Gab
Sara percorreu o pequeno quarto do hostel em alguns minutos. Abriu a janela para escutar o ruído da cidade lá fora e seus olhos brilharam de emoção enquanto se deixava cair em uma das camas de solteiro e permitia que seu copo relaxasse da viagem com uma escala de 7hs em São Paulo.
— No logramos encontrar un vuelo directo. — Me observou sorrindo enquanto tirava o casaco e o deixava na cadeira ao lado da cama. — Ah! — Se acomodou melhor, endireitando o corpo e me observando com astúcia. — He estudiado mucho después de que te fuiste... Así que hablemos em portugués dale? Quiero ver cómo me va.
Seu
ChloëSenti meus passos ecoarem pelo corredor, mas por mais rápido que eu caminhasse não era o suficiente. Eu não estava longe o bastante, embora meu coração se partisse cada vez que eu me afastava e ele encurtava a distância entre ambos mais uma vez.Esquivei os grupos de alunos e professores que saiam das salas e esbarrei em uns tantos enquanto praguejava pelas malditas lágrimas que queimavam meus olhos.Meu rosto estava molhado.Observei o sol lá fora. Desejei que ele pudesse secá-lo.Desejei que ele pudesse levar embora toda aquela maldita dor que me deixava com raiva e me deixava tão triste.Aviste
GabObservei de longe enquanto Sara desaparecia no portão de embarque. Senti uma mescla de nostalgia e tranquilidade enquanto ela se virava e sorria com um hasta luego cravado no rosto.Não pude... Tempo é tudo o que temos de verdade e pela primeira vez não poderia estar ao seu lado para amparar sua queda caso ela tropeçasse durante o caminho. Rezava para que sua rota fosse isenta de pedras e para que esse sorriso que tantas vezes havia me quitado o sono permanecesse em seus lábios.Mas quatro dias era demasiado.E havia outra pessoa nos meus sonhos... Havia outra pessoa acelerando meu coração.
ChloëApertei sua mão contra a minha enquanto meu pai intercalava a mirada entre ambos, sua expressão pairando entre a desconfiança e a preocupação. Seus olhos castanhos de brilho profundo focaram pelo o que me pareceu um longo tempo a carícia sutil dos meus dedos na mão de Gab, e embora cada gesto seu fosse discreto o suficiente para passar despercebido, pude notar o largo suspiro e a maquinaria em sua cabeça funcionando a mil por hora. Calculando todas as probabilidades e todos os desfechos possíveis.— Então... Estão saindo agora? — Seus olhos pousaram sobre os meus e me observaram com atenção.&mdash
GabFitou-me com olhar cúmplice enquanto rodeava com o indicador a borda do copo, formando círculos perfeitos uma e outra vez.Inclinou-se sobre a mesa fazendo com que seu decote V se tornasse ainda mais evidente e sorriu com curiosidade. Seus lábios, que brilhavam em um rosa intenso e pegajoso, formaram uma espécie deUcintilante enquanto ela afastava alguns fios de cabelo dos olhos e estudava cada movimento meu.— Estou realmente intrigada. — Seu sorriso ampliou-se enquanto simulava certa ingenuidade. — Não que eu não esteja feliz, mas por que você me chamaria justo agora?Tomei um gole do suco e me encostei comodame
ChloëNos escondemos embaixo da marquise de uma loja de roupa já fechada enquanto a chuva caia como uma cascata e as gotas grossas eram iluminadas pelos faróis dos carros que cortavam a rua a nossa frente.Era um pouco depois das 18hs, mas o céu estava escuro como se fossem 22hs e nossas roupas gotejavam como se houvéssemos entrado no mar furioso que rugia a algumas quadras dali.— Foi uma péssima escolha. — Afastou alguns fios de cabelo molhado do meu rosto e seus olhos brilharam sob a luz tênue do poste a nossa frente.— A crítica era boa. — Retruquei fazendo uma careta enquanto observava o vai e vem do trânsito, atenta
ChloëUm ano é como toda uma vida.Se ele está perto o suficiente, segure sua mão como se jamais tivesse feito isso antes.Escute o ruído da cidade e deixe o coração reverberar no peito com o som do seu sorriso.Pinte, use cores improváveis e escreva cartas ridículas.E se o sol brilha e você pode deitar ao seu lado sobre a areia macia... E se podem ver um filme realmente ruim e correr sob a chuva... E se podem percorrer todas as ruas da cidade com o coração pulsando na mesma frequência... E se seu olhar pode arrancar o sorriso mais sincero dos seus lábios... E se o toque cálido das suas mãos em se
ChloëEmpurrou-me longe, forte e meus cabelos voaram enquanto o vento soprava furiosamente no meu rosto. O balanço cortou ar enquanto eu me acercava e voltava a me afastar das montanhas nevadas ao longe. Agarrei-me a corrente de ambos os lados gritando e rindo enquanto meus olhos lagrimejavam de frio e meu grito ecoava na praça deserta.A TV havia marcado -2 graus aquela manhã e ainda que poucos se aventurassem a caminhar pelas ruas congeladas pelo inverno, eu não me atreveria a perder nenhum segundo sequer porque aquela cidade era uma parte dele que eu quase não conhecia, e eu queria conhecer cada parte do que Gabriel Sullivan representava.Parou a minha frente d
ChloëLembram-se de como começamos essa história?Vocês se lembram daquela noite em que minha cabeça estalava em mil pedaços? Pedaços que nem de longe se poderiam comparar com as minúsculas partes do meu coração?Lembram-se quando eu disse que já sentia a falta dele? Porque eusentiatão insuportavelmente que jamais achei que pudesse abrir os olhos novamente se ele não estivesse me esperando.Mas eu vou te dizer uma coisa.A cidade lá fora continuava uivando como um animal enfurecido. Os carros continuavam cortando as ruas e seus faróis continuavam cegando nossos olhos, suas buz