As pessoas ao redor apontavam e cochichavam. Alexandre precisava apenas permanecer ali, com seu olhar sombrio e acusador voltado para os dois. Isso já bastava para lançar toda a culpa sobre eles. A tia Raquel, percebendo que a situação estava ficando tensa, tentou intervir, mas Joaquim levantou a mão para deter ela. — Tia Raquel, a senhora passou a noite inteira acordada. Vá descansar um pouco. A tia Raquel hesitou: — Mas a Sra. Helena... Joaquim a interrompeu novamente e, se virando para Alexandre, disse: — O tio Alexandre descansou a noite inteira e está cheio de energia agora. Acho que não tem problema nenhum deixar isso nas mãos dele, certo, tio Alexandre? Assim que terminou de falar, todos ao redor começaram a notar a diferença no estado físico dos dois lados. Embora Alexandre não estivesse completamente arrumado, seus olhos estavam claros e ele parecia bem disposto. Já Joaquim, por outro lado, exibia o evidente cansaço de quem passou a noite sem dormir. Ao lado
A Sra. Helena estava exausta e, antes mesmo de a tia Raquel levar a sopa de galinha, já havia caído em um sono profundo. Melissa e Joaquim saíram do quarto do hospital, andando com cuidado para não fazer barulho. Joaquim disse: — Você deveria voltar para casa e descansar. Melissa olhou para o rosto abatido dele e balançou a cabeça: — É melhor você descansar. Você não dormiu a noite toda, e agora que a situação da vovó já está estável, pode relaxar um pouco e dormir. Além disso, o Grupo Amorim tinha muitos assuntos para resolver, e Joaquim certamente não poderia ignorar eles completamente. Dormir um pouco era essencial para recuperar as energias. Joaquim franziu a testa, claramente relutante. Sem querer discutir, Melissa segurou a mão dele e o levou para um quarto próximo. O empurrando em direção à cama, ordenou: — Descanse! Joaquim ficou surpreso por um momento. Ele olhou para a determinação nos olhos de Melissa e, depois de um tempo, finalmente cedeu. Relaxou o c
Lorena ainda não tinha reagido quando Antônio a puxou, saltando do carro em movimento. Naquele instante, ela sentiu como se sua alma tivesse sido arrancada do corpo junto com ela. Logo em seguida, uma dor aguda percorreu seu corpo, obrigando ela a se encolher inteira. Por um momento, acreditou que suas costelas tinham se partido. Mas Antônio não deu a mínima. Após rolarem algumas vezes no chão, ele a ergueu sem qualquer cerimônia e disparou em direção ao matagal. Lorena, em estado de choque, tentou perguntar enquanto era arrastada por ele, apesar da dor latejante: — O que está acontecendo? "Por que, do nada, tivemos que pular do carro?" Antônio não respondeu. Ele não tinha tempo. Seus olhos permaneciam atentos ao caminho, garantindo que não se perdessem na floresta. Caso contrário, estariam condenados a vagar ali para sempre. Logo, o carro que os perseguia parou. O motorista gritou, furioso: — Droga, eles realmente pularam do carro aqui? Estão loucos?! Querem
Antônio ficou completamente confuso com o abraço repentino dela. — Solta logo! Assim eu não consigo procurar! Mas Lorena não queria soltar ele. — Antônio, esse lugar é assustador. Eu estou com muito medo. E se... E se encontrarmos algum perigo? O que vamos fazer? A cabeça de Antônio começou a latejar com os gritos dela. Ele a empurrou contra uma árvore, firmemente, e, encarando ela com frieza, disse: — Se você quer continuar, então venha comigo. Se não quiser, fique aqui e veja se alguém aparece para te encontrar antes que você vire um cadáver. O tronco da árvore era irregular e áspero. Lorena sentiu a dor perfurar suas costas e precisou de um tempo para se recuperar antes de finalmente balbuciar: — Eu... Ela conseguiu dizer apenas uma palavra antes que Antônio cobrisse sua boca com força, impedindo ela de continuar falando. Sem tempo para entender o motivo, Lorena viu uma cabeça triangular, do tamanho de um punho, emergir lentamente ao lado dos dois. A criatura emiti
Antônio puxou Lorena e, depois de muito tempo, finalmente conseguiu pegar uma carona. No Sudeste Asiático, os dois eram estranhos no local, por isso não se atreviam a baixar a guarda enquanto tentavam conseguir transporte. Se tivessem bagagem, Antônio poderia entrar em contato com alguns amigos na região, mas nem isso tinham. Estavam completamente sem ter para onde ir. Depois de se informarem sobre onde estavam, Lorena lembrou que a família Frota tinha uma fábrica nas proximidades. Seja como fosse, pelo menos poderiam ter onde passar a noite. Os dois concordaram com a ideia e pegaram carona até a fábrica. A fábrica da família Frota era uma das maiores da região. Havia um fluxo constante de pessoas, em sua maioria mulheres que trabalhavam na confecção de roupas. Parecia haver milhares de funcionárias. Essas mulheres ganhavam menos de cinquenta reais por dia, mas trabalhavam de manhã até a noite, comendo quase todas as refeições dentro da fábrica. O local estava cheio de
As condições de hospedagem na fábrica eram bastante simples. Pedro, que inicialmente estava hospedado em um hotel, começou a achar insuportável dirigir diariamente até a fábrica. O trânsito era caótico, as ruas estavam lotadas de pessoas e barracas, e podia apenas dirigir tão lento quanto uma tartaruga. Os moradores locais, ao avistarem um carro, batiam incessantemente nas janelas tentando vender seus produtos, e alguns chegavam a empurrar mercadorias diretamente pelo vidro. Um atrás do outro, era impossível ignorar eles. Sem alternativas, Pedro decidiu levar suas coisas para a sala de descanso da fábrica. Felizmente, o escritório e a sala de descanso ficavam em um prédio separado do galpão de produção, o que já era um certo alívio. No entanto, as condições estavam longe de atender às expectativas de Daniele. Ela hesitou por um momento antes de começar a reclamar: — Pedro, eu viajei quilômetros para te encontrar, e você me coloca para morar em um lugar desses? Pedro
Esses eram problemas comuns. Além disso, eles trabalhavam com moda rápida: peças de roupa que eram usadas duas ou três vezes e depois descartadas. Quem se importava se elas eram duráveis ou não? Pedro ficou balançado com o que Bento disse. Bento então cochichou: — Na verdade, Sr. Pedro, se o senhor visitar outras fábricas, verá que todo mundo faz assim. — Sério? — Pedro perguntou, surpreso. — Não vai dar problema? — Nunca deu problema. Pode ficar totalmente tranquilo, Sr. Pedro. Bento garantiu com firmeza, e Pedro, sem argumentos contrários, acabou concordando. Logo em seguida, começaram a abrir o estoque de roupas usadas e colocaram em prática o plano previamente combinado. ... Enquanto isso, no país de origem, Melissa estava em uma fábrica de confecção de roupas. Ela, junto com Fernanda e algumas outras pessoas, assistia Murilo apresentar as roupas desenhadas para o Grande Festival Cultural. Como eram peças extremamente importantes, haviam sido confeccionadas
Os dois organizaram tudo na fábrica antes de sair do galpão. Murilo estava encostado na porta, fumando um cigarro. Ele, na verdade, era bastante viciado, mas, considerando que Melissa estava grávida, geralmente se controlava. Ao ver Melissa sair, apagou o cigarro à distância, acenou para dispersar a fumaça ao redor e se moveu para um lugar onde o vento soprava na direção contrária, esperando que ela e Fernanda se aproximassem. Ainda assim, quando Melissa chegou perto dele, não conseguiu evitar franzir o nariz. Durante toda a gravidez, seu olfato parecia mais aguçado que o de um cachorro, capaz de detectar qualquer cheiro, e a maioria deles era desagradável para ela. Murilo coçou o nariz, recuou discretamente um passo, mantendo uma distância maior de Melissa, e disse: — Tudo resolvido. Vou indo agora. Melissa ficou surpresa: — Você não disse que iria voltar para o Estúdio Encanto com a gente? Murilo arqueou uma sobrancelha: — E quem disse que você manda em mim? — D