Ava.Acordei em um quarto branco, olhei em volta e respirei fundo algumas vezes. A dor alucinante na minha perna me fez tremer um pouco.Desde que levei o tiro, tenho estado na casa de Giovanna - a primeira Dama italiana. Ela é uma ótima amiga e companhia e sinto que posso confiar nela. Ela até me permitiu enviar uma carta para Nikolai.Penso todos os dias na promessa que ela me fez de tomar conta do meu filho e de protegê-lo se eu não pudesse sair dessa.Meu coração doía sempre que eu pensava em Nikolai, eu o amava com todas as minhas forças. Eu só queria voltar para casa.Olhei para a minha barriga um pouco redonda e sorri fraco, acariciando-a devagar. Eu me sentia menos sozinha com ela daqui. Sim, ela!Eu queria tanto que fosse uma menina e a tratava como uma, mesmo que eu fosse amar tanto quanto se vier um menino. Imagina ela com os olhos de Nikolai, as bochechas rosadas, os meus cabelos escuros e a boca carnuda.Eu queria que ela fosse forte e corajosa como o pai, queria que foss
Nikolai.Minha cabeça estava explodindo. Eu havia lido e relido a carta um milhão de vezes. Nenhuma prova, nenhum endereço, nada.Eu estava me sentindo um inútil, um infeliz que sequer conseguia encontrar a mulher que amava. A cada dia que passava, eu sentia ainda mais medo de nunca mais me encontrar com Ava, de nunca mais encontrar o meu filho.Lembro-me do trecho da carta que dizia que Ava estava próxima de Giovanna e imaginei que estivesse na casa principal, escondida em algum lugar e procurando algo, mas foi em vão. Mandei quase uma tropa inteira até lá e encontramos um grande vazio, conseguindo arrumar um ou dois informantes, que com muita sorte, me contrariam onde estavam.Eu precisava de uma informação, um luz, alguma coisa. Eu precisava encontrá-la, cada dia era uma grande tortura.O ódio me corroía por dentro, a dor e a culp
AvaA porta foi aberta com força, fazendo-me encolher na cama e encarar os homens parados na porta.O pânico começou a me corroer por dentro enquanto eles se aproximavam a passos largos de mim. Senti a vontade de gritar, mas o medo de piorar a situação foi maior, eu tinha que proteger o meu filho.Encarei o homem que me olhou com certo nojo e me puxou pelo braço, me fazendo levantar da cama rapidamente, sentindo a pontada dos pontos na perna.Dei um grito pela dor e ele Murmurou raivoso, segurando o meu braço com um pouco mais de força. O homem começou a me puxar para fora do carro rapidamente, fazendo-me pular com uma perna só pelo enorme corredor.Um grito agudo e estridente ecoou pelo corredor e eu olhei para trá
Nikolai.Toquei o meu rosto e respirei fundo, passando o barbeador no rosto e me livrando dos pêlos grande e grossos que cresciam na minha bochecha.Ouvi uma batida alta na porta do meu quarto e ignorei, terminando de retirar a espuma de barbear no meu rosto.Um Dimitry com os cabelos desgrenhados e rosto sorridente entrou no meu quarto como um furacão, fazendo com que eu me assustasse e acabasse cortando a minha bochecha.— Porra, Dimitry. — Murmurei, vendo o pouco sangue escorrer pelo meu rosto. — O que você está fazendo na minha casa a essa hora?— Não que seja da sua conta. — Ele encostou no batente da minha porta. — Mas a Lindy acordou.Dei um sorriso aberto para ele e o abracei fraco, dando dois tapas frac
NIkolai.Conferi as balas da arma que estava em minhas mãos pela quinquagésima vez seguida. Estava nervoso, batendo o pé e tentando gritar ordens.O avião havia pousado a pouco mais de duas horas, tinha medo de estarem esgotados, mas na verdade, estavam acelerados e de olhos bem abertos.Engoli um copo de Whisky e senti o líquido queimar a minha garganta e aquecer todo o meu corpo de uma vez.Eu estava nervoso e cansado, a alguns dias eu não dormia e me perguntava sempre quando tu isso acabaria. Eu queria estar em êxtase.- Estamos quase prontos, quer beber um café? - Dimitry perguntou, se sentando ao meu lado.Pensei na possibilidade, a dias eu mal comia direito. Beliscava coisas aqui e ali, mas sempre que me sentava a mesa pra jantar, não conseguia comer. O lugar dela estava vago, assim como todas as outras vezes durante esse mês.Passei a
Nikolai.O corredor era extenso e escuro, além de um pouco sujo. A arma estava me punho e destravada, eu mantinha os dedos no gatilho. Qualquer movimento e eu não pensaria duas vezes antes de atirar em alguém — seja lá quem fosse.Os homens atrás de mim andavam andavam a passos vagorosos, olhando para os dois lados e mirando para todas portas.Uma porta um pouco desgastada foi vista ao fundo, olhei para trás e apontei com dois dedos na direção.Quando cheguei até girei a maçaneta e empurrei a porta, sem sucesso. Estava trancada. O lugar estava silencioso, dei um chute forte na porta, fazendo-a cair para dentro e voar escada a baixo.O barulho ecoou pelo lugar escuro e com cheiro de umidade. A única luz presente vinha de pequenas
Nikolai.A enfermeira terminou de fazer o último ponto no meu braço e deu um sorriso fraco, pegando uma faixa e o enfaixando por completo.Gemi um pouco sentado sobre a maca e encarei o lugar branco, com paredes longas e extensas.Ainda estávamos na Itália — era um risco, mas um que eu precisava correr. Eu não podia viajar por aí com uma bala enfiada no meu ombro.Em um acordo com Giovanna, uma recém viúva, ela me garantiu que nos deixaria fugir e depois não garantiria nada — nem mesmo que seus filhos não pediriam vingança.Talvez, se eu tivesse um pai bondoso, eu tivesse o mesmo sentimentos que os bastardos, mas não tinha e não ligava para a saúde de Vladimir o suficiente, eu mesmo o matei, afinal.Quando terminamos, fomos deixados sozinhos dentro do quarto do hospital. Ava estava sentada em um dos cantos,
“Eu estou cansado! Cansado de toda a desgraça de Vladimir voltar para me assombrar. Ele me jogou na lama!” —Nikolai.— x —Nikolai.Ava me deu um sorriso fraco e passou a mão na barriga enquanto engoli um copo de iogurte e um bocado de cereais da Nesquik.Suas pernas estavam dobradas e suas costas apoiadas na cabeceira da cama, enquanto encarava a televisão atentamente.Suas mãos acariciaram a sua barriga um pouco maior agora — em seus belos quatro meses de gestação. Ela pegou o controle remoto e trocou os canais, suspirando frustrada.— Não consigo achar nada de bom nesses canais russos. — Ela fez uma careta.