me importar e pensar em você - Luiza disse com voz baixa suspirando — No começo fiquei preocupada com o que estaria acontecendo com a criança - engoliu com dificuldade — Vi meu filho se afastar, virar um bêbado... Sofrer por você... E eu esperava que isso passasse - apertou as mãos — E não passou... Só ficou escondido. Quando o detetive não a encontrou em lugar nenhum... Cheguei a pensar que tivesse morrido - abaixou o olhar — E teria sido bom... Foi o que pensei na época - a olhou de modo cansado — Mas eu me arrependi. Eu sofri junto com Mathias. Ele começou a fumar, se enfiou na farra, saía com várias e não dava crédito às minhas opiniões. Nunca consegui convencê-lo a se casar, ele se fechou para isso.— Tudo isso é culpa sua - Anelise respondeu calma — Você estragou seu filho.— Eu sei - ela fechou os olhos suspirando lento — Mas eu o fiz porque era certo.Anelise deu um risinho crítico.— Repetir isso não vai melhorar sua vida.— Mathias
Parte 5...— Ele é machista - Márcia disse — Ficou com o ego ferido quando pensou que você o traiu.— Tanto faz - ela gesticulou — Não precisam contar. Tenho muitas obrigações e dois filhos para criar. Não vou perder o meu tempo sendo amante de seu filho só para que ele fique feliz.— Pensei que o amasse - Luiza franziu o cenho.— E o que tem isso a ver? - Anelise riu — O que acha que sou, uma boneca para seu filho? Que vou ficar à disposição dele apenas porque ele é homem e assim quer? - balançou a cabeça rindo — Você está vivendo em que dimensão? - ergueu a sobrancelha — Eu ao amei sim... No passado - deu uma risadinha irônica e fria — Acha que só por isso eu vou mudar toda a minha vida agora? Eu tive um homem que me amou de verdade. Eu sei bem a diferença. Não me tome como a mesma de antes.— E se ele a pedisse em casamento? Se assumisse você como esposa?— Não, obrigada - riu alto — Não tenho a menor vontade de entrar para a família. E com uma cunhada dessa... - olhou para Márcia
Parte 1...Márcia estava nervosa esperando que Mathias chegasse. Depois que Anelise foi embora, ela ainda tentou fazer a mãe mudar de ideia, mas ela continuava com a fixação de contar tudo a ele.Também estava com medo de que Anelise fosse embora e fugisse com o neto e que se escondesse como da outra vez e ela nunca mais teria outra chance. Estava velha.— Mãe, o que houve? - Mathias fechou a porta — O que o médico disse? - estava preocupado com a saúde dela.— Eu estou bem - ela cruzou as mãos sobre o colo — Não foi por minha causa que eu o chamei.— E o que foi? - ele sentou na cama — O médico não a liberou ainda?— Mãe... - Márcia torceu as mãos nervosa — Não é melhor que isso seja discutido em casa?— Quero acabar logo com isso - ela limpou a garganta.— Vocês estão muito estranhas. Qual o problema agora?— Na verdade é um problema antigo - Márcia disse.— O que foi? - ele franziu a testa — Foi algo com Anelise? Ela veio até aqui para vê-la?— Veio sim... Mas foi tudo... Bem... -
Parte 2...— E você fez exatamente isso - Márcia disse — Você é orgulhoso demais, irmão. É muito cheio de si.Ele não esquecia das fotos onde mostrava Anelise ao lado de Jonas e Novaes, sorrindo. Seu sangue esquentou.— Depois da primeira briga, ela continuou ligando atrás de você e veio aqui de novo... Então eu aproveitei - Luiza fechou os olhos um instante — Foi quando eu aproveitei que você a deixou sem controle emocional após a briga e peguei pesado, a ameaçando.Ele abaixou a cabeça recordando as palavras duras que tinha jogado em cima dela, sem nem mesmo deixar que falasse nada, apenas tomado pelo ciúme e pelo coração machucado.A chamou de burra, vulgar, interesseira. Disse que ela não valia o esforço, que era uma pobretona que usava para se divertir. Acusou-a de ser ladra e tudo pela raiva e mágoa que sentia.— Eu a peguei depois de nossa discussão e ameacei prendê-la e jogar a avó dela na rua. Eu sabia que a casa ainda pertencia ao banco - pausou um instante — Disse que usari
Parte 3...— Perdão... - Luiza começou a chorar — Eu estava fora de mim, perdi o juízo... Não sei - chorou — Me perdoe!Mathias perdeu a cor e a compostura. Arremessou o copo com força, que bateu contra a parede e se estilhaçou ao chão, arrancando um grito de susto da irmã que recuou um passo.— Perdão? - ele gritou revoltado — Será que é tão egoísta que não tem um pingo de bondade dentro de você, mãe? E você, Márcia? - olhou feio para ela — O que tem na cabeça? Todo esse tempo... - ele agarrou a cabeça com as mãos em puro nervosismo e estresse — Eu tenho um filho... Anelise estava sozinha por aí, no mundo, longe de tudo o que era seguro para ela... - seus olhos ficaram cheios de lágrimas.— Você não queria filhos, lembra-se? - Márcia disse com medo, apertando os lábios.— Ainda assim, eu nunca iria deixar que ficasse sozinha. Eu assumiria meu filho, cuidaria dela.De súbito, os rostinhos dos filhos dela vieram à sua mente. Obviamente a menina não seria sua, mas o garoto sorridente e
Parte 4...Mathias pisou pesado no acelerador pensando em como gritou com ela, a acusou de ser ladra, chamou de vagabunda e de interesseira, que só o queria pelo nome e dinheiro de sua família.E todo o tempo ela queria lhe contar a verdade e ele não deixou, defendendo as culpadas, cheio de ódio e mágoa por algo que ela realmente não fizera. Se sentia envergonhado de ter sido tão cego para acreditar nas mentiras da mãe e da irmã. Não lhe deu nem oportunidade de explicar sozinha, longe delas.Ele sentiu anos e anos de saudade. Se sentiu um covarde. Ele nunca disse que a amava de verdade, mas sentia isso quando estavam juntos. Tinham tanto em comum. Ela era divertida, doce, gentil, apaixonada. E ele tinha sido o maior dos egoístas.Não a merecia naquela época, mas queria merecê-la agora. Precisava dela. Desesperadamente. Lhe devia uma vida.Anelise sempre estava ao seu lado, mesmo quando ele não precisava, mesmo sem entender como era a família dele e o que ele passava no trabalho, tendo
Parte 5...— Meu Deus... - ela saiu rápido para pegar o telefone.— O que foi, Márcia? - Luiza se assustou e levantou — O que foi, menina?— Ai, dona Luiza... - ela fez uma careta — É uma chamada do hospital - apertou os lábios triste em dar essa notícia.— Oh, meu Senhor - ela andou rápido até Márcia.Ao entrar viu o rosto pálido da fiha ao telefone. Ela só respondia em monossílabos. Luiza ficou nervosa e sentiu as mãos formigarem. Com certeza era algo com Mathias. Algo muito ruim. Ela sabia que sim. A expressão da filha não negava.— O que houve, Márcia? - sua voz estava fraca e ela quase chorava — Meu filho morreu? - respirou fundo sentindo que iria desmaiar.A empregada a segurou pelo braço.— Certo... Entendo... Obrigada - ela desligou e se virou para a mãe — Calma... - ergueu a mão — Ele está vivo, mas seu estado é muito grave.— Ai... Meu coração... - ela ficou zonza.— Calma, mãe... Calma! - gritou — Dois morrendo não é possível. Pelo amor de Deus... - estava nervosa também.A