Normalmente eu acordava rápido. Num momento eu estava dormindo, sonhando, e no outro eu estava acordada. Se eu tivesse bebido na noite anterior, era a náuseas ou uma dor de cabeça insuportável que me acordavam. Às vezes, era um sonho ruim. Não importa o que era, no entanto, era sempre fácil.Mas não dessa vez. Dessa vez, eu estava ciente de que estava acordada, mesmo que meus sentidos estivessem lentos. Eu estava ciente de tentar me mover, mas não ser capaz de fazer isso. Minhas pálpebras estavam pesadas e eu me esforcei para abri-las.Meu cérebro parecia confuso, mas estava funcionando bem o suficiente para eu saber que algo estava errado.Eu não estava em casa.Não cheirava como a minha casa em Ohio. A comida da minha mãe. Ou a graxa das peças dos carros que inevitavelmente acabavam na nossa mesa da cozinha, não importava quantas vezes a mamãe gritasse.Não soava como a minha casa. A gritaria da minha casa que normalmente acontecia antes das sete da manhã. Ou os barulhos incessantes
Como no inferno eu poderia ter sido drogada?Quando eu entrei na faculdade, meus pais conversaram comigo. Não sobre sexo, como alguns pais fazem, mas sobre festas e o cuidado que eu deveria ter em sempre pegar minha própria bebida e não tirar os olhos dela em nenhum momento. Eles estavam preocupados que eu fosse vitima de estupro, pois isso, infelizmente, tinha acontecido com uma amiga de infância do RJ nos primeiros meses em que ela estava na faculdade. Eu lhes assegurei que não iria muito a festas e que quando eu fosse, prestaria muita atenção no que tinha à minha volta. E foi exatamente isso que eu fiz durante todos os anos em que estive fora de casa.Eu tinha toda a intenção de continuar tomando o mesmo cuidado ao viver em Los Angeles com a Jane. E pensei que eu tivesse sido cuidadosa ontem. Eu não tinha recebido bebidas de nenhum estranho e tinha bebido água de uma garrafa lacrada. As minhas doses de tequila vieram diretamente do bartender.Então, o que tinha acontecido?Eu não t
Liguei para a delegacia de polícia, enquanto Apollo ligava para os hotéis mais próximos ao clube. Eu sabia que a maioria dos hotéis não daria os nomes dos seus hóspedes, mas algo em Apollo me disse que ele não aceitaria um não como resposta, e isso tinha muito pouco a ver com o seu dinheiro. Ele parecia ser o tipo de homem que sempre conseguia o que queria. E mesmo que não fosse podre de rico, isso não influenciaria em nada.Eu não ouvi sua conversa, no entanto. Eu tinha meu próprio telefonema para fazer.Falei com o oficial Carter, e consegui manter minha voz calma e razoável enquanto explicava que eu estava preocupada com a minha irmã. O superior do Carter foi igualmente calmo quando explicou que não poderia declarar Jane como desaparecida ainda, pois não fazia sequer 24 horas.— Mas por que não? — Perguntei, praticamente gritando as palavras. — Sua bolsa, suas chaves e seu celular estão em seu apartamento, mas ela não está lá.— Eu entendo, senhorita. — O oficial Carter quase parec
Quando Apollo disse que eu precisava fazer um exame de sangue para verificar se eu tinha sido drogada, eu esperava que ele sugerisse à polícia que me levasse ao hospital ou coisa assim. Mas ao invés disso, ele pegou o telefone celular de novo, fez uma ligação e, em seguida, me disse que alguém estaria na sua casa em pouco tempo.— Eu vou mandar fazerem o teste em um laboratório privado. — Explicou ele quando se sentou na ponta do sofá. Havia um considerável espaço entre nós, mas eu consegui senti-lo perto de mim, mais do que se fosse qualquer outra pessoa com a metade da distância.Eu levantei uma sobrancelha. — Eu não posso pagar por isso.Ele fez um gesto de desprezo. — Não se preocupe.— As pessoas que têm dinheiro nunca parecem compreender que as pessoas que não têm sempre se preocupam com isso. — Eu disse.Eu realmente não me preocupava com o dinheiro. O que eu queria era uma distração até que os policiais chegassem. Ele franziu a testa e eu me perguntei se eu o tinha ofendido. I
Estávamos no meio da tarde quando os policiais e a enfermeira que chegou depois foram embora. Agora, eu estava sozinha com Apollo, e sem ideia do que eu deveria fazer e como deveria agir.Eu liguei pelo menos mais cinco vezes para a Jane e não tive sorte. O problema é que os policiais disseram que não acharam nenhuma indicação de que a Jane estivesse em perigo. Eu tinha lhes dito tudo. Como Jane e eu fomos ao clube. Como ela conheceu Sam e depois foi para um hotel com ele. Quando eu disse o nome do clube, a detetive McAllister não disse ou agiu como se conhecesse o lugar, mas uma expressão fugaz cruzar o rosto do detetive Bison. Ele parecia saber que aquele não era um clube regular.Os detetives perguntaram porque eu não estava com a Jane, mesmo já sabendo sobre o Sam, e o Apollo disse que o motivo foi porque eu vim para casa com ele. Pude ver os olhares dos dois detetives se cruzarem rapidamente, mas não me importei. Eu só queria que a Jane aparecesse sã e salva. Não entendi porque e
Eu tive que admitir que quando concordei em ficar com o Apollo, enquanto a polícia e seu investigador particular faziam o seu trabalho, eu realmente não esperava que ele mantivesse sua promessa de não me tocar. Mas ele manteve. Nós assistimos a um filme juntos. Comemos um pouco e conversamos.Ele me falou sobre como a sua família sempre o fez trabalhar duro, mesmo que ele fosse o único herdeiro de toda a fortuna. Eu contei a ele que cresci em Ohio com pais de classe média e ele me contou que seus pais morreram em um acidente de avião depois que ele se formou na faculdade, e que ele não tinha nenhum outro parente. Eu disse a ele que era a mais nova de três irmãos e de uma dúzia de primos.Não tínhamos absolutamente nada em comum além das nossas formações, e até nisso divergíamos, pois tínhamos contextos econômicos e sociais bem diferentes, e eu tinha me formado na Universidade Estadual de Ohio enquanto ele era de Princeton.Mas, à medida que nós conversávamos, eu me vi sendo atraída po
Meu queixo caiu.— O que disse?Reticulando os dedos entre os meus, em um gesto reconfortante, Apollo disse.— Marte não tem nada definitivo ainda, mas ele trabalhou em casos parecidos e sabe identificar os sinais. Ele tem quase certeza de que alguém está seguindo a Jane, e provavelmente vai enviar suas anotações por e-mail. Não se preocupe, ele vai cavar mais fundo, ver o que mais pode encontrar.De repente, senti-me tonta e com o corpo todo mole.— Mas... por que ela... por que não... — Eu não conseguir completar a frase.— Você está se perguntando por que ela não lhe disse. — Ele fez uma declaração ao invés de uma pergunta.Eu balancei a cabeça, incapaz de fazer qualquer outra coisa. Meu estômago estava embrulhado, e isso não era nada bom.— O primeiro instinto da sua irmã vai ser sempre de protegê-la. — Ele ergueu as mãos com um olhar especulativo em seus olhos quando inclinou a cabeça e roçou os lábios nos meus dedos. — Quando se preocupa com alguém, você tende a não falar sobre
— Você disse que era uma cabana. — Eu disse quano dobramos em uma estrada de terra e eu vi o nosso destino. — Isso não é uma cabana. É maior do que a minha casa.— Bom, considere-me culpado de omissão. — Disse ele. Então, sorriu. Um sorriso completo, mostrando todos os dentes.Meu estômago deu um pequeno salto com o seu sorriso.— É para onde eu venho para ficar longe de toda a loucura que viver em Hollywood pode trazer. — Ele parou o carro em uma pequena, mas prestativa garagem de carro único.Ele abriu a porta e eu saí, seguindo-o para pegar a mala que continha as roupas que a sua governanta tinha comprado. Havia muita coisa. Eu expressei minha desaprovação por ele gastar dinheiro comigo, mas ele disse que se eu me sentisse muito mal, eu poderia doar as roupas para uma instituição de caridade, quando tudo isso acabasse. Eu não fui capaz de discutir com isso, mesmo que eu quisesse.Ele pegou a mala maior e estava quase pegando a menor, mas eu fui mais rápida e a peguei primeiro e por