Sobre a lenha do fogão uma panela de barro. Dentro fulmegava água e um tipo de erva que Bertha desconhecia, que segundo Madame Irlanda, a planta é oriunda da América do Sul.
As lágrimas eram inevitáveis, ao menos ali longe dos olhos de Dilany, esboçava sua real tristeza. Sem que afetasse ainda mais a moça que acabara de perder parte do seu ser..
Enquanto mexia a ebulição, Bertha sentiu uma mão pousar em seu ombro. Madame Irlanda é quem chegava por ali e assim constatar que o chá de aroeira estava pronto.
"Vens comigo? Aguardamos ao lado de Dilany enquanto o chá esfria e Cícero volte do empório com o borrifador."
Com as mãos, Bertha enxuga as lágrimas insistentes e se recusa. "Não serei uma boa companhia nesse momento para minha filha. Acalmarei-me primeiro."
"Como queiras." Respondeu a curandeira. Ao atravessar os fios de madeira que dividia a minúscula cozinha dos outros cômodos, Irlanda chamo
"Eu saí de dentro de uma casca que não me pertencia, mas nunca nesses meus 18 anos me senti tão presa quanto me sinto agora."Bertha balança a cabeça em negativo. "Toda essa confusão que está sentindo é culpa do seu pai e minha. Fomos ingênuos em achar que te colocar em um par de botas e uma calça iria lhe proteger do mundo.""Não se culpe minha mãe. Me protegeram sim de ficar sem um pedaço do seio, ou de ser enterrada em uma cova rasa ou jogada do penhasco da cachoeira de cristais. Fizeram o melhor que puderam.""Em compensação, não protegemos sua mente. A criamos como cavalheiro e pensas como um.""E o que tem de mal nisto!? Homens e mulheres tem suas diferenças eu sei. O que não aceito é para os homens os direitos e para nós somente os deveres.""O que pensas que vai acontecer com uma moça sozinha em um reino? Realmente crês que o rei que lhe prometeu exílio, vai lhe tratar como filha? Possa
Existia um desconforto da parte de Dilany, afinal o homem de vestimentas finas e elegante, estava sentado no estofado de palha seca, revestido de couro animal, que em sua casa era usado como sofá.Bertha havia ido a plantação avisar a Salvador para que não venha acontecer nenhuma surpresa.O rei Giron olhava Dilany com admiração, apesar de achar estranho da moça lhe atender de calças com bainhas dobradas e blusão. Nunca havia visto uma mulher trajando roupas masculinas. "Entendo perfeitamente porquê meu filho escolheu a vós. Não poderia ser diferente. Cristóvam jamais se casaria com uma sinhazinha mimada cheia de laços e fitas.""Ele me disse isso bastante vezes. Foi difícil eu crer nele. Cris era muito bom para ser real.""Sim. Por isso não consigo entender como podem ter feito mal a ele. Não foi só roubo, foi ódio. É por isso que estou aqui senhorita, para saber se há algo que tu saibas que possamos fa
Na igreja do pastor Calixto o caos era total. A cada meia hora uma mãe diferente chegava para falar do sequestro de uma filha.Um grupo de homens parentes das crianças sairam em uma busca incessante. As mães foram até a igreja em busca de fazer as preces para que ajude através da fé. Em um lugar aonde a lei só serve para ajudar aos nobres e ricos, as famílias não tinham para onde ou quem recorrer.👑👑👑👑👑Cícero não conseguiu galopar, depois do dia esgotante de trabalho, preferiu ir para casa com o carro de carga, seria menos cansativo.No outro dia teria reclamação dos guardas, ele já sabia. Sua condição física não lhe permitia uma excussão perfei
Triana, a filha do meio da família Nogrino, acordou em um breu total. A escuridão não permitia que visse nada, sentia um cheiro forte e ferroso. Era Jovem, quinze anos ainda, quase uma menina. Não tinha idéia que o odor que invadia suas narinas, era proveniente do sangue derramado pelos corpos caídos ao chão.Em sua mente começou a chegar às memórias das horas de terror que passara. Lembrara da maneira que fora tirada de casa, o nome que ela ouvira, a morte de um homem e como foi dolorido ver todas as meninas sendo mortas com lâminas no pescoço.Passou a mão sentindo o corte que lhe atravessou a pele, por sorte o golpe que levara não atingiu o pescoço. Atingira o braço na altura do ombro. Esperaria clarear um pouco para tentar sair dali.Sentia-se apavorada, o mais perto que chegara da morte, era vê os pobre
Bertha adentrou o cômodo de Dilany esbaforida. Freou um pouco ao perceber que nem o barulho acentuado da cortina fez a jovem virar-se da posição que estava.Aquela situação já lhe preocupara, sua filha não tinha ânimo para nada."Dilany chamaram no portão, quando olhei pela ventana não pude crer.""Quem é mãe?" Pergunta apática."A rainha e aquele guarda que usa a farda diferente dos demais.""Catléya e Corvel!" Estranha achando improvável."Sim Corvel e a duquesa Massara, esqueço que ela não é mais a rainha." Se explica. "Estou com medo de atender.""Porquê?""Ontem para salvar a vida do pastor Calixto. Salvador revelou-se ao médico da cidade. De repente ele já contou a ela.""Não tens do que temer mãezinha. Se ela veio atrás do filho diga aonde ele está e problema resolvido.""As coisas não são assim Dilany. Salva
Via sim amontoado de corpos do lugar da onde veio. Muitas das vezes não tinha como mandar seus entes queridos de voltas aos familiares, para que lhe dessem um funeral descente.Inúmeras vezes cavou uma cova rasa para sepultar um companheiro de farda. Já teve que fazer fogueira de corpos, era o que a situação inclinava no momento.Na guerra a situação sempre foi devastadora. Entretanto seus 560 dias de guerra ficaram minúsculos no mesmo instante em que que Nikolai abriu a porta.Sua filha estava a salvo, sentia-se agradecido por isso. Mas não apagava a tristeza e impotência de não ter chegado a tempo. Da onde Nikolai vem seu povo é conhecido como frio. Entretanto nenhum senso comum regeria sua vida e atitude naquele instante.Odor da morte lhe era familiar mas as lembranças que tem junto ao cheiro fétido são de homens em batalha nunca de meninas na qual ele vivia no culto de domingo.Saiu do tra
O suor era frio, escorria pelo rosto de traços finos de Triana. As mãos trêmulas esfregavam-se uma na outra. Seu corpo estava gélido, a única parte aquecida era o estômago que lhe queimava cada vez que seu pai tentava saber os detalhes dos fatos que a afligiam."Filha papai não quer te forçar nada. Mas outras meninas correm perigo." Nikolai ajoelhado diante da filha argumenta.A casa de Calixto era uma das melhores das classes baixas de Arbória. Ter feito parte do clero lhe rendeu alguns frutos. Uma casa grande e arejada, plantar para si próprio, criar animais sem ter de dar 90% para o reino.Lauriano pai de Maria o mais sereno entre todos os pais, foi o escolhido para representar os demais. Ficou acertado que somente ele acompanharia a conversa de Nikolai e Triana. Como sempre Jofram se impôs contrário, porém com aceitação dos demais teve de resignar-seTriana estava senta em uma poltrona robusta de estofado
René aceitou receber Nikolai e Lauriano. Sentava por detrás da mesa do rei como foras sua. Entre uma baforada de tabaco no ar e um gole de vinho, ouvia sem dar muita importância para o que os pais falavam.No momento em que Nikolai questionou aonde estaria Nuno, o duque deixou de ser tão inexpressivo."O que insinuas perguntando pelo rei?""Tinha um homem de sua guarda morto no meio das meninas. Não achas no mínimo intrigante." Responde Lauriano."Para mim está claro feito água. Ele deve ter visto algo suspeito, ido atrás e o mataram. Morreu como herói.""Pareces fazer pouco caso de uma tragédia." Se irrita Nikolai. "Há indícios que tenha mais guardas metidos nesta história. Eu exigi saber aonde está o rei.""Aqui não exiges nada, mas se queres saber do rei, deve