Ela estava sentada no banco do corredor do hospital, pálida, e o celular havia se desligado sem que percebesse.As palavras de Felipe ecoavam em sua mente, se alternando com a imagem de seu avô deitado na cama do hospital, cercado por tubos.A garganta de Sílvia se apertava, como se estivesse sendo estrangulada, e respirar parecia exigir um esforço imenso.Seu rosto, frio e úmido, foi tocado por ela, meio anestesiada, sentindo as lágrimas.Estava chorando?Sílvia olhou para a ponta dos dedos úmidos, distraída.Marcos estava certo; ela realmente se superestimava, pensando que poderia influenciar Felipe, que poderia fazer seu avô melhorar.Como isso seria possível?Os ombros de Sílvia desabaram, e seus longos cabelos caíram ao lado do rosto, ocultando sua expressão e visão.Passos se aproximavam, e uma frieza familiar cortou o aroma de desinfetante, chegando ao nariz de Sílvia.Ela tremeu ao ouvir a voz fria de Marcos:- Quer que façam uma cirurgia no seu avô?A voz de Marcos, desprovida
Os pensamentos complexos de Sílvia foram interrompidos pelo som do telefone, e ela atendeu, era Bruna.Sílvia queria sair para atender, mas as luzes do compartimento tinham sido desligadas novamente e, como ela tinha problemas de visão, não ousou se mover. Então, atendeu ali mesmo a chamada de Bruna.- Confessa! Onde você está agora? - A voz animada de Bruna surgiu de repente.Fazendo Sílvia hesitar. - Estou fora.Bruna insistiu.- Você está com o Enrico, não está? O deixe atender, tentei ligar para ele várias vezes com o Yuri, e ele não atendeu nenhuma! Precisamos falar com ele.- Não, não estou com ele.Bruna ficou confusa.- Então, por que ele não atende o telefone? Ligamos várias vezes, você sabe onde ele está?Sílvia franzia a testa; Enrico não era de ignorar ligações intencionalmente.Ela refletiu e respondeu:- Talvez ele esteja ocupado agora.No entanto, apesar de sua resposta, ela se recordou do tom sério de Enrico naquela manhã, mencionando que Felipe não seria de ajuda.Era
Ela levantou os olhos e viu que Marcos já estava de pé, olhando ela sem expressão.Um momento depois, o observou pegar o celular, lançando um olhar desinteressado.- Vai comprar algo para mim.Sua voz era monótona, mas Sílvia sentiu um alívio, embora não acreditasse que Marcos estivesse tentando protegê-la intencionalmente.De qualquer forma, sair era muito melhor do que continuar ali.Ela não apreciava aquele ambiente, que a fazia se sentir inconscientemente abandonada.Contudo, Jorge, de maneira relaxada, olhou para Marcos e ironizou:- Está mandando ela embora de propósito?Sílvia hesitou por um momento, antes de ouvir Marcos dizer, com calma:- Apenas a enviei para comprar um bolo.Sílvia lançou um olhar para Marcos, sabendo que ele não gostava de doces.Jorge, lançando um olhar oblíquo para Sílvia, ao escutar as palavras de Marcos, arqueou as sobrancelhas, questionando:- Juliana quer comer bolo?Marcos confirmou com um aceno.A ironia no rosto de Jorge se intensificou, ele voltou
Sílvia olhava para ele, sem dizer uma palavra, sentindo uma dor aguda no peito.- Então, o que mais você quer? - A máscara de indiferença que sempre usava parecia rachar, revelando um vislumbre de perplexidade e desamparo, enquanto murmurava baixinho. - O que mais eu poderia fazer?Marcos olhava para baixo, sua voz pouco expressiva:- Isso não é a sua especialidade? - Ele se recostou um pouco, seus olhos ficando ligeiramente pesados. - Você não é a melhor em agradar as pessoas, Henrique, Enrico?Ele a olhava, levantando a mão até a gola de sua camisa, seus dedos longos e relaxados desabotoando aqueles dois botões de forma displicente.Seu olhar era sem qualquer emoção, mas suas palavras eram como uma faca cravando no coração de Sílvia.- Sílvia, não precisa fingir inocência diante de mim.O espaço apertado do carro permitia apenas que se ouvissem suas respirações.Sílvia, com as mãos no volante, o apertava fortemente, sentindo um impulso de abrir a porta e fugir, como se não conseguiss
Sílvia estava com a mente tumultuada e, ao chegar à porta da mansão, respirou fundo, tentando controlar suas emoções.No momento em que desceu do carro, por coincidência, encontrou Enrico voltando.Enrico, com um leve ar de cansaço no olhar, ficou surpreso ao vê-la. Logo em seguida, perguntou com uma expressão preocupada:- Como estão as coisas com seu avô?Sílvia respondeu:- Vou encontrar outra solução.- Desculpe, é problema meu. - Enrico suspirou suavemente.Havia muitos anos que ele não visitava a família Santana. Seu retorno agora foi motivado por razões de trabalho, e já fazia tempo que não tinha contato com eles.Se lembrava de que sua tia tinha alguma conexão com a família Fernandes, razão pela qual ligou pedindo sua ajuda. No entanto, não esperava que Felipe recusasse tão categoricamente.- Estou grata pela sua disposição em ajudar. - Disse Sílvia. - É um problema meu, e eu encontrarei outra solução.Desde o início, a situação com seu avô não tinha relação com Enrico. Sílvi
- Yago já me contou tudo. - No escritório, Isabelly esfregava as mãos, olhando cuidadosamente para o jovem homem à sua frente.Marcos estava sentado atrás da mesa de trabalho, com uma expressão fria e cansada. Seus olhos escuros examinavam Isabelly, cheios de ironia.Por um momento, ele soltou um riso de desprezo e começou a falar friamente:- Sílvia sabe que você veio me procurar?Isabelly também não estava passando por dias fáceis. Seu pai ficou tão irritado que acabou no hospital, e sua filha também estava internada. Yago ainda ligava todos os dias para pressioná-la.Ela olhou para Marcos com uma expressão sofrida e disse, hesitante:- Presidente Marcos, é uma grande sorte para a Síl ter um chefe como você. Eu não deveria ter causado problemas na sua empresa antes. Peço desculpas, eu peço desculpas a vocês. - Ela continuou. - E já que você estava disposto a ajudá-la antes, não poderia ajudá-la agora também?- Ajudá-la? - Marcos batia com a ponta dos dedos na mesa, seu tom era ind
A voz de Marcos estava fria; Sílvia apenas sorriu levemente nos lábios e, sem dizer nada, saiu puxando Isabelly.Já era hora de trabalhar, e lá fora, Juliana, Júlia e Ana já se encontravam.O fato de Isabelly ter procurado Marcos tão cedo já havia se espalhado pela empresa. Ao ver Sílvia puxando Isabelly para fora, Juliana deu um sorriso suave e disse:- Síl, afinal de contas, isto é uma empresa. Acho que você deveria falar com a tia sobre isso, é melhor não vir correndo para cá sem pensar. - Seu desdém por Sílvia era evidente, marcado por um sorriso sarcástico. - Ainda bem que desta vez, eu e o presidente Marcos encontramos a tia. Do contrário, se numa próxima vez a tia fosse barrada pelos seguranças e expulsa, seria uma situação embaraçosa.Sílvia, não se sentindo bem, mas sem energia para discutir com Juliana, ainda segurava Isabelly pela mão, sentindo a dor se espalhar.E Isabelly, sem perceber a tensão, ainda tentava falar com Juliana, enquanto era segurada por Sílvia:- É, realm
Era uma chamada de Íris.Íris raramente ligava para ela, preferindo entrar em contato pelo Facebook, e, além disso, naquela manhã, quando ela foi embora, ambos sabiam que ela estava a caminho do hospital.Devido ao que escutou sobre o estúdio ontem, ao notar a chamada de Íris, Sílvia instintivamente sentiu um mau pressentimento.Após observar Isabelly sair do carro, Sílvia finalmente atendeu o telefone.Logo que a ligação se estabeleceu, ela captou o tom um tanto sério na voz de Íris.- Síl, você ainda está no hospital?- Não, o que aconteceu?- Nosso departamento organizou uma reunião de emergência, sobre uma colaboração importante. Viemos às pressas e esquecemos um documento. Poderia trazê-lo para nós?Devido à sua participação financeira, Sílvia já estava vinculada ao estúdio, não como uma empregada oficial, mas como colaboradora externa.Ela respondeu:- Me envie o endereço, levarei para você em breve.- Precisa ser rápido, a reunião começa à uma.Eram apenas meio-dia e, com a chuv