Ela levantou os olhos e viu que Marcos já estava de pé, olhando ela sem expressão.Um momento depois, o observou pegar o celular, lançando um olhar desinteressado.- Vai comprar algo para mim.Sua voz era monótona, mas Sílvia sentiu um alívio, embora não acreditasse que Marcos estivesse tentando protegê-la intencionalmente.De qualquer forma, sair era muito melhor do que continuar ali.Ela não apreciava aquele ambiente, que a fazia se sentir inconscientemente abandonada.Contudo, Jorge, de maneira relaxada, olhou para Marcos e ironizou:- Está mandando ela embora de propósito?Sílvia hesitou por um momento, antes de ouvir Marcos dizer, com calma:- Apenas a enviei para comprar um bolo.Sílvia lançou um olhar para Marcos, sabendo que ele não gostava de doces.Jorge, lançando um olhar oblíquo para Sílvia, ao escutar as palavras de Marcos, arqueou as sobrancelhas, questionando:- Juliana quer comer bolo?Marcos confirmou com um aceno.A ironia no rosto de Jorge se intensificou, ele voltou
Sílvia olhava para ele, sem dizer uma palavra, sentindo uma dor aguda no peito.- Então, o que mais você quer? - A máscara de indiferença que sempre usava parecia rachar, revelando um vislumbre de perplexidade e desamparo, enquanto murmurava baixinho. - O que mais eu poderia fazer?Marcos olhava para baixo, sua voz pouco expressiva:- Isso não é a sua especialidade? - Ele se recostou um pouco, seus olhos ficando ligeiramente pesados. - Você não é a melhor em agradar as pessoas, Henrique, Enrico?Ele a olhava, levantando a mão até a gola de sua camisa, seus dedos longos e relaxados desabotoando aqueles dois botões de forma displicente.Seu olhar era sem qualquer emoção, mas suas palavras eram como uma faca cravando no coração de Sílvia.- Sílvia, não precisa fingir inocência diante de mim.O espaço apertado do carro permitia apenas que se ouvissem suas respirações.Sílvia, com as mãos no volante, o apertava fortemente, sentindo um impulso de abrir a porta e fugir, como se não conseguiss
Sílvia estava com a mente tumultuada e, ao chegar à porta da mansão, respirou fundo, tentando controlar suas emoções.No momento em que desceu do carro, por coincidência, encontrou Enrico voltando.Enrico, com um leve ar de cansaço no olhar, ficou surpreso ao vê-la. Logo em seguida, perguntou com uma expressão preocupada:- Como estão as coisas com seu avô?Sílvia respondeu:- Vou encontrar outra solução.- Desculpe, é problema meu. - Enrico suspirou suavemente.Havia muitos anos que ele não visitava a família Santana. Seu retorno agora foi motivado por razões de trabalho, e já fazia tempo que não tinha contato com eles.Se lembrava de que sua tia tinha alguma conexão com a família Fernandes, razão pela qual ligou pedindo sua ajuda. No entanto, não esperava que Felipe recusasse tão categoricamente.- Estou grata pela sua disposição em ajudar. - Disse Sílvia. - É um problema meu, e eu encontrarei outra solução.Desde o início, a situação com seu avô não tinha relação com Enrico. Sílvi
- Yago já me contou tudo. - No escritório, Isabelly esfregava as mãos, olhando cuidadosamente para o jovem homem à sua frente.Marcos estava sentado atrás da mesa de trabalho, com uma expressão fria e cansada. Seus olhos escuros examinavam Isabelly, cheios de ironia.Por um momento, ele soltou um riso de desprezo e começou a falar friamente:- Sílvia sabe que você veio me procurar?Isabelly também não estava passando por dias fáceis. Seu pai ficou tão irritado que acabou no hospital, e sua filha também estava internada. Yago ainda ligava todos os dias para pressioná-la.Ela olhou para Marcos com uma expressão sofrida e disse, hesitante:- Presidente Marcos, é uma grande sorte para a Síl ter um chefe como você. Eu não deveria ter causado problemas na sua empresa antes. Peço desculpas, eu peço desculpas a vocês. - Ela continuou. - E já que você estava disposto a ajudá-la antes, não poderia ajudá-la agora também?- Ajudá-la? - Marcos batia com a ponta dos dedos na mesa, seu tom era ind
A voz de Marcos estava fria; Sílvia apenas sorriu levemente nos lábios e, sem dizer nada, saiu puxando Isabelly.Já era hora de trabalhar, e lá fora, Juliana, Júlia e Ana já se encontravam.O fato de Isabelly ter procurado Marcos tão cedo já havia se espalhado pela empresa. Ao ver Sílvia puxando Isabelly para fora, Juliana deu um sorriso suave e disse:- Síl, afinal de contas, isto é uma empresa. Acho que você deveria falar com a tia sobre isso, é melhor não vir correndo para cá sem pensar. - Seu desdém por Sílvia era evidente, marcado por um sorriso sarcástico. - Ainda bem que desta vez, eu e o presidente Marcos encontramos a tia. Do contrário, se numa próxima vez a tia fosse barrada pelos seguranças e expulsa, seria uma situação embaraçosa.Sílvia, não se sentindo bem, mas sem energia para discutir com Juliana, ainda segurava Isabelly pela mão, sentindo a dor se espalhar.E Isabelly, sem perceber a tensão, ainda tentava falar com Juliana, enquanto era segurada por Sílvia:- É, realm
Era uma chamada de Íris.Íris raramente ligava para ela, preferindo entrar em contato pelo Facebook, e, além disso, naquela manhã, quando ela foi embora, ambos sabiam que ela estava a caminho do hospital.Devido ao que escutou sobre o estúdio ontem, ao notar a chamada de Íris, Sílvia instintivamente sentiu um mau pressentimento.Após observar Isabelly sair do carro, Sílvia finalmente atendeu o telefone.Logo que a ligação se estabeleceu, ela captou o tom um tanto sério na voz de Íris.- Síl, você ainda está no hospital?- Não, o que aconteceu?- Nosso departamento organizou uma reunião de emergência, sobre uma colaboração importante. Viemos às pressas e esquecemos um documento. Poderia trazê-lo para nós?Devido à sua participação financeira, Sílvia já estava vinculada ao estúdio, não como uma empregada oficial, mas como colaboradora externa.Ela respondeu:- Me envie o endereço, levarei para você em breve.- Precisa ser rápido, a reunião começa à uma.Eram apenas meio-dia e, com a chuv
Emanuel, embora com uma expressão serena no rosto, apresentava um tom provocativo na voz.Sílvia o observava e, mesmo mantendo o rosto calmo, o desprezo em seus olhos era evidente.Contudo, Emanuel agia como se não percebesse, ou melhor, como se percebesse e estivesse deliberadamente tentando provocá-la. Disse, sorrindo.- Se você não tem para onde ir agora, talvez eu possa oferecer a ela abrigo.Os responsáveis pelo departamento já haviam saído, e agora, no auditório, apenas Enrico, eles, Lisa e Emanuel ficavam.Emanuel lançou um olhar arrogante para Enrico, mas seu olhar se suavizou ao se voltar para Sílvia:- Pense no assunto, estou à espera de sua resposta a qualquer momento. - Ele fez uma pausa antes de continuar. - Afinal, você sabe, sempre a admirei.Mas deu uma ênfase especial à palavra admiração, tornando seu significado duvidoso.O frio nos olhos de Sílvia se intensificou, e ela zombou:- Sua admiração é algo que a maioria das pessoas não suportaria.Para ser honesta, encont
Sílvia baixou os olhos, e seu rosto endureceu ligeiramente.Era uma mensagem de transferência bancária, e a quantia não era pequena; era o cartão do banco pelo qual o Grupo LH costumava pagar a ela o salário.No segundo seguinte, o telefone de Maia tocou, e Sílvia se afastou para atender.- Você recebeu o dinheiro? É o seu salário deste mês, mais os bônus de alguns projetos anteriores que não tinham sido finalizados, além de algumas questões relacionadas ao contrato de não concorrência. Confira o valor, e se houver algum problema, me avise. Estou aqui com o departamento financeiro agora. Disse Sílvia.- Por que tanto dinheiro?Ela realmente tinha alguns bônus de projetos anteriores que não tinham sido pagos, mas mesmo assim, o total não deveria ser tanto.Maia disse, de forma um tanto estranha:- Inclui também a compensação pela sua demissão.Eles também acharam estranho, pois os procedimentos de desligamento de Sílvia seriam finalizados em alguns dias, mas, de repente, o Presidente M