Parte 7...— Você é incrível sabia? Insiste no erro quando a verdade é óbvia e está na frente de seu nariz - balançou a cabeça Mas tudo bem, você nunca me amou mesmo. Foi só o seu tesão - ela riu de leve — Tudo bem. Amor e confiança ficam no mesmo nível e você não tinha nenhum dos dois por mim. Continua um filhinho da mamãe - ela ironizou.— Você tem problemas de auto - confiança - ele apertou as mãos — Minha mãe não dá tanta atenção assim a você.— Sabe - ela apertou os lábios — É uma pena que você queira viver iludido. Não faz ideia do quanto sua mãe me prejudicou - ela inclinou a cabeça de lado — E você não sabe o que perdeu por causa disso.— Você? - ele ergueu as sobrancelhas irônico.— Você não presta também - disse de modo frio — Mas já está perto de saber a verdade e vai entender o quanto foi caro o que elas fizeram você perder. Vá embora, Mathias.Ela fechou rápido a porta sem esperar a resposta e sentou no chão tremendo. Ficou ali até ouvir o som do carro se afastando.*****
Parte 1...Mathias sumiu por quatro dias. No primeiro dia Anelise se preocupou, mas no segundo dia se ocupou com a conversa entre os diretores que apareceram para jantar e acabou esquecendo a parte pessoal de sua luta contra ele.Ela foi o mais gentil e profissional possível, estando sempre por perto da mesa onde eles estavam e assim conseguiu ouvir bem a conversa. A maior parte das ações eram de Mathias e da mãe, mas o restante junto fechava a cota e ali estavam quatro dos cinco componentes da diretoria.Pelo que ela captou, eles queriam forçar Mathias a se afastar. Pelo jeito ele estava cometendo erros e coincidência ou não, desde que eles haviam se falado pela primeira vez, ele não tinha comparecido a nenhuma reunião.Tudo o que ela ouviu, repassou para Hugo e mandou que ele agisse rápido. Tinha a ideia de adiantar a negociação com a Free Carnes para breve e assim poder ir embora de vez. Faltavam apenas alguns pontos a serem discutidos. Com o que ela tinha ouvido poderia encerrar d
Parte 2...No dia seguinte Mathias reapareceu na hora do almoço, trazendo uma ruiva a tira-colo. Ao mesmo tempo que ela se aborreceu com isso, achou engraçado. A garota parecia muito com ela em algumas coisas, especialmente o cabelo.Desde que parara de pintar o cabelo de preto, sua cor natural reacendera. Era uma ruiva com fios loiros naturais misturados. A garota que estava com ele também era assim. Abaixou a cabeça para que ele não visse seu sorriso debochado.Mathias sempre tivera uma fila de mulheres querendo sair com ele e agora queria provar isso. Meio infantil, mas tudo bem para ela. Não iria entrar na brincadeira.Mesmo sendo a primeira vez que o via com outra desde que se afastara, ela não iria entrar nessa. Era uma velha tática dele. Era ruim, claro, sentiu até um gosto amargo na garganta. Só que agora ela tinha o controle do jogo.Foi até a mesa deles com o melhor sorriso e a voz suave, cumprindo bem o papel de garçonete. Parou ao lado da garota escondendo suas verdadeiras
Parte 3...Ela pegou um ônibus e desceu algumas quadras depois, pegou um táxi e foi até o local do salão. Já tinha marcado tudo. Horário, cabelo, maquiagem e toda a produção.Primeiro ela fez o cabelo e a maquiagem, depois ela comprou lá mesmo um conjunto de terno e calça muito bonito, na cor cinza claro que a deixava elegante como gostava e estava acostumada a se vestir todos esses anos com Haroldo.Completou o look com o perfume que havia levado na bolsa e alguns acessórios caros que gostava, como suas pulseiras de ouro e pedras preciosas. As duas mulheres que a atenderam ficaram surpresas com a diferença do antes e depois. Pegou um táxi na frente do salão mesmo e seguiu para o encontro com os diretores.— Creio que podemos fechar, então? - um dos diretores lhe perguntou.— Em dois dias lhe daremos a resposta - ela sorriu — Três, no máximo - foi firme — Para mim foi muito bom. Vamos analisar os documentos - fez um gesto com a cabeça.Eles foram em direção ao heliponto. Se despediram
Parte 4...Se a família de Mathias não tivesse se metido, eles estariam casados agora? Não tinha certeza hoje. Mathias aceitou muito rápido toda a armação. Isso queria dizer algo, ela só não sabia ver antes.Mas ele tinha perdido mais do que ela. Um filho não se abandona e não se perde. Alan era um menino incrível. Amoroso, esperto, inteligente, bonito e feliz. Quando se tornasse um adulto com certeza faria muitas mulheres disputarem sua atenção.E ela nunca faria nada para magoá-lo, muito menos o afastar da pessoa que ele escolhesse para amar. Não teria a capacidade de criar uma mentira para afastar seu filho de quem quer que fosse. Tentava criar os filhos para serem críticos em seu julgamento e nunca passarem por situações em que pudessem ser enganados.Depois de cobrir suas pernas ela desceu e encontrou com Felipe na cozinha.— Fazendo um lanche noturno? - ela puxou uma cadeira e sentou perto dele.— Não. Na verdade só agora vou jantar.— Não sabia que os dois estavam dando tanto t
Parte 5...— Nossa, isso vai dar um tapa nos Mazzaro.— Vai ser é um murro - ela riu — Eu consegui descobrir alguns pontos fracos enquanto os servia dentro da empresa.— Você está se tornando uma verdadeira espiã - ele riu alto — Cuidado. Isso é complicado.— Comecei um contato com dois deles. Espero que Hugo faça o restante como indiquei. Se conseguir que passem para nosso lado será ainda melhor.— Não dê vacilo com essa gente, Anelise. Eles podem estar jogando com você também - ela virou para ele — Porque não desiste? Pegue só a conta da Free Carnes e abandone o resto. Já vai ser um baque enorme.— Até parece que você não esteve comigo todo esse tempo - tirou os óculos — Estou muito perto, é minha chance.— Exato. Você pode se queimar.— Eu não vou desistir, Felipe - ele cruzou os braços — Você salvou minha vida e cuidou de mim.— Haroldo fez isso - respondeu sério.— E você também - esticou a mão e tocou seu braço — Você é um irmão que eu nunca tive. É importante para mim, sabe dis
Parte 6...Anelise conversava animada com um grupo de políticos que já eram amigos de Haroldo antes mesmo dela se casar com ele. No meio da conversa animada ela fingia não entender as indiretas de um deles sobre sua solidão de viúva.O homem era inadequado para estar no meio deles, que falavam de negócios, mas ela evitou ser rude e apenas se fingia de desentendida como marido a ensinara bem.O meio da política era um dos piores. Uma pessoa de valor e moral de verdade, não essas falsas, acabaria se perdendo no meio desses abutres. Ela se fingiu de cega, surda e até muda, o que era uma boa saída para evitar dores de cabeça. Felipe se aproximou dela e a retirou do grupo.— Ainda bem que você inventou uma desculpa, já estava sem paciência com aquele ali - indicou com a cabeça — Ele está mais interessado em saber de minha vida íntima do que nos negócios - fez uma careta reprovando.— Eu imagino - ele disse a olhando por completo — Mas se for levar em consideração como você está bonita hoj
Parte 7...— Farei isso na hora certa.— Porque não divide mais as obrigações?— Seu irmão fazia assim.— E está morto - ele respondeu de modo seco.Ela não gostou do tom de voz dele.— Eu sei bem disso, mas eu devo muito a ele e não vou fazer nada que não seja de acordo com o que ele me ensinou - respondeu fria.— Eu sei, mas você também fez muito por meu irmão, Anelise. Ele era muito feliz ao seu lado e antes só vivia para o trabalho. Ele bateu o olho em você e se transformou em outro - falou baixo — Os tempos são outros agora, você tem que viver mais, passar mais tempo com os filhos.Anelise não gostava quando ele falava como se ela não desse atenção aos filhos e isso era mentira. Ela sempre compensava suas faltas e sabia que as crianças estavam bem cuidadas.O que ele queria era fazer com que se sentisse culpada por seguir os passos do marido. — Eu divido meu tempo muito bem - ele ficou corado — E realmente Hugo, às vezes penso que tem raiva de mim.— Eu? - ele deu um sorriso for