-  Por que diabos a campanha do diamante azul ainda não está pronta Brian? - Indagou assim que viu seu amigo entrar pela sala.

- Bom dia para você também.

- Bom dia? - Devolveu cínico. - Agora me responde o que te perguntei. Nós temos um prazo e meu pai não vai ficar satisfeito se não entregarmos essa campanha no prazo.

- Relaxa cara. - Falou sentando a sua frente. - Hoje daremos início aos preparativos finais do anúncio e já estamos rodando o teaser, só não fiz isso antes porque precisava da sua opinião para um ponto em questão.

- Você é o diretor de marketing dessa empresa e eu preciso dá opinião no seu trabalho? - Falou irritado.

- Uau! Mas o que diabos aconteceu com você para estar assim tão grosseiro?

- Agora pedir que todos façam seu trabalho é ser grosseiro? Só estou agindo como um homem de negócios, o empresário que sempre fui e que paga a todos muito bem por sinal para que tudo saia como planejado.

-Nossa! Acabou de falar igual ao seu pai.

- Não me compare ao meu pai, sou muito mais compreensivo que ele. - Falou levantando e olhando as ruas do seu trigésimo andar.

- Não falei que você é seu pai nem o comparei, mas ele tem esse costume de nos lembrar o quanto é um grande empresário e blá blá blá.

- Sei. - Falou voltando para seu amigo. - Então? Vai me dizer em que precisa da minha opinião ou vai atrasar ainda mais meu tempo? Tenho ligações a fazer. - Disse com as mãos no bolso impaciente.

- Ah! Com certeza, assim que me disser o que está acontecendo. - Falou tranquilo cruzando as pernas.

- E porque acha que está acontecendo alguma coisa?

- Porque está nervoso, estressado, mal-humorado, passou o fim de semana na casa do lago e te conheço desde os dez anos de idade, então tirando esses fatos. Sim, eu sei que está acontecendo ou aconteceu algo. Que foi? Você e a Elisabeth brigaram?

- Elisabetta seu tonto, ela é italiana e eu jamais ficaria assim por causa dela, não temos motivos para isso. - Disse virando novamente para a janela.

- Então, o que foi? - Falou levantando para ficar ao lado do seu amigo.  - Fala de uma vez Jason.

- É incrível o fato de que me conhece tão bem? – Indagou Jason arqueando sua sobrancelha em direção ao Brian.

- Incrível seria se eu não conhecesse. – Falou olhando as ruas e os carros que se tornavam minúsculos daquela altura.

- Eu tenho até o casamento da Alice para conseguir uma namorada ou então meu pai dará a presidência da empresa para o Eric. – Respondeu ainda com os olhos fixos na cidade.

- O que disse?

- Exatamente isso que você ouviu. - Falou sentando em sua cadeira suspirando. - Eu tenho até o casamento da minha irmã para fazer isso.

- Jason meu amigo, você sabe que seus pais não fariam isso. Sua mãe não deixaria. - Disse sentando novamente. – Seu pai não cansa de querer te controlar não? – Indagou rindo.

- Minha mãe está do lado do meu pai nessa ideia maluca de me obrigar a ter um relacionamento. - Falou passando a mão em seus cabelos.

- Olha, porque você não se acalma e me conta exatamente o que aconteceu.

E Jason contou. Desde o momento que chegou em sua casa para visitar sua mãe e como ele tinha discutido com todos. Quanto mais falava mais enxergava que seus pais eram controladores e malucos. Por fim, olhou para seu amigo que sempre estava lá quando ele precisava procurando uma solução lógica e sensata para toda essa confusão que havia se instalado em menos de dois dias na sua vida.

- Eles pegaram pesado dessa vez. - Disse passando a mão no queixo. - Até a tia Martha entrou nesse mesmo?

- Pois é, logo ela que sempre me defende das loucuras insanas do meu pai. - Falou se encostando na cadeira.

- Sabe o que eu acho? - Falou sorridente. - Na minha opinião eles só falaram isso para te pressionar. Como sempre. Eles não vão de fato dá a empresa ao Eric, até porque ele não tem experiência alguma.

- Ele acabou de sair de Oxford Brian e trabalha como diretor financeiro na nossa filial em Londres.

- Mas, não tem a sua vivência e expertise para os negócios meu amigo. Ele não conhece essa empresa tão bem quanto você e seu pai. Acha mesmo que o tio Alec colocaria a presidência, o legado da família nas mãos de um inexperiente? Você mesmo começou de baixo e ainda passou um tempo como diretor financeiro Junior antes de assumir em definitivo a vice-presidência. - Disse vendo seu amigo refletir em tudo que foi dito.

-Sabe? Você tem razão.  Meu pai está blefando e minha mãe entrou no jogo também porque tem esse desejo materno de me vê casado e lhe dá netos. - Falou abotoando seu paletó. – Eles não podem se contentar com a Alice não?

- É claro que tenho razão. - Levantou também. - Eles vão te encher por um tempo, mas com a proximidade do casamento da Alice, isso dá o que, sete, seis meses? Acha mesmo que vão perder tempo pensando nisso?

- Claro que não. Brian, você é um gênio. - Voltando ao bom humor.

- De nós dois eu sempre soube que era o mais inteligente. - Riu.

- Até me sinto mais calmo agora.  Venha e me conte de uma vez por todas do que precisa para finalizar nosso projeto da campanha do diamante azul.

- E porque não podemos fazer isso aqui, aonde vamos?

- Quero ver tudo de perto com seu departamento. Aliás, eu vou visitar todos os andares durante toda esta semana. Vou encher meu pai de tantos relatórios que ele nem vai lembrar da minha vida emocional.

- Boa ideia. - Falou o seguindo.

- Lana venha comigo. - Falou passando pela mesa da sua assistente e entrando no elevador já abertas pelo segurança. - Obrigada Scott.

- Se prepare, esta vai ser uma semana e tanto. - Falou Brian sussurrando para a garota.

- Começaremos pelo departamento de marketing Brian, quero um relatório de todos os projetos de curto prazo entregues a Lana até o meio dia, adiante a reunião das treze horas para agora. Vamos focar na campanha agora pela manhã - Anotou isso Lana?

- Sim Senhor Jason. – Falou focando na agenda em seu Ipad.

- Jason, minha equipe ainda não está pronta.

- Já avisei a sua secretária Brian. – Falou sorridente.

- Você como sempre incrível Lana querida. Além de linda é inteligente e rápida. – Completou sem ambos notarem a expressão de estranheza que Jason fez diante da intimidade deles.

- Obrigada senhor Brian. – Disse com um sorriso no rosto.

- Senhor? De novo isso Lana?

- Tomaremos todas as decisões finais para a campanha do diamante azul juntos por toda a manhã. - Disse saindo do elevador cortando a conversa dos dois. - Brian avise a sua equipe que nos encontramos na sala de reunião em 10 minutos.  Assim você já fala porque precisava de mim no fim de semana. Lana, não esqueça de anotar tudo para o relatório final.

- Sim senhor Jason.

A manhã foi totalmente dedicada ao departamento de marketing. Jason trabalhava incansável com Brian e sua equipe para que o projeto fosse finalizado até o fim da manhã e para que o anúncio começasse a ser rodado nas mídias sociais logo a tarde. Mais cafés foram pedidos, telefonemas rejeitados por todos e Lana trabalhava anotando e gravando tudo além de redirecionar todos os relatórios para seu e-mail para serem analisados antes de enviar para seu chefe e o seu pai, ou seja, ela já sabia que não sairia da empresa tão cedo e seu noivo não ficaria nem um pouco feliz.

- Sim senhorita Elisabetta, eu entendo. Mas, o senhor Jason pediu para lhe dizer que não pode atender agora e...

- Você está tentando me impedir de falar com o Jason, secretária?

- Meu nome é Lana. E como estava dizendo... – Lana afastou o telefone do ouvido assim que ouviu ela desligar em sua cara pela quinta vez naquela manhã.

Pelo menos ao chegar a hora do almoço eles já tinham finalizado os anúncios e todos estavam satisfeitos com o resultado. Agora era só enviar para o departamento de mídia e rodar a nova campanha de pré-lançamento do diamante azul.

- Senhor Jason, a Senhorita Elisabetta ligou toda manhã, ela está no telefone de novo e ...

- Diga que quando puder retornarei. - Falou levantando.

- Sim senhor. - Respondeu voltando ao telefone sabendo que mais uma vez ouviria xingamentos em italiano que Lana entendia muito bem.

- Brian, vamos até a loja vitrine? Quero ver o que tem em mente para a exposição das novas joias que chegarão semana que vem.

- Perfeito.  Aliás estive pensando em fazer um tom de mistério, algo criativo para que as pessoas e principalmente nossas clientes mais assíduas ficassem na curiosidade. O que acha? - Completou entrando no elevador com eles.

- Acho interessante, o que tem em mente exatamente? - Falou apertando o botão.

- Sr. Jason, antes só para lembrar. O senhor tinha uma reunião com a filial da China e já que passamos a manhã toda em reunião reagendei para às 13h

- Ok! Lana. - Disse olhando no relógio. - São 12h, então...

- Podemos ver em um outro momento se quiser, paramos agora para almoçar e depois você segue para sua reunião, o que acha?

- Hnn. Está com muita fome? - Perguntou com as mãos no bolso sem reparar que sua assistente estava morrendo de fome já que só comera um bolo e tomara mais 3 cafés durante a reunião.

- Não. Fiz um lanche antes de ir a sua sala e tomei bastante café. Posso segurar até às 13h.

- Então, vamos resolver isso logo. - Falou saindo do elevador.

Quando chegou perto da sua reunião com a filial da China, Lana sabia que não teria um momento sequer para respirar, então aproveitou aquela brecha enquanto eles conversavam com Lilian na loja para ligar para seu noivo, mastigar um sanduíche que conseguiu pedir por mensagem ao descer no elevador e ser entregue a tempo pelo Andrew e assim  poder se explicar mais uma vez.

Ela sabia que teria que perguntar tudo a Lilian por telefone depois e torcer que ela não tivesse deixado passar nada só pelo fato dela ter saído para fazer aquela ligação.

- Eu sei amor, mas hoje está uma correria por aqui.

- Lana, eu cheguei de Chicago e ainda nem conseguimos nos ver. Pensei que fossemos jantar juntos. - Falou o homem ao telefone.

- Eu sinto muito. - Falou triste. - Prometo que amanhã saímos tá.

- Você diz isso sempre, mas quando chega está exausta e só quer ficar em casa.

- Entenda o meu lado Gregory.

- Entenda você o meu Lana. - Falou irritado.

- Eu sei. Eu realmente sinto muito e vou tentar compensar amanhã certo? Agora preciso desligar, meu chefe está me chamando.

- Não, Lana.... Eu não terminei.

- Thau amor. Até mais tarde. - Disse desligando o telefone e se posicionando ao lado do chefe que já lhe dava novas ordens.

Quando chegou em casa já passava das dez da noite. Em um dia trabalhou o equivalente a uma semana, seus olhos queimavam de tanto que leu, releu e reorganizou relatórios e planilhas. E sentia que a semana inteira seria assim.

 Não sabia exatamente o que estava movendo seu chefe a fazer isso, mas não questionava e fazia tudo com toda excelência possível. Mesmo assim estava exausta e faminta. Mais uma vez não comeu direito e se abasteceu de chocolates, barrinhas de cereais e cafés. Sabia que não conseguiria dormir nem tão cedo de tão elétrica que estava e rezou para que seu noivo não estivesse tão zangado com ela.

Ao entrar em casa, notou que estava sozinha ao julgar pelo silêncio. Viu na mesa um bilhete escrito por seu noivo dizendo que tinha ido jantar com uns amigos do trabalho.

- Nem para deixar algo que eu pudesse comer. - Resmungou consigo mesma.

Desistiu de ligar para seu noivo, foi tirando suas roupas todas de uma vez, jogou no cesto e se jogou debaixo do chuveiro com a água queimando descendo pelas suas costas. Após o banho desistiu de fazer algo para comer e esquentou uma pizza esquecida na geladeira. Ligou a TV quando se deitou na cama e escolheu um filme aleatório no N*****x.

Já passava das duas da manhã quando Gregory chegou em casa e a encontrou dormindo com o controle na mão. Olhou para ela com sentimento de pena porque sabia que sua noiva estava exausta. Tirou o prato de cima da cama porque odiava quando ela comia em cima dela deixando farelos como estava agora. Tomou um banho rápido, jogou suas roupas na máquina de lavar, desligou a TV e o abajur ao seu lado e virando para seu lado da cama adormecendo logo em seguida.