Lara
Eu nunca pensei que fosse estar em um restaurante como aquele. O lugar era um dos mais exclusivos do Rio, onde a sofisticação transbordava a cada canto. As mesas eram de mármore polido, as cadeiras de couro com detalhes dourados, e a iluminação suave criava uma atmosfera de luxo. O perfume dos pratos, que pareciam mais obras de arte do que comida, flutuava no ar. Era um ambiente de uma elegância que eu mal conseguia processar, como se eu fosse uma intrusa nesse mundo de riqueza e poder. Eu me preparei para aquele encontro com a mesma seriedade com que eu me preparava para qualquer evento importante. A diferença, no entanto, era que desta vez eu não estava ali por uma campanha de moda ou um desfile. Eu estava ali por causa de um homem que mal conhecia, e que prometia, de alguma forma, mudar a minha vida. Escolhi um vestido longo e preto, com um corte impecável que se ajustava ao meu corpo de maneira a ressaltar minha figura. O tecido fluía como seda, e o decote discreto realçava meu colo, sem perder a classe. A maquiagem foi feita de forma cuidadosa, com tons neutros, destacando meus olhos castanhos claros. Meu cabelo cacheado estava perfeitamente modelado, preso em um coque baixo, mas com algumas mechas soltas que caíam suavemente sobre meu rosto. Eu sabia que precisava parecer impecável — não só por mim, mas para ele. Alexandre Costa não era qualquer homem, e a impressão que eu causaria naquela noite era crucial. Assim que entrei no restaurante, os olhares se voltaram para mim, como eu sabia que aconteceria. Era natural. Eu estava acostumada com a atenção, sendo modelo e tudo mais, mas o que me surpreendeu foi o impacto da minha própria presença nesse lugar. Eu era uma mulher negra, de pele escura e radiante, com cabelos cacheados que eram o meu orgulho, e naquele momento, todos os olhos estavam voltados para mim. Uma mulher como eu, em um lugar como aquele, parecia chamar ainda mais atenção do que o normal. Mas eu não estava ali para me preocupar com olhares. Eu estava ali por um propósito, um encontro que poderia ser uma virada de chave na minha vida. Logo, ele apareceu. Alexandre Costa entrou no restaurante com a mesma presença imponente. Ele se movia com uma confiança natural, e todos os olhos estavam imediatamente sobre ele, como se o restaurante inteiro estivesse à espera de sua chegada. Ele não precisava dizer uma palavra para que todos soubessem quem ele era. Ele tinha algo inegável sobre si, uma aura de poder e controle que transbordava, mesmo em um ambiente tão elegante. Quando ele se aproximou da mesa onde eu estava, eu senti um calafrio subir pela minha espinha. Ele era ainda mais impressionante pessoalmente do que eu poderia imaginar. Alto, com um corpo esculpido, um terno de corte perfeito que acentuava sua postura imbatível, Alexandre tinha o tipo de aparência que fazia as pessoas pararem e prestarem atenção. Seu rosto era esculpido como se tivesse sido feito para a perfeição: mandíbula forte, olhos de um castanho profundo que pareciam ler tudo o que estava ao seu redor, e um sorriso enigmático que mostrava uma autoconfiança difícil de ignorar. “Lara,” ele disse com a voz suave e controlada, enquanto se aproximava da minha mesa. “Espero não ter feito você esperar muito.” Eu me levantei automaticamente, sentindo uma mistura de nervosismo e curiosidade. “Não, estava apenas admirando o ambiente,” respondi, tentando manter a compostura. “Este lugar é... incrível.” “Sim,” ele concordou, tomando seu lugar à minha frente. “Aqui é onde os negócios de alto nível acontecem.” Eu não sabia muito sobre ele, mas pesquisei na internet e vi fotos. Ele parecia estar sempre no controle, e algo me dizia que ele estava ali para fazer mais do que apenas um simples encontro social. O garçom trouxe o menu, e logo o jantar começou. A conversa inicial foi educada, mas sempre havia um silêncio, como se ambos soubéssemos que aquilo era só uma formalidade. Ele olhava para mim com atenção, como se estivesse analisando cada palavra que eu dizia, cada movimento que fazia. Eu, por outro lado, não sabia como reagir. Eu sempre soubera me comportar nesses eventos, mas o que acontecia ali parecia mais intenso. Alexandre era uma presença forte, e eu não sabia se isso me assustava ou me atraía ainda mais. Foi então que, no meio do jantar, ele fez uma pausa, como se ponderasse a melhor maneira de continuar. “Lara,” ele começou, sua voz tão calma e firme que parecia ecoar no ambiente. “Gostaria de ser direta com você. Como meu advogado mencionou, tenho uma proposta para você, uma oportunidade que pode mudar sua vida.” Eu parei, colocando o garfo no prato. Não era um pedido comum, e a maneira como ele dizia isso fez meu coração acelerar de forma inesperada. Eu o olhei nos olhos, tentando compreender o que ele estava insinuando, mas sua expressão permanecia inexpressiva. “Eu preciso de uma esposa,” ele disse finalmente, com um tom de voz que parecia bem calculado, como se ele já tivesse falado isso muitas vezes antes. “E você precisa de uma solução financeira. Podemos ajudar um ao outro. Isso é simples, Lara.” Eu estiquei a mão, fazendo uma pausa para tentar processar o que ele acabara de dizer. “Esposa?” Perguntei, minha voz saindo mais alta do que eu queria. Ele assentiu com a cabeça, sem parecer surpreso com a minha reação. “Sim, um casamento que sirva a interesses comuns. Eu sou o CEO da Costa Empreendimentos, e estou em uma disputa de poder com o meu cunhado. Ele está tentando tomar o controle da empresa e, se eu não agir rapidamente, posso perder tudo. A solução seria uma união estratégica, e você seria a parceira ideal para isso.” Eu olhei para ele, em choque. “Eu... eu não estou procurando casar aos 23 anos,” disse, mais desconcertada do que imaginava estar. “E não sou do tipo que faz esse tipo de... acordo.” Ele me observou com uma paciência calculada. “Entendo, Lara. A proposta pode parecer difícil de aceitar, mas você deve entender que isso é apenas uma transação. Sem sentimentos envolvidos. Uma maneira de garantir estabilidade financeira para você e, ao mesmo tempo, ajudar a resolver o meu problema.” Eu não sabia o que responder. A proposta dele parecia absurda. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim dizia que eu não podia simplesmente ignorá-la. Eu sabia que ele estava sendo sincero, e que, no fundo, esse casamento não era sobre amor, mas sobre sobrevivência. A pergunta era: eu estava disposta a seguir esse caminho? “E se eu não aceitar?” Perguntei, olhando para ele com um olhar penetrante. “Você tem a escolha, Lara,” ele respondeu com calma. “A decisão é sua. Mas posso garantir que essa será uma oportunidade que pode mudar a sua vida.” Eu engoli em seco, me sentindo tomada por um turbilhão de emoções. Eu sabia que ele não estava me pedindo para me apaixonar por ele, mas estava me oferecendo algo que eu jamais imaginei que precisaria: um casamento sem amor, mas com uma promessa de segurança financeira. E eu, diante de tudo o que tinha vivido, sabia que não poderia simplesmente ignorar isso. Olhei para ele uma última vez. Alexandre Costa era o tipo de homem que não se importava com detalhes, com sentimentos. Ele era bonito, inteligente, e sabia o que queria. Mas, ao olhar para ele, algo me dizia que ele também tinha suas próprias batalhas. Algo em sua postura, em seu olhar, me fazia questionar se ele estava tão seguro quanto parecia. Eu não sabia o que fazer, mas uma coisa era certa: minha vida estava prestes a mudar, e eu não sabia onde isso me levaria.LaraO jantar se arrastava diante de mim, a comida no prato quase intocada. Eu estava em um estado de choque, meus pensamentos estavam milhas à frente do que estava acontecendo ao meu redor. Alexandre me oferecera um contrato que poderia mudar minha vida, mas ao mesmo tempo, havia algo ali que não parecia certo. Algo que não estava completamente claro, algo que eu ainda precisava entender.Ele observava me atentamente, como se soubesse que eu estava processando tudo aquilo de uma vez, e eu não sabia o que pensar. Eu não sabia como me sentir sobre a oferta dele, sobre a maneira como ele parecia tão tranquilo, tão seguro de que eu iria aceitar. Como se ele estivesse me comprando como um simples contrato de negócios, uma peça no seu jogo de poder.Quando o garçom trouxe o envelope, Alexandre não hesitou. Pegou-o com a mesma calma, colocando-o sobre a mesa na minha frente. Eu olhei para o envelope preto, sentindo o peso do que estava prestes a vir.“Este é o contrato,” ele disse, a voz fr
Lara Depois daquela conversa com Alexandre, voltei para casa com a cabeça latejando. O contrato que ele me entregou continuava na minha bolsa, dobrado cuidadosamente. Era engraçado como um simples pedaço de papel podia carregar tanto peso. Cada cláusula parecia gritar comigo, cada palavra tentando me forçar a tomar uma decisão que eu ainda não tinha certeza de que queria. Assim que entrei em casa, fui recebida pelo aroma de comida. Minha avó estava na cozinha, como sempre, mantendo tudo sob controle enquanto eu me esforçava para manter as contas pagas. Júlia e Thiago estavam sentados à mesa, discutindo algo baixinho, mas pararam assim que me viram entrar. — Tá tudo bem, mana? — perguntou Thiago, com uma preocupação evidente. — Tá sim, só cansada — menti, tentando afastar qualquer desconfiança. Júlia se aproximou e me abraçou, como fazia sempre. Eu sorri, acariciando seus cabelos, mas minha mente não parava de voltar àquele contrato e à proposta absurda que Alexandre Costa havia
Lara No instante em que enviei a mensagem para Alexandre, me arrependi. Senti um peso no peito, como se tivesse acabado de cruzar uma linha sem volta. Meu celular vibrou quase imediatamente, e lá estava a resposta dele, rápida e direta, como sempre. Alexandre: "Claro. Podemos nos encontrar amanhã às 18h no meu escritório. Estarei esperando." Era isso. O jogo estava em andamento, e eu era uma das peças no tabuleiro dele. Passei o resto da noite tentando me preparar mentalmente, mas nada parecia suficiente. No dia seguinte, fui para o trabalho como de costume, tentando agir como se tudo estivesse normal. No entanto, as horas pareciam se arrastar, e a ansiedade crescia a cada minuto. Quando o relógio marcou 16h, eu já estava repassando mentalmente o que diria a Alexandre. Antes de sair, Júlia me puxou pelo braço. — Você tá tão distante esses dias, mana. Tá acontecendo alguma coisa? — Ela me olhou com preocupação genuína, seus olhos castanhos cheios de curiosidade e apreensão. — Só
LaraEu nunca imaginei que, aos 23 anos, a vida me faria carregar o peso de uma responsabilidade tão grande. Quando os pais morreram, o mundo, de repente, se transformou em uma espécie de pesadelo do qual não havia como acordar. Eles partiram em um acidente de carro, e, embora eu tenha tentado me preparar para a dor, nada poderia me preparar para o vazio que se formou no lugar onde antes existia uma família.Eu não tinha noção do quanto minha vida mudaria em um único segundo. Um telefonema. Uma ligação para informar que tudo o que eu conhecia, tudo o que me dava segurança, tinha acabado. O impacto do acidente foi tão forte que, quando eu vi o carro amassado nas imagens do noticiário, nem parecia possível que eles haviam estado ali. A imagem ficou gravada na minha mente, como se ainda estivesse vendo tudo em câmera lenta. Não havia mais dúvidas, não havia mais pais. Eu estava sozinha.Mas não completamente. Meus irmãos estavam comigo. Thiago, com 11 anos, e Júlia, com 14, estavam tão p
Alexandre Sou Alexandre Costa, CEO da Costa Empreendimentos, uma das maiores corporações do Brasil. Fui treinado desde jovem para assumir o controle da empresa, e aos 28 anos, quando meu pai se aposentou, fui colocado à frente de tudo. Mas desde então, a realidade de estar no comando não é tão simples quanto parecia. As pressões são intensas, e não se resumem apenas aos negócios. Há também uma batalha constante pela autoridade dentro da família.Meu pai, sempre tão firme e decidido, sempre me disse que a herança da Costa Empreendimentos não seria um presente, mas uma responsabilidade. E, de certa forma, ele estava certo. A cada dia, o peso dessa responsabilidade aumenta. Não é só minha imagem que está em jogo, mas a imagem da família, da empresa, e de todos que dela dependem.O problema atual é o meu cunhado, Marcelo. Ele casou-se com minha irmã, Clarice, e desde o começo, seus interesses sempre foram claros: ele possui uma grande parte das ações da Costa Empreendimentos, e como qual
LaraQuando a campainha tocou, eu estava no meio de um caos em casa. Meu irmão mais novo, Thiago, estava assistindo televisão com o volume no máximo, enquanto minha avó tentava se aconchegar na poltrona, como se isso fosse ajudá-la com a dor nas costas que a incomodava tanto. Júlia, estava no sofá, desenhando em um caderno, tentando se distrair da bagunça ao redor. A casa estava desorganizada, com brinquedos espalhados pelo chão e roupas por todo canto — e, por mais que eu me esforçasse para dar conta de tudo, não parecia que conseguiria controlar nem o básico.Eu precisava de mais tempo. Mas, ao abrir a porta, me deparei com um homem bem arrumado, de terno, com uma postura rígida e uma expressão que não mostrava nem um sinal de emoção. O que ele queria comigo? Eu mal sabia quem ele era, mas seu ar formal me deixou imediatamente desconfiada.“Boa tarde,” ele disse, com um tom de voz que soava ensaiado, como se estivesse acostumado a dar ordens. “Sou Eduardo Ribeiro, trabalho com Alexa