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VOCÊ SENTE ALGO

INTUIÇÃO É ALGO FODA, A CONFIRMAÇÃO DO QUE VOCÊ JÁ SABIA!

E LOGO DEPOIS VEM

SUZAN MATTIAZZO

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Enquanto continuo a estrada, considero a possibilidade de ter uma conversa direta com Lucien sobre a insistência de minha mãe. Embora a ideia de fingir um relacionamento de mentira pareça um tanto absurda, talvez seja a única maneira de para com essa situação.

Veremos como será esses dias na vila, tudo vai depender da insistência dela e se não parar mesmo dizendo que gosto do Thomás vou ligar para o Lucien, ele deve sofrer a mesma pressão que eu. Sei do que dona Denise e a Valquiria são capazes, elas tentaram o mesmo com o Ninho e Val.

Meus pensamentos se focaram nela, que coitada, precisa arrumar uma mulher que curta o mesmo que ela e não essas curiosas que ficam somente recendo. Me senti mal com isso. Valéria deve sofrer muito por ser a única fonte de carinho nesses casos que vem vindo no Hospital.

— Ou não, do jeito que ele é, bem capaz de adora ser a ativa da situação… — sorrir lembrando-me de como foi quando nos conhecermos — Se não fosse firme em minhas decisões sexuais teria cedido, Valeria é sedutora, bonita e sabe fazer massagem. 

Gargalhei da sua ousadia de me paquera naquela época e se eu der brecha ela vai gostar.

— Sem vergonha. — rindo das suas cantadas baratas larguei de lado essa situação e voltei a focar na minha.

Enquanto a paisagem montanhosa se desenrola diante de mim, sinto-me ansiosa. Tem alguns meses que não vou a Trento, e nada nesse mundo tem o lugar mais acolhedor do que minha casa, pois mesmo tendo uma mansão em Florença a vila nunca vai deixar de ser meu lar.

A viagem dura em média três horas e já passava das sete quando finalmente sai da rodovia e entrei em Trento. Reduzi a velocidade e avistei um rosto família. Meu primo Giuseppe está próximo a um ponto de táxi, carregando uma imensa mala.

Fui consumida pela curiosidade ao vê-lo ali, já que não esperava encontrá-lo durante minha visita à cidade, mesmo ele morando aqui em Trento. 

Decidi chamá-lo para vir comigo para a vila e parei meu carro próximo a ele baixei o vidro.

— Giu! — gritei para que me encarasse.

— Caramba! A virgem Maria me ouviu. — deu graças arrastando a imensa mala.

— Que surpresa! O que está fazendo com essa mala enorme? — perguntei, enquanto destranco meu porta malas — Faz assim, coloca lá trás e vamos, quero chegar antes que a última fornada sai para as vendas.

— Obrigado, estava louco atrás de um táxi, mas esqueci que a essa hora é difícil. — sentou fechando a porta e me puxou para um abraço — Suh, você está linda com o cabelo natural. 

— Obrigada. — agradeci voltando a dirigir — Agora me conta o que aconteceu? — perguntei voltando a dirigir.

— Um bom filho à casa torna. — sua voz saiu triste e pedi mais explicações — Meu negócio não foi pra frente e decidi voltar para o melhor lugar do mundo e de onde nem deveria ter saído.

— Sei como é, tenho essa vontade o tempo todo.

— Não entendi! — franziu o cenho.

— De voltar para casa, ter minha família ao meu lado sempre que eu precisar.

— Você não está mal, olha esse carro! — sorri do seu exagero.

— De fato minha vida financeira vai bem, mas emocional nem tanto e sempre que minhas baterias se esgotam volto para casa. Preciso estar perto da nonna, a mama e todos da vila. — confessei com um sorriso triste — Amo meu trabalho na mesma proporção que amo a vila.

— Entendo, mas no meu caso, não deveria ter saído. — fiquei curiosa e pedi mais explicações — Eu falhei… não administrei bem meu negócio, então voltei e vou começar do zero.

A oferta de ajuda brota naturalmente ao ouvir suas palavras. Sei que Giuseppe tinha sua própria confeitaria e pelos relatos a grana não estrou como deveria.

— Sinto muito. Saiba que estou sempre aqui para ajudar. — comecei enquanto saímos da cidade e íamos sentido aos alpes — Se precisar de algum suporte, não hesite em contar comigo.

Digo sinceramente, buscando transmitir meu apoio e disponibilidade.

Me olhou com timidez e relutância, começou a balançar a cabeça como se fosse recusar minha oferta, mas antes que dissesse algo, o interrompi.

— Somos família, crescemos juntos e sabemos que tudo que envolve os negócios da família Mattiazzo é do meu interesse. — afirmei diminuindo a velocidade na estrada de terra — Tenho a oportunidade de ajudar e quero fazer isso. O que me diz? Faremos juntos.

Percebendo que minha oferta é sincera e que não há espaço para recusas, finalmente cede e aceita minha ajuda. Durante o caminho me explicou o que aconteceu e sei que não está me contando tudo, porém não vou insistir.

— Passarei três dias na vila, podermos vamos ver um lugar, algo com nosso nome, já que vendemos para os comércios, porque não ter o nosso. 

— Um café, com tudo que os Mattiazzo, mas ama fazer? — questionou com entusiasmo.

— Claro, a nonna vai amar e tia Nena nem se fala, depois que meu tio partiu ela sente sua falta e do Andrea. voltar para a vila foi a melhor decisão. — entrei na nossa propriedade vendo as vinhas ainda sob uma camada densa de neblina baixa.

— As Pinot Noir são minhas favoritas. — ele comunicou admirando as vastas terras repletas de vinhas carregadas — Esse lugar é o meu favorito.

— Nosso — declarei com um sorriso nostálgico — De todos nós.

O silêncio caiu sobre nós, e um filme da minha infância passou pela minha cabeça.

— Estava falando com Teo, acho que ele arrumou uma mulher… — assim que chegamos perto da entrada da vila vi um carro do ano e julgo que mais alguém esteja aí.

— Camillo! Ele também veio! — Giu declarou e fiquei animada — Será que ele faz as bombas de chocolate?

— Pensei a mesma coisa. — compartilhei estacionado ao lado do carro do nosso primo.

Buzinei para ser anunciada, e ouvi portas sendo abertas. Enquanto Giu e eu nos aproximamos, tia Nena, surge de dentro da casa, revelando uma expressão de surpresa e alegria ao ver seu filho e acho que ele não contou que vinha. 

Sua admiração se torna evidente quando seus olhos se fixam na mala que carrega, deduzindo que veio para ficar.

— Ragazzo! Voltou de vez? — disse que sim — Deus é louvado.

Veio até nós encurtando a distancia e o abraçou fortemente antes de me puxar para entrar nesse casulo de afeto. 

— Dina! — gritou minha mãe que apareceu da janela do quarto dela — Chegaram! 

— Vou descer, Dimi, acorda! As crianças voltaram. 

Me afastei para pedir bença e fiquei esperando eles se desgrudarem para isso. 

— Nunca te julgaria, sabe disso. — estranhei a afirmação e resolvi deixa-los a sós — O café hoje e na casa do Ton, ele disse que tem novidades sobre a carne de pescoço do Teo, vou liberar a última fornada, e vamos todos pra lá, Mari fez bolo.

— Vou subir com minha bolsa e tomarei um banho, saí do plantão e vim direto pra cá, preciso de uma ducha.

— Tá, não demora e você vem comigo. — eles saíram e fiz o meu trajeto até em casa.

Minha mãe e meu pai ainda não tinham descido e fui tomar um banho antes e tomar sua bença.

Às oito estávamos indo para a última casa da Vila, fui de carro com a nonna e Tere. Minha avó tem 102 anos e é a pessoa mais lúcida que já conheci na vida. Não toma remédios e tem a saúde de ferro, como ela diz. 

Tereza é sua cuidadora e nonna trata ela como filha, assim como meus pais, todos meus tios e tias como irmã.

Nonna a adotou faltando um mês para fazer 18 anos. Sabemos que a finalidade é deixar sua casa e toda suas economias para ela, porque a mãe a abandonou no orfanato quando bebe e isso mexia muito com minha avó até que decidiu adotá-la mesmo que tardiamente.

— Filha… — olhei pelo retrovisor para encontrar minha avó com um olhar preocupado.

— Está tudo bem aí? 

— Ninho, quero saber se virá? — disse que sim — A virgem Maria ouviu minhas preces.

— Deve chegar mais tarde, no mais tardar amanhã. — bateu palmas animada.

— Sinto que logo a vila terá vários bambinos e desse jeito poderei partir em paz.

— Para com isso! — Terê a repreendeu — viverá até os 200, né Suh?

— Sim, Terê tem razão. — concordei e nós três começamos a rir — Chegamos.

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