Assim que despertei, senti uma forte dor de cabeça. Fechei os olhos, mordendo o lábio. Os abri novamente e demorei a assimilar o local onde eu estava.A cama pequena e desconfortável dera lugar a uma king size macia, com lençóis bem lavados, passados e com aroma de limpeza. A almofada fora substituída por tantos travesseiros que eu mal conseguia contar... Todos muito bem enfileirados, dois deles acomodando minha cabeça. Creio que a cama fosse pouca coisa menor que o tamanho do quarto onde dormi nos três meses que passaram.O ar era inodoro. Milagrosamente não havia cheiro de cigarro, sujeira, comida ou perfume barato. Haviam persianas que escondiam os vidros e impediam a claridade de adentrar no dormitório.Banheiro? Deus, realmente tinha um banheiro no meu quarto?Mas faltava uma coisa... A mais importante: meu cão da montanha dos Pirenéus.Tentei levantar, mas a tontura me impediu.A porta se abriu e mamãe apareceu. Sorriu e olhou para trás:- Ela acordou!Então lá estavam eles: os
- Eu... Sinto como se ele também fosse meu, entende? – Me disse, com a voz doce, os olhos avermelhados – Porque você o ganhou e logo ambos partiram para Noriah Sul. O conheci ainda filhote... E sei o quanto ele lhe protegeu e fez companhia nos últimos meses.Nos abraçamos imediatamente, com força, ânsia, como se não nos tocássemos há anos. Senti seu coração batendo forte, no mesmo ritmo do meu. Mesmo depois de tudo que passamos, o cheiro do perfume dele ainda permanecia em sua pele, embora mais fraco.“Ah, Theo, nem precisamos mais falar! Parece que nossas mentes se conectam tão bem quanto nosso corpo. Não sei exatamente o que é amor, pois é a primeira vez que sinto isso por um homem. Mas creio que seja algo quase inexplicável, como se embora longe um do outro, nossas almas sempre estivessem juntas.”Comecei a beijá-lo pelo rosto, com a intenção de dar-lhe todas as beijocas do mundo, iniciando pelo nariz, olhos, sobrancelhas, testa, bochechas, lábios, queixo, não deixando de tocar seq
Liguei o chuveiro e senti a água morna e abundante jorrar sobre o meu corpo. Fechei os olhos e pus as mãos na parede branca, lisa e perfeitamente limpa. Eu poderia ficar naquele banho para sempre que não me cansaria.Abri o shampoo que usava diariamente antes de partir, passando ao longo dos meus fios castanhos. O aroma espalhou-se pelo box, chegando a irritar minha narina. Sorri e fiz espuma além do normal, brincando com o produto em meus cabelos.Apertei o frasco de sabonete líquido, observando atentamente a cor dourada com glitter. Esfreguei nas mãos, sem pressa e depois passei ao longo do corpo, sentindo a pele ressecada, que precisava imediatamente de um bom dermatologista e produtos de qualidade para nutri-la e hidratá-la novamente.Pensei nas meninas e imaginei o quanto elas deviam estar se divertindo nos banhos no banheiro de Anon e Ben. Cheguei a vê-las na banheira de hidromassagem que eles tinham no quarto, fazendo folia e falando sem parar.De tudo que vivi nos últimos temp
Nos abraçamos sob a água morna. Me senti grata, completamente grata por tudo que eu tinha: uma família, amor... E Theo Casanova.Naquela noite nós quatro jantamos na varanda, como há muito não fazíamos. Apesar de tudo, meu pai estava bem. E demonstrava força e esperança de logo encontrar um doador. Embora trabalhasse de casa, ainda ia à empresa resolver algumas coisas pessoalmente, vez ou outra.Theo, por sua vez, mesmo tendo alugado um apartamento e montado um QG próximo de onde eu estava, ainda conseguia ajudar meu pai na North B.Descobri que foi pouco o tempo que meu pai não ficou sabendo da verdade. E não foi através de Ben. Babi havia desconfiado desde o início que algo estava errado e começou a montar o quebra-cabeça. Para ela não havia sido muito difícil, já que me conhecia bem demais. Aliás, todos me conheciam muito bem, especialmente meus pais. Mas sempre acreditaram que era melhor eu fazer as coisas como queria, mesmo que não concordassem, pois assim veria por mim mesma o r
Theo remexeu-se na cadeira, parecendo incomodado com minha decisão.- Não quero criar uma criança com amor, carinho e toda dedicação e depois de anos você deixar este lugar e o querer de volta.- Eu... Prometo que não o pegarei de volta. Se for preciso assinar qualquer papel, o faço. Mas por Deus, fique com meu pequeno! – Implorou, as lágrimas escorrendo pelo rosto.Segui firme:- Não posso!- Você tirou as meninas de Anya. Se preocupou com elas. Sei que cuidou de Zeus. E é impossível não amar aquele menino...- Sim, é impossível não amá-lo. E por isso troquei sua fralda, quando suas necessidades escorriam pelas pernas ou ela caía de tão pesada e eu o encontrava correndo nu pela casa. Também por amá-lo lhe dei leite morno, quando ele chorou de fome, sendo ignorado pela avó ou seja lá a porra que ela era dele. E por amá-lo eu o pegava no colo para que não cruzasse o quintal descalço, arriscando ser picado por algum animal peçonhento, cortar-se num vidro ou cravar um prego no pé tão peq
Lambi sua extensão por completo, não deixando uma gota sequer para trás.Levantei o rosto e encarei meu namorado:- Ainda acha que isso foi uma loucura?- Acho... Você acaba de engolir os nossos filhos!Começamos a rir e achei tão estranho o comentário dele que logo estava gargalhando. Mesmo quando tentava ser engraçado, Theo era inteligente e preocupado. Imaginei que talvez ele realmente pudesse estar preocupado de eu ter engolido nossos possíveis filhos. E isso fez com que eu demorasse a conseguir me conter. Então eu chorei... Sim, chorei de rir, como há muito não fazia. Theo me fez derramar lágrimas de diversão alegria.Levou quinze dias para eu conseguir reencontrar Sandro. Marcamos de nos vermos numa cafeteria no centro de Noriah Norte, próxima do aeroporto. Desta vez quem me acompanhou foi meu pai.Assim que vi Sandro entrar na cafeteria, quase não o reconheci. Havia cortado os cabelos e vestia-se de forma mais séria, com roupas de grife, a mudança perceptível mesmo de longe.So
Eu esperava nervosamente sentada na cadeira pouco confortável. Olhei no relógio inúmeras vezes, ansiosa. Ele estava atrasado. Até que o vi, com o uniforme cinza escuro da prisão, as algemas nas mãos, andando tranquilamente na minha direção.Quando Hades sentou-se na cadeira à minha frente, nós dois separados por uma tela, deu um sorriso de canto de lábios:- A que devo a honra?- Oi... – Falei, sem jeito.Eu estava fazendo aquilo sem que ninguém da minha família soubesse, pois sabia que não aceitariam que eu fosse procurá-lo depois de tudo que houve.- Se quer saber, ainda acho que foi Theo quem deu o tiro na velha. – Falou.- Foi comprovado que você apertou o gatilho, Hades, matando Anya.Ele riu, balançando a cabeça:- Engraçado, não acha? Sandro matou o padrasto. Eu matei a minha mãe. Será que mais alguém da nossa família matou um parente no passado?- Se os ancestrais dos Hernandez foram tão filhos da puta quanto estes, creio que sim.Ele respirou fundo, perguntando de forma genti
- Sim. Levamos um papo sobre como minha esposa se chamaria depois de casada.- E como seria? – Perguntei, curiosa.- Maria Lua Casanova de Casanova.- Uau... Casanova ao quadrado?Ele gargalhou:- Estou brincando. Pode ficar alterar o sobrenome.- Prefiro Casanova de Casanova. – Falei seriamente.- Você ilumina meus dias, raio de sol.- E você é a razão de toda minha felicidade, Theozinho. E só para constar, quero uma casa com um quintal bem grande, para termos vários cachorros e gatos.- Quando iremos escolhê-la?- Assim que papai fizer o transplante.- Ok, combinado.Abri o botão da sua calça e Theo sussurrou, olhando para os lados:- Aqui não, sua louca.- Papai e mamãe estão dormindo.- E acha que vou me sentir como se olharem as imagens nas câmeras?- Eles não irão atrás das imagens para ver o que fazemos longe deles, Theo. – Comecei a rir.Theo levantou-se da espreguiçadeira e me pegou no colo, segurando minhas costas com um braço e o outro as pernas:- Vamos brincar no seu quar