Mônica SampaioCerca de meia hora, foi o tempo que levei da minha casa para o apartamento da doutora Gisele e isso com o trânsito calmo como o de hoje. E ainda dei uma paradinha para comprar um bom vinho para levar. Cheguei na sua casa no horário combinado e como me pediram, usando apenas roupa informal. Ansiosa, toco a campainha da cobertura e sou recebida por um casal sorridente aniversariante e retribuo com um sorriso tímido ao vê-los e entrego a garrafa de vinho tinto ao doutor Guilherme. Do hall elegante consigo ouvir as vozes animadas, que vem de fora da casa. Gisele me apresenta um a um assim que alcançamos uma bela área de lazer. O casal Albuquerque que são os pais do doutor Guilherme, e o casal Almeida que são os pais da doutora Gisele. Mesmo sendo um ambiente onde não conheço quase ninguém, me senti à vontade no meio deles. São pessoas, que apesar de possuírem uma conta bancária muito gorda, são simpáticos, alegres e educados. E mesmo com tanta simpatia, estou me sentindo m
— A Mônica é a nossa mais nova contratada na empresa, mamãe. — Gisele fala entusiasmada. A jovem senhora me olha com admiração.— Sério, em que área?— Criminalista. — É a vez do doutor Guilherme falar e a conversa na mesa continua. Por que eu sinto como se eles estivessem vendendo o seu peixe? Puxo a respiração baixinho.— Ela está se formando com honras daqui a algumas semanas — Gisele continua e Marcos me olha surpreso.— Nossa, isso é muito bom! — Ele faz um comentário feliz. — Eu não sabia disso. — Dou de ombros e pego uma taça com um pouco de vinho e tomo um gole.— Obrigada, Marcos! — digo ainda mais constrangida, mas minha vontade é de fugir daqui e ir para bem longe. Quando o almoço termina, os casais se espalham pela área de lazer e ficam bem à vontade conversando entre si. Pelo menos foco da conversa não sou mais eu. Me acomodo em uma das espreguiçadeiras e Marcos se senta ao meu lado. Eu ponho os óculos de sol e me deito encarando o céu, porque não quero ter que olhar em s
Algumas horas antes do almoço...Marcos AlbuquerqueJá são onze e meia e eu ainda estou aqui trancado no meu apartamento na dúvida se vou ou não a esse tal almoço de última hora. Depois de vinte minutos nesse dilema resolvo ir à casa do Guilherme. Vou até a minha pequena adega e pego o vinho preferido da minha cunhada, em seguida pego as minhas chaves, o celular e a carteira e resolvo ir ao almoço e de lá vou ver a Mônica. Quero colocar o meu plano em ação o quanto antes. Desço do carro assim que o estaciono na garagem interna do prédio do meu irmão e sigo para um dos elevadores sofisticados. Em segundos estou na porta da cobertura do Gui e toco a campainha. Cida, sua empregada abre a porta para mim e eu vou direto para a área da piscina onde sei que todos estão reunidos. A princípio encontro os pais da Gisele e os meus pais conversando animados próximos a algumas mesas e na área da piscina, algo me chama a atenção ou melhor dizendo, alguém. Eu não acredito no que os meus olhos veem.
— Não precisa agradecer, morena — sussurro. — Eu sinto muito por seu pai! — falo no mesmo tom. Ela assente.— Preciso avisar a Ana e algumas pessoas — diz tentando se afastar de mim. — Deixa que eu aviso para Ana e posso te ajudar...— Tento dizer.— Não precisa, Marcos. Sério, eu resolvo. — Me corta. Porra, achei o pior lado dessa mulher. Mônica é orgulhosa demais. Ela veste essa maldita armadura que a mantém em pé, firme e forte. Mas eu a conheço e a vi se despir dessa armadura e eu sei que ela não está bem.— Eu quero e eu vou te ajudar. — A corto com firmeza.*** Alguns dias...No velório, assim como no sepultamento, Mônica já está bem mais calma e quando voltamos a sua casa, a bebê que vi antes não estava mais lá. Uma jovem conversa com a Mônica em um canto reservado e eu apenas observo as duas. A moça se levanta do sofá, parece igualmente triste e abatida e ela se tranca em seu quarto. E eu me aproximo da minha morena e a levo para o seu quarto para fazê-la descansar um pouco.
Marcos Albuquerque— Isso não pode acontecer entre nós, Marcos. — Ela me fala, com voz baixa, quase um sussurro.— Por que não? — pergunto no mesmo tom. Caralho, é a primeira vez que eu me declaro para uma mulher e ela simplesmente diz que não dá? Como assim porra?— Olha só — Ela se ajeita no colchão. — Você mal me conhece, bonitão. Não sabe quem eu sou de verdade, nem como eu sou, ou o que eu faço...— Espera! — faço-a calar. — Isso não é motivo para não darmos certo, morena — digo a interrompendo. — Podemos nos conhecer, descobrir um com o outro o que gostamos e o que não gostamos. Quanto ao que você faz, isso eu sei — digo divertido. Ela me dar um meio sorriso. — Você é uma excelente advogada que trabalha na G & G Advogados, estuda na FFRJ e se formará em poucos dias com honras, o que me deixa muito orgulhoso, sabia? — falo e a beijo com carinho. Ela volta a ficar séria e puxa a respiração devagar.— Minha vida com você nunca daria certo. — diz evasiva e eu demonstro a minha imp
— Me paga uma bebida, garotão? — O apelido me trouxe as boas lembranças dela em meus braços, na minha cama, na hora de fazer amor. Suspiro de modo audível e tomo mais um gole da minha bebida.— Claro — digo por pura educação. Ela sorriu e fez o seu pedido ao barman, depois se virou para mim.— Procurando companhia para essa noite? — inqueriu enquanto aguardava a sua bebida. Olhei a garota com desdém. Nos seus olhos ávidos que explorava o meu corpo com uma fome explicita e por incrível que pareça, nada daquilo me seduziu. Não havia aquele tesão sexual que elas sempre me causavam. Não mais.— Na verdade, não. Estou só passando o tempo mesmo — respondi tomando o resto da minha bebida e me pus de pé, colocando o meu copo vazio sobre o balcão e joguei uma nota de cinquenta em seguida.— Que pena, eu adoraria uma noitada com você! — disse com tom sexy de lamento.— Não vai rolar gata, tenho certeza de que você encontrará alguém disponível para realizar os seus desejos essa noite — falei em
Marcos AlbuquerqueChego ao parque antes das cinco. Nesse momento ansiedade é o meu nome e nervosismo o meu sobrenome. Procuro Mônica por todo lugar, mas não a vejo em lugar nenhum e resolvo dá um tempo e me sentar em um banco embaixo de uma árvore e aguardar um pouco. Quando se está ansioso e nervoso por algo, parece que o tempo para e resolve te castigar em uma espera que parece não ter fim. Bufo de modo audível. Observo a praça movimentada. Há muitas crianças brincando no parquinho, alguns jovens jogando bola em uma quadra, alguns casais se aventurando debaixo de algumas árvores. Meia hora depois o meu coração salta violento no peito quando a vejo chegar, vestida em um jeans escuro e um camiseta branca. Está usando óculos escuros em meio aos cachos soltos. Para minha surpresa, Mônica está empurrando um carrinho de bebê. A observo por alguns minutos. Sem notar a minha presença, ela se senta em um banco e põe a sua bolsa ao seu lado e tira um bebê do carrinho. Ela beija a menina com
— Você tem certeza? Olha, eu não quero... — Me aproximo da minha morena e seguro a sua mão que está sobre a mesa.— Certeza absoluta, morena. Eu já disse, mas acho que você não ouviu bem, mas não tenho o menor problema em repetir isso para você, EU TE AMO, entendeu? — Ela fecha os olhos e relaxa os ombros e quando os abre, eles estão úmidos, com algumas lágrimas contidas.— Meu Deus, Marcos! — sussurra e olha para mim ainda insegura. Depois abre o sorriso mais lindo que já vi na vida, se aproxima de mim e me beija com delicadeza. — Também te amo, bonitão! — Se declara olhando em meus olhos e em seguida me dá um beijo cálido. Puta que pariu! Ela... ela disse que me ama, porra! — Muito. — Completa. Eu a abraço fechando os meus olhos e me sentindo aliviado. Porra!!! Ela me ama! Solto Mônica quando escuto os resmungos de Belly ao meu lado, nos separamos e rimos da sua reclamação enciumada de bebê.— Acho que ela tem ciúmes de você, morena. — Brinco mais à vontade agora. Mônica se inclina