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Miguel Henrique

Eu tinha passado a noite anterior fazendo sexo com uma desconhecida, uma mulher na qual eu nem sabia o nome. Conheci por um acaso depois de sair para jantar com uns amigos, trocamos olhares e ela acabou na minha cama...como sempre acontecia.

Nada melhor do que sexo para aliviar as tensões da vida. Ainda mais se você não precisar ligar para a mulher na qual dormiu no dia seguinte.

- Vaaaaai...isso Mariana isso...vai gata..vai pra mim baby - A mulher parou de se remexer quando eu estava quase lá...

- Que droga, meu nome é Marina e não Mariana! - Cacete,eu já tinha errado o nome da mulher umas duzentas vezes.

- Foi mal gata mas continua vai, tá gostoso - Fiz de tudo para ela continuar - Vai Marina...

Sim, eu tinha um vício, eu confesso. Sexo sempre foi minha perdição. Se eu estava triste sexo, se eu estava feliz sexo. Qualquer ocasião para mim era sexo. Eu me sentia realizado dentro das mulheres e gostava de fazer- las feliz.

[...]

Acordei com uma ressaca imensa, como eu estava de férias eu não ligava de beber e viver na farra. O mês de dezembro para qualquer jogador de futebol, era o mês de jogar tudo para o alto, de ser quem eu realmente era sem precisar de controle ou andar na linha.

Eu tinha me tornado goleiro do Flamengo e graças a isso eu acabei conquistando fama, dinheiro e status. Eu tinha tudo em minhas mãos. Vivia numa mansão, tinha carros de luxo e tudo mais.

Porém isso não foi necessário para Giselle ficar ao meu lado. O dinheiro não foi suficiente, eu fiz de tudo. Paguei o melhor hospital para tentar salvar a vida dela mas infelizmente, ela se foi. Eu me lembro de cada detalhe daquele maldito dia.

- Nós fizemos de tudo para salva - Lá mas infelizmente sua esposa não resistiu. Os ferimentos foram bem graves e...- O médico me olhou com o semblante cansado.

- Não! - Gritei desesperado pensando somente nas crianças - Esse é o melhor hospital do Rio de Janeiro, Você tem que fazer alguma coisa doutor...

- Seu desgraçado! - Olga lançou um tapa na minha cara - Minha filha morreu por culpa sua! Você vai sofrer muito Miguel Henrique, você vai ser muito infeliz.

Demorou para ficha cair que eu tinha perdido Giselle. Pode até ser pecado mas não, eu não amava a Giselle, eu tinha ficado com ela pelas circunstâncias da vida e pelo seu companheirismo.

Eu me vi desamparado e com 2 filhos com 08 anos para criar, sozinho. Enquanto minha mulher era viva, ela tinha toda responsabilidade mas Giselle tinha me deixado e eu me vi num beco sem saída.

- Miguel Henrique! - Quando minha mãe me chamava pelo nome completo, eu sabia que vinha bomba - Temos que ter uma conversa séria.

- Tá, quando eu acordar serve?? - Cobri o rosto com o lençol e ela puxou bruscamente.

- Agora! Miguel Henrique - Fedeu, ela gritou mais alto e começou a me estapear - Levanta logo.

Pelo 2% de juízo que ainda me restava eu levantei. Fui até o banheiro,molhei meu rosto e tratei de me sentar no sofá do quarto para ouvir Helena, ela estava com o semblante triste e na mesma hora eu me senti culpado. Eu sabia muito bem que minha mãe não estava satisfeita com o jeito que eu estava vivendo.

- Olha filho,você não pode continuar levando a vida desse jeito - Eu disse, eu sabia - Rique, meu amor você é uma figura pública e outra você tem que dá exemplo para os seus filhos. Lavínia e Heitor não podem continuar presenciando seus escândalos. Você está todos os dias nos jornais com um problema diferente. Ou sendo falado de forma negativa.

- Mamãe! - bufei massageando minha testa - Meus filhos tem muito vídeo games, viagem e outras coisas para se preocupar tá? Eles nem sabem o que eu faço ou deixo de fazer. Crianças não param para ler jornal. Eles nem sabem o que eu faço ou deixo de fazer.

- Eu vou te dar um conselho de mãe Miguel - Ela estava com os olhos cheios de lágrimas - Bens materiais não podem substituir carinho ok? Ainda mais para crianças que perderam a mãe como eles. Faz 02 anos que a Giselle morreu e você abandonou eles. Simplesmente fechou os olhos para tudo e largou essas crianças.

Por mais que fosse errado, depois da tragédia com Giselle, eu tinha me distanciado dos meus filhos, eu não conseguia ser o pai de antes e só me importava em agradar com presentes e não com carinho de pai. Era difícil para mim ter que lidar com aquilo tudo sozinho.

- Mãe, eu não posso ser a mãe deles ok? - Passei a mão pelo os cabelos nervoso - Eu nem tenho tempo para isso, como pai só posso dar dinheiro e regalias além de claro os 2 podem viver sem se preocupar com nada.

- Deus! Meu filho, não. Não é assim - minha mãe já chorava - Não é possível. Você está sendo egoísta. Eles precisam de carinho de pai. Eles só tem 10 anos de idade, são crianças. Acorda pra vida enquanto é cedo, dinheiro é bom mas para crianças que sofrem traumas carinho é muito melhor...olha não vai ter jeito. Eu vou ajudar a mãe da Giselle a conseguir a guarda dos gêmeos.

- Não, não! - A bruxa da Olga não - Mãe, ela só quer dinheiro, pelo menos aqui eles tem a senhora.

- Então você larga essa vida e passa a cuidar dos seus filhos como homem ou eu ajudo a Olga - balancei a cabeça em negação, eu estava perdido - Tá na hora de você tomar vergonha na cara Miguel Henrique e voltar a ser o homem que eu criei.

Eu estava em um beco sem saída. A avó materna dos meus filhos só pensava em dinheiro e se caso as crianças fossem morar com ela seria pior ou igual a viver comigo. Pelo menos na minha casa elas podiam contar com meus pais.

Eu respirei fundo e comecei a pensar nas palavras de minha mãe, talvez começar a dar um pouco de carinho e atenção para as crianças fosse o melhor, talvez parar de agir feito um menino de 15 anos e encarar a realidade iria me fazer uma pessoa melhor. O problema era que eu já não sabia mais como me comportar com meus filhos.

- Droga! Cacete! - Gritei revoltado - Por que Giselle?? Por que você foi embora? Eu precisava tanto de você! Me ajuda aí?!

De repente ouvi a porta da sacada bater com força...um vento forte invadiu meu enorme quarto deixando ele gelado...será que minha ajuda viria? Se caso viesse eu iria ser obrigado a tomar vergonha na cara.

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