“Por Giovanna Villani”Adentramos o quarto e meu silêncio denuncia a minha indignação. A simples ideia de Matteo retornar a Messina sozinho é inaceitável para mim, especialmente agora que estamos reconstruindo nossa vida juntos, com Lorenzo ao nosso lado.Diante da janela, observo a movimentação lá embaixo, buscando uma maneira de persuadir Matteo a abandonar essa ideia. Seu suspiro pesado rompe o silêncio, indicando que ele está prestes a falar.— Por que é tão difícil para você aceitar a minha preocupação? — Meu marido questiona, insatisfeito. — Você acha que estou feliz com isso? Acha que quero voltar para Messina e deixá-los aqui?— Não estou dizendo que você está feliz! Mas o que pretende? Nos deixar aqui enquanto espera que Luigi apareça? Ou ir atrás dele e acabar se matando em meio a uma guerra?— Você sabe que aqui vocês estarão seguros, ragazza. — Ele afirma, aproximando-se de mim. Sinto suas mãos na minha cintura e ele me vira para encará-lo. — Não quero me separar de vocês,
Os dias se passaram num piscar de olhos, enquanto a ansiedade crescia dentro de mim. Retornar à Itália depois desses meses me traz a sensação de euforia, mas também não consigo ignorar o receio do que virá.Com um misto de emoções se formando pela viagem iminente, caminho pelo apartamento, deixando meus dedos traçarem os contornos dos móveis cobertos com lençóis brancos. As recordações inundam minha mente enquanto passo pelo berço que já abrigara meu precioso bebê, agora vazio e silencioso. As paredes parecem ecoar com os risos e choros do nosso pequeno durante suas primeiras semanas de vida.— Podemos ir, principessa? — A voz de Matteo ecoa pelo quarto, trazendo-me de volta à realidade.— Sim, amore mio. Estava apenas relembrando os dias que passamos aqui. Foram dias especiais.— De fato, inesquecíveis. — ele afirma, rodeando minha cintura com um de seus braços, enquanto sua mão acaricia minha bochecha. — Mas criaremos novas recordações na Sicília, ao lado daqueles que amamos.Com um
“Por Luigi Villani”As luzes coloridas dançam ao ritmo da música pulsante enquanto observo o vaivém dos corpos seminus no palco da boate de striptease. Sentado em uma mesa no canto mais escuro do lugar, contemplo a multidão animada ao meu redor, mas minha mente está em outro lugar. Estou imerso em pensamentos sobre meu próximo movimento.Dia após dia, venho conquistando a confiança necessária para reivindicar aquilo que é meu por direito. Não cheguei tão longe para permitir que Fabrízio usufrua do que, desde o início, deveria ser meu. E se for preciso, irei remover essa última pedra em meu caminho.Dou um gole na minha bebida, observando quando uma das dançarinas se aproxima de mim, o que me faz revirar os olhos.— Gostaria de uma dança particular? — ela pergunta, com a voz sensual. — Te observei a noite toda e gostei de você, então podemos deixar isso como cortesia da casa, o que acha?— Por que a cadelinha no cio não vai se oferecer para outro? Se eu quisesse uma dança, já teria pedi
“Por Giovanna Villani”Algumas semanas se passaram desde nossa volta a Messina. Dias de uma razoável tranquilidade, cercados de familiaridade e, claro, muito amor. No entanto, após essas quase três semanas, a impaciência de Matteo se tornou evidente, o que me deixou apreensiva. Afinal, estando cada vez mais envolvido com os assuntos relacionados à La Tempesta e à empresa, mesmo que ele tente disfarçar, a ideia de permanecer nas sombras desperta a sua inquietação. Determinada a pôr um fim neste tormento chamado Luigi, após o almoço termino de me arrumar, decidida a dar o primeiro passo para atraí-lo. Alguns minutos depois, confiro meu reflexo no espelho. “Isso servirá!” Penso, enquanto passo as mãos no tecido preto do vestido. Respiro fundo e saio do quarto para observar Lorenzo, que dorme tranquilamente em seu berço. Mesmo confiante de que Martina cuidará bem dele, sinto uma pontada de ansiedade ao pensar em deixá-lo pela primeira vez. O coração aperta diante da iminente despedida,
A luz do sol filtrada pelas delicadas cortinas ilumina suavemente o quarto, tingindo-o com tons dourados. Já se passaram quase duas semanas desde que visitei a sede da La Tempesta.Ao meu lado, Matteo dorme tranquilamente; os traços suaves de seu rosto parecem ainda mais serenos enquanto descansa. Observo-o por um momento, deixando-me envolver pela serenidade de sua expressão. Seus cabelos escuros, levemente bagunçados, sua respiração calma e ritmada... É nessas pequenas coisas que encontro a paz que tanto busco em meio ao caos.— Desse jeito, ficarei mal-acostumado. — Meu marido sussurra, ainda de olhos fechados. Ao abri-los, um sorriso ilumina seu rosto.— É impossível não aproveitar essas raras ocasiões em que acordo antes de você. Bom dia, Amore mio.— Bom dia, Principessa. — Ele me saúda, dando-me um beijo na testa antes de me puxar para seu peito.Por alguns minutos, ficamos em silêncio, desfrutando do calor de nossos corpos entrelaçados. O tempo parece desacelerar ao nosso redo
O silêncio do quarto é interrompido apenas pelo som do meu próprio coração acelerado, batendo com força contra o peito. Mantenho-me imóvel, com os ouvidos atentos a cada ruído que ecoa pelo corredor, enquanto procuro uma forma de me acalmar.Respiro profundamente e vou em direção ao closet recém-reformado, conferindo os últimos detalhes. Após alguns breves minutos, ao ouvir um barulho quase imperceptível vindo do quarto, decido que é hora de voltar.Ao retornar ao quarto, por mais que eu tenha me preparado psicologicamente durante esses últimos dias, a visão que me recebe assim que passo pela porta do closet faz com que meu corpo reaja instantaneamente. Luigi está encostado no batente da porta, ostentando seu sorriso macabro.Meus dedos tremem, meu coração dispara descontroladamente e a respiração se torna rápida e rasa, como se o ar se tornasse denso ao meu redor. Apesar disso, não consigo evitar franzir as sobrancelhas ao notar uma cicatriz marcando seu rosto. Uma característica que
“Por Matteo Villani”O cheiro da pólvora ainda paira no ar, enquanto meus olhos se fixam em Luigi, que cambaleia para trás. Instintivamente, ele leva a mão ao ombro atingido, seus olhos injetados de raiva e dor fixam-se em mim com uma intensidade assassina.Mantenho a arma firmemente na mão, atento a qualquer possível movimento, observando Giovanna se abaixar rapidamente para pegar a arma de Luigi, que caiu no chão na hora do impacto. Em seguida, a ragazza corre em minha direção, buscando abrigo atrás de mim.Ao ver Luigi se mexendo novamente, engatilho minha arma, pronto para reagir. No entanto, ao invés de uma possível reação, Luigi se move apenas para olhar o ferimento antes de soltar uma risada irônica, preenchendo o ar tenso com seu deboche.— Ainda escolheram você como Don. Acertar o ombro ao invés do peito... que decepção, Don Matteo! — ele provoca, com um sorriso sarcástico nos lábios, apesar da dor evidente em seu rosto. Retribuo o sorriso, me divertindo com sua provocação en
Luigi, confuso com minhas palavras, abre a boca para retrucar, mas é interrompido pela chegada de Carlo.— Começaram a se divertir sem mim? — O chefe da segurança indaga ao se aproximar, abrindo um sorriso de lado enquanto observa o sangue escorrer pelo supercílio do traidor. — Vê-lo nesse estado me dá a certeza de que os soldados da Cuore Nero são realmente fracos no quesito tortura. Te deixaram apenas com essa simples cicatriz no rosto antes de te enxotar da Sardenha?— Ah, pronto! Era só o que faltava! A cadelinha do Don se uniu à festa. — Luigi provoca, cuspindo sangue antes de continuar a falar. — Por que não traz a putinha da Giovanna também? Adoraria foder aquela boceta!Ao ouvir o nome da minha mulher ser pronunciado dessa maneira, uma onda de fúria percorre meu corpo novamente. Num reflexo rápido, minha mão busca a faca na cintura e, em um movimento preciso, seguro a lâmina afiada contra o seu pescoço, fazendo-o parar de falar imediatamente.Apesar do sorriso sarcástico em se