A ostentação na sua voz era algo que Sílvia preferia ignorar. Ela continuava à procura de Felipe. No entanto, havia tantas pessoas na festa que, mesmo olhando em volta, Sílvia não conseguia vê-lo. Juliana, percebendo que não lhe dava atenção, também não disse mais nada e estava prestes a sair. Contudo, Sílvia de repente perguntou:- Onde está o Marcos?O sorriso retornou ao rosto de Juliana, que disse:- Sílvia, se precisas falar com o Marcos por algum motivo, posso passar a mensagem para ele. Agora, ele não pode te ver.Sílvia olhou ela fixamente:- O Dr. Felipe veio?Um lampejo de confusão cruzou o rosto de Juliana, mas ela rapidamente se recompôs e perguntou com uma indiferença fingida:- Por que queres saber?Sílvia não queria perder mais tempo com Juliana. Ela pegou seu telemóvel, pronta para ligar diretamente para Marcos e perguntar se Felipe estava por lá. Se estivesse, ela tinha que vê-lo hoje. No entanto, assim que pegou o telemóvel, ouviu a voz descontente de Isabel at
As palavras de Marcos cortavam como um frio glacial. Sílvia o encarava, contendo as emoções que borbulhavam por dentro, antes de dizer:- A minha companhia não diz respeito a você.Sua voz se mantinha neutra, sem transparecer grandes emoções.A expressão de desdém no rosto de Marcos permanecia inalterada, ele soltou um riso sarcástico, sua voz era baixa e gelada:- Não diz respeito a mim? Sílvia, você veio aqui por causa do seu avô, não é mesmo? - Logo após Marcos falar, Sílvia petrificou.Ela fixou o olhar em Marcos:- O que você está insinuando?O olhar de Marcos era distante, ele, sendo alto, precisava inclinar levemente as sobrancelhas para olhar para Sílvia, conferindo a ela um ar ainda mais inacessível.Ele prosseguiu, sem inflexão na voz:- Estou apenas te lembrando que ele só ficará na Cidade J por dois dias.A referência a ele era evidente.Gradualmente, Sílvia voltava a si, lembrando que Felipe era o tio de Marcos.Ela ponderava rapidamente.Suas lembranças de Felipe eram esc
O telefone continuou tocando por alguns segundos antes de se desligar automaticamente. Sílvia pegou o celular e saiu da cozinha.Bruna perguntou a ela:- Síl, você não vai tomar sopa?Sílvia respondeu:- Não é necessário.Na verdade, ela não havia jantado naquela noite, e agora seu estômago estava um pouco desconfortável, mas simplesmente não tinha apetite.Enquanto isso, no Hotel Cidade J, a festa do Grupo LH havia acabado de terminar.Isabel segurava o celular e soltou uma risada fria:- Está satisfeita?Marcos estava sentado à sua frente, com um olhar frio e sem expressão no rosto, apenas disse:- É você quem está satisfeita?Isabel, que já estava na casa dos cinquenta, mas se cuidava bem e por isso ainda parecia jovem, olhou para Marcos com um olhar de desprezo:- Marcos, não se esqueça de que sou sua mãe. Eu não sei lidar com uma casa? Eu disse que não deixaria que ela entrasse na porta da família Correia. Isso é absolutamente impossível, não pense que não sei o que você está plan
Enquanto Sílvia esperava Enrico, viu o Dr. Murilo e dois estagiários se apressarem escada abaixo.Ela achava que, provavelmente, era por causa da chegada de Felipe.Ontem, ao visitar o perfil do Dr. Murilo nas redes sociais, notou que, além de compartilhar uma foto com Felipe, ele também havia repostado diversas reportagens sobre o hospital.Especialistas de renome são sempre bem-vindos, especialmente nas áreas de neurologia e neurocirurgia, campos aos quais algumas cirurgias estão relacionadas. Por isso, Dr. Murilo admirava Felipe há muito tempo.Dr. Murilo se dirigia ao elevador quando, de repente, pareceu se lembrar de algo, deu alguns passos para trás e sussurrou para Sílvia.- A conferência começa em quinze minutos. Dr. Felipe provavelmente está lá embaixo descansando; se quiser tentar a sorte, pode ir lá.Sílvia se surpreendeu, olhou para Dr. Murilo e percebeu que ele já retomou sua expressão de pressa, saindo apressadamente.Demorou um momento para que Sílvia compreendesse o qu
Ela estava sentada no banco do corredor do hospital, pálida, e o celular havia se desligado sem que percebesse.As palavras de Felipe ecoavam em sua mente, se alternando com a imagem de seu avô deitado na cama do hospital, cercado por tubos.A garganta de Sílvia se apertava, como se estivesse sendo estrangulada, e respirar parecia exigir um esforço imenso.Seu rosto, frio e úmido, foi tocado por ela, meio anestesiada, sentindo as lágrimas.Estava chorando?Sílvia olhou para a ponta dos dedos úmidos, distraída.Marcos estava certo; ela realmente se superestimava, pensando que poderia influenciar Felipe, que poderia fazer seu avô melhorar.Como isso seria possível?Os ombros de Sílvia desabaram, e seus longos cabelos caíram ao lado do rosto, ocultando sua expressão e visão.Passos se aproximavam, e uma frieza familiar cortou o aroma de desinfetante, chegando ao nariz de Sílvia.Ela tremeu ao ouvir a voz fria de Marcos:- Quer que façam uma cirurgia no seu avô?A voz de Marcos, desprovida
Os pensamentos complexos de Sílvia foram interrompidos pelo som do telefone, e ela atendeu, era Bruna.Sílvia queria sair para atender, mas as luzes do compartimento tinham sido desligadas novamente e, como ela tinha problemas de visão, não ousou se mover. Então, atendeu ali mesmo a chamada de Bruna.- Confessa! Onde você está agora? - A voz animada de Bruna surgiu de repente.Fazendo Sílvia hesitar. - Estou fora.Bruna insistiu.- Você está com o Enrico, não está? O deixe atender, tentei ligar para ele várias vezes com o Yuri, e ele não atendeu nenhuma! Precisamos falar com ele.- Não, não estou com ele.Bruna ficou confusa.- Então, por que ele não atende o telefone? Ligamos várias vezes, você sabe onde ele está?Sílvia franzia a testa; Enrico não era de ignorar ligações intencionalmente.Ela refletiu e respondeu:- Talvez ele esteja ocupado agora.No entanto, apesar de sua resposta, ela se recordou do tom sério de Enrico naquela manhã, mencionando que Felipe não seria de ajuda.Era
Ela levantou os olhos e viu que Marcos já estava de pé, olhando ela sem expressão.Um momento depois, o observou pegar o celular, lançando um olhar desinteressado.- Vai comprar algo para mim.Sua voz era monótona, mas Sílvia sentiu um alívio, embora não acreditasse que Marcos estivesse tentando protegê-la intencionalmente.De qualquer forma, sair era muito melhor do que continuar ali.Ela não apreciava aquele ambiente, que a fazia se sentir inconscientemente abandonada.Contudo, Jorge, de maneira relaxada, olhou para Marcos e ironizou:- Está mandando ela embora de propósito?Sílvia hesitou por um momento, antes de ouvir Marcos dizer, com calma:- Apenas a enviei para comprar um bolo.Sílvia lançou um olhar para Marcos, sabendo que ele não gostava de doces.Jorge, lançando um olhar oblíquo para Sílvia, ao escutar as palavras de Marcos, arqueou as sobrancelhas, questionando:- Juliana quer comer bolo?Marcos confirmou com um aceno.A ironia no rosto de Jorge se intensificou, ele voltou
Sílvia olhava para ele, sem dizer uma palavra, sentindo uma dor aguda no peito.- Então, o que mais você quer? - A máscara de indiferença que sempre usava parecia rachar, revelando um vislumbre de perplexidade e desamparo, enquanto murmurava baixinho. - O que mais eu poderia fazer?Marcos olhava para baixo, sua voz pouco expressiva:- Isso não é a sua especialidade? - Ele se recostou um pouco, seus olhos ficando ligeiramente pesados. - Você não é a melhor em agradar as pessoas, Henrique, Enrico?Ele a olhava, levantando a mão até a gola de sua camisa, seus dedos longos e relaxados desabotoando aqueles dois botões de forma displicente.Seu olhar era sem qualquer emoção, mas suas palavras eram como uma faca cravando no coração de Sílvia.- Sílvia, não precisa fingir inocência diante de mim.O espaço apertado do carro permitia apenas que se ouvissem suas respirações.Sílvia, com as mãos no volante, o apertava fortemente, sentindo um impulso de abrir a porta e fugir, como se não conseguiss