Eva estava confusa, atordoada, não sabia o que pensar nem como agir. Jamais imaginara que aquilo poderia acontecer. Seu coração palpitava e suas mãos tremiam mas era durona demais para correr o risco que alguém à visse naquele estado de fragilidade então andou pelo estacionamento o mais rápido que pode até chegar à porta do elevador do pequeno residencial.
Se perdeu enquanto olhava os números dos andares passando pela pequena tela do elevador com o nome “residencial sonhos” em seu topo. Estava se sentindo presa ali, claustrofóbica, só queria sair o mais rápido possível para buscar o ar que ali já não tivera mais para ela. Desceu no oitavo andar caminhando em passos rápidos até achar a porta de seu apartamento, adentrando-o e batendo a porta atrás de si tomando fôlego, inspirando profundamente. Eram tantos os sentimentos que tinha ali naquele momento que mal podia descrever todos eles. Dúvidas, rancor, tristeza, raiva, remorso, saudades, ódio... Sua cabeça não parava nem por um segundo e ela sentia que poderia enlouquecer à qualquer momento.
Após todos esses anos, reencontrar Jared novamente fazia Eva ter dos mais diversificados sentimentos, ela ainda nem acreditara no que havia acontecido. Tantos meses sofrendo e todos esses anos superando sua perda e se tornando outra pessoa, a última coisa que ela queria era vê-lo novamente. Sentou-se atrás da porta colocando as mãos em sua cabeça tentando processar o que houvera acabado de acontecer.
𝑫𝒖𝒂𝒔 𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔 𝒂𝒕𝒓𝒂𝒔
– E como sempre, nossa queridíssima Eva irá acabar com toda a garrafa de tequila. – Sandes dizia em tom irônico vendo a amiga entornar a garrafa direto do gargalo.
– E como sempre você vai ser o chato que corta o meu barato. – Eva respondia o amigo mostrando-lhe a língua. Sandes era um grande amigo de Eva, tal como um irmão. Conheceu-lhe há cinco anos atrás quando pela primeira vez foi sozinha à um pub beber. Se conheceram quando por ironia do destino, pediram o mesmo drink ao mesmo tempo e desde então, não separaram-se mais. Apesar de não poder contar-lhe os detalhes mais obscuros de sua vida por medo de perder sua amizade, Eva tinha muita confiança nele, admirava-o muito por ele sempre tentar faze-la enxergar o melhor para si. Ela nunca precisou contar-lhe muito para que ele entendesse seus sentimentos, era como se houvesse uma conexão entre ambos.
– Você não acha que está exagerando um pouco na bebida Eva? – Fernando perguntava preocupado com sua saúde já que pecebera que Eva estava bebendo cada vez mais.
– Relaxa Feh, exagerar é meu ponto forte. – A ruiva o respondia tendo uma mecha de seu cabelo enrolada pelo ex namorado. Apesar do término, Eva e Fernando continuavam mantendo seus encontros casuais. O que para muitos parecia loucura para eles era apenas diversão e eles se sentiam bem dessa forma conseguindo ainda manter uma boa amizade.
Estavam em um pub na Augusta entre amigos, o tipo de encontro que Eva amava ter aos fins de semana, afinal podia curtir um pouco e espairecer esquecendo-se por alguns instantes da vida sombria que levava. O lugar era perfeito para a garota cercado por tudo que gostava, muita gente, animação e caras bonitos, o paraíso para ela.
Ao acabar a tequila e dar seu primeiro gole em seu copo de whisky, a ruiva sente uma mão pousar em seu ombro e se vira para ver. Quase cuspindo o líquido na cara da pessoa à sua frente, é nítido o espanto em sua feição que de corada agora estava branca como a neve.
– Minna?!! – Ela exclamava quase gritando ao ver a amiga após todos esses anos. – O que você faz aqui? Como me achou? – Eram tantas as perguntas que a ruiva gostaria de fazer mas não teve tempo já que fora cortada pela morena de cabelos curtos que à olhava de maneira seria.
- Olha Eva eu também queria muito te abraçar e falar com calma mas não dá, preciso ser direta. – Ela cortava-a, fazendo Eva ficar apreensiva. No momento foi notória a tensão entre todos que estavam ali. As duas permaneciam ali se fitando enquanto os amigos se entreolhavam confusos. – Esse tempo todo... – A morena fazia uma pausa respirando profundamente. – Eu não estava fazendo intercâmbio no Canadá. – Ela segura nos braços de Eva olhando-a fixamente e Eva podia sentir o peso do que viria a seguir. – Eu estava com o Jared.
– O QUE?!! – Eva exclamava fazendo todas as atenções do bar se voltarem para ela. – Como assim Minna?! O qu..que você está dizendo? – Eva começava a sentir sua voz falhar, seu timbre havia ficado trêmulo, era como se todo o mundo tivesse congelado no instante em que aquelas palavras entraram por seus tímpanos.
– Olha Eva, eu sei que é tudo muito confuso mas você precisa confiar em mim. Me escuta. – Era difícil atender aquele pedido, a ruiva sentia que a cada palavra sua audição diminuía mais, não conseguia se concentrar em nada ao seu redor. – O Jared voltou e ele está te procurando, achei que deveria te dizer isso com antecedência.
– Pois vá você e ele para o INFERNO!! – Eva rapidamente pegou sua bolsa e as chaves do carro que estavam em cima do balcão do bar e saiu apressada dali esbarrando em qualquer um que estivesse eu seu caminho sentindo as pessoas se afastarem até esbarrar em uma que permaneceu imóvel à sua frente. – Idiota, não vê que quero passar. – Ela o enfrentava sem conseguir enxergar a feição de quem estava parado à sua frente.
– Está de mau humor, Eva? O que aconteceu? – Aquela voz... Ela conhecia aquela voz. Quando virou sua atenção para seu rosto não teve dúvidas. Aqueles olhos verdes penetrantes, aquelas sobrancelhas arqueadas, aquele cabelo castanho levemente penteado para trás. Aqueles traços só poderiam pertencer à uma pessoa: Jared. Sentiu todos os seus músculos se contrariem, sua mandíbula apertar, seu coração acelerar. A ruiva sentia como se fosse desmaiar ali naquele momento. Não sabia se corria, se permanecia ali parada, se falava algo para ele ou se permanecia calada, a sensação de pânico tomou conta de seu corpo. – Quanto tempo Eva. É um prazer te ver novamente.
𝑺𝒆𝒊𝒔 𝒂𝒏𝒐𝒔 𝒂𝒕𝒓𝒂𝒔 – E então Eva, o que você quer fazer hoje? – Jared me perguntava enquanto prendia uma mecha de meus cabelos entre seus dedos olhando-me com ternura. – Estava pensando em fazermos um piquenique com a Marina. – Retribuo seu carinho pegando em sua mão. Marina era a filha mais nova de Jared, tinha quatorze anos e era uma menina doce de aparência angelical, estava sempre à ver o lado bom das coisas e contagiava todos com sua positividade. O primogênito de Jared era Alexander de dezoito anos que coincidentemente havia nascido no mesmo dia e hospital que eu porém isso era a única coisa que eu sabia sobre ele já que sua relação de pai e filho não era muito boa. – Acho ótimo meu amor. Quero aproveitar com você o maior tempo possível. – Ele permanecia ali me fitando com aquele olhar que fazia-me sentir segura e acolhida.
– É um prazer te ver de novo Eva. – Ele me encarava com um olhar penetrante me deixando sem reação por alguns segundos. Eu respondia? Corria? Ia para cima dele? Nenhuma dessas foi uma reação viável na hora à não ser ficar ali imóvel, o encarando de volta. – Você só pode estar brincando comigo não é? – Essas foram as únicas palavras que consegui proferir após o meu transe. – O que você está fazendo aqui? – Eu só precisei de um tempo para arrumar umas coisas. Agora que arrumei tudo, decidi que era hora de voltar. – Eu revirava os olhos inspirando profundamente tentando achar uma saída para aquela situação. – Que seja, eu estou indo embora. – Sinto sua mão segurar meu pulso e eu desvencilho rapidamente de maneira brusca com a intenção de mostrar-lhe que eu não estava para brincad
Acordei na manhã seguinte sentindo minha cabeça latejar, ainda estava meio tonta e tentando processar o que havia acontecido. Torcia para que aquilo não tivesse passado de um pesadelo. Caminhei até a sala abrindo uma garrafa de whisky, servindo-me uma dose generosa sentando-me no sofá, acendi um cigarro e tentei ali esvaziar a mmente " – É um prazer te ver de novo Eva." Essas palavras não saiam da minha mente e eu não podia deixar de questionar-me sobre o que ele queria comigo voltando agora. Mas uma coisa era certa, vê-lo mexeu totalmente comigo, não esperava por isso nem por um minuto e quando ele apareceu era como se tudo em minha vida virasse de pernas para o ar. Sou tirada de meus devaneios pelo som da campainha tocando, ao olhar pelo olho mágico vejo Jared parado à minha porta. Senti meu cora
— O que?! — Falou incrédulo alterando o tom de sua voz. — Você só pode estar brincando! — Quer pagar para ver? Sente algum tom de brincadeira em minha voz. — Eu o retruquei de maneira firme, impondo na voz a minha vontade. — Trazer a Marina para o Brasil seria um erro. — Ele também parecia estar certo de sua palavra. — Me procurar também foi. — Continuei mantendo o tom firme. — Então trabalhar com você está fora de cogitação. — Disse desligando a ligação na cara dele. A Marina foi vítima disso tanto quanto eu, ela merece saber o que o pai se tornou. E se eu fosse mesmo ajudar Jared eu precisaria de sua ajuda, não poderia sem ela. Ou Marina voltava para o Brasil ou nada feito e tenho absoluta certeza que deixei isso bem clar
Ao chegar em casa senti uma culpa que não cabia em meus ombros. Como eu pudera ser tão fraca e inconsequente? Havia dado a ele o que ele queria, o prazer de me ter a hora que bem entendesse como um cachorro que espera seu dono voltar. Eu não podia me permitir cometer o mesmo erro duas vezes, eu tinha que ser firme independente da minha vontade. Não poderia me permitir esquecer o que ele havia me feito e devia encontrar nisso forças para não cair no seu jogo de sedução novamente. Mas era óbvio que pensar isso agora era fácil, apesar de tudo eu tinha em mente que colocar isso em prática não seria uma tarefa assim tão simples. – Como esse homem pode mexer tanto comigo? – Perguntava a mim mesma me jogando no sofá. Vejo o visor do meu celular acender juntamente ao som da notificação, na tela o nome de Jared aparece. – É só falar no diabo que ele apare
No dia seguinte acordo sentindo fortes dores de cabeça, sempre que eu passava por um pico muito alto de estresse eu sentia aquela dor quase como uma enxaqueca. Pego meu celular para olhar as horas e vejo que são 11:45. Eu não fazia ideia de quanto tempo havia dormido, só sentia meu corpo pesado como se um elefante estivesse em cima de mim. Pego meu celular e vejo uma mensagem de Minna: " Jared e eu estamos no escritório e só voltaremos mais tarde. Não quis te acordar então deixei seu café da manhã pronto e algumas roupas para você vestir no armário. Tenha um bom dia." — Tanto faz. — Murmurei a mim mesma me levan
– NÃO! – Sinto o suor frio escorrer meu rosto enquanto um calafrio percorreu todo meu rosto. Que tipo de pesadelo havia sido esse? – O que foi Eva? - Jared acorda assustado, vendo eu colocar as mãos em meu rosto e começar a chorar ele me consola me abraçando. – Você teve um pesadelo? – Foi horrível, eu via você morrendo em uma explosão, depois um cara atirava em uma garota e quando eu ia socorrer ela eu via que ela era eu. – Eu respirava fundo, tentando acalmar-me mas parecia inútil. – Por fim esse cara atirava na minha cabeça, foi tão sinistro. – Foi só um sonho, não se preocupe. Volte a dormir, sim? São cinco horas da manhã ainda.
Saímos do escritório naquele Lamborguine Urus que me fazia delirar, o ronco do motor e a suavidade dele me encantavam. Jared dirigiu por mais alguns minutos até pararmos em frente sua mansão e era além do que eu imaginava. Um enorme muro a envolvia e à nossa frente um portão preto automático enorme junto a alguns seguranças. O portão se abre e nós entramos passando por aquela imensidão de árvores. Jared para o carro e nós descemos, sem precisar caminhar muito chegamos a frente da casa e logo de cara já é possível ver um enorme jardim com uma fonte em seu centro. Olhando para cima e vejo uma enorme sacada, embaixo, muitas janelas de vidro. – Uau! Que coisa mais cafona. – Ironizei, levantando uma sobrancelha para ele vendo-o me olhar perplexo. – Engraçadinha. Vem, quero te mostrar uma coisa, mas é surpresa. – Ele começa a tirar uma fa