MirelaAlguns dias se passam, mas para mim é como se tivesse ficado um ano presa neste lugar. Aqui é pouco ventilado, e esse moleque fica irritado com o calor e chora direto no meu ouvido. Não durmo direito há dias.Um policial vem me chamar e ele está com as chaves da cela em suas mãos. Será que finalmente vou sair desse pulgueiro?— A senhora está liberada, mas ainda responde ao processo. Não poderá sair da cidade sem autorização. O julgamento ainda irá acontecer e a senhora poderá ser condenada — o policial recita as palavras, mas eu estou nem aí para elas, eu quero é sair daqui.Pego o meu filho, um passaporte para a minha liberdade. Sei que sua presença influenciou na decisão do juiz. Mas ao chegar na sala do delgado para assinar os papéis, me surpreendo ao ver Adrian sentado em uma das cadeiras.— Adrian, que bom que veio me buscar, amor — falo melosa, sei que homens gostam de mulheres frágeis e melosas, é como eles acham que somos.— Não vim te buscar, vim levá-los para fazer
Adrian1 mês depoisAssim como da última vez, todas as bombas resolvem explodir ao mesmo tempo e eu fico como louco tentando lidar com tudo ao mesmo tempo. Alguns dias atrás o resultado de DNA do meu filho saiu e Mirela só faltou esfregar na minha cara, repetindo várias vezes que eu não precisava ter feito o exame. Com esse resultado em mãos, registrei meu filho: Enzo Brandão.Agora eu tenho a vida de uma criança como responsabilidade, mas infelizmente ainda não posso ter o bebê em meus braços por muito tempo se a mãe dele não estiver por perto. Equipei o apartamento com tudo o que ele precisa, além de uma belo quarto que está em andamento. Na verdade, essa é a única bomba boa que explodiu na minha vida esses dias, todas as outras trarão desastres inimagináveis, podem até mesmo levar a fortuna da minha família para o ralo.A próxima bomba a explodir foi o resultado das investigações, tanto pela polícia quanto por meu investigador particular, revelando que o incêndio foi de origem crim
AdrianA barriga de Geovana parece dobrar de tamanho a cada vez que a vejo. Ela já está perto de completar seis meses de gestação e estamos na sala de ultrassom ouvindo o coração forte das duas baterem.Consigo ver na tela o formato dos dois bebês que estão um de frente para o outro, bem juntinhas na barriga da mãe. Os bracinhos e as perninhas se mexem procurando algum espaço para se movimentarem.O médico que realiza o exame faz as devidas marcações e digita algo, depois declara que as minhas filhas estão bem de saúde. O desenvolvimento delas e o peso está normal para a idade gestacional, o que me traz um grande alívio saber que minhas filhas estão bem.Vejo lágrimas nos olhos de Geo e sei que ela está emocionada com a imagem borrada da tela do computador. Eu também estou emocionado de ver e ouvir as minhas meninas.A barriga dela é limpa e o médico a libera para se vestir. Aguardo minha Paçoquinha deixar o pequeno banheiro e saímos da sala do exame juntos.— Elas estão tão lindas —
AdrianDois dias depois recebo o investigador novamente em meu escritório. A investigação estava concluída e então tudo seria entregue nas mãos da polícia. Marques em breve seria notificado de que precisa comparecer à delegacia para prestar esclarecimentos. Eduardo Torres seria investigado pela polícia, que teria que explicar tudo o que foi encontrado em seu computador.No resultado final da investigação há um nome muito improvável do mandante por trás de tudo, fico tentado a dizer que há algo errado na investigação, mas confio no trabalho do profissional a minha frente. Porém, preciso de provas bastante robustas para comprovar o que está em minhas mãos, mas estou confiante que ao prender o diretor e o advogado a verdade será revelada. Eles não irão querer pagar por tudo sozinhos.Agora tenho uma reunião no qual estou sendo pressionado há dias para comparecer. Os associados têm pressa em saber quais atitudes tomarei com relação a empresa, já que as ações estão despencando a cada dia.
MirelaFazia tempo que estava armando aquele golpe e finalmente tinha chegado o grande dia. Ali na sala de reuniões havia pessoas de minha confiança, aquelas que eram a favor da saída da família Brandão do poder. Há anos que muitos queriam uma fatia maior naquele bolo e a família, sempre muito conservadora, evitava distribuir outras fatias da empresa. Sendo assim, não foi difícil convencer a alguns que eu seria uma escolha melhor para ocupar a posição de CEO e presidente da empresa ao invés de Adrian.O documento apresentado é falso e não tem valor algum, mas serviu para o seu propósito. Com as ações desvalorizadas e com a quebra de confiança entre os associados, Adrian tenderá a ceder. Será muita pressão sobre ele. Cada atitude foi pensada com detalhe. Desviar verba para enfraquecer os bolsos da empresa, depois causar prejuízos cada vez maiores com os cruzeiros fazendo-os parecer um ralo de dinheiro, que dá mais despesas do que lucros, e por fim a quebra de confiança de seu público
GeovanaMeus amigos arrumaram uma cadeira mais confortável pra eu me sentar no meu trabalho, não uso mais o banquinho de madeira. Agora tenho uma cadeira ampla com encosto e apoio para os braços, mas tenho que me levantar para escrever. Nem tudo é perfeito, mas ainda assim prefiro a cadeira.Estou atendendo uma cliente que acabou de fazer uma progressiva com a Naty e as unhas com Cris, recebendo seu pagamento, quando vejo Adrian entrar pela porta de vidro do salão.— Deu formiga na empresa, campeão? — Hugo implica com meu namorado. Engraçado como no último mês praticamente se tornaram amigos.Silencioso, se sentou em uma das cadeiras de espera e apoiou a mão sobre o joelho. As mãos pendendo e os olhos encarando o piso claro.— Você está bem, meu amor? — Me aproximo dele depois de dispensar a cliente.O salão está vazio, e quando dá esse horário de 17h e o local está assim, geralmente Naty me dispensa. Antes que eu peça para sair, ela me libera.— Pode ir, Geo. O salão está vazio.— Ob
GeovanaSorrio ao ver o carinho que a minha sogra tem com o netinho. O bebê é retirado da água e enrolado na toalha. Aos poucos o choro cessa e Adrian chega com a mamadeira.Dona Solange pega o objeto das mãos do filho e pinga o leite no dorso da mão, comprovando que a temperatura está boa. Ela se senta na cama, acomoda o bebê no colo e dá a mamadeira para ele que mama avidamente. — Cuidei de gêmeos, meu filho — a mulher diz — Dois chorando ao mesmo tempo e querendo a mesma coisa não é mole não. Seu pai me ajudou muito durante as noites. — Relembra dando um beijinho na testinha do bebê.Me aproximo mais deles e o observo mamar. Minha sogra me encara.— Em breve será vocês dois cuidando dessas duas bênçãos que estão chegando — sorrio só de pensar no momento em que terei minhas duas meninas nos braços.— Estou ansiosa por isso — respondo.A mulher olha para o filho.— Já marcou a data do casamento? — a pergunta da mulher nos pega de surpresa, Adrian ainda não tinha falado sobre isso.—
MirelaAssusto Antonela, a secretária incompetente de Adrian, com um tapa forte em sua mesa. A garota pula no lugar, levando as mãos ao peito.— Meu Deus, senhora Mirela, que susto! O senhor Adrian ainda não chegou.— Perguntei alguma coisa? Me dá a chave da sala.— Senhora, me desculpe, mas eu não posso. São ordens do chefe...— A chefe agora sou eu — falo convicta, pois sei que de hoje não passa. Adrian vai assinar esse documento hoje, nem que eu tenha que ameaçar a sua vida com uma arma apontada para a sua cabeça.A garota arregala os olhos com a minha revelação.— Espantada, garota incompetente? Me dê a chave ou estará na rua hoje mesmo!— Mas o senhor Adrian nem a dona Solange falaram qualquer coisa, ninguém anunciou nada.— E quem vai anunciar a própria derrota? Anda, me dê a porra da chave! — Me altero e a garota me entrega a chave da porta se tremendo toda.Abro a sala e aquele cheiro de ambiente fechado me acerta em cheio. Não acredito que Adrian tenha que ligar o próprio ar