Lara Eu acordei no meio da noite, sentindo uma sensação estranha, como se algo tivesse me invadido durante o sono. Meu coração estava acelerado, e a respiração, entrecortada. O que aconteceu? Tudo parecia tão real... mas não era. Era um sonho. Um sonho estranho e perturbador. Me vi na casa dos meus pais, uma casa antiga e cheia de história. Eu estava em um ambiente familiar, mas tudo ao meu redor parecia diferente. As paredes, os quadros de família, o cheiro de rosas no ar – tudo isso estava nítido na minha mente, mas ao mesmo tempo, tudo estava tão distante. Eu vi meus pais ali, sorrindo para mim com aquele olhar protetor que eu ainda carregava na memória. Foi então que minha mãe falou, com a voz suave e cheia de carinho, mas também com um tom urgente que eu não conseguia entender. — Filha... você precisa se casar logo. O tempo está se esgotando. Eu olhei para ela, confusa. Como assim, "logo"? O casamento estava marcado. Eu já tinha tudo pronto para o grande dia. Era apenas uma
AlexandreEu sabia que essa não era uma decisão fácil, mas algo dentro de mim, algo mais forte que a dúvida, me empurrava para frente. Eu já não podia mais esperar. Eu tinha ouvido as palavras de Lara, tinha ouvido a urgência na sua voz, o desespero, como se o tempo estivesse realmente se esgotando. Ela me disse para me casar com ela agora, e eu sabia que, apesar de ser repentino, era o que devia fazer. Então, fiz o que tinha que fazer.Primeiro, liguei para os meus pais. Eu não ia contar para ninguém mais sobre isso, pelo menos por enquanto. Era preciso manter tudo o mais discreto possível. Isso era algo só entre nós, e o segredo tinha que ser mantido. Respirei fundo antes de discar o número. Quando alguém atendeu, foi a voz calma da minha mãe, sempre tão tranquila, que me fez respirar mais aliviado, mas eu sabia que tinha que ser direto.— Mãe, pai, preciso de vocês. Não podem contar para ninguém, nem para a Luisa. Eu... eu vou me casar hoje.Fui direto, sem rodeios, mas a frase sai
LaraEu nunca imaginei que, aos 23 anos, a vida me faria carregar o peso de uma responsabilidade tão grande. Quando os pais morreram, o mundo, de repente, se transformou em uma espécie de pesadelo do qual não havia como acordar. Eles partiram em um acidente de carro, e, embora eu tenha tentado me preparar para a dor, nada poderia me preparar para o vazio que se formou no lugar onde antes existia uma família.Eu não tinha noção do quanto minha vida mudaria em um único segundo. Um telefonema. Uma ligação para informar que tudo o que eu conhecia, tudo o que me dava segurança, tinha acabado. O impacto do acidente foi tão forte que, quando eu vi o carro amassado nas imagens do noticiário, nem parecia possível que eles haviam estado ali. A imagem ficou gravada na minha mente, como se ainda estivesse vendo tudo em câmera lenta. Não havia mais dúvidas, não havia mais pais. Eu estava sozinha.Mas não completamente. Meus irmãos estavam comigo. Thiago, com 11 anos, e Júlia, com 14, estavam tão p
Alexandre Sou Alexandre Costa, CEO da Costa Empreendimentos, uma das maiores corporações do Brasil. Fui treinado desde jovem para assumir o controle da empresa, e aos 28 anos, quando meu pai se aposentou, fui colocado à frente de tudo. Mas desde então, a realidade de estar no comando não é tão simples quanto parecia. As pressões são intensas, e não se resumem apenas aos negócios. Há também uma batalha constante pela autoridade dentro da família. Meu pai, sempre tão firme e decidido, sempre me disse que a herança da Costa Empreendimentos não seria um presente, mas uma responsabilidade. E, de certa forma, ele estava certo. A cada dia, o peso dessa responsabilidade aumenta. Não é só minha imagem que está em jogo, mas a imagem da família, da empresa, e de todos que dela dependem. O problema atual é o meu cunhado, Marcelo. Ele casou-se com minha irmã, Clarice, e desde o começo, seus interesses sempre foram claros: ele possui uma grande parte das ações da Costa Empreendimentos, e como
LaraQuando a campainha tocou, eu estava no meio de um caos em casa. Meu irmão mais novo, Thiago, estava assistindo televisão com o volume no máximo, enquanto minha avó tentava se aconchegar na poltrona, como se isso fosse ajudá-la com a dor nas costas que a incomodava tanto. Júlia, estava no sofá, desenhando em um caderno, tentando se distrair da bagunça ao redor. A casa estava desorganizada, com brinquedos espalhados pelo chão e roupas por todo canto — e, por mais que eu me esforçasse para dar conta de tudo, não parecia que conseguiria controlar nem o básico.Eu precisava de mais tempo. Mas, ao abrir a porta, me deparei com um homem bem arrumado, de terno, com uma postura rígida e uma expressão que não mostrava nem um sinal de emoção. O que ele queria comigo? Eu mal sabia quem ele era, mas seu ar formal me deixou imediatamente desconfiada.“Boa tarde,” ele disse, com um tom de voz que soava ensaiado, como se estivesse acostumado a dar ordens. “Sou Eduardo Ribeiro, trabalho com Alexa
Lara Eu nunca pensei que fosse estar em um restaurante como aquele. O lugar era um dos mais exclusivos do Rio, onde a sofisticação transbordava a cada canto. As mesas eram de mármore polido, as cadeiras de couro com detalhes dourados, e a iluminação suave criava uma atmosfera de luxo. O perfume dos pratos, que pareciam mais obras de arte do que comida, flutuava no ar. Era um ambiente de uma elegância que eu mal conseguia processar, como se eu fosse uma intrusa nesse mundo de riqueza e poder.Eu me preparei para aquele encontro com a mesma seriedade com que eu me preparava para qualquer evento importante. A diferença, no entanto, era que desta vez eu não estava ali por uma campanha de moda ou um desfile. Eu estava ali por causa de um homem que mal conhecia, e que prometia, de alguma forma, mudar a minha vida.Escolhi um vestido longo e preto, com um corte impecável que se ajustava ao meu corpo de maneira a ressaltar minha figura. O tecido fluía como seda, e o decote discreto realçava
LaraO jantar se arrastava diante de mim, a comida no prato quase intocada. Eu estava em um estado de choque, meus pensamentos estavam milhas à frente do que estava acontecendo ao meu redor. Alexandre me oferecera um contrato que poderia mudar minha vida, mas ao mesmo tempo, havia algo ali que não parecia certo. Algo que não estava completamente claro, algo que eu ainda precisava entender.Ele observava me atentamente, como se soubesse que eu estava processando tudo aquilo de uma vez, e eu não sabia o que pensar. Eu não sabia como me sentir sobre a oferta dele, sobre a maneira como ele parecia tão tranquilo, tão seguro de que eu iria aceitar. Como se ele estivesse me comprando como um simples contrato de negócios, uma peça no seu jogo de poder.Quando o garçom trouxe o envelope, Alexandre não hesitou. Pegou-o com a mesma calma, colocando-o sobre a mesa na minha frente. Eu olhei para o envelope preto, sentindo o peso do que estava prestes a vir.“Este é o contrato,” ele disse, a voz fr
Lara Depois daquela conversa com Alexandre, voltei para casa com a cabeça latejando. O contrato que ele me entregou continuava na minha bolsa, dobrado cuidadosamente. Era engraçado como um simples pedaço de papel podia carregar tanto peso. Cada cláusula parecia gritar comigo, cada palavra tentando me forçar a tomar uma decisão que eu ainda não tinha certeza de que queria. Assim que entrei em casa, fui recebida pelo aroma de comida. Minha avó estava na cozinha, como sempre, mantendo tudo sob controle enquanto eu me esforçava para manter as contas pagas. Júlia e Thiago estavam sentados à mesa, discutindo algo baixinho, mas pararam assim que me viram entrar. — Tá tudo bem, mana? — perguntou Thiago, com uma preocupação evidente. — Tá sim, só cansada — menti, tentando afastar qualquer desconfiança. Júlia se aproximou e me abraçou, como fazia sempre. Eu sorri, acariciando seus cabelos, mas minha mente não parava de voltar àquele contrato e à proposta absurda que Alexandre Costa havia