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Namoro de Aluguel
Namoro de Aluguel
Por: Ana Franco
Não somos namorados

A todos que já sofreram e se decepcionaram, Se iludiram, choraram e foram magoados, porém nunca perderam a fé e esperança no poder do amor.

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- Mio Dio amore! Il tuo telefono continua a squillare. O rispondi o riattacchi, ma per favore smetti di fare quel rumore. Amore!  Seu telefone não para de tocar. Faz esse barulho parar. - Gemeu Elisabetta estressada virando para o outro lado da cama.

- Senhor Jason? – Chamou Rebeca batendo na porta pela quarta vez, porém delicadamente. - Menino Jason, sei que não gosta de ser incomodado enquanto está no quarto, mas é uma emergência. Seu pai ligou para seu celular inúmeras vezes, o senhor está acordado?

- Agora estou Rebeca. – Respondeu abrindo a porta sonolento. - O que aconteceu?

- Desculpa incomoda-lo. – Falou olhando para seu peito nu. - É a sua mãe, a senhora Martha, ela passou mal e...

- Peça ao Henry para retirar o carro da garagem imediatamente. Desço em cinco minutos. - Disse fechando a porta e acendendo a luz em seguida.

- Jasonnnn amore! La luce maledizione. - Falou irritada a italiana em sua cama.

- Em inglês Elisabetta por favor, quando fala em italiano e tão rápido assim não entendo metade do que sai da sua boca. – Disse Jason vestindo um moletom às pressas.

- A luz amore, apaga a luz e volta para cama per favore. Foi isto que eu disse.

- Desculpa amore! Minha mãe passou mal, tenho que ir correndo para casa ou ... droga! Nem perguntei aonde ela está.

- E precisava me acordar acendendo a luz assim? – Indagou sentando na cama sedutora.

- Ora! Desculpa tirá-la do seu sono de principessa. - Respondeu sentando na beirada da cama enquanto calçava seus tênis.

- Scusa amore! Não quis parecer indiferente, vai ver não foi nada. - Disse abraçando-o ainda nua. - Talvez uma fadiga? Se ela estivesse na Itália poderia relaxar em um dos milhares de vinhedos do Papa e...

- Talvez, mas ainda assim estamos falando da minha mãe. - Não me espere para o almoço. - Falou irritado.

- Espere. Posso ir junto, dê-me uma hora, uma boa oportunidade para conhecer la tua famiglia.

- Não posso lhe esperar Elisabetta. – Disse a beijando nos lábios. Meu pai ligou diversas vezes e com certeza deve está uma fera por eu não ter atendido na primeira ligação, como sempre.

- Mas tu prometeu que íamos ficar todo o sábado juntos amore. Não pode esperar? Então pelo menos voltar rapidinho? Podemos ir velejar.

- Não sei o que de fato aconteceu, por isso como eu disse, não me espere para o almoço. – Respondeu caminhando em direção a porta.

- Amore! O que farei em sua ausência? – Perguntou fingindo charme e descontentamento.

- Elisabetta, não somos namorados, não é obrigada a ficar aqui me esperando. Sinta-se livre para ir passear ou fazer compras ou velejar por exemplo.  Buongiorno! – Completou fechando a porta a deixando sozinha.

- Ma che diavolo! Maledizione. Se pensa que vai se livrar de mim assim está enganado mi amore. Eu não vim da Itália para América contigo para ser tratada como uma de suas amantes Jason. Você será meu ou não me chamo Elisabetta Montez Fiorino. – Falou bufando e se jogando na cama outra vez.

***

Jason se considerava um homem prático, livre e independente. Seu estilo aventureiro já era conhecido nas redes sociais e sites de fofoca, apesar dele mesmo não ter tais redes sociais e tentar fugir de paparazzi, não conseguia, devido sua posição conhecida no mercado de joias de luxo no país e beleza única.  Alto, com um metro e oitenta e cinco de altura, seu corpo atlético chamava atenção por onde passava, fruto de muitos anos de treinos diários. Moreno claro, olhos castanhos quase da cor do mel, arrancava suspiros com sua barba bem aparada e cabelos preto curtos com franjas que sempre caiam em seus olhos. Estava sempre bem vestido e elegante, apostava sempre em roupas e sapatos de luxo com cores escuras e monocromáticas, além de acessórios que geravam poder e funcionalidade ao mesmo tempo.

Herdeiro de uma grande fortuna conquistada pela sua família que vinha de uma elite e chamada por alguns no mundo dos negócios, dinastia, conquistada pelos seus antecessores avaliada em mais de dez bilhões de dólares.

Ainda assim, lutou para conquistar seu lugar provando ser digno de administrar junto a sua família a empesa. Jason Campbell além de sua beleza, também era conhecido no mundo dos negócios como um empresário implacável e letal no ramo da importação e exportação de joias, hoje sendo o vice-presidente da tradicional e poderosa Jewelry & Investments com sede em Nova York, com filiais na Coreia do Sul, China, Londres e França.

Eventualmente era visto em eventos de carros e motos esportivas, uma de suas paixões. Ele mesmo tinha em sua garagem os melhores e mais velozes carros, além de uma moto VRSCDX Night Rod Special que ele costuma usar nos fins de semana para correr sozinho ou acompanhado de alguma sortuda da vez que ele costumava trazer de suas viagens de negócios, quando ele trazia para conhecer a cidade.

Jason ia pensando consigo mesmo no banco de traz do carro se era uma boa ideia deixar Elisabetta sozinha em sua casa, decidiu resolver esse assunto depois, pois sabia que seu pai não ligaria desesperado atrás dele se não tivesse acontecido algo muito sério com sua mãe. Henry, seu fiel motorista ia dirigindo seu Mercedes-AMG GT 63S 4 Door o mais rápido que podia se tratando de Nova York, apesar de ser sábado, ambos sabiam que a cidade nunca dormia. E morando fora dos holofotes dos prédios, bares e boates, ele sabia que chegar tão rápido até o outro lado da cidade onde seus pais moravam, seria impossível.

Ao sair de casa para morar sozinho e frequentar a faculdade,  Jason não conseguira abrir mão do motorista, a quem tanto respeitava, implorando aos pais que o deixassem ir morar com ele, bem como decidira que levaria Rebeca também, sua babá e agora governanta que amava como uma segunda mãe e  que cuidara dele e de sua irmã desde seus nascimentos.

- Tente manter a calma senhor Jason. Tenho certeza que foi apenas mais um susto. Sua mãe é forte! - Disse entrando na propriedade assim que o portão foi liberado por um dos seguranças que reconheceu o carro ao se aproximar da mansão.  – Já estamos chegando. – Disse dirigindo pelo corredor de pinheiros que impediam os curiosos verem o interior da casa.

- Obrigada Henry por ter dirigido, mesmo em sua folga.

- Pode sempre contar comigo senhor. – Respondeu estacionando a frente da grande porta que já se abria como se esperasse pela sua chegada.

A casa que Jason tinha nascido era antiga e tradicional tanto quanto sua família, fora passada de geração a geração até pertencer agora ao pai  que morava com sua mãe, sua irmã Alice e os empregados mais antigos que seus pais faziam questão de mantê-los, aliás, uma característica única dos Campbell, diferente de muitas famílias ricas, tratar seus empregados como familia e amigos íntimos.

- Obrigada Henry.  Não precisa esperar aqui o dia inteiro, pode voltar para seu dia de folga, pedirei um Uber quando for embora. 

- De jeito nenhum senhor e se me permitir, gostaria de ficar e saber como a senhora Martha está passando. - Falou o motorista convicto

- Como quiser Henry. – Falou solidário.

- Se precisar de mim, estarei na cozinha. - Falou vendo o rapaz correr apressado para a porta de entrada.

- Senhor Jason. - Disse o mordomo ansioso. - Estávamos lhe aguardando. Seu pai não para de se questionar onde estaria.

- Olá! Tobias. - Falou cumprimentando o senhor a sua frente. - Como tem passado?

- Bem senhor, obrigada. – Falou fechando a porta.

- Onde está a minha mãe?

- Jason? – Chamou seu pai descendo as escadas.

- Sim pai, sou eu. - Falou sorrindo para o mordomo, caminhando em direção ao homem que estava impaciente à sua frente. - Onde minha mãe está? - Perguntou sem tocar em seu pai.

- No nosso quarto com sua irmã. - Falou cansado.

- Eu vou ver como ela está, se me der licença. - Disse subindo as escadas.

- Não precisa mais se dá ao trabalho, chamamos o médico da família e agora está tudo bem. – Disse irônico. – Como sempre, demorou demais para atender minha ligação.

- Mesmo assim, eu vou subir. – Respondeu se contendo sem olhar para trás.

- Preciso falar com você um assunto antes que vá embora. - Gritou vendo o filho parar no meio da escada sem olhar para trás.

- Quando eu tiver certeza que minha mãe está bem, eu o procurarei. – Falou retomando os passos firmes na escada rumo ao quarto da sua mãe.

- Estarei esperando. – Respondeu de volta.

- Teimoso, orgulhoso e genioso. - Comentou o mordomo parando ao lado do seu patrão. - Igual ao pai.

- Vamos ver até onde ele irá com essa teimosia depois do que tenho para lhe falar. - Disse se retirando com o olhar do mordomo em suas costas.

- Esses dois. Será que ele não vê que com seu pai era exatamente assim? Repetindo os mesmos erros com seu filho. – Falou o mordomo para si mesmo sumindo em um dos muitos corredores do lugar.

Jason foi direto para o último quarto da mansão, que é onde dormiam seus pais. Nem mal bateu na porta e ela foi aberta pela sua irmã que o abraçou com força.

- Senti o seu cheiro assim que começou a subir as escadas. - Disse Alice sumindo nos braços enormes do seu irmão.

- Olá! Irmãzinha. - Falou beijando o topo da sua cabeça. - Devia ter descido e me resgatado das indiretas irritantes do nosso pai então.

- E ficar no meio do fogo cruzado? - Indagou levantando o queixo em direção ao Jason.

- Pelo que sei sempre gostou de se queimar. Onde está aquela garota direta que sempre tinha algo a dizer?

- Preparando um casamento e o papai está pagando tudo. - Falou o soltando.

- Ahhh! Bingo. - Falou olhando para a cama onde sua mãe dormia. - Como ela está? – Sussurrou tentando não a acordar.

- Agora, parece está bem, medicada, porém Jason, o médico disse que foi um princípio de infarto.

- Principio de infarto? - Questionou nervoso. - Pensei que fosse mais um dos seus ataques de ansiedade.

- Não Jason. O Doutor Joshua falou que dessa vez foi sério e por isso pediu alguns exames e recomendou repouso absoluto pelo menos durante as próximas três semanas. Nada de estresse. – Falou encarando seu irmão.

- Entendi a indireta Alice.

- Como você mesmo disse agora pouco, sendo aquela garota direta. – Respondeu sorridente.

- Filho? - Chamou sua mãe sonolenta. - É você Jason?

- Sim mãe, sou eu. Disse sentando perto de sua mãe. - Desculpa tê-la acordado.

- Não, tudo bem. Estava apenas cochilando. - Disse tentando se levantar.

- Eiii... Aonde a senhora pensa que vai dona Martha? - Falou o filho impedindo a mãe de levantar. - Precisa ficar quieta e repousar mamãe.

- Até parece, já repousei demais. - Falou bufando. – Não estou doente para ficar igual uma inválida numa cama.

- Mãe, por favor, quer ficar deitada? - Disse Alice angustiada.

- Eu não quero ficar nesta cama o dia inteiro. - Disse sentada encostando em seu travesseiro.

- Mas, o médico disse...

- O médico não sabe o que diz e não é porque vai casar com um que vou deixar que diga o que devo e não devo fazer Alice Campbell.

- Eu vou descer e verificar o cardápio para o almoço. – Disse levantando as mãos em rendição. - Ficará para o almoçar não é Jason?

- Depende do que o papai tem a dizer. - Falou revirando os olhos junto com sua irmã.

- Por que vocês não podem se entender como pais e filhos normais? - Disse quando ficou a sós com o rapaz.

- Mas nós nos entendemos, não se preocupe com isso. Sabe como é o papai, sempre querendo me controlar achando que tem alguma nova regra a acrescentar à minha vida. - Falou beijando a mão de sua mãe. - A única pessoa que ele não controla é a senhora, dona Martha. - Fazendo sua mãe rir.

- Isso porque não podemos controlar o amor, meu querido. Eu e o seu pai nos amamos e em uma relação você precisa entender o seguinte: ou você ama ou você tem razão. - Disse vendo o semblante do seu filho travar. - Até quando vai se fechar para esse sentimento filho?

- Vai aproveitar que está de cama para me dar sermões de novo mamãe? - Disse arqueando uma sobrancelha. – Se for começar com esse assunto de novo vou acreditar que não está doente coisa nenhuma.

- Eu não estou doente, já disse. – Comentou ajeitando o travesseiro e se recostando outra vez.

- Sei. A senhora não é feita de aço. – Falou respirando fundo.

- Está tentando mudar de assunto Jason? Vou mais uma vez aproveitar que está aqui e pedir para deixar a razão e no lugar se preencher novamente com o amor, meu querido. - Falou tocando no rosto do filho. - Pode ter deixado a barba crescer, pode até tentar se esconder por traz de toda essa carranca, mas sei que o meu filho que foi muito gentil e feliz um dia, ainda está aí.

- E quem disse que não sou gentil ou... feliz? - Falou sorrindo.

- Seus olhos queridos. - Disse tocando com carinho neles. - Eles nunca mentiram para mim e não é agora que mentirão.

- Meus olhos dizem que a senhora está precisando dormir mais um pouco e repousar. O médico disse para não se estressar. É sério mãe, não quero ficar mais preocupado com a senhora. Dessa vez precisa seguir a risca tudo que o Doutor Joshua falou.

- Ok! Não falarei mais sobre isso.

- Obrigada dona Martha.

- Por enquanto. – Respondeu sorridente.

- Mãe, é sério. Por favor. Chega desse assunto de amor, eu sou bem crescido e sei exatamente o que quero para minha vida.

 – Só me responda uma coisa. – Pediu colocando em seu rosto a expressão mais inocente possível para manter seu filho naquela conversa.

- O que quiser? – Respondeu o rapaz carinhoso após respirar fundo mais uma vez.

- Se não quer se apaixonar de novo porque está com aquela moça que veio da Itália com você? Nos últimos anos sempre saio com várias mulheres, mas esta parece está durando mais tempo que as outras. Não pense que não sei o que se passa em sua vida só porque não mora mais debaixo do mesmo teto que o meu filho. Afinal, vocês estão juntos ou não? Sabe que somos cristãos protestantes não é Jason? Não está enrolando aquela menina está?

- A senhora só lembra que é cristã quando tenta me dar sermões mãe. – Disse revirando os olhos. -  E Elisabetta não é nenhuma menina, é uma mulher, independente e aventureira como eu, que conheci na minha última viagem a Itália, ela quis vir para Nova York conhecer a cidade, só isso. Pode perguntar a Lana, se não acredita em mim. Ela quis vir por conta própria, apenas ajudei com o visto de turista e agora estamos aqui. Se no meio do caminho nos divertimos juntos não vejo mal nisso. – Disse sabendo que se não parasse sua mãe lhe daria outro sermão. – Sabemos o que estamos fazendo. A Elisabetta não quer nada sério mãe. Não somos namorados, apenas estamos nos curtindo enquanto ela conhece a cidade.

- Jason, sabe que não aprovo esse tipo de comportamento. E não vou envolver sua secretária em assunto de família.

- A Lana não é só minha secretária Mãe, ela é minha assistente pessoal, sabe praticamente tudo da minha vida, pode perguntar a ela, aliás, se quiser, ligo agora mesmo e...

- Nem pense em incomodar aquela garota por isso. Ela já trabalha quase vinte quatro horas todos os dias, merece uma folga pelo amor de Deus. Eu sei que estava fazendo isso para mudar de assunto de novo e...

- Senhor Jason, o seu pai pediu para que descesse e o encontrasse na biblioteca. - Falou a governanta entrando no quarto com uma bandeja de chá para sua mãe.

- Olá para você também querida Judith. - Disse a abraçando por trás e a beijando na nuca.

- Deixe disso menino, me solte e vá ver logo o que seu pai quer. – Falou tentando se soltar no abraço dele.

- Viu mãe, a única pessoa com quem eu casaria me esnoba. - Falou rindo alto com a mulher lhe dizendo alguns desaforos.

- Eu também te amo Judith. – Disse com um sorriso no rosto enquanto descia as escadas em direção a biblioteca.

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