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O que é para ser, tem muita força. 

UNIVERSITY HOSPITAL MEYER | 11:40

SUZAN MATTIAZZO

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Lorenzo está quase me expulsando, porque saí ontem às dezoito e hoje cheguei aqui às oito da manhã. Expliquei que tenho meus pré-natais do dia, mas que sairei cedo. — Menti obviamente, mas ele não precisa saber disso.

Só saio daqui amanhã e será direto para Trento. 

— Doutora, bom dia! — retribui a saudação vindo do Dr. Fongaro — Acabei de vir do berçário, pensei que te encontraria lá.

— Estou à espera do meu último pré-natal do dia, em que posso ajudar?

— Ia te chamar para um café. — formulei o discurso de recusa em minha cabeça e quando ia pronunciar tive um chamado.

Doutora Mattiazzo, por favor, compareça à entrada norte. Doutor Mattiazzo, por favor, compareça à entrada norte. Paciente em trabalho de parto chegando em dois minutos. Repetindo: Doutora Mattiazzo, por favor, compareça à entrada norte.

— Ficará para a próxima. — me deu um sorriso triste — Te procuro, pode deixar.

— Tudo bem, vai logo! — sai correndo para as escadas que é mais rápido do que esperar um elevador.

Quando cheguei Alice e Maria, estavam à minha espera.

— Ainda não chegou? — questionei e logo o barulho da sirene ao longe me respondeu.

Animada por trazer mais um bebe ao mundo, sorri para minha residentes

— Mais uma! — Alice que me conhece muito bem, murmurou.

— Sim! E não vejo a hora. 

Comuniquei às minhas duas residentes. Só tenho elas, porque dizem por aí que sou chata e em comparação ao Matheus Fongaro que outro obstetra bem requisitado aqui no Meyer, somente duas quiseram ficar comigo, as outras 6 estão com ele. — Não me importei, essas valem por mil.

Sai dos meus devaneios com o socorrista abrindo a ambulância e tirando às pressas a maca com uma mamãe barriguda toda suja de lama.

— A paciente escorregou brincando no quintal de casa e entrou em trabalho de parto. — peguei o prontuário e passei para Maria — Toda sua, doutora. 

— Obrigada! Vamos.

— Espere por mim! — uma voz masculina ganhou minha atenção — Consegui chegar a tempo, amor. 

— Ainda bem, cadê as crianças? — pedi que fossem conversando enquanto seguíamos para a sala de pré-parto.

— Deixei na vizinha, nem dei banho, ela prometeu cuidar deles até a minha volta. 

Os dois estavam rindo e sujos, o que me deixou bem curiosa.

— O que andaram aprontando para estarem desse jeito? — questionei apertando o botão do elevador.

— Filhos!--- comunicou a mamãe toda sorridente — Temos 4 meninos, eles estavam brincando no quintal tomando banho de mangueira fazendo um lamaçal tremendo. Entrei na brincadeira e fazendo estripilias cai, não foi nada demais no momento e antes que brigue comigo sei que fui teimosa, afinal estou com 40 semanas.

— Você foi incrível querida, aquele gol foi sensacional. — em meio a lama e todo clima de amor do casal eles se beijaram — Nosso Louis logo se juntará ao time.

— Você caiu tomando banho de mangueira ou jogando bola? — perguntei assim que as portas se abriram.

— Os dois, Diego nosso ragazzo do meio chutou a bola para que eu fizesse o gol pelo nosso Louis e com êxito fiz o mais lindo da família Marino… comemorei, só que escorreguei e caí de bunda no chão, rimos e os meninos vieram me abraçar, doutora. 

Seus olhos brilharam e o sorriso devido a lembrança me fez sorrir também.

— Foi um gol e tanto. — alisou a barriga — Acho que Louis queria fazer parte disso e tive minha primeira contração.

Sabe aquele momento em que somos preenchidos por uma felicidade imensa? É assim que me sinto agora, somente por imaginar o cenário em que os trouxe até aqui.

— Bom, mamãe craque de bola,  vamos trazer esse novo jogador ao mundo. — sorrindo disse que sim — Bom, pelo tempo que as contrações estão levando a acontecer, sugiro que tomem um banho. Vamos preparar tudo para a grande chegada do nosso camisa 5, e saiba que esse é o meu número da sorte.

— Encontro-me ansioso. — o papai que ainda não sei o nome declarou — Prometo que não vou desmaiar desta vez.

— Disse o mesmo nos outros quatro.

As horas seguintes foram repletas de ansiedade, estarmos na reta final desse parto, pois chegou a dez de dilatação. 

Como médica obstetra, todos os dias me deparo com momentos emocionantes e únicos. Mas esse em particular ficará marcado em minha memória como um dos mais memoráveis de minha carreira. Mesmo sofrendo de dor, Sarah não tira o sorriso do rosto e a todo tempo ela e o marido chamam pelo filho dizendo que o amam e que estão loucos para conhecerem.

Estamos na sala de parto e o ambiente está perfeito para a ocasião. Porque uma redoma de felicidade e ansiedade pela chegada do novo membro da família foi criada.

— Vem filho, estamos ansiosos para te conhecer. — murmurou entre os dentes sofrendo com mais uma contração intensa. 

Enquanto a mamãe empurrava, o pai, Antony, estava ao seu lado, segurando sua mão com força e incentivando-a a cada contração. Sua expressão era uma mistura de nervosismo e empolgação, mostrando o quanto estava ansioso para ver seu filho.

Depois de algumas tentativas finalmente, o momento chegou. A cabeça do Louis começou a aparecer, e Sarah redobrou seus esforços. No entanto, Antony, que estava observando de perto o processo do parto, ficou pálido e desmaiou no momento em que viu a cabecinha do bebê emergindo.

— De novo! — ela exclamou cortando o silêncio — Esse meu marido não tem jeito. 

As enfermeiras ao nosso redor, que estavam atentas à situação, prontamente o despertaram, assegurando-se de que ele estava bem e o ajudando a se recompor.

— Desculpa… é muita emoção para mim, querida! — chorando e meio trêmulo se justificou voltando para o seu lugar.

Alguns risos foram emitidos, mas mantive minha atenção no Louis.

— Vamos, Sarah! — pedi, sentindo sua barriga ficar dura novamente — Isso, mamãe coloca força.

O grito do último empurrão foi um alerta que chegamos ao fim de mais um maravilhoso parto. Poucos segundos depois, ouvi um chorinho melodioso ecoar pela sala, anunciando a chegada do pequeno Louis.

— Você foi incrível, prometo que no próximo não vou desmaiar. — essas palavras foram bem cômicas para o momento — Juro e que seja nossa Carolla! 

— Sei disso! — ela desdenhou — Que seja nossa Carolla!

A alegria e a emoção tomaram conta de todos nós. Sarah soltou um suspiro de alívio, com lágrimas de felicidade nos olhos.

Senti-me realizada e grata por ter desempenhado um papel fundamental naquele parto bem-sucedido. Ver a felicidade nos rostos de Sarah e Antony enquanto eles olhavam para o pequeno Louis, aquele serzinho frágil e cheio de potencial, encheu meu coração de alegria e satisfação.

— Papai e mamãe nosso camisa 5 chegou e estar ansioso pelo carinho de vocês. — Coloquei em cima dela para que conheça o filho — Louis, esses são seus papais. 

Fiz as apresentações e voltei para finalizar meu trabalho, pois tenho uma placenta para remover.  

Louis já tinha ido e levei quase vinte minutos para remover a placenta. 

Após verificar a saúde do bebê e garantir que tudo estava em ordem, deixei a família desfrutar de seus primeiros momentos juntos. Saí da sala de parto com um sorriso nos lábios.

Agradeci as meninas que estavam como eu, felizes e cochichando como o casal são fofos juntos.

Fui sentido minha sala pensando em como será para mim vivenciar um momento como esse com Thomás ao meu lado. 

— Eles estão no quinto e fazendo planos para o próximo… que seja a Carolla — sorri largamente — Logo seremos nós dois Thomás, tenho fé que sim.

Cada parto é único, e a emoção de trazer uma nova vida ao mundo é inesquecível. Ver os pais se emocionarem, mesmo que alguns desmaiem devido à intensidade do momento, testemunhar o nascimento de uma nova vida é maravilhoso. 

— Preciso vivenciar isso! — murmurei, enquanto caminho pelo corredor do hospital.

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