Narrado por Alora A escuridão ao meu redor era profunda, mas não assustadora. Era como se eu estivesse flutuando em um vazio sem fim, onde o tempo não tinha significado. Eu não sentia dor, não sentia medo. Apenas um cansaço, como se o peso de todas as minhas lutas finalmente tivesse me alcançado.De repente, uma luz fraca começou a se formar à distância, um brilho dourado que parecia pulsar como um coração batendo. Aproximei-me, ou talvez a luz estivesse vindo até mim. Era difícil dizer. Quando finalmente se tornou clara, percebi que não estava sozinha.Uma figura surgiu da luz. Seu rosto… era familiar, mas parecia pertencer a uma memória distante, como se eu já tivesse visto aqueles olhos calorosos em algum lugar, muito tempo atrás.— Alora. — A voz era gentil, quase um sussurro. — Você lutou tanto, minha querida.— Quem é você ? — perguntei, minha voz ecoando no vazio.— Sou alguém que te amou antes mesmo de você nascer, alguém que sempre esteve com você, mesmo quando você não sabi
Narrado por Elion As semanas passavam como um borrão, mas o tempo parecia congelado para mim. Alora ainda não havia mostrado nenhum sinal de que acordaria, e cada dia sem sua voz, sem o brilho de seus olhos, era uma tortura silenciosa. Todos os dias, eu ia ao hospital. E, todos os dias, George estava lá, inabalável, ao lado dela. A vida dele agora era vigiar e proteger Alora, como se temesse que, ao deixá-la por um momento sequer, ela pudesse desaparecer de vez.Enquanto isso, eu cuidava do que precisava ser feito. A máfia não parava, e meu foco era garantir que Samuel pagasse por cada atrocidade que cometeu. Todos os dias, alguém que sofreu em suas mãos tinha a oportunidade de torturá-lo, mas sob uma regra clara: ninguém podia matá-lo. Esse prazer era reservado para mim, para George e para Alora, quando ela estivesse pronta.Samuel estava sendo destruído lentamente, não apenas fisicamente, mas mentalmente. Ele sentia o peso de suas ações a cada segundo que passava, e isso era apenas
Narrado por George Os dias no hospital pareciam se arrastar, cada minuto mais longo que o anterior. Sentado ao lado da cama de Alora, eu observava sua respiração lenta e ritmada. Era um som que deveria me trazer conforto, mas só fazia lembrar o quão perto ela esteve da morte. Meu coração doía ao ver minha neta tão vulnerável, mas ao mesmo tempo, era um lembrete de que ela ainda estava aqui, ainda lutando.Eu sabia que a luta dela não tinha acabado. Nem mesmo em um estado inconsciente Alora parecia descansar. Talvez fosse a marca do sangue que corria em suas veias, um legado de resiliência, de batalha, de sobrevivência. Ver as lágrimas escorrendo pelos seus olhos mesmo em coma me despedaçou de uma forma que anos de tortura física nunca conseguiram. Essas lágrimas silenciosas eram um grito que eu não podia decifrar, mas que me deixavam acordado durante a noite.A cada instante, eu me perguntava o que se passava na mente dela. O que ela estava enfrentando para que suas emoções transbord
Narrado por Alora Ainda perdida na escuridão dentro de mim mesma, eu tentava desesperadamente encontrar a luz que me levaria para casa. Era como caminhar em um labirinto sem fim, onde cada direção parecia errada e cada passo me afastava mais. Sentada no meio daquele vazio opressor, sentindo-me tão pequena, um toque repentino interrompeu minha solidão. Era um toque que eu conhecia muito bem, inconfundível. O calor de suas mãos aqueceu o frio ao meu redor, trazendo um conforto que parecia impossível naquele lugar. Meu coração disparou, e então sua voz, grave e cheia de emoção, ecoou ao longe, preenchendo a escuridão como um farol em uma tempestade. — Eu estou aqui, Elion! Eu estou aqui! — gritei desesperadamente, minha voz ecoando no vazio. — Eu quero voltar para casa, para você, para os seus braços! Minhas palavras se perdiam no silêncio sufocante, mas eu não conseguia parar. As lágrimas deslizavam por meu rosto, quentes e incessantes, um reflexo da batalha que eu travava dentr
Narrado por Alora Uma das enfermeiras se aproximou e começou a verificar os aparelhos, enquanto outra colocou a mão em meu ombro, falando com calma:— Alora, nós estamos aqui. Sei que é desconfortável, mas precisamos avaliar você antes de retirar os tubos. Respire fundo, por favor.Eu queria gritar que não conseguia, que o peso em meu peito era sufocante, mas ao olhar para Elion, que segurava minha mão como se aquilo fosse a única coisa que o mantivesse inteiro, tentei me acalmar.Os médicos entraram rapidamente no quarto, seguidos por uma enfermeira que parecia já saber exatamente o que fazer. Elion permaneceu ao meu lado, segurando minha mão com firmeza, como se tivesse medo de que eu fosse desaparecer novamente. Seus olhos estavam cheios de alívio, mas também de preocupação.— Alora, não se mova muito — disse o médico, com uma voz tranquila, mas firme. — Vamos remover os tubos com cuidado. Você esteve inconsciente por muito tempo, então seu corpo ainda está frágil.Assenti levemen
Narrado por ElionAs luzes do hospital piscavam fracamente enquanto eu caminhava pelo corredor estreito, minhas mãos cerradas em punhos ao meu lado. Cada passo ecoava como um martelar em minha cabeça. Ela estava viva. Viva. Era isso que eu repetia a mim mesmo, como se a confirmação pudesse acalmar a tempestade que rugia dentro de mim.Mas não conseguia. Não agora.Quando a vi naquela cama, tão frágil, com tubos e máquinas que pareciam ser as únicas coisas mantendo-a aqui, algo quebrou dentro de mim. Era como se a escuridão que sempre carreguei no peito finalmente tivesse encontrado algo maior para consumir: a minha esperança.Ela me agradeceu. Pediu desculpas. Mas como posso aceitar desculpas por algo que quase me destruiu?Entrei na pequena sala de espera ao lado do quarto dela e fechei a porta. Eu precisava de um momento. Só um.— Elion, você precisa se recompor — murmurei para mim mesmo, o rosto enterrado nas mãos.Mas como posso? Como posso me recompor quando quase a perdi?Eu a a
Narrado por Elion Enquanto eu observava Alora de olhos fechados, tentando descansar, percebi que havia me deixado consumir tanto pela emoção do momento que esqueci completamente de avisar Asael e Havenna que ela havia acordado. A notícia era grande demais para ser guardada apenas comigo, e sabia que eles precisavam saber.Peguei meu telefone e disquei o número de Asael. Ele certamente estaria com Havenna; os dois pareciam inseparáveis nos últimos dias. Após dois toques, sua voz grave e apressada ecoou na linha.— O que aconteceu? Algo errado com Alora? — Asael perguntou de imediato, claramente esperando o pior.— Não, Asael, calma. Ela acordou. — Minha voz estava carregada de um alívio que eu ainda não tinha tido tempo de processar completamente.Do outro lado da linha, houve um momento de silêncio, seguido por um suspiro que parecia carregar toda a tensão acumulada dos últimos dias.— Ela acordou? — repetiu, como se precisasse se certificar de que não estava imaginando coisas.— Sim
Narrado por Alora O som da porta me fez despertar de meus próprios pensamentos. Elion e eu nos separamos rapidamente, e não pude evitar um sorriso quando vi Asael e Havenna entrando no quarto. Eles estavam carregados de balões coloridos e ursos de pelúcia, gestos tão simples, mas que aqueceram meu coração de uma forma que eu não sabia ser possível.Havenna colocou os balões em um canto do quarto, enquanto Asael, sempre exagerado, enchia a sala com sua energia contagiante. Mas o que realmente chamou minha atenção foi o olhar de Havenna. Havia algo diferente, algo que não consegui decifrar naquele momento. Resolvi guardar essa observação para uma conversa mais tranquila depois.— Vocês vieram! — falei, tentando conter a animação, mas falhando miseravelmente. Meu sorriso se abriu, e por um momento esqueci toda a dor e escuridão dos últimos dias.O carinho deles era algo novo para mim, algo que eu nunca tive antes. Eu nunca estive cercada por pessoas que se importavam tanto comigo, nunca