Lara Minha cabeça estava uma bagunça. Assim que Alexandre saiu, eu me joguei no sofá e fechei os olhos, tentando absorver tudo o que ele tinha acabado de me dizer. Adiantar o casamento. Três dias. Respirei fundo, mas parecia impossível organizar meus pensamentos. Em qualquer outra circunstância, estar noiva e planejando um casamento seria motivo de alegria, mas a nossa situação era diferente. Nada disso era por amor. Nosso noivado era uma peça de teatro, e agora Alexandre queria acelerar o espetáculo antes que as cortinas caíssem de vez. Levantei do sofá e caminhei até a janela. A vista da cidade, geralmente um consolo, hoje parecia um lembrete cruel de que tudo isso não passava de uma fachada. O pior de tudo era a entrevista de Camila. Não bastasse a exposição, ela ainda precisava jogar aquelas mentiras para o mundo. E o mundo acreditava. Caminhei até o quarto, abri o guarda-roupa e comecei a mexer nas minhas roupas, tentando encontrar alguma distração. Mas nada ajudava. Peguei
Lara Depois de enviar a mensagem para Alexandre e receber sua resposta, passei o resto da noite tentando ocupar minha mente. Arrumar malas era algo prático, mas a sensação de preparar minha vida para um casamento que não representava o amor continuava a pesar.Na manhã seguinte, acordei com o som insistente do celular. Era minha agente, Clara. Suspirei antes de atender, já imaginando que seria sobre o escândalo.— Oi, Clara.— Lara, você está bem? — ela começou, a voz preocupada. — A coisa ainda está fervendo nas redes sociais. A entrevista de Camila foi um golpe duro, mas parece que as pessoas estão do seu lado.— Isso não importa muito agora — respondi, levantando da cama e caminhando até a janela. — Preciso me concentrar no casamento.Houve uma pausa do outro lado da linha.— Casamento?— Alexandre e eu decidimos adiantar. Vai acontecer em três dias.— Três dias? — A surpresa na voz de Clara era evidente. — Isso é loucura, Lara! Você mal tem tempo para respirar, quanto mais planej
Na sala luxuosa da mansão, a manhã começou tranquila para Luisa e Augusto. Ela estava relaxando em seu sofá favorito, com um café na mão, enquanto ele folheava o jornal. Era uma rotina quase entediante para dois conspiradores que haviam passado semanas tentando arruinar o relacionamento de Alexandre e Lara.Porém, a tranquilidade durou pouco. O som da campainha ecoou pelo ambiente, seguido pelo mordomo trazendo um envelope elegante e decorado com uma caligrafia refinada.— Convite para o casamento do senhor Alexandre e da senhorita Lara — anunciou o mordomo, entregando o envelope a Luisa.Ela arregalou os olhos enquanto pegava o convite, já sentindo uma onda de irritação. Ao abrir o envelope e ler as palavras "casamento em três dias", seu rosto ficou vermelho de raiva.— Não pode ser! — ela exclamou, jogando o convite na mesa de centro com força. — Isso só pode ser uma piada de mau gosto!Augusto levantou uma sobrancelha, curioso. Ele pegou o convite e leu com atenção, antes de fechar
Lara Eu acordei no meio da noite, sentindo uma sensação estranha, como se algo tivesse me invadido durante o sono. Meu coração estava acelerado, e a respiração, entrecortada. O que aconteceu? Tudo parecia tão real... mas não era. Era um sonho. Um sonho estranho e perturbador. Me vi na casa dos meus pais, uma casa antiga e cheia de história. Eu estava em um ambiente familiar, mas tudo ao meu redor parecia diferente. As paredes, os quadros de família, o cheiro de rosas no ar – tudo isso estava nítido na minha mente, mas ao mesmo tempo, tudo estava tão distante. Eu vi meus pais ali, sorrindo para mim com aquele olhar protetor que eu ainda carregava na memória. Foi então que minha mãe falou, com a voz suave e cheia de carinho, mas também com um tom urgente que eu não conseguia entender. — Filha... você precisa se casar logo. O tempo está se esgotando. Eu olhei para ela, confusa. Como assim, "logo"? O casamento estava marcado. Eu já tinha tudo pronto para o grande dia. Era apenas uma
AlexandreEu sabia que essa não era uma decisão fácil, mas algo dentro de mim, algo mais forte que a dúvida, me empurrava para frente. Eu já não podia mais esperar. Eu tinha ouvido as palavras de Lara, tinha ouvido a urgência na sua voz, o desespero, como se o tempo estivesse realmente se esgotando. Ela me disse para me casar com ela agora, e eu sabia que, apesar de ser repentino, era o que devia fazer. Então, fiz o que tinha que fazer.Primeiro, liguei para os meus pais. Eu não ia contar para ninguém mais sobre isso, pelo menos por enquanto. Era preciso manter tudo o mais discreto possível. Isso era algo só entre nós, e o segredo tinha que ser mantido. Respirei fundo antes de discar o número. Quando alguém atendeu, foi a voz calma da minha mãe, sempre tão tranquila, que me fez respirar mais aliviado, mas eu sabia que tinha que ser direto.— Mãe, pai, preciso de vocês. Não podem contar para ninguém, nem para a Luisa. Eu... eu vou me casar hoje.Fui direto, sem rodeios, mas a frase sai
LaraEu nunca imaginei que, aos 23 anos, a vida me faria carregar o peso de uma responsabilidade tão grande. Quando os pais morreram, o mundo, de repente, se transformou em uma espécie de pesadelo do qual não havia como acordar. Eles partiram em um acidente de carro, e, embora eu tenha tentado me preparar para a dor, nada poderia me preparar para o vazio que se formou no lugar onde antes existia uma família.Eu não tinha noção do quanto minha vida mudaria em um único segundo. Um telefonema. Uma ligação para informar que tudo o que eu conhecia, tudo o que me dava segurança, tinha acabado. O impacto do acidente foi tão forte que, quando eu vi o carro amassado nas imagens do noticiário, nem parecia possível que eles haviam estado ali. A imagem ficou gravada na minha mente, como se ainda estivesse vendo tudo em câmera lenta. Não havia mais dúvidas, não havia mais pais. Eu estava sozinha.Mas não completamente. Meus irmãos estavam comigo. Thiago, com 11 anos, e Júlia, com 14, estavam tão p
Alexandre Sou Alexandre Costa, CEO da Costa Empreendimentos, uma das maiores corporações do Brasil. Fui treinado desde jovem para assumir o controle da empresa, e aos 28 anos, quando meu pai se aposentou, fui colocado à frente de tudo. Mas desde então, a realidade de estar no comando não é tão simples quanto parecia. As pressões são intensas, e não se resumem apenas aos negócios. Há também uma batalha constante pela autoridade dentro da família. Meu pai, sempre tão firme e decidido, sempre me disse que a herança da Costa Empreendimentos não seria um presente, mas uma responsabilidade. E, de certa forma, ele estava certo. A cada dia, o peso dessa responsabilidade aumenta. Não é só minha imagem que está em jogo, mas a imagem da família, da empresa, e de todos que dela dependem. O problema atual é o meu cunhado, Marcelo. Ele casou-se com minha irmã, Clarice, e desde o começo, seus interesses sempre foram claros: ele possui uma grande parte das ações da Costa Empreendimentos, e como
LaraQuando a campainha tocou, eu estava no meio de um caos em casa. Meu irmão mais novo, Thiago, estava assistindo televisão com o volume no máximo, enquanto minha avó tentava se aconchegar na poltrona, como se isso fosse ajudá-la com a dor nas costas que a incomodava tanto. Júlia, estava no sofá, desenhando em um caderno, tentando se distrair da bagunça ao redor. A casa estava desorganizada, com brinquedos espalhados pelo chão e roupas por todo canto — e, por mais que eu me esforçasse para dar conta de tudo, não parecia que conseguiria controlar nem o básico.Eu precisava de mais tempo. Mas, ao abrir a porta, me deparei com um homem bem arrumado, de terno, com uma postura rígida e uma expressão que não mostrava nem um sinal de emoção. O que ele queria comigo? Eu mal sabia quem ele era, mas seu ar formal me deixou imediatamente desconfiada.“Boa tarde,” ele disse, com um tom de voz que soava ensaiado, como se estivesse acostumado a dar ordens. “Sou Eduardo Ribeiro, trabalho com Alexa