Lara
O jantar se arrastava diante de mim, a comida no prato quase intocada. Eu estava em um estado de choque, meus pensamentos estavam milhas à frente do que estava acontecendo ao meu redor. Alexandre me oferecera um contrato que poderia mudar minha vida, mas ao mesmo tempo, havia algo ali que não parecia certo. Algo que não estava completamente claro, algo que eu ainda precisava entender. Ele observava me atentamente, como se soubesse que eu estava processando tudo aquilo de uma vez, e eu não sabia o que pensar. Eu não sabia como me sentir sobre a oferta dele, sobre a maneira como ele parecia tão tranquilo, tão seguro de que eu iria aceitar. Como se ele estivesse me comprando como um simples contrato de negócios, uma peça no seu jogo de poder. Quando o garçom trouxe o envelope, Alexandre não hesitou. Pegou-o com a mesma calma, colocando-o sobre a mesa na minha frente. Eu olhei para o envelope preto, sentindo o peso do que estava prestes a vir. “Este é o contrato,” ele disse, a voz fria e controlada. “O valor já está estipulado, e quando você assinar, todos os seus problemas financeiros estarão resolvidos. Além disso, sua vida será mais tranquila, você poderá seguir com seus planos e viver sem se preocupar com nada.” Eu estiquei a mão e peguei o envelope, sem saber exatamente o que esperar. Minha mente ainda estava tentando processar tudo o que ele havia dito, mas algo dentro de mim me dizia que eu precisava ir até o fim com isso. O dinheiro que ele estava oferecendo poderia tirar minha família de uma situação difícil. Isso era uma chance que eu não poderia desperdiçar. Mas o que mais estava ali? O que ele não me estava dizendo? Com as mãos tremendo ligeiramente, abri o envelope. Dentro, o contrato estava dobrado de maneira precisa. Eu desdobrei o papel e comecei a ler as cláusulas, uma por uma, com olhos atentos, tentando entender o que estava sendo proposto. O contrato descrevia os detalhes financeiros de forma clara: uma quantia exorbitante, algo que eu nunca poderia imaginar ganhar em toda a minha vida. O dinheiro que eu poderia ganhar me faria capaz de dar a minha família a vida que nunca tivemos. Mas o que me fez parar de respirar foi o que veio depois. O contrato estipulava que eu deveria me casar com Alexandre e acompanhá-lo a eventos sociais, jantares e compromissos de trabalho. Até aí, nada de mais. Era um casamento de fachada, eu sabia disso, e o que ele queria era alguém para representar o papel de esposa. Mas, conforme meus olhos passavam pelas linhas, algo se destacou de forma perturbadora. Ali estava, claro e direto, o que eu mais temia. O contrato mencionava que a “vida conjugal” do casal incluiria a “intimidade física” como parte das obrigações. Não era algo que eu pudesse ignorar. Eu me senti tonta. Por que isso estava no contrato? Não era apenas um casamento de fachada? Por que sexo tinha que fazer parte disso? Eu olhei para Alexandre, minha mente em uma mistura de indignação e confusão. Aquelas palavras em preto e branco me fizeram questionar o que ele realmente estava me pedindo. Eu já havia dito que não queria me casar, e agora ele estava me pedindo para assinar um contrato que envolvia não só um casamento falso, mas também a expectativa de intimidade física. Eu não sabia mais como reagir. “Alexandre,” minha voz saiu mais firme do que eu imaginava. “Isso... isso não faz sentido. Por que está escrito aqui que você espera que a nossa relação inclua sexo? O que você quer de mim exatamente? Estamos falando de um casamento de mentira, não é? Então, por que isso está aqui?” Ele se inclinou um pouco para frente, o olhar sério, como se a pergunta fosse óbvia para ele. “Lara,” ele disse com calma, mas sem nenhuma emoção visível, “entenda uma coisa. Eu não posso me envolver com outras mulheres durante o período do nosso casamento. Isso é uma exigência física. Sexo não é algo que eu faço por prazer, é uma necessidade. Você estará comigo por três anos, e ao longo desse tempo, preciso que você entenda que eu não posso me envolver com mais ninguém. Não é um relacionamento de amor, não é uma questão de sentimentos. Apenas... é algo físico. Por isso está no contrato.” Ele me olhou, quase como se esperasse que eu aceitasse suas palavras sem questionar, como se fosse uma condição simples, como a troca de bens em um acordo de negócios. Mas não era simples. Não era fácil para mim. Era a minha vida, a minha liberdade, que estavam em jogo. Ele estava me pedindo algo muito além do que eu estava disposta a oferecer. “Você não está entendendo,” ele continuou, “Eu preciso de uma esposa para que o casamento seja legítimo. Você vai me ajudar a manter a aparência de um casamento normal. Eu preciso disso para os negócios, para que meu cunhado e minha irmã não assumam o controle da empresa. Você vai cumprir seu papel e, em troca, terá tudo o que deseja. O dinheiro, a estabilidade, a segurança para sua família. E, se você me ajudar, os três anos vão passar rápido.” Eu senti a pressão das suas palavras me sufocando. Eu sabia que ele estava oferecendo uma solução para os meus problemas financeiros, mas, ao mesmo tempo, o que ele estava me pedindo parecia ser algo além da minha capacidade de aceitar. Eu não estava disposta a me submeter àquilo, não da maneira como ele queria. “Eu sou virgem, Alexandre,” minha voz soou como uma confissão, a vergonha invadindo meu peito. Eu não sabia se ele esperava uma resposta, mas eu precisava dizer isso. Eu precisava que ele soubesse a verdade. Ele pareceu surpreso, mas apenas por um instante. Então, com um sorriso sutil, ele falou: “Então, isso não vai ser um problema. O contrato foi escrito para que você não se sinta pressionada. O que estamos estabelecendo aqui é um acordo mútuo, Lara. Você vai cumprir seu papel como esposa durante esses três anos, e eu cumprirei o meu como marido. Não é complicado.” Eu não sabia mais o que pensar. Ele não parecia estar interessado em entender o que isso significava para mim, para minha vida, para a minha dignidade. Tudo o que ele queria era uma esposa que fosse parte de sua fachada, que cumprisse o papel de esposa sem envolvimento emocional, sem vínculos reais. Apenas uma mulher que o ajudasse a manter o controle, a aparência de um casamento perfeito. O contrato estava ali, na minha frente, me oferecendo a chance de mudar minha vida para sempre, mas ao mesmo tempo, me oferecendo algo que eu não sabia se conseguiria aceitar. Eu não sabia o que fazer. Tudo parecia errado, e ao mesmo tempo, parecia a única solução para os meus problemas. Eu olhei para Alexandre e respirei fundo. “Eu preciso de um tempo para pensar,” falei, a voz fraca, a mente em caos. Ele não se mexeu, apenas me observou, como se já soubesse o que eu diria, como se soubesse que eu precisaria de tempo para digerir tudo o que estava acontecendo. E, apesar de todo o dinheiro, toda a promessa de um futuro seguro, algo dentro de mim não conseguia aceitar esse preço. Algo dentro de mim sabia que esse contrato, embora tentador, tinha um custo muito maior do que eu estava disposta a pagar.Lara Depois daquela conversa com Alexandre, voltei para casa com a cabeça latejando. O contrato que ele me entregou continuava na minha bolsa, dobrado cuidadosamente. Era engraçado como um simples pedaço de papel podia carregar tanto peso. Cada cláusula parecia gritar comigo, cada palavra tentando me forçar a tomar uma decisão que eu ainda não tinha certeza de que queria. Assim que entrei em casa, fui recebida pelo aroma de comida. Minha avó estava na cozinha, como sempre, mantendo tudo sob controle enquanto eu me esforçava para manter as contas pagas. Júlia e Thiago estavam sentados à mesa, discutindo algo baixinho, mas pararam assim que me viram entrar. — Tá tudo bem, mana? — perguntou Thiago, com uma preocupação evidente. — Tá sim, só cansada — menti, tentando afastar qualquer desconfiança. Júlia se aproximou e me abraçou, como fazia sempre. Eu sorri, acariciando seus cabelos, mas minha mente não parava de voltar àquele contrato e à proposta absurda que Alexandre Costa havia
Lara No instante em que enviei a mensagem para Alexandre, me arrependi. Senti um peso no peito, como se tivesse acabado de cruzar uma linha sem volta. Meu celular vibrou quase imediatamente, e lá estava a resposta dele, rápida e direta, como sempre. Alexandre: "Claro. Podemos nos encontrar amanhã às 18h no meu escritório. Estarei esperando." Era isso. O jogo estava em andamento, e eu era uma das peças no tabuleiro dele. Passei o resto da noite tentando me preparar mentalmente, mas nada parecia suficiente. No dia seguinte, fui para o trabalho como de costume, tentando agir como se tudo estivesse normal. No entanto, as horas pareciam se arrastar, e a ansiedade crescia a cada minuto. Quando o relógio marcou 16h, eu já estava repassando mentalmente o que diria a Alexandre. Antes de sair, Júlia me puxou pelo braço. — Você tá tão distante esses dias, mana. Tá acontecendo alguma coisa? — Ela me olhou com preocupação genuína, seus olhos castanhos cheios de curiosidade e apreensão. — Só
LaraEu nunca imaginei que, aos 23 anos, a vida me faria carregar o peso de uma responsabilidade tão grande. Quando os pais morreram, o mundo, de repente, se transformou em uma espécie de pesadelo do qual não havia como acordar. Eles partiram em um acidente de carro, e, embora eu tenha tentado me preparar para a dor, nada poderia me preparar para o vazio que se formou no lugar onde antes existia uma família.Eu não tinha noção do quanto minha vida mudaria em um único segundo. Um telefonema. Uma ligação para informar que tudo o que eu conhecia, tudo o que me dava segurança, tinha acabado. O impacto do acidente foi tão forte que, quando eu vi o carro amassado nas imagens do noticiário, nem parecia possível que eles haviam estado ali. A imagem ficou gravada na minha mente, como se ainda estivesse vendo tudo em câmera lenta. Não havia mais dúvidas, não havia mais pais. Eu estava sozinha.Mas não completamente. Meus irmãos estavam comigo. Thiago, com 11 anos, e Júlia, com 14, estavam tão p
Alexandre Sou Alexandre Costa, CEO da Costa Empreendimentos, uma das maiores corporações do Brasil. Fui treinado desde jovem para assumir o controle da empresa, e aos 28 anos, quando meu pai se aposentou, fui colocado à frente de tudo. Mas desde então, a realidade de estar no comando não é tão simples quanto parecia. As pressões são intensas, e não se resumem apenas aos negócios. Há também uma batalha constante pela autoridade dentro da família.Meu pai, sempre tão firme e decidido, sempre me disse que a herança da Costa Empreendimentos não seria um presente, mas uma responsabilidade. E, de certa forma, ele estava certo. A cada dia, o peso dessa responsabilidade aumenta. Não é só minha imagem que está em jogo, mas a imagem da família, da empresa, e de todos que dela dependem.O problema atual é o meu cunhado, Marcelo. Ele casou-se com minha irmã, Clarice, e desde o começo, seus interesses sempre foram claros: ele possui uma grande parte das ações da Costa Empreendimentos, e como qual
LaraQuando a campainha tocou, eu estava no meio de um caos em casa. Meu irmão mais novo, Thiago, estava assistindo televisão com o volume no máximo, enquanto minha avó tentava se aconchegar na poltrona, como se isso fosse ajudá-la com a dor nas costas que a incomodava tanto. Júlia, estava no sofá, desenhando em um caderno, tentando se distrair da bagunça ao redor. A casa estava desorganizada, com brinquedos espalhados pelo chão e roupas por todo canto — e, por mais que eu me esforçasse para dar conta de tudo, não parecia que conseguiria controlar nem o básico.Eu precisava de mais tempo. Mas, ao abrir a porta, me deparei com um homem bem arrumado, de terno, com uma postura rígida e uma expressão que não mostrava nem um sinal de emoção. O que ele queria comigo? Eu mal sabia quem ele era, mas seu ar formal me deixou imediatamente desconfiada.“Boa tarde,” ele disse, com um tom de voz que soava ensaiado, como se estivesse acostumado a dar ordens. “Sou Eduardo Ribeiro, trabalho com Alexa
Lara Eu nunca pensei que fosse estar em um restaurante como aquele. O lugar era um dos mais exclusivos do Rio, onde a sofisticação transbordava a cada canto. As mesas eram de mármore polido, as cadeiras de couro com detalhes dourados, e a iluminação suave criava uma atmosfera de luxo. O perfume dos pratos, que pareciam mais obras de arte do que comida, flutuava no ar. Era um ambiente de uma elegância que eu mal conseguia processar, como se eu fosse uma intrusa nesse mundo de riqueza e poder.Eu me preparei para aquele encontro com a mesma seriedade com que eu me preparava para qualquer evento importante. A diferença, no entanto, era que desta vez eu não estava ali por uma campanha de moda ou um desfile. Eu estava ali por causa de um homem que mal conhecia, e que prometia, de alguma forma, mudar a minha vida.Escolhi um vestido longo e preto, com um corte impecável que se ajustava ao meu corpo de maneira a ressaltar minha figura. O tecido fluía como seda, e o decote discreto realçava