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A Lana sempre cuida de tudo

- O senhor quer que eu faça o quê? - Falou gritando com seu pai.

- Não ouse gritar comigo garoto. Pode ter trinta anos, mas ainda sou seu pai e exijo respeito, não significa que pode gritar comigo apesar do que a modernidade prega por aí. - Gritou esmurrando a mesa.

- Eu também exijo ser respeitado. Quem o senhor pensa que é para me dizer que devo casar? - Levantou indignado. – Que exigência maluca é essa? Anda assistindo alguma série estrangeira ou lendo livros de romance pai? Só pode ser.  Ficou maluco e doente da cabeça se acha que vou aceitar essa imposição ultrapassada e antiquada.

- Não estou dizendo com quem deve casar, só estou ...

- Exigindo que eu me case. - Falou ainda mais nervoso.

- Você não me deixa escolhas Jason. - Falou jogando um tablet no colo do seu filho que continham fotos e matérias ao seu respeito. - Todos esses sites e redes sociais falam de você. – Falou passando as mãos no cabelo irritado.

- E daí? Todas os sites falam de pessoas importantes. - Disse rindo.

- Todos esses sites falam mal de você. Se pelo menos fosse a Forbes trazendo alguma matéria de negócios importantes, mas não. - Disse saindo detrás da mesa tomando o tablet da mão do seu filho novamente, " O famoso vice-presidente e herdeiro da família Campbell pode até ser bom em negócios já que está fechando mais uma parceria milionária com uma grande empresa de joias no Canadá, porém se tratando de amor é um tremendo mulherengo. Não tem um relacionamento sério a três anos e a mulher com quem tem saído atualmente, descobrimos ser Elisabetta Montez Fiorino, filha de um grande magnata italiano, parece ser só mais um dos seus casos de outra viagem de negócios. Até quando esse romance irá durar? Logo saberemos já que nosso empresário não passa mais de três meses com uma mulher. Será que a próxima será francesa, japonesa ou brasileira?"

- Deu agora para ler sites de fofoca pai?  Pouco me importa o que pensam da minha vida intima, ela não diz respeito a ninguém, por isso não tenho redes socais. Odeio paparazzi.

- Desde que todos esses sites falam mal desta família. O nome Campbell não é qualquer nome para se passar despercebido. Uma família tão antiga e tradicional, acha mesmo que as pessoas não comentariam? Cada uma delas tem um comentário ridículo sujando o nome que vem se mantendo estável e tradicional há séculos. - Falou jogando o tablet na mesa.

- Não é a primeira nem a última vez que veremos notícias como esta.

- Eu nunca sai em uma revista com notícias como esta. - Falou gritando com o filho.

- Pai, quer por favor se acalmar. Isso já está passando dos limites. E não é motivo para achar que devo me casar.

- Pelo menos esses comentários cessariam. – Disse sentando em sua cadeira cansado. - Nós fazemos negócios com centenas de empresas, muitas tão tradicionais quanto a nossa que simplesmente estão começando a se recusar a fazer negócios conosco porque meu filho não é confiável, pelo menos foi o que li no último e-mail do presidente de uma fornecedora de diamantes da África. “Se não sabe ser fiel a uma mulher como será nos negócios?” Me questionaram.

- Como ousam dizer que não sou confiável? Que absurdo é este e porque não recebi nenhum e-mail a respeito disto? Diga de qual fornecedor estamos falando e eu mesmo vou lidar com esta situação. – Falou nervoso. – É minha vida pessoal, droga!

- Não consegue entender que vida pessoal e profissional não se separam em se tratando de uma empresa tão poderosa e tradicional quanto a nossa? Seu avô criou o lema dessa empresa...

- "Tão forte como o amor". – Bufou Jason cortando seu pai. – Isso é ridículo.

- Não vendemos joias nem investimos em empresas promissoras nesse ramo apenas por dinheiro, mas porque desde o início quando seus ancestrais e meu pai decidiram construir esse império, desde quando eles acreditaram que uma joia é tão forte e duradoura como o amor... - Disse suspirando. - Jason se você não é capaz de entender esse lema, não sei se é capaz de presidir minha empresa. A marca e a família sempre seram importantes nesse ramo.

- Sua empresa? – Indagou surpreso.

- Isso mesmo. Ainda sou sócio majoritário e presidente desta companhia desde que seu avô e seu tio faleceram. Acha que o conselho vai entregar a empresa a alguém que eles não confiem só porque é meu filho e vice-presidente? A opinião dos investidores também conta e a sua reputação deixa a desejar para todos eles.

- O que disse? Acho que não ouvi direito. O que está insinuando pai?

- Você não me deixa escolha Jason. - Falou após um momento reflexivo. -  Venho pensando nisto há muito tempo.

- Por que será que vou ouvir algo que não estou disposto a engolir? – Disse Jason para si mesmo.

- Se não encontrar uma noiva decente até o casamento de sua irmã eu entregarei a presidência da empresa ao seu primo Eric que também é herdeiro legítimo e tem por direito...

- Ficar com a vice-presidência, não com a presidência. Está no testamento do vovô, eu estava lá lembra? Assim como o senhor foi vice-presidente do titio antes dele morrer.

- Mas como disse ainda sou sócio majoritário, por isso posso colocar quem quiser no meu lugar estando em vida e se eu achar junto com o conselho que não é capaz, eu o farei.

- O senhor não faria isso. Como ousa me apunhalar desse jeito? Está fazendo isso porque pretende continuar me controlando como sempre fez. Ainda chama isso de família? Não me interessa o quanto possa ser tradicional, dinastia ou elitizada esta casa, não vou lhe obedecer desta vez pai. Eu não vou me casar.

- Estou sendo prudente apenas. Não pretendo deixar o legado da minha família morrer porque meu filho não é capaz de esquecer um trauma do passado e seguir em frente.

- O senhor não tem esse direito.

- Se não é por causa dela e do passado, então é por quê? Por que não pode casar e continuar com nossa dinastia?

- Porque eu não quero. A Alice já vai casar daqui a alguns meses. Então pode se contentar com ela lhe dando netos. Você não tem o direito de jogar o passado na minha cara nem mencionar ela para mim.

- Já chega. - Gritou sua mãe entrando na biblioteca.

- Martha?

- Mãe, o que está fazendo em pé? – Falou nervoso indo em direção a sua mãe que se segurava na maçaneta da porta.

- Como posso descansar com essa gritaria desnecessária dentro da minha própria casa? - Falou nervosa. - Pai e filho se insultando para todos ouvirem.

- Mãe, eu sinto muito. Não queria que ouvisse isso. Não deveria se estressar por minha causa, mas a senhora não sabe o que o papai está me pedindo. Dessa vez ele passou dos limites.

- Eu sei exatamente o que ele lhe pediu. Ouvi tudo do lado de fora. - Falou sentando exausta na poltrona do seu marido.

- Então, pode dizer a ele que isso é uma loucura? Eu não posso me casar só porque exige nem tão pouco ele tem o direito de me tirar a presidência da companhia que lutei a vida toda para gerir.

- Sei que seu pai adora falar besteira filho. – Falou encarando seu marido com uma expressão incrédula. – Que foi? As vezes você fala besteira mesmo.

- Ainda bem que a senhora entende, alguém com juízo aqui dentro desta casa, enfim.

- Mas, dessa vez devo concordar com ele. - Falou deixando filho e marido sem palavras.

- O que a senhora disse?

- Isso mesmo que ouviu. Se não trouxer uma namorada que possa ser uma possível esposa e nora...

- Martha.

- Eu não terminei Alec. - Falou levantando a mão para o marido se calar. - Ninguém casa em seis meses com uma mulher, a não ser que ela seja interesseira, por isso vamos nos restringir a aceitar uma namorada e torcer que ela seja ao menos decente.

- Nós nos casamos em seis meses. - Falou se calando diante do olhar mortal de sua esposa.

- E passou três meses tentando me convencer a sair com você antes disso e mais três meses namorando, então, não vou obrigar meu filho a se casar em seis meses e que Deus nos abençoe.

- Mãe, eu não vou me casar nem tão pouco arrumar uma namorada só para satisfazer a vontade de vocês. Eu estou muito bem solteiro e ponto final. Será que vocês podem parar de se intrometer na minha vida pelo amor de Deus?

- Vai encontrar alguém até o casamento da Alice sim, pode até assumir de uma vez por todo esse relacionamento moderno que diz ter com essa italiana senão eu concordarei com seu pai em dá a presidência da companhia para o seu primo. – Disse respirando cansada.

- Vocês não podem fazer isso. Pela última vez, eu não vou me casar nem tão pouco arrumar uma namorada só porque vocês estão exigindo. - Disse saindo e batendo a porta com força.

- Jason, volte aqui. – Gritou seu pai nervoso. – Martha, o que...

- Eu concordei com essa sua ideia maluca Alec, mas as coisas serão feitas do meu jeito, entendeu?

- Não entendi. Entrou aqui se arrastando e concordou comigo, o que nunca fez nesses últimos trinta anos, agora isso? O que está pretendendo mulher?

- Fazer meu filho sair de uma vez por todas desse luto eterno Alec. Eu não aguento mais isso. Ouvi lá de fora sua exigência ao descer para cessar oura briga ridícula, mas não pude deixar de concordar com você. Essa é uma boa forma de fazer nosso filho voltar a viver.

- Você acha que consegue? Não acha que devemos desistir? Viu como ele saiu daqui?  Achei que ameaçando-o me obedeceria e agora...

- Sou mãe Alec e mães nunca desistem de proteger seus filhos, nem que seja deles mesmos. Agora vamos almoçar. – Falou erguendo a mão para seu marido que a ajudou a levantar.

- Sabe que não quis insinuar que casou comigo por interesse não sabe querida?

- Sim, eu sei querido. - Falou beijando em seus lábios delicadamente. - Eu sei que você me ama se não, eu que não teria me casado com você.

- Eu te amo mesmo querida. Agora me diga, o que está pensando em fazer? - Perguntou fazendo sua mulher sorrir como ele sempre gostava de ouvir.

- Onde já se viu, em pleno século XXI, eu, Jason Campbell aos trinta anos ser obrigado a namorar ou casar. Isso é ridículo. - Ouvindo a risada de sua mãe.

- Jason, não vai ficar para almoçar? - Perguntou sua irmã vendo o irmão ir em direção a porta.

- Não. - Respondeu batendo a porta de casa assustando sua irmã. - Henry. - Gritou nervoso fazendo todos na cozinha se assustarem.

- Acho melhor eu ir, o patrãozinho deve estar querendo ir embora e pelo tom de sua voz não está com um humor agradável. - Falou o motorista saindo às pressas.

- Jason por favor, não almoça conosco a muito tempo. - Alice implorou correndo em sua direção.

- Não posso Alice. - Falou vendo seu motorista chegar e abrir a porta do carro. - Quem sabe quando se casar eu a veja mais. - Falou deixando sua irmã plantada na porta de casa o vendo partir.

- Para casa senhor? - Indagou seu motorista.

- Ligue para lá e veja se Elisabetta ainda se encontra na casa por favor.

- Sim senhor. - Respondeu Henry discando o telefone automático dentro do carro. - Ok! Rebeca, obrigada. Até mais. - Falou desligando após questionar sobre a garota. - Senhor? Ela saiu e disse a Rebeca que não voltaria até a noite.

- Avise a Rebeca que não voltarei mais para casa Henry e peça que ligue para Elisabetta e diga que não retornarei mais este fim de semana, sim? - Falou esfregando os olhos cansados.

- Sim senhor. – Disse ligando novamente para a governanta com suas novas instruções. -  Para a casa do lago senhor? 

- Sim Henry, obrigada. - Respondeu ao ouvir seu telefone tocar. Era Elisabetta. - E por favor, não avise a absolutamente alguém onde estou entendeu? - Completou desligando seu telefone assim que tocou novamente. - E só dê aquele número privado a alguém da minha família caso aconteça algo com a minha mãe sim?

- Sim senhor. - Falou mudando o trajeto para onde só eles conheciam. - Senhor, caso mais alguém tente encontrá-lo?

- Repasse para minha assistente, ela cuidará de tudo. - Falou suspirando e fechando os olhos cansados ao se recostar no banco do carro. - A Lana sempre cuida de tudo.

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