Chloë
O vento soprou fresco vindo de uma das janelas do corredor no exato momento em que passei a seu lado e entramos juntos na sala de aula. O cheiro do seu perfume doeu e confortou meu coração ao mesmo tempo. Depois de tudo, ele ainda estava ali mesmo que a breve conversa da noite anterior me tivesse feito acreditar que ele desapareceria a qualquer segundo, tão inesperadamente quanto havia aparecido.
Mordi o lábio inferior e tentei ignorar os olhares maliciosos de Lorena em sua direção. O que eu poderia fazer? Não era como se aquele beijo tivesse mudado tudo para ele, embora muito antes disso ele tivesse mudado tudo pra mim.
Sentamos lado a
GabUm sorriso sincero estendeu-se por seus lábios e iluminou seu rosto, iluminou seus olhos, coloriu os meus de verde. Alguns fios de cabelo dourado escaparam da trança frouxa com a qual ela os havia atado e seu rosto corou um pouco enquanto os raios de sol que entravam pela janela da sorveteria faziam o sorvete em sua mão derreter.Inclinou-se na minha direção sobre a mesa de plástico e estreitou os olhos como quem planeja algo perigoso.— Escolhe um número de um a cinco.Sorri pegando um guardanapo e o colocando em sua mão. Dei de ombros enquanto seus olhos me observavam expectantes.— Dois.— Ok. — Levantou-se de um salto, colocou a mochila na
ChloëVirei o copo de leite de uma vez só e devorei o sanduíche de presunto e queijo tostado em apenas alguns minutos sob o olhar atento e intrigado dos meus pais. Não pude deixar de mover as pernas inquieta embaixo da mesa enquanto o relógio da cozinha faziatic tac, tic tac, marcando cada segundo na parede em frente à mesa de café da manhã.Limpei a boca com um guardanapo de papel e levantei-me de um salto colocando a bolsa no ombro enquanto caminhava apressadamente até a porta.Saí na manhã quente do fim de inverno que me recebeu com raios de sol e os murmúrios tão típicos do meu bairro. Coloquei os fones no ouvido e acomod
ChloëSeusVansnegros e meu sapato perfeitamente branco, seu corte de cabelo desalinhado e meus fios retos e simétricos, seu jeans escuro e desgastado e meu uniforme impecavelmente passado.Seu meio sorriso quase imperceptível e o brilho nos meus olhos que eu mal podia ocultar.Tentei fingir que meu pulso não se alterava cada vez que sua perna roçava na minha casualmente por baixo da mesa, tentei esconder o sorriso cada vez que nossos braços se tocavam por cima do material espalhado na última fileira da sala e tentei comprimir o desejo irracional de entrelaçar os dedos com os dele cada vez que sua mão esbarrava na min
ChloëMeus pais me observaram, sentados um ao lado do outro no sofá confortável da nossa sala de estar. Seus rostos estavam tensos como se estivessem escutando uma narração absurda sobre um drama adolescente recém lançado no cinema. E eles não gostavam de dramas adolescentes. Sempre achavam que a trama estava sobre valorada e que os problemas poderiam ser resolvidos de outra maneira.Mamãe apertava os dedos entre as mãos. Eu tinha adquirido esse hábito dela, enquanto seus olhos extremamente verdes pintados na medida certa com rímel e lápis de olho, deixavam transparecer toda a preocupação e todas as emo
GabCaminhei entre os alunos que saiam das salas de aula como animais enjaulados, sedentos por um pouco de liberdade vigiada e esquivei os vários grupos que foram se formando no corredor na hora do intervalo.Evitei o olhar sugestivo de Lorena e suas amigas e contornei um grupo de esportistas que debatiam sobre o resultado de um jogo do último campeonato entre escolas e saí pela porta principal do prédio de encontro ao grande pátio de grama verde onde já muitos alunos desfrutavam do sol da manhã.Rodeei o prédio da escola passando por um caminho de concreto menos movimentado onde alguns casais aproveitavam para fugir dos olhares
ChloëApoiei os pratos na mesa sem me dar conta que estavam prestes a cair um por um sobre a grama fofa e verde do quintal dos fundos da casa de Maria. Senti suas mãos suaves sobre o meu ombro e ruborizei constrangida, enquanto ela abria um sorriso amável para mim e me ajudava a acomodar os pratos na pequena mesa de quatro lugares que havíamos levado para o quintal.— Eles são uma distração e tanto. — Observou como Gab e seu marido conversavam a poucos metros de distância enquanto tiravam a carne da pequena churrasqueira e colocavam sobre a taboa de madeira para cortá-la.Suspirei e me apoiei na cadeira enquanto o sol quente tostava
GabDispensei a ideia absurda do meu pai de sair para jantar juntos como uma fantástica família feliz e coloquei a carteira e o celular no bolso da calça, fechando a porta do quarto depois de sair.Desci as escadas ignorando o sorriso malicioso de Jony e o olhar suplicante do meu pai e passei pela porta de entrada fechando-a atrás de mim, deixando toda aquela hipocrisia para trás.Quando coloquei os pés fora do luxuoso edifício de classe média alta que havia passado a ser a minha casa, senti como se me livrasse de um peso, era livre, mesmo que por algumas horas.Comprovei a hora no celular e apoiei-me contra as grad
GabSara percorreu o pequeno quarto do hostel em alguns minutos. Abriu a janela para escutar o ruído da cidade lá fora e seus olhos brilharam de emoção enquanto se deixava cair em uma das camas de solteiro e permitia que seu copo relaxasse da viagem com uma escala de 7hs em São Paulo.— No logramos encontrar un vuelo directo. — Me observou sorrindo enquanto tirava o casaco e o deixava na cadeira ao lado da cama. — Ah! — Se acomodou melhor, endireitando o corpo e me observando com astúcia. — He estudiado mucho después de que te fuiste... Así que hablemos em portugués dale? Quiero ver cómo me va.Seu