Clarissa estava com sede, era o que mais a atormentava, mais do que o desconforto que sentia, o frio da brisa fresca ou as mãos dormentes das cordas que a amarravam na cadeira.Parecia que pelo menos uma semana se passou desde que aquele grupo de homens a colocou no carro e colocou um capuz em sua cabeça, mas não poderia ter passado mais de um dia.Ele estava no topo de um prédio em construção na periferia da cidade, e quando tiraram o capuz não pôde deixar de notar o forte cheiro de sangue que havia ali.Alguns homens a vigiavam o tempo todo e nem sequer a deixaram ir ao banheiro, nem lhe ofereceram um único copo de água, embora ela implorasse.Ela não pôde deixar de pensar que ela mesma havia trazido tudo o que estava acontecendo, embora Emilio tivesse entrado em sua vida e apesar de tudo ela estava grata, mas como ela pôde ser tão idiota? Dizia—se que ela era uma mulher madura na casa dos trinta, quase trouxe o homem da janela para sua vida, se envolveu em problemas da máfia e perd
Clarissa sentiu as balas atingirem o chão ao seu lado e fechou os olhos, mas a luz do holofote era tão forte que ela ainda conseguia vê—la através das pálpebras fechadas.Um corpo grande e quente saltou sobre ela e a derrubou no chão acidentado e quando ela abriu os olhos viu Emilio em cima dela, protegendo—a dos tiros.— O que faz? — ela perguntou a ele, mas ele não a ouviu.acima dele barulho de balas Uma voz através de um megafone quebrou seus tímpanos.—Eles estão cercados—, disse ele, —larguem as armas e se rendam com as mãos para cima ou vocês serão abatidos.— Clarissa olhou para a porta da escada, Luis estava lá deitado no chão com as mãos na cabeça e Luciano e seus homens não estavam mais lá.Os tiros pararam e Emilio se levantou, pegou a cadeira de Clarissa e ajeitou—a novamente, depois começou a desamarrá—la e ela beijou sua cabeça, seus cabelos escuros já eram longos e faziam cócegas em suas bochechas.—Você veio—, ela disse a ele e ele olhou para o rosto dela, com os olhos
Clarissa sentiu afrio de metal contraver, e além do coração acelerado e dos joelhos trêmulos, eu não conseguia sentir ou ver nada alémSeu corpo estava entorpecido como se uma massa espessa a envolvesse, como se ela estivesse morta, talvez em breve estaria.Emilio estava a dois metros de distância, com os olhos azuis gelados bem abertos e tentando convencer o irmão a soltá—la, mas Luciano a apertou com mais força e já começava a ficar sem fôlego.—Você não precisa fazer isso—, disse Emilio, a expressão agressiva havia desaparecido, ele sabia que naquele momento estava contra a espada.e a parede — ela não tem culpa de nada — Luciano balançou a cabeça, Clarissa sentiu.— Não tente fugir disso irmão, não tem mais volta, você decidiu envolver essa mulher e agora vai pagar as consequências — Emilio ergueu lentamente as mãos em direção a ele, mas o mafioso parecia um cervo nervoso e mal—humorado e ele recuou até que suas costas bateram na porta do carro.—Por favor—, ele implorou, —mate—me,
Luis desceu as escadas correndo com o coração na mão e quando conseguiu sair do prédio percebeu que as chaves do carro não estavam no bolso e teve que voltar correndo para a cidade. Seus pés ardiam quando ele saiu para a rua e àquela hora da noite ele mal conseguia encontrar um táxi para levá—lo.levar a para as instalações do Empire Transport, e não importa o quanto ele assediasse o homem, ele demorou pelo menos quarenta minutos para chegar. Ao sair do carro jogou uma nota para o motorista e nem esperou a curva, correu pela calçada e quando entrou na recepção estava tudo iluminado e os trabalhadores aglomeravam—se apesar do horário. — O que aconteceu? —Luis perguntou à recepcionista que estava pálida e com os olhos inchados. — Houve um tiroteio no andar de cima — a mulher contou e Luis sentiu um nó no peito — Os homens de Luciano nos trancaram na empresa, mas há uns vinte minutos arrumaram tudo e foram embora, pois ouvi dizer que Don Luciano morreu — Luis Ele balançou a cabeça, sem
—Você não vai tirar meu filho de mim! — Ele gritou com raiva e bateu na mesa com tanta força que derrubou o copo d’água e ele rolou pelo chão até quebrar. O ex—namorado dela estava lá, meio paralisado, meio assustado, e Clarissa olhou para ele com olhos cheios de raiva. —Você nunca esteve com ele, nunca pareceu se importar, mal se limitou a pagar por isso. a escola dele, e isso porque todo mês eu te ligo até o cansaço — as pessoas que estavam no restaurante começaram a esticar o pescoço para observar a dolorosa situação na mesa ao lado.—Não seja assim, acalme—se—, ele disse a ela, seu cabelo estava tão perfeitamente penteado para trás que parecia ter sido lambido por uma vaca.— Não me diga para me acalmar! — gritou Clarissa sacudindo a mesa e a sopa derramada na toalha fina — você está me dizendo que vai tirar meu filho de mim e quer que eu me acalme? — Xavier ajeitou seu terno caro, seu rosto estava vermelho pelo escândalo constrangedor em que Clarissa os estava colocando.—Ele vai
Clarissa estava nos móveis da sala com o celular encostado no peito, tinha o olhar fixo na janela e um caderno com nomes na perna. Ela ficou nervosa, como se estivesse fazendo algo errado, e pensou que o juiz do caso de custódia do filho a estivesse observando de canto, julgando—a, mas o que ela poderia fazer? Aos olhos da sociedade ela não era ninguém, mal tinha o suficiente para se sustentar, era solteirona e seu ex—namorado era milionário e tinha esposa médica. Como você competiria contra isso?—Você vai ficar estressada—, disse—lhe o filho, que estava sentado na mesa da cozinha e segurava um livro de Harry Potter que ela não havia comprado para ele.—Já estou estressada—, ela disse a ele. O filho dela tinha cinco anos, mas era uma criança peculiar, com inteligência acima da média e mais maduro do que Clarissa teria imaginado ou desejado. Ele era retraído e um pouco tímido, por isso sofria bullying na escola, era uma criança com grandes talentos e ela lamentava não ter dinheiro par
Clarissa abriu a boca para dizer algo, mas as palavras ficaram presas em seu pescoço, e enquanto isso o homem à sua frente continuou a encará—la até sorrir de lado com uma arrogância que ela achou um pouco sexy.—Vou adicioná—lo à lista das reações mais curiosas que as mulheres têm quando me conhecem pela primeira vez—, disse ele, então Clarissa recuperou o controle de seu corpo e olhou em volta.Os outros homens que estavam no bar foram aos poucos voltando às suas atividades e ela caminhou até a mesa dos fundos onde o homem estava antes e sentou—se com os braços cruzados e observou enquanto ele se sentava bem na frente, com as costas bem retas e os ombros altos.—Bem—, ela disse depois de um tempo, —o homem colocou as mãos sobre a mesa e Clarissa não pôde deixar de notar que elas eram grandes e pareciam muito quentes, e ela se surpreendeu ao imaginar estender a mão e agarrá—las—. o nome dele? — ele perguntou e tirou um caderno com um lápis. Ele olhou nos olhos dela.— Você vai escrev
Por algum motivo que Clarissa não conseguia entender, o homem, Emanuel, nunca quis lhe dar um número de telefone para se comunicar com ela, e as únicas duas vezes que ele ligou para ela foram, cada vez, de um número desconhecido, o que realmente a surpreendeu. .Naquela tarde ela voltou para casa depois de pegar o filho na escola, tinha algumas histórias para terminar, mas achou importante escolher o candidato perfeito para interpretar seu falso noivo, e sentou—se na frente do computador com o caderno entre as pernas dela e observou cada um dos detalhes que ele havia escrito.Ele eliminou alguns e não deu muita atenção a muitos outros, mas quando chegou à parte sobre Gabriel, o boxeador, arrancou a página e leu—a com atenção.Era o candidato perfeito, atlético, com uma carreira pela frente, muito empenhado, responsável e, acima de tudo, sexy. Ele era alto, moreno, com tatuagens bem distribuídas e parecia muito fofo, mas quando chegou à página com as poucas anotações que tinha sobre Em