Longas horas depois, a barca atraca em um pequeno cais de Nápoles, fazendo com que meu coração acelere novamente. O sol do meio-dia ilumina o cais, lançando sombras nítidas sobre as embarcações. Empunho a faca, preparando-me para um possível flagrante, e observo o ambiente ao meu redor.Ouço o murmúrio de três homens que planejam a retirada da carga sem chamar a atenção ao redor. Sem a opção de sair por onde entrei, vislumbro uma pequena embarcação atracada próxima de onde estou e decido sair antes que eles comecem a se aproximar.— Seu pai, certamente, me daria uns tapas na bunda por isso, bambino. — murmuro, com um sorriso tímido, após pular no barco ao lado e quase cair no mar.Aguardando por poucos minutos, finalmente, os homens começam a se ocupar com as cargas. Aproveito o momento e saio rapidamente do barco, misturando-me entre os transeuntes próximos.Passada a tensão, sem a possibilidade de permanecer em um local público e ser encontrada por Luigi, observo um pequeno hotel a
Sentada em um dos bancos no Central Park, a brisa fresca da primavera acaricia meu rosto, enquanto reflito sobre tudo o que aconteceu desde que cheguei aqui. Quase sete meses se passaram desde que tomei a decisão de deixar a Itália e recomeçar em Nova York, traçando um novo caminho longe do caos que Luigi trouxe para minha vida. No início, mesmo convicta de que isso era o melhor a ser feito, quando me vi sozinha em um ambiente desconhecido, a realidade me atingiu como uma bomba. Precisei ser forte para trilhar esse novo rumo, tentando manter a promessa feita a Matteo.Ao decorrer da minha gestação, não tive um minuto sequer em que não imaginasse como seria viver isso com Matteo ao meu lado. O primeiro movimento, primeiro desejo estranho, a descoberta do sexo... Todos os momentos foram um misto de felicidade e saudade. Contudo, me orgulho de ter chegado até aqui.E assim, entre dias leves e dias pesados, onde é impossível conter as lágrimas, aguardo ansiosamente pelo momento que se ap
Aléssio pega o celular e sai apressadamente, enquanto permaneço imóvel, segurando o pingente do meu cordão entre os dedos - uma prática que adotei sempre que necessito manter a calma. Sinto como se, de alguma forma, isso me conectasse a Matteo.Lorenzo parece perceber minha inquietação e começa a se movimentar intensamente, levando-me a dar alguns passos até a janela para me distrair. Minha mãe, notando meu desconforto, se aproxima, colocando uma mão reconfortante em meu ombro.— Figlia, confie em Aléssio. — Ela pede, acariciando meu braço. — Ele prometeu te proteger e está cumprindo isso com dedicação. Você não imagina o quão difícil foi convencê-lo a me trazer até aqui, e olha que sou sua mãe.— Eu sei, mamma. Mas é que… Só de pensar na ideia de ser descoberta aqui, depois desses meses de paz e tranquilidade, sinto arrepios.— Eu te entendo perfeitamente, mas tente não se preocupar desnecessariamente. Não vai acontecer nada com você nem com o Lorenzo. — Ela afirma, segurando minha m
No início da madrugada, enquanto organizo os últimos detalhes para me preparar para ir ao hospital, sinto a ansiedade crescer dentro de mim. Por várias vezes, tentei imaginar como seria quando esse momento chegasse, o dia em que conheceria o amor da minha vida.No entanto, agora que ele chegou, o medo, a apreensão e a insegurança que eu sentia antes rapidamente se dissiparam. Sei que, de onde quer que esteja, Matteo está junto a nós.— Como você consegue ficar tão calma? — Aléssio indaga ao aparecer no meu quarto e me encontrar organizando os itens de higiene na minha necessaire. — Não tem medo de Lorenzo nascer enquanto está aí, separando algodões?— Eu não estou tão calma quanto aparento, Aléssio, você que está muito nervoso. Mas, para a sua tranquilidade, estou sendo monitorada pela médica. — Afirmo, balançando o celular em direção a ele.— Em quanto tempo o Lorenzo nasce? — Eu não sei, nunca tive filhos. — respondo ao me levantar, dando de ombros. — Só sei que pode ser daqui a al
Por alguns minutos, permaneço parada enquanto tento me acostumar à claridade do quarto. Meu olhar se torna nítido, trazendo a familiaridade da figura. Balanço a cabeça negativamente, procurando um resquício de consciência para conseguir entender se é realidade ou um sonho.Cautelosamente, me levanto e me aproximo de Lorenzo, sentindo meu coração bater na garganta. No entanto, meus passos são interrompidos quando, mesmo de costas, ele percebe que acordei.— Você demorou para acordar, principessa. — A voz rouca e inesquecível sai num sussurro, deixando clara a preocupação de não assustar.— M.Matteo? — questiono, passando a mão no rosto. — Eu continuo dormindo.Apesar da confusão em minha mente, cada traço familiar em seu rosto e a presença reconfortante de Lorenzo em seus braços me fazem torcer com todas as forças que eu demore para acordar.— Eu não me importo que seja um sonho… — sussurro, sentindo a emoção do momento me envolver. — Mesmo que seja apenas uma falsa sensação de estar a
Meus olhos se abrem num reflexo instantâneo, buscando-o rapidamente ao meu lado na cama. A sensação de pânico começa a se instalar em meu peito, até que avisto a cena que me tranquiliza imediatamente.Com um suspiro de alívio, observo Matteo concentrado na tarefa de trocar a fralda de Lorenzo, enquanto sua expressão mescla um sorriso bobo e uma certa apreensão. A cena é reconfortante e, ao mesmo tempo, engraçada, fazendo meu coração se encher de gratidão novamente.— Precisa de ajuda? — indago ao me aproximar. Matteo abre um sorriso sem jeito e me dá um beijo calmo antes de suspirar.— Estava tentando, mas isso é tão difícil. — ele afirma, apontando para a fralda. — Fecha de um lado, abre do outro.— Bem, vamos descobrir juntos como se faz isso.Com um olhar determinado, me preparo para ajudar Matteo na tarefa aparentemente simples, mas desafiadora, de trocar a fralda de Lorenzo. Seguindo os passos que vi nos vídeos de maternidade, tento imitar os movimentos com alguma confiança, mas
Passaram-se algumas semanas desde que chegamos em casa com Lorenzo, e cada momento desde então tem sido uma bênção. Ver nosso filho crescer e se desenvolver a cada dia enche meu coração de alegria indescritível.Os primeiros dias foram repletos de aprendizado e adaptação, mas com o apoio amoroso de Matteo, enfrentamos cada desafio juntos. Agora, quase dois meses se passaram desde aquele momento especial em que nos tornamos uma família completa.Ao despertar pela manhã, sinto os suaves carinhos nos meus cabelos, e ao abrir os olhos, encontro Matteo com um sorriso malicioso.— Bom dia, principessa. Dormiu bem? — meu marido murmura com a voz rouca.— Bom dia, amore mio. Como não dormir bem com você ao meu lado? O que estava aprontando?— Apenas aproveitando para admirar a mulher mais linda do mundo. — ele afirma, deitando seu corpo sobre o meu. — Acho que temos alguns minutos antes do nosso bambino acordar.Sem me dar a chance de responder, Matteo une nossos lábios num beijo intenso, mos
Os últimos meses foram carregados de tensão, onde a necessidade de sobreviver se fazia presente a cada instante. Eu não estava disposto a deixar Giovanna e o meu filho sozinhos, muito menos dar a Luigi o gostinho da vitória.Semana após semana, mantive-me obstinadamente determinado, dando o meu melhor para voltar a ser eu mesmo quanto antes, conseguindo minha plena recuperação o mais rápido possível. E, finalmente, na última semana, recebi alta médica. Agora é apenas uma questão de tempo para colocar minhas mãos naquele maledetto.Após a saída de Giovanna e Chiara, Fabrízio e eu nos sentamos em meu escritório. O ar no ambiente está carregado de tensão, como sempre que o nome de Luigi surge em nossas conversas.— Mas é muita ingenuidade dele acreditar que alguém irá apoiar essa ideia. — Comento após alguns minutos ouvindo os rumores sobre Luigi.— Esse é o ponto, Matteo. Você sabe que alguns caporegimes prezam pela tradição, foi assim quando Don Pietro te escolheu. Os mesmos que declin