Chloë
Apertei sua mão contra a minha enquanto meu pai intercalava a mirada entre ambos, sua expressão pairando entre a desconfiança e a preocupação. Seus olhos castanhos de brilho profundo focaram pelo o que me pareceu um longo tempo a carícia sutil dos meus dedos na mão de Gab, e embora cada gesto seu fosse discreto o suficiente para passar despercebido, pude notar o largo suspiro e a maquinaria em sua cabeça funcionando a mil por hora. Calculando todas as probabilidades e todos os desfechos possíveis.
— Então... Estão saindo agora? — Seus olhos pousaram sobre os meus e me observaram com atenção.
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GabFitou-me com olhar cúmplice enquanto rodeava com o indicador a borda do copo, formando círculos perfeitos uma e outra vez.Inclinou-se sobre a mesa fazendo com que seu decote V se tornasse ainda mais evidente e sorriu com curiosidade. Seus lábios, que brilhavam em um rosa intenso e pegajoso, formaram uma espécie deUcintilante enquanto ela afastava alguns fios de cabelo dos olhos e estudava cada movimento meu.— Estou realmente intrigada. — Seu sorriso ampliou-se enquanto simulava certa ingenuidade. — Não que eu não esteja feliz, mas por que você me chamaria justo agora?Tomei um gole do suco e me encostei comodame
ChloëNos escondemos embaixo da marquise de uma loja de roupa já fechada enquanto a chuva caia como uma cascata e as gotas grossas eram iluminadas pelos faróis dos carros que cortavam a rua a nossa frente.Era um pouco depois das 18hs, mas o céu estava escuro como se fossem 22hs e nossas roupas gotejavam como se houvéssemos entrado no mar furioso que rugia a algumas quadras dali.— Foi uma péssima escolha. — Afastou alguns fios de cabelo molhado do meu rosto e seus olhos brilharam sob a luz tênue do poste a nossa frente.— A crítica era boa. — Retruquei fazendo uma careta enquanto observava o vai e vem do trânsito, atenta
ChloëUm ano é como toda uma vida.Se ele está perto o suficiente, segure sua mão como se jamais tivesse feito isso antes.Escute o ruído da cidade e deixe o coração reverberar no peito com o som do seu sorriso.Pinte, use cores improváveis e escreva cartas ridículas.E se o sol brilha e você pode deitar ao seu lado sobre a areia macia... E se podem ver um filme realmente ruim e correr sob a chuva... E se podem percorrer todas as ruas da cidade com o coração pulsando na mesma frequência... E se seu olhar pode arrancar o sorriso mais sincero dos seus lábios... E se o toque cálido das suas mãos em se
ChloëEmpurrou-me longe, forte e meus cabelos voaram enquanto o vento soprava furiosamente no meu rosto. O balanço cortou ar enquanto eu me acercava e voltava a me afastar das montanhas nevadas ao longe. Agarrei-me a corrente de ambos os lados gritando e rindo enquanto meus olhos lagrimejavam de frio e meu grito ecoava na praça deserta.A TV havia marcado -2 graus aquela manhã e ainda que poucos se aventurassem a caminhar pelas ruas congeladas pelo inverno, eu não me atreveria a perder nenhum segundo sequer porque aquela cidade era uma parte dele que eu quase não conhecia, e eu queria conhecer cada parte do que Gabriel Sullivan representava.Parou a minha frente d
ChloëLembram-se de como começamos essa história?Vocês se lembram daquela noite em que minha cabeça estalava em mil pedaços? Pedaços que nem de longe se poderiam comparar com as minúsculas partes do meu coração?Lembram-se quando eu disse que já sentia a falta dele? Porque eusentiatão insuportavelmente que jamais achei que pudesse abrir os olhos novamente se ele não estivesse me esperando.Mas eu vou te dizer uma coisa.A cidade lá fora continuava uivando como um animal enfurecido. Os carros continuavam cortando as ruas e seus faróis continuavam cegando nossos olhos, suas buz
ChloëAcomodei a mochila nas costas e observei a casa a minha frente apertando a alça da pequena mala de rodinha ao meu lado.Meu coração retumbava tão forte no peito que me senti zonza. Borboletas voaram por todo o meu corpo batendo suas asas na minha barriga e jogando com minha segurança, enquanto eu dava os primeiros passos sobre o caminho rodeado de grama verde e as estrelas de natal brilhavam no céu e também na decoração da varanda de entrada.Havia passado um mês me programando para esse dia e tudo havia mudado. Havia comprado minha própria passagem com todo o dinheiro que tinha guardado e havia conseguido autoriza&cc
GabNão seria capaz de vê-la partir.Era tão estúpido e aterrador quanto isso. Era tão fácil ver como seu sorriso me destruía e como seus olhos me fascinavam e era tão fácil ver que eu não queria ter que soltar sua mão mais uma vez.Observei o número que brilhava na tela do celular e considerei ignorar a chamada como tantas outras vezes, mas então seu sorriso ecoou pela sala e seus olhos encontraram os meus enquanto vovô ria de alguma de suas jogadas e Chloë pedia desculpas por ser tão torpe em um simples jogo de tabuleiro que já não pude ignorar mais.Desde que Chloë havi
GabParei em frente ao edifício e observei por longos minutos suas grades e sua entrada impecavelmente limpa e bem cuidada enquanto tentava relacionar esse momento com o passado, quando tudo o que eu queria era fugir dali.Escutei o som metálico do portão automático ao abrir-se e arrastei minhas malas em direção a porta de entrada, retribuindo o sorriso amável de Luciano, o porteiro do turno da noite