Os planos para o dia eram simples e animadores: levar as meninas para passear no zoológico. Eu tinha planejado tudo com antecedência — lanches prontos, roupas confortáveis separadas e até um itinerário para garantir que aproveitássemos ao máximo. Mas logo pela manhã, a situação mudou completamente.Sophie e Stacie não estavam bem. Ambas acordaram com rostos abatidos, tosses fracas e um pouco de febre. A ideia de sair para passear foi substituída por uma corrida ao consultório do pediatra.O diagnóstico veio rápido: uma gripe simples. Apesar de serem sintomas leves, o suficiente para deixá-las indispostas, era um alívio saber que não era nada grave. Voltamos para casa com orientações claras e remédios para ajudar a reduzir a febre e aliviar o desconforto.Quando Bryan chegou em casa no final do dia, o que parecia ser apenas um problema isolado havia se espalhado como fogo. Não só eu e as meninas estávamos febris, mas também as funcionárias estavam de atestado, e até os seguranças tossi
O gel frio sobre minha barriga de seis meses já não estava tão gelado, pois já tinha atingido a temperatura ambiente. Estava empolgada para saber como as gêmeas estavam e, ao mesmo tempo, super ansiosa para vê-las pela primeira vez de frente. Em todos os outros ultrassons, elas estavam sempre viradas, nunca dando uma chance para vermos os rostinhos delas, e a doutora sempre me dizia que o importante era que tudo parecia bem. Mas, por mais que ela me garantisse isso, eu não deixava de ficar com aquela pontinha de curiosidade.— Não estamos desconfiando da sua capacidade, doutora, mas minha esposa... — Bryan olhou para mim com aquele tom que sempre usava quando estava tentando ser cauteloso. — Amor, com todo respeito, também... — Ele olhou novamente para a doutora. — Minha esposa, com seis meses, parece até que já vai parir! As crianças estão tão grandes assim?Eu só olhei para ele e soltei um riso nervoso. Ele estava surtando mais que eu, e isso já era um feito. Ele fazia pesquisas obs
Chegamos à empresa, e a reação foi exatamente como eu temia. Todos pararam para olhar, cochichar e julgar. Já esperava isso, mas, ainda assim, não pude evitar o desconforto. Uma das recepcionistas, que antes era tão simpática comigo, virou-se para a colega ao lado e cochichou algo que eu, infelizmente, consegui ouvir perfeitamente:— Essa deu um golpe atrás do outro.Elas sequer se preocuparam em disfarçar.Respirei fundo, segurando o braço de Bryan como um lembrete para mim mesma de que eu não precisava provar nada para ninguém. Ele me olhou com um sorriso de encorajamento, que dizia claramente: "Ignore".Subimos no elevador, e, quando as portas se abriram no andar da presidência, demos de cara com os chineses. Eles estavam reunidos no corredor, e eu não pude evitar um sorriso automático.— É um prazer revê-los! — Cumprimentei em chinês, inclinando levemente a cabeça.Os olhares surpresos vieram primeiro, seguidos de sorrisos calorosos. Eles não apenas retribuíram o cumprimento, mas
Os resultados chegaram, e as lágrimas vieram com eles. Por mais que estivéssemos preparados, encarar a verdade era algo completamente diferente de apenas imaginá-la.— Ela é minha sobrinha… — Bryan murmurou, como se as palavras não fizessem sentido.Ele me olhou, desesperado, como se esperasse que eu desmentisse o que estava diante de nós.— Não pode ser — disse ele, a voz embargada.Respirei fundo, tentando reunir forças.— Biologicamente ele é o pai, Bryan. Mas isso não muda nada, entendeu? Nada — afirmei, puxando-o para um abraço apertado.Os cinco dias de espera por aquele resultado tinham sido um tormento, e agora, com a confirmação, o peso parecia insuportável. Ainda assim, não podíamos nos dar ao luxo de ficar parados. Havia muito em jogo.Deixamos a clínica em silêncio e voltamos para casa, tentando fingir que aquilo não abalaria nossas vidas. Mas era impossível. Sophie precisaria saber um dia. E o fato de Brendon ser seu pai biológico era como uma sombra que pairava sobre nós
Recebemos alta à noite, e enquanto o carro deslizava pelas ruas tranquilas da cidade, Bryan transformou a viagem em uma aula prática de como ser o passageiro mais irritante do mundo.— Cuidado com as curvas, rapaz! E vá devagar nas lombadas!O chofer, coitado, só assentia, visivelmente tentando ignorar o comandante que meu marido havia se tornado.— Bryan, para com isso! — Eu belisquei seu quadril com firmeza, o que arrancou dele um “Ai!” dramático.— Amor, estou apenas garantindo a segurança das nossas meninas. Não percebe que ele tá correndo demais?Olhei para o velocímetro: 30 km/h. Ele estava quase parando o carro para garantir que os pedestres tivessem tempo de tirar fotos.— Bryan, relaxa! Nem um meteoro nos faria entrar em trabalho de parto agora.Ele me lançou um olhar desconfiado, mas ficou quieto… por exatos cinco segundos.— Isso foi um buraco? Não, não, foi uma pedra! Você sentiu, amor?Eu suspirei, olhando para ele como quem observa um desastre inevitável. O chofer me lan
A sala da obstetra estava banhada pela luz suave de fim de tarde. O som do monitor do ultrassom preenchia o ambiente com um ritmo tranquilizador, enquanto eu observava as formas minúsculas das nossas meninas na tela.— É, está tudo tranquilo por aqui. — A obstetra disse com um sorriso reconfortante, desligando o monitor após a última medição.— Eu falei que estava tudo bem, não falei? — Dei um tapinha leve no braço de Bryan, triunfante.Ele revirou os olhos teatralmente, mas não conseguiu esconder o sorriso.— Tá bom, tá bom. Você venceu dessa vez. Mas não significa que eu não vou continuar cuidando de vocês.Era tão típico dele. Mesmo feliz por saber que estávamos todas bem, ele sempre encontrava um jeito de justificar sua obsessão em ficar grudado em mim vinte e quatro horas por dia. E agora que a médica tinha dito que tudo estava em ordem, lá se ia o motivo para ele continuar exagerando.— Vocês já completaram vinte e nove semanas! Estão quase chegando aos oito meses. Segurem a emo
Acordei com o som de risadas abafadas e, ao abrir os olhos, dei de cara com Samantha parada ao lado da minha cama, com um sorriso tão largo que parecia dividir seu rosto ao meio.— Mamãe! — Ela exclamou, abrindo os braços como se estivesse encenando o reencontro mais emocionante da história.Meu cérebro demorou alguns segundos para processar. "Mamãe"? Ah, mas que ousada! Só que, naquele momento, dane-se! Eu estava morrendo de saudades. Levantei da cama como um foguete e abracei ela com força.— Chega, tá me apertando! — Samantha reclamou, rindo enquanto tentava se soltar.— Eu senti tanta saudade!— Eu imagino... — Ela sorriu, erguendo o queixo num ar de superioridade teatral. — É normal. Eu causo esse tipo de efeito nas pessoas.— Convencida! — Respondi, rindo, enquanto dava um tapa leve no ombro dela.Era reconfortante. Sentia falta dessa energia dela, dessa leveza. Antes que eu percebesse, as lágrimas começaram a rolar sem cerimônia.— O que foi agora? — Samantha perguntou, preocup
O passeio ao shopping era para ser um dia perfeito, cheio de risadas e momentos em família. Sophie andava animada no colo de Bryan, apontando para vitrines e balbuciando palavras que ninguém entendia completamente.— Pai, você acha que Sophie vai querer mesmo o carrinho rosa ou ela vai acabar preferindo um brinquedo musical? — Samantha perguntou, analisando uma vitrine de brinquedos com atenção.Bryan sorriu. — Ela ainda é muito pequena, filha. Qualquer coisa que faça barulho ou pisque luzes já deixa ela encantada.Eu caminhava um pouco atrás deles, segurando minha barriga pesada enquanto tentava acompanhar o ritmo. Samantha e Bryan discutiam qual seria o presente perfeito para Sophie, e eu sentia meu coração aquecido por aquele momento de harmonia.— Vou dar uma volta na loja, vocês podem me encontrar na área de roupas infantis. Quero escolher algo bonito para as gêmeas. — Avisei, tentando aliviar o peso nas pernas e encontrar um banco próximo para descansar.— Tudo bem, Liah. — Sama