A luz do sol filtrada pelas delicadas cortinas ilumina suavemente o quarto, tingindo-o com tons dourados. Já se passaram quase duas semanas desde que visitei a sede da La Tempesta.Ao meu lado, Matteo dorme tranquilamente; os traços suaves de seu rosto parecem ainda mais serenos enquanto descansa. Observo-o por um momento, deixando-me envolver pela serenidade de sua expressão. Seus cabelos escuros, levemente bagunçados, sua respiração calma e ritmada... É nessas pequenas coisas que encontro a paz que tanto busco em meio ao caos.— Desse jeito, ficarei mal-acostumado. — Meu marido sussurra, ainda de olhos fechados. Ao abri-los, um sorriso ilumina seu rosto.— É impossível não aproveitar essas raras ocasiões em que acordo antes de você. Bom dia, Amore mio.— Bom dia, Principessa. — Ele me saúda, dando-me um beijo na testa antes de me puxar para seu peito.Por alguns minutos, ficamos em silêncio, desfrutando do calor de nossos corpos entrelaçados. O tempo parece desacelerar ao nosso redo
O silêncio do quarto é interrompido apenas pelo som do meu próprio coração acelerado, batendo com força contra o peito. Mantenho-me imóvel, com os ouvidos atentos a cada ruído que ecoa pelo corredor, enquanto procuro uma forma de me acalmar.Respiro profundamente e vou em direção ao closet recém-reformado, conferindo os últimos detalhes. Após alguns breves minutos, ao ouvir um barulho quase imperceptível vindo do quarto, decido que é hora de voltar.Ao retornar ao quarto, por mais que eu tenha me preparado psicologicamente durante esses últimos dias, a visão que me recebe assim que passo pela porta do closet faz com que meu corpo reaja instantaneamente. Luigi está encostado no batente da porta, ostentando seu sorriso macabro.Meus dedos tremem, meu coração dispara descontroladamente e a respiração se torna rápida e rasa, como se o ar se tornasse denso ao meu redor. Apesar disso, não consigo evitar franzir as sobrancelhas ao notar uma cicatriz marcando seu rosto. Uma característica que
“Por Matteo Villani”O cheiro da pólvora ainda paira no ar, enquanto meus olhos se fixam em Luigi, que cambaleia para trás. Instintivamente, ele leva a mão ao ombro atingido, seus olhos injetados de raiva e dor fixam-se em mim com uma intensidade assassina.Mantenho a arma firmemente na mão, atento a qualquer possível movimento, observando Giovanna se abaixar rapidamente para pegar a arma de Luigi, que caiu no chão na hora do impacto. Em seguida, a ragazza corre em minha direção, buscando abrigo atrás de mim.Ao ver Luigi se mexendo novamente, engatilho minha arma, pronto para reagir. No entanto, ao invés de uma possível reação, Luigi se move apenas para olhar o ferimento antes de soltar uma risada irônica, preenchendo o ar tenso com seu deboche.— Ainda escolheram você como Don. Acertar o ombro ao invés do peito... que decepção, Don Matteo! — ele provoca, com um sorriso sarcástico nos lábios, apesar da dor evidente em seu rosto. Retribuo o sorriso, me divertindo com sua provocação en
Luigi, confuso com minhas palavras, abre a boca para retrucar, mas é interrompido pela chegada de Carlo.— Começaram a se divertir sem mim? — O chefe da segurança indaga ao se aproximar, abrindo um sorriso de lado enquanto observa o sangue escorrer pelo supercílio do traidor. — Vê-lo nesse estado me dá a certeza de que os soldados da Cuore Nero são realmente fracos no quesito tortura. Te deixaram apenas com essa simples cicatriz no rosto antes de te enxotar da Sardenha?— Ah, pronto! Era só o que faltava! A cadelinha do Don se uniu à festa. — Luigi provoca, cuspindo sangue antes de continuar a falar. — Por que não traz a putinha da Giovanna também? Adoraria foder aquela boceta!Ao ouvir o nome da minha mulher ser pronunciado dessa maneira, uma onda de fúria percorre meu corpo novamente. Num reflexo rápido, minha mão busca a faca na cintura e, em um movimento preciso, seguro a lâmina afiada contra o seu pescoço, fazendo-o parar de falar imediatamente.Apesar do sorriso sarcástico em se
“Por Giovanna Villani”Enquanto o cheiro de pão fresco preenche a cozinha, me pego perdida em pensamentos sobre como a vida mudou desde a morte de Luigi. Os olhares furtivos sobre os ombros desapareceram, nem suspeitas constantes que nos assombravam a cada esquina. A morte de Luigi, há um pouco mais de sete meses, marcou o fim de uma era, mas também o início de uma nova fase em nossas vidas.Olho para a janela aberta e deixo a brisa matinal acariciar meu rosto, como se fosse um lembrete gentil de que o mundo lá fora continua a girar, independentemente das tempestades que enfrentamos no passado.De repente, sou arrancada de meus devaneios pela chegada silenciosa de Matteo. Seus braços envolvem minha cintura por trás, e seu hálito quente roça suavemente minha orelha enquanto ele me abraça.— Bom dia, Principessa. — Meu marido sussurra com sua voz rouca. Abro um sorriso bobo e viro-me para encará-lo.— Bom dia, Amore Mio.— Você acordou cedo hoje; senti sua falta na cama. — Ele declara,
Com o carro seguindo pela estrada ensolarada, sinto uma mistura de emoções enquanto me dirijo à casa dos pais de Chiara. Com seu casamento marcado para as próximas horas, a ruiva insistiu para que eu me juntasse a ela para os preparativos. E eu, como sua madrinha, aceitei prontamente.Após trocar breves palavras com Glenda, a mãe de Chiara, dirijo-me ao quarto onde a noiva está. Ela abre um sorriso empolgado ao me ver e se levanta rapidamente, vindo ao meu encontro para me dar um abraço caloroso.— Gio, que bom que você chegou! — Ela exclama ao me soltar, caminhando em direção à cadeira novamente. — Ainda não consigo acreditar que o grande dia chegou!— Pois acredite, ele chegou e logo você estará indo ao encontro do grande amor da sua vida.Com um sorriso empolgado e olhos brilhantes, Chiara abre a boca para falar, mas é interrompida pela chegada da manicure, uma moça de cabelos curtos. Ela muda de assunto rapidamente, demonstrando todo o seu entusiasmo.Algum tempo depois, quando fi
“Um pouco mais de 2 anos depois. Por Giovanna Villani” A luz suave da manhã de primavera entra pela janela do nosso quarto, iluminando delicadamente o ambiente. Sinto o calor reconfortante dos lençóis enquanto me aconchego na cama, relutante em deixar para trás o conforto do sono. No entanto, não demora para que eu ouça os passos rápidos de Lorenzo ecoando pelo corredor, seguidos pelo som animado de sua risada contagiosa.O barulho da porta me desperta e, ao abrir os olhos, um sorriso bobo surge em meus lábios ao ver a miniatura de Matteo entrar correndo no quarto. Com uma rosa-vermelha em mãos, ele pula na cama, irradiando alegria. Logo em seguida, Matteo surge, carregando uma bandeja repleta de todas as coisas que eu amo.— Bom dia, mamma. — Lorenzo me saúda carinhosamente, enquanto rodeia seus bracinhos em meu pescoço. Ele me entrega a rosa, encarando o pai antes de abrir um sorriso travesso. — Essa rosa é para você, porque hoje é um dia especial! — Grazie, Piccolo. É uma rosa li
Sem esperar por possíveis questionamentos, Luca vai em direção à saída, enquanto eu permaneço de pé, tentando assimilar suas palavras. Finalmente, pego as minhas coisas e saio apressadamente para a garagem, onde ele já me espera com a porta do carro aberta. Assim que Luca toma seu lugar no banco do motorista e começa a dirigir, tento encontrar alguma resposta. — Luca, para onde estamos indo? — Pergunto, sentindo minha voz tremer pelo medo. — Onde está Matteo? — Sra. Villani, não tenho muitas informações. Don Matteo precisou resolver alguns assuntos e algo deu errado. É tudo o que sei. — O soldado responde, encarando-me brevemente através do retrovisor. A resposta de Luca ecoa em meus ouvidos, aumentando minha inquietação. Enquanto o carro avança pela estrada, minha mente se agita com uma infinidade de possibilidades do que poderia ter acontecido com Matteo. Após alguns minutos, que parecem ter sido uma eternidade, estacionamos em frente à imponente fachada de uma igreja em Messin