Nossa chegada em casa foi acolhedora de um jeito que aqueceu meu coração. Antes mesmo de Bryan desligar o motor, um grito agudo atravessou o jardim.— Mamãe!Stacie surgiu correndo do gramado, descalça e rindo como se o mundo fosse perfeito. Ela correu tão rápido que mal tive tempo de abrir a porta do carro antes de senti-la pulando nos meus braços.— Cuidado, princesa! — A segurei com força, apertando-a contra mim como se o tempo não fosse suficiente para o quanto eu sentia sua falta.Cheirei seus cabelos, sentindo o aroma adocicado do sabonete infantil que ela usava. Beijei seu rostinho diversas vezes, ouvindo suas risadas musicais ecoarem como uma melodia de alívio.— Senti tanto a sua falta, mamãe! — Ela disse, suas pequenas mãos segurando meu rosto.— Eu também senti, meu amor.Ela tentou pular para os braços de Bryan, mas eu rapidamente a detive.— Mocinha, o papai está de licença médica de carregar crianças.— Licença médica? — Ela franziu a testa, confusa, mas acabou rindo. —
Depois de tudo que aconteceu, a noção de tempo tinha se perdido completamente. Eu estava exausta, como se tivesse corrido uma maratona emocional e física. Quando terminamos, percebi que nem tinha forças para me levantar da cama. Minha primeira vez tinha sido... intensa, para dizer o mínimo. Bryan, claro, parecia completamente disposto e cheio de energia.— Vamos tomar banho. — Ele disse, já se levantando da cama, completamente nu.Eu o observei da cama, com um misto de admiração e cansaço. Meu corpo ainda não tinha forças para acompanhá-lo.— Você está brincando, né? Eu mal consigo me mover. — Falei, minha voz rouca e baixa.Ele riu, aproximando-se novamente da cama e me pegando nos braços como se eu não pesasse nada.— Não tem desculpa, boneca. Vamos. — Disse, carregando-me até o banheiro.Assim que passamos pelo espelho, ele parou e observou meu reflexo. Sua expressão mudou imediatamente, passando de relaxada para preocupada.— Liah… — Ele começou, tocando minhas costas com delicade
Sete da manhã em ponto, e lá estava eu, sentada no pé da cama de Samantha. Na mão, uma fatia de bolo de chocolate da confeitaria que ela adorava, com uma velinha acesa no topo.O despertador dela começou a tocar, e a aniversariante do dia acordou lentamente, espreguiçando-se tanto que quase me acertou com os pés.— Parabéns! — Gritei, quando ela finalmente percebeu minha presença.— Obrigada, mãe! — Ela disse, vindo até o pé da cama para me abraçar.— Prefiro que me chame de Liah. — Tentei corrigir, mas, claro, não adiantou. Samantha adorava me constranger.— E que tal "mamãe"? É mais fofo, né? — Ela sorriu, apertando as próprias bochechas como se imitasse Stacie.Suspirei, fingindo irritação.— Quer saber? Hoje é seu dia. Pode me chamar como quiser. — Dei de ombros.— OK, mamãe! — Ela respondeu, exagerando no tom só para me provocar.Revirei os olhos, rindo por dentro, mas mantendo minha pose.— Agora se arruma, mocinha. Temos escola hoje. — Ordenei, enquanto lhe dava um abraço rápi
A primeira aula foi tranquila. Graças ao clube de robótica, passei o período mexendo em peças e circuitos, o que me ajudou a esquecer os últimos dias e as ameaças constantes de Brendon. Mas, quando a aula real começou e toda a turma se reuniu na sala, a bagunça habitual começou a testar a minha paciência.Eu não conseguia entender como aqueles adolescentes podiam ser tão... infantis. Não era uma questão de me sentir superior, mas eles agiam como se o mundo girasse ao redor de seus dramas insignificantes.E então, claro, veio a gota d'água: Joshua.— Abre o meu presente. — Ele disse para Samantha, com um sorriso exagerado.— O que será? Um anel? — Melanie praticamente pulava de curiosidade ao lado dela, com Virgínia acompanhando a empolgação.— Vai, abre logo! — Virgínia insistiu.— Tá bom! — Samantha cedeu, rasgando o minúsculo embrulho.Houve um coro coletivo de "Ooooh!" na sala, deixando até mesmo a mim curiosa sobre o que tinha ali. Mas, para minha surpresa, Samantha se afastou do
Ao chegar em casa, foi impossível ignorar o espetáculo montado no jardim. O lugar parecia saído de uma revista de festas luxuosas. Flores cobriam cada canto, em arranjos tão perfeitos que mais pareciam uma pintura viva. Havia uma escultura de gelo em forma de borboleta que brilhava sob a luz suave de um conjunto de lâmpadas estrategicamente posicionadas. No centro, uma mesa enorme exibia pratos refinados, de macarons delicados a torres de cupcakes em cores pastéis.Era tudo tão exagerado que parecia ter sido feito para um casamento real, e não para o aniversário de 18 anos de uma garota que, claramente, não estava no clima de comemorar.— Seu pai exagerou. — Comentei, olhando de lado para Samantha.Ela ficou em silêncio por um momento, analisando o cenário com os olhos entrecerrados, e então respondeu, com a voz carregada de irritação:— Ele sabe que eu não gosto de comemorar meu aniversário desse jeito. E depois do que eu soube hoje, vejo ainda menos motivos pra gostar desse dia.O t
O clima entre Bryan e Samantha estava mais tenso que um elástico prestes a arrebentar. Desde o hospital, ela tinha decidido ignorar o pai completamente. Sam estava claramente decidida a não ouvir mais nenhuma variação do velho discurso: “só quis te proteger”. E, claro, Bryan não sabia lidar com isso.No caminho de volta para casa, o silêncio no carro era tão pesado que até Stacie, normalmente uma tagarela, ficou quietinha, sem entender por que todo mundo estava tão sério. Samantha olhava pela janela, os fones no ouvido como um muro intransponível.Bryan soltou um suspiro profundo enquanto dirigia, lançando olhares tristes para o retrovisor.— Amanhã cedo ela volta a falar com você. Só não pressiona, tá bom? — Eu disse, tentando aliviar o clima.— Espero que você esteja certa. — Ele respondeu, parecendo um cachorro que perdeu o osso favorito.A dor no peito dele era evidente. Samantha é sua "primeira bebê", e ele não estava pronto para encarar o fato de que ela não era mais aquela meni
Na manhã seguinte, mal havíamos colocado os pés na sala de aula, e a tensão já era palpável. Samantha entrou de cabeça erguida, mas estava claro que o dia anterior ainda pesava sobre ela. Eu sabia que o sumiço dela havia despertado a curiosidade dos fofoqueiros de plantão. E, claro, ninguém perderia a chance de jogar lenha na fogueira.Assim que nos sentamos, Melanie, a rainha dos comentários maldosos, deu início ao espetáculo.— Gostou do presente do Joshua? — Ela perguntou, com um sorriso venenoso.Samantha virou-se na hora, e pela forma como os ombros dela se enrijeceram, eu sabia que a garota estava pronta para devolver na mesma moeda. E, talvez, até com juros.— Samantha, não. — Eu murmurei, puxando levemente o braço dela, tentando evitar uma briga que provavelmente terminaria com um aviso na agenda ou algo ainda pior.Mas Melanie, claro, não parou.— Ah, ela obedece à mamãe, eu tinha esquecido. — Ela zombou, e a sala explodiu em gargalhadas altas e exageradas.A frase me atingiu
Me virei lentamente, cruzando o olhar com ele pela primeira vez. Não precisei dizer nada; meu rosto deixava claro o quanto eu estava descontente.— Vamos, sei que você é inteligente e aprende rápido, Liah. — Ele começou, com aquele tom pomposo que só pessoas ricas sabem usar. — Os chineses comentaram sobre como você e Bryan foram incisivos nas negociações. Não sabia que minha nora era tão… esperta."Esperta". Claro. Esse era o jeito elegante dele de me chamar de ambiciosa ou caça fortunas.Antes que ele pudesse continuar, Stacie interrompeu:— Vovô, pra que você usa isso? — Ela perguntou, apontando para a bengala dele.— Pra me ajudar a andar melhor. — Ele respondeu com um sorriso paternal, mas logo voltou a me encarar. — Como eu estava dizendo…— Vovô, sabia que a Sophie já tá falando? — Stacie o interrompeu de novo, com os olhos brilhando de empolgação.Eu queria abraçá-la por me salvar daquele interrogatório.— É mesmo, querida? E o que ela falou primeiro?— Mamãe! — Stacie anuncio