Chloë
Jony me olhou como se eu tivesse ficado louca. Seus olhos azuis acinzentados refletiram um brilho estranho enquanto sua expressão se endurecia, ainda que o sorriso de segundos antes tivesse ficado paralisado em seus lábios.
— Do que você está falando?
— De dar um tempo. — Não desviei meus olhos dos dele. Embora tudo isso parecesse louco, eu não tinha a menor dúvida quanto a essa decisão.
— De terminar? — A palavra escorregou amarga pelos lábios dele. Fechou as mãos com força em torno do seu copo descartável de suco. Seu maxilar se contraiu exatamente co
GabSua caneta preta desenhava cada letra com precisão enquanto seus olhos passavam rapidamente do quadro a seu caderno uma e outra vez.Movia-se ao meu lado como quem desconhece a presença de outra pessoa ali.O curativo em sua mão não passou despercebido nem tampouco os olhares dissimulados de Jony em sua direção, cuidando cada movimento seu como quem espera uma oportunidade.Com um baque em minha mesa, Lorena apoiou um pequeno bilhete sobre meu caderno com um número escrito com caneta rosa e uma estrelinha ao lado. Sua expressão demonstrava um leque de emoções confusas que eu atribuí ao fato de eu não te
GabDora estava bêbada.Tirou os sapatos apoiando-se nas paredes enquanto avançava lentamente pela sala, as unhas grandes pintadas de vermelho contrastando com as paredes perfeitamente brancas do seu aparamento luxuoso. Os olhos semifechados, o lápis de olho escorrendo escuro como olheiras profundas sob seus olhos.Encarou-me e sorriu. Um sorriso estridente e histérico enquanto se arrastava tropeçando com os próprios pés na minha direção. Sua risada converteu-se em um grito abafado e logo em um choro desesperado enquanto com um último passo titubeante me alcançava.Estendi os braços em sua direç&atild
ChloëO vento soprou fresco vindo de uma das janelas do corredor no exato momento em que passei a seu lado e entramos juntos na sala de aula. O cheiro do seu perfume doeu e confortou meu coração ao mesmo tempo. Depois de tudo, ele ainda estava ali mesmo que a breve conversa da noite anterior me tivesse feito acreditar que ele desapareceria a qualquer segundo, tão inesperadamente quanto havia aparecido.Mordi o lábio inferior e tentei ignorar os olhares maliciosos de Lorena em sua direção. O que eu poderia fazer? Não era como se aquele beijo tivesse mudado tudo para ele, embora muito antes disso ele tivesse mudado tudo pra mim.Sentamos lado a
GabUm sorriso sincero estendeu-se por seus lábios e iluminou seu rosto, iluminou seus olhos, coloriu os meus de verde. Alguns fios de cabelo dourado escaparam da trança frouxa com a qual ela os havia atado e seu rosto corou um pouco enquanto os raios de sol que entravam pela janela da sorveteria faziam o sorvete em sua mão derreter.Inclinou-se na minha direção sobre a mesa de plástico e estreitou os olhos como quem planeja algo perigoso.— Escolhe um número de um a cinco.Sorri pegando um guardanapo e o colocando em sua mão. Dei de ombros enquanto seus olhos me observavam expectantes.— Dois.— Ok. — Levantou-se de um salto, colocou a mochila na
ChloëVirei o copo de leite de uma vez só e devorei o sanduíche de presunto e queijo tostado em apenas alguns minutos sob o olhar atento e intrigado dos meus pais. Não pude deixar de mover as pernas inquieta embaixo da mesa enquanto o relógio da cozinha faziatic tac, tic tac, marcando cada segundo na parede em frente à mesa de café da manhã.Limpei a boca com um guardanapo de papel e levantei-me de um salto colocando a bolsa no ombro enquanto caminhava apressadamente até a porta.Saí na manhã quente do fim de inverno que me recebeu com raios de sol e os murmúrios tão típicos do meu bairro. Coloquei os fones no ouvido e acomod
ChloëSeusVansnegros e meu sapato perfeitamente branco, seu corte de cabelo desalinhado e meus fios retos e simétricos, seu jeans escuro e desgastado e meu uniforme impecavelmente passado.Seu meio sorriso quase imperceptível e o brilho nos meus olhos que eu mal podia ocultar.Tentei fingir que meu pulso não se alterava cada vez que sua perna roçava na minha casualmente por baixo da mesa, tentei esconder o sorriso cada vez que nossos braços se tocavam por cima do material espalhado na última fileira da sala e tentei comprimir o desejo irracional de entrelaçar os dedos com os dele cada vez que sua mão esbarrava na min
ChloëMeus pais me observaram, sentados um ao lado do outro no sofá confortável da nossa sala de estar. Seus rostos estavam tensos como se estivessem escutando uma narração absurda sobre um drama adolescente recém lançado no cinema. E eles não gostavam de dramas adolescentes. Sempre achavam que a trama estava sobre valorada e que os problemas poderiam ser resolvidos de outra maneira.Mamãe apertava os dedos entre as mãos. Eu tinha adquirido esse hábito dela, enquanto seus olhos extremamente verdes pintados na medida certa com rímel e lápis de olho, deixavam transparecer toda a preocupação e todas as emo
GabCaminhei entre os alunos que saiam das salas de aula como animais enjaulados, sedentos por um pouco de liberdade vigiada e esquivei os vários grupos que foram se formando no corredor na hora do intervalo.Evitei o olhar sugestivo de Lorena e suas amigas e contornei um grupo de esportistas que debatiam sobre o resultado de um jogo do último campeonato entre escolas e saí pela porta principal do prédio de encontro ao grande pátio de grama verde onde já muitos alunos desfrutavam do sol da manhã.Rodeei o prédio da escola passando por um caminho de concreto menos movimentado onde alguns casais aproveitavam para fugir dos olhares